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Um Olhar que Atravessa: Análise de Filmes e Obras Estéticas
Um Olhar que Atravessa: Análise de Filmes e Obras Estéticas
Um Olhar que Atravessa: Análise de Filmes e Obras Estéticas
E-book234 páginas2 horas

Um Olhar que Atravessa: Análise de Filmes e Obras Estéticas

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Sobre este e-book

O que o cinema e certas obras de arte têm que nos impressionam tanto? Que magia é essa que nos enfeitiça e contagia? Por que nos emocionamos diante de certas obras estéticas e nos sentimos tocados profundamente em nosso ser? Há algo nelas que faz vibrar, que ressoa e produz eco no espectador ou leitor. Neste livro de ensaios de Vanessa Brasil, o ponto que vibra e ressoa está presente na análise do filme Central do Brasil, no núcleo da cena em que Dora (Fernanda Montenegro) se perde na multidão da festa da romaria e desmaia (capítulo I); no personagem de Lady Macbeth, grã-deusa que invoca o fim de sua feminilidade (capítulo III); no ponto fulgurante e ameaçador localizado no céu e que imanta as miradas de certos personagens, tanto do filme de Lars von Trier como das pinturas selecionadas em Melancolia, um instante em que o personagem ou espectador "toca" aquilo que o ultrapassa e espanta: o incomensurável (capítulo IV); no beijo do vampiro nos filmes, essa promessa e materialização de eternidade (capítulo II); no ser que vaga, perde-se ou se choca em Crash, no limite (capítulo V). O ponto de ignição – que vibra, atrai e ecoa no sujeito – é o fio que conduz e que tece este livro de ensaios. Convidamos o leitor para viver uma experiência de análise e alcançar um olhar que atravessa a superfície material da obra estética para encontrar o seu sentido. Tanto os estudiosos de semiótica, psicanálise ou arte quanto os leitores que amam cinema, teatro, pintura e literatura irão se identificar na escritura e durante a travessia que propõe a autora.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento3 de nov. de 2017
ISBN9788547307493
Um Olhar que Atravessa: Análise de Filmes e Obras Estéticas

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    Um Olhar que Atravessa - Vanessa Brasil Campos Rodríguez

    Editora Appris Ltda.

    1ª Edição - Copyright© 2017 dos autores

    Direitos de Edição Reservados à Editora Appris Ltda.

    Nenhuma parte desta obra poderá ser utilizada indevidamente, sem estar de acordo com a Lei nº 9.610/98.

    Se incorreções forem encontradas, serão de exclusiva responsabilidade de seus organizadores.

    Foi feito o Depósito Legal na Fundação Biblioteca Nacional, de acordo com as Leis nºs 10.994, de 14/12/2004 e 12.192, de 14/01/2010.

    COMITÊ CIENTÍFICO DA COLEÇÃO CIÊNCIAS DA COMUNICAÇÃO

    À minha mãe,

    pela vida e por me mostrar infinitos horizontes...

    O meu espírito rebela-se contra a estagnação. Deem-me problemas, muito trabalho, o mais complicado criptograma ou a mais intrincada análise e eu estarei no meu meio.

    Sir Arthur Conan Doyle (Sherlock Holmes)

    Porque eu só preciso de pés livres, de mãos dadas,

    e de olhos bem abertos.

    Guimarães Rosa

    Sou apaixonado pelo mistério, porque sempre tenho

    a esperança de desvendá-lo.

    Charles Baudelaire

    PREFÁCIO

    Me é doce o afogar-me neste mar

    Quando a professora Vanessa Brasil me pediu que escrevesse o prefácio do seu segundo livro, Um olhar que atravessa, eu sabia do seu trabalho apenas que ela usava filmes para as suas aulas. O que era algo positivo, que casava com a nossa recomendação aos professores de que procurassem ministrar aulas movimentadas para melhor alcançar o objetivo do aprendizado.

    Para me subsidiar para a tarefa, ela me deu um exemplar do seu primeiro livro, Além do espelho, e o texto do novo livro.

    Li os dois e devo dizer que foi para mim um alumbramento, como dizia Manuel Bandeira. Isso porque já li muito na minha vida, e sempre gostei nas viagens de visitar museus, sobretudo de pinturas, onde aprendi muito. Gosto também da boa publicidade, aquela que usa imagens e sons bem concatenados para promover um produto, um destino, uma causa.

    Mas nunca entrei tão fundo nas obras quanto o faz a professora Vanessa nos seus livros.

    Ela esquadrinha cuidadosamente cada obra para entender as razões que levaram o autor a estruturá-la como o fez. E a analisa baseando-se nos conceitos freudianos e nas ideias de outros autores, principalmente as do seu principal orientador, o professor González Requena, todos estudiosos que procuram entender as motivações humanas.

    Frequentemente ela compara a concepção da obra a outras, literárias e das artes plásticas. Eu já conhecia quase todas as obras analisadas no primeiro livro, mas ainda assim aprendi muito e por vezes até entendi realmente algumas delas, como o filme Psicose, de Hitchcock, que vi há muitos anos.

    Como boa professora, ela adverte sempre que a análise das obras é uma aventura. Que não existe uma verdade única no entendimento delas, até porque cada um de nós tem uma história pessoal e uma visão de mundo próprias que guiam o estudo que fazemos de cada obra de arte.

    Por tudo isso, o livro Um olhar que atravessa – análise de filmes e obras estéticas é uma nova apresentação da metodologia da professora Vanessa. Dessa vez, quatro dos cinco capítulos do livro são análises de filmes. A exceção, o segundo capítulo, é um estudo da peça de Shakespeare, Macbeth, uma das mais famosas deste autor e que também foi filmada duas vezes, sendo a primeira versão a de Orson Welles, que dirige o filme e interpreta o personagem principal.

    Todos os filmes escolhidos são obras destacadas, como é o caso de Central do Brasil, de Walter Salles Júnior, analisado no primeiro capítulo, que foi exibido em mais de 20 países, para cerca de cinco milhões de espectadores. Foi também campeão de prêmios: concorrendo em vários concursos importantes, como o Oscar, recebeu 25 indicações, sobretudo de melhor filme estrangeiro, e venceu em 17 delas.

    Todos os capítulos que analisam filmes têm ilustrações dos principais momentos de cada um deles, o que facilita a compreensão da análise.

    No caso de Central do Brasil, a discussão fica mais rica pela intercalação de citações de outra grande obra brasileira que é o livro Grande Sertão: Veredas de Guimarães Rosa. Isso porque a trajetória de busca empreendida pelos personagens é pelo interior do Brasil e as citações iluminam a vida naquelas regiões.

    O segundo capítulo, sobre os filmes de vampiros, analisa os mais conhecidos dentre eles e começa com uma excelente recuperação histórica do mito do vampirismo desde os egípcios.

    O terceiro capítulo discute a peça Macbeth, de Shakespeare, concentrando-se na figura de Lady Macbeth e sua renúncia à sua feminilidade para apoiar a ambição do marido.

    O quarto capítulo analisa o filme Melancolia, de Lars von Trier, que se passa pouco antes da destruição da Terra pelo planeta Melancolia. Há uma análise também da melancolia como problema psíquico e a discussão de várias obras famosas, como dois quadros de Bruegel, o Velho.

    O último capítulo é dedicado ao filme Crash, que, utilizando a cidade de Los Angeles como pano de fundo, retrata a alienação das pessoas nas grandes cidades, que procuram se defender do contato com outros por medo de serem agredidas.

    Nessas aventuras com as obras analisadas, ganhamos muito conhecimento delas e, simultaneamente, conhecimento de nós mesmos.

    Em aventuras por vezes enfrentamos mares revoltos, mas, como dizia o poeta italiano Leopardi, em seu poema O infinito, me é doce o afogar-me neste mar.

    Professor Manoel J. F. Barros Sobrinho

    Chanceler da Unifacs

    SUMÁRIO

    Prólogo

    CAPÍTULO I

    Central do Brasil, de Walter Salles: odisseia em busca da palavra do pai

    Central do Brasil: entrando no sertão

    Palavras e confissões

    O purgatório e o inferno do significante

    Roda mundo, roda pião...

    Portadora da mentira

    Viagem épica

    O centro do texto: o Real

    CAPÍTULO II

    A imortalidade ao alcance do olhar. O mito do vampiro no cinema

    O mito nas origens: o medo da morte

    Do sinistro ao sedutor: o vampiro no cinema clássico

    Do Drácula adormecido ao vibrante filme de Coppola

    Entre brumas, sombras e gárgulas: a paisagem nos filmes de vampiro

    A paixão pela eternidade

    Capítulo III

    A aniquilação da feminilidade. Lady Macbeth, de Shakespeare

    Prólogo. Presságios

    Abrem-se as cortinas. A aparição da grã-deusa: Lady Macbeth.

    De olhos sempre abertos

    Fecham-se as cortinas. Ser ou não ser feminina, eis a questão

    Capítulo IV

    A Melancolia devora o olhar. Ponto de encontro de obras de arte com o filme de Lars von Trier

    A melancolia e o temperamento melancólico

    Encontros estéticos de melancolia

    Capítulo V

    CRASH, no limite: espaço do antiflâneur. Reflexões sobre o ser, a cidade e o choque com o Real

    O flâneur: um contato prazeroso com a cidade

    Crash – espaço urbano, espaço estranho

    REFERÊNCIAS

    Imagens:

    Filmografia citada

    Prólogo

    Os trajetos da análise

    O que o cinema e certas obras de arte têm que nos impressionam tanto? Que magia é esta que nos enfeitiça e contagia? Por que nos emocionamos diante de certas obras estéticas e nos sentimos tocados profundamente? Há algo nelas que faz vibrar, que ressoa e produz eco no espectador ou leitor. Alguns filmes, textos teatrais e pinturas me provocaram ao ponto de me instigar para sua análise, ou seja, para uma leitura detalhada e íntima da obra. Pois é preciso aproximação e intimidade, estar familiarizado, conhecer profundamente o texto que vai ser analisado, seja ele fílmico, teatral ou pictórico. Voltar uma e outra vez à sala de cinema, ao museu, ao teatro; retornar, rever, reler, até o ponto de alcançar um olhar que atravessa a superfície material da obra para encontrar o seu sentido.

    Este olhar que vai além, que é inquieto, necessitado e inquiridor, encontra eco na definição de Cardoso:

    Ele perscruta e investiga, indaga a partir e para além do visto, e parece originar-se sempre da necessidade de ver de novo (ou ver o novo), como intento de olhar bem. Por isto é sempre direcionado e atento, tenso e alerta no seu impulso inquiridor... Como se irrompesse sempre da profundidade aquosa e misteriosa do olho para interrogar e iluminar as dobras da paisagem [...] que, frequentemente, parece representar um mero ponto de apoio de sua própria reflexão.¹

    Diante de um texto que nos emociona, nos interroga, que provoca em nós a emoção estética, desperta nosso desejo e este olhar inquiridor, perguntamo-nos: em que ponto do texto devemos penetrar para analisá-lo? Baseamo-nos na Teoria do Texto proposta por González Requena² que sugere uma nova concepção de texto como algo que se centraliza, que se concentra em torno de um núcleo que o imanta. Para o autor, o texto está orquestrado ao redor de um ponto que atrai todos os outros pontos. Trata-se de um lugar de atração que magnetiza todos os significantes. Um dos passos fundamentais da Teoria do Texto é localizar esse ponto de ignição.

    A proposta dessa linha de investigação nos permite percorrer o espaço textual através de trajetos que nos levam a esse núcleo, ao ponto de ignição. A análise deve começar, então:

    Por aquilo que não entendo, por aquilo que me faz retornar. Por aquilo que me interessa, na medida em que oferece resistência, por aquilo que me invoca. Diante do texto artístico não existe outra experiência além da nossa. E é experiência do real. Algo que me convoca. Um ponto que queima, pois arde. O real. Isto é, algo que podemos nomear como ponto de ignição.³

    O ponto de ignição, como a própria palavra indica, é um ponto ardente do texto, um ponto que queima. Em volta desse ponto se inscreve uma ordem de símbolos, porque não são simplesmente signos, mas signos magnetizados por um ponto que não é um signo. Segundo González Requena⁴ todos os significantes de um texto artístico, simbólico ou mítico apontam em sua direção. Esse núcleo de ignição centraliza a própria interrogação do sujeito que nesse texto se configura.

    Os significantes que se encontram no campo de atração do núcleo em ignição são símbolos, porque são significantes magnetizados. Esse ponto magnético está envolvido por certa ordem simbólica que possibilita o trajeto até ele. Mas, ao contrário do que se pode pensar a princípio, esse lugar não é um ponto abstrato. Quando falamos de um ponto de ignição, nos referimos a algo concreto, empírico, preciso e material. Cada um de nós, em nossa experiência estética, sabe, pois já localizou um ponto de ignição. Há um lugar no texto que nos convoca e nos atrai como um vórtice. Neste livro, por exemplo, localizo o ponto de ignição na análise de Central do Brasil, no núcleo da cena em que Dora (Fernanda Montenegro) perde-se na multidão da festa da romaria e desmaia (capítulo I); no personagem de Lady Macbeth, grã-deusa que invoca o fim de sua feminilidade (capítulo III); no ponto fulgurante e ameaçador localizado no céu e que imanta as miradas de certos personagens tanto do filme como das pinturas selecionadas em Melancolia, um ponto em que o

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