Fragmentos de um Discurso Acadêmico: Memorial
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Sobre este e-book
O memorial tem graça em prosa, mas é poético. E, no plano de fundo, o autor é um grande engenheiro e professor ensinando e discutindo as questões de mobilidade. Tem base metodológica para apresentar e resolver os problemas. Dá sinais ao leitor, como em um prólogo, sobre aquilo que ele vai encontrar, e então o cativa e prende para continuar lendo. Rômulo consegue conjugar a facilidade com as palavras e o conhecimento científico de engenheiro com uma objetividade exemplar.
Vou destacar dois lados que se unem: o homem universitário, vivendo num mundo que objetiva ser um centro de excelência do conhecimento, e o homem profissional, experiente nos transportes, com forte atuação nas políticas públicas. Esse é o Rômulo, o professor que traz para dentro do meio acadêmico a experiência profissional e que leva para a sociedade os desenvolvimentos da academia. Sua função é muito importante no desenvolvimento do país e na formação de recursos humanos. Rômulo balanceou a vida acadêmica e a dedicação às políticas públicas com equilíbrio e habilidade.
E o que me deixa bastante contente é ver um homem aos 65 anos de vida com prazer e essa vontade bonita de continuar a produzir e contribuir com a sociedade. Parabéns pela carreira, parabéns por alcançar com mérito o título de professor titular.
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Fragmentos de um Discurso Acadêmico - Romulo Dante Orrico Filho
COMITÊ CIENTÍFICO DA COLEÇÃO EDUCAÇÃO, TECNOLOGIAS E TRANSDISCIPLINARIDADE
A meus pais, Dante e Sulita, in memoriam, que me ensinaram o mundo, a paciência, a compreensão e o carinho.
A minha esposa, Evelyn, e a meus filhos, Victor, Carla, Julia e Nathalia, a grande benção que recebi.
Agora adoçada com Marco.
AGRADECIMENTOS
A todos os meus alunos – os que concluíram e os que não concluíram os estudos, os que foram meus orientandos e os que não o foram –, que confiaram a mim parte de sua educação e que partilharam comigo suas expectativas, suas experiências, seu trabalho e que são o principal motivo de nosso trabalho como professores e orientadores. Acredito ter dado o máximo de mim para corresponder à confiança.
Aos meus irmãos e aos meus amigos – os outros irmãos que escolhemos –, que formam também nossa família, pelo carinho, pela atenção nas horas difíceis e pela alegria em todos os momentos.
A Enilson, Joaquim, Anísio, Oswaldo, Yaeko, Carlos Contreras, Nona, Hostílio e a todos os membros do Reset, pela partilha, pela cooperação e pelo sonho comum.
À Coppe/UFRJ, pela oportunidade de trabalhar, conviver e aprender.
Aos colegas da Coppe e, em especial, aos do PET, que durante algumas décadas partilharam comigo um trabalho voltado para o crescimento dos alunos que a nós confiaram parte de sua educação.
Aos funcionários da Coppe, em especial ao André Costa, amigo há mais de 20 anos.
Aos colegas especialistas em transportes, que dividiram comigo problemas e soluções da profissão e com os quais muito aprendi.
Ao CNPq, que desde 1974 financia minha pesquisa.
E, last but not least, aos usuários de transporte público, sempre generosos em me mostrar e fazer compreender a realidade não encontrada em livros, números e relatórios.
Somos nós que fazemos a vida
Como der, ou puder, ou quiser.
O que é, o que é?
(Gonzaguinha)
APRESENTAÇÃO
Este livro é o memorial de minha vida acadêmica e profissional. Assim, tive por alvo reunir e trazer à tona as atividades que realizei em 37 anos de Coppe/UFRJ e que, em maio de 2016, indicaram à UFRJ, por intermédio de uma banca julgadora, que eu preenchia os requisitos necessários e suficientes para ascender à Classe E do magistério superior, também chamada de professor titular.
Acho que um memorial é um desfile de atividades semidíspares, e construí-lo é imaginar um enredo que não soe muito dissonante, mas que seja suficientemente robusto para harmonizar coisas aparentemente desiguais e reunir temas razoavelmente diversos. Tudo isso em um ritmo que mostre à Comissão Julgadora um texto com coerência/consistência e que, convenhamos, seja minimamente interessante de ler.
Estão aqui relatadas, principalmente, atividades de formação em cursos de pós-graduação stricto e lato sensu, atividades diretas de pesquisa traduzidas em publicações, mas também – como se espera de um professor pesquisador – atuações na sociedade, seja organizando conferências científicas, seja dirigindo associações científicas ou fornecendo assistência técnica a entes públicos e privado ou, ainda, participando diretamente da administração pública.
A banca foi composta pelo professor Paulo Cezar Martins Ribeiro, da Coppe; pelos professores Antônio Nelson Rodrigues da Silva e Liedi Legi Bariani Bernucci, da USP; e pelos professores Reinaldo Castro Souza e Jorge Ferreira da Silva, ambos da PUC-RJ.
Fui aprovado.
Alguns colegas pediram-me para enviar cópia do texto, mas as doses do espumante na comemoração apagaram os quem
de minha memória. Tive também a sugestão de transformá-lo em um livro. Foi o que fiz.
Fiz também uns ajustes para torná-lo agradável aos não iniciados em transportes. Um corte aqui, uma explicação mais cuidadosa ali, algumas vírgulas faltantes etc. Optei por minimizar a lista de publicações misturadas no texto. Resumi o que pude e espero, assim, torná-lo mais amigável.
Ah, pensando nos mais novos, contextualizei algumas citações que me pareceram por demais próximas dos cabelos brancos.
E o título? Obviamente, remete a Fragmentos de um discurso amoroso, de Roland Barthes. Uma tentativa de (re)montar o mosaico de uma vida acadêmica que, como no amor, nem sempre é possível.
Mas caminhar é preciso. E é um caminhar trazendo dentro de nós toda a nossa história, tudo o que fizemos, tudo o que distribuímos. E na pesquisa, assim como no amor, sempre reconstruindo. Sim, navegando.
Espero que goste, leitor.
Prefácio
Certamente, constitui lugar comum iniciar um prefácio com a afirmação de que muito me honra
ou é com muito prazer que o faço
. Pois bem! Vou insistir no lugar comum, até porque senti-me, de verdade, honrado em receber essa incumbência tão prazerosa de Rômulo, amigo de longa data, parceiro velho de pesquisa, companheiro de conversas alongadas e, especialmente para mim, significativas, mesmo quando tivessem lugar nos desvãos dos congestionamentos cariocas ou nas salas e antessalas em que praticávamos a difícil tarefa de tornar produtivos os tempos de viagem ou de espera.
Por outro lado, lembro que também é lugar comum a beira do mar, em que Donato e Gil intuíram o começo do caminhar pra beira de outro lugar
. Com essa sábia observação em mente, parto desse lugar comum na direção de uma reflexão embalada pela leitura e releitura do documento que tenho em mãos, às vésperas de publicação, depois de lê-lo e relê-lo outras vezes, quando ainda tinha um formato de texto acadêmico produzido para que o autor pleiteasse a condição de professor titular na Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Como tantos outros que tiveram a oportunidade, naqueles momentos, de fazer uma leitura do texto previamente à sua apresentação à banca julgadora, eu antevi ali um documento que anunciava-se bem além da sua função primeira. Nesse rol de leitores privilegiados, tenho a ousadia de afirmar que os próprios membros da banca manifestaram-se, então, na mesma direção que a minha.
Sem ser tão explícitos quanto fui, em conversa reservada com Rômulo antes da defesa de seu memorial, ressaltaram em suas intervenções que o texto, além de revelar um forte desempenho enquanto peça acadêmica, tinha uma natureza literária. E, mais além, que essa natureza potencializava a difusão do texto em outra escala, mais pública e aberta do que aquela em que se realizava aquela sessão de defesa do memorial, na qual estavam presentes, além da qualificada banca, uma dezena de amigos e orientandos do autor. Inclusive eu, ex-orientando que transcendera dessa condição para as de companheiro de pesquisa e amigo pessoal.
Não creio que a minha participação e o meu apoio visando à transformação do memorial acadêmico em documento de memória de pesquisador, a ser disponibilizado a um público mais amplo, tenha sido muito relevante. Mas, quem sabe porque a memória nunca se revela em compartimentos estanques, ou seja lá por que cargas d´água, o certo é