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Imigração quem acolhe colhe
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E-book339 páginas3 horas

Imigração quem acolhe colhe

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Sobre este e-book

No final de 2016, em conversa com o escritor morrinhense Nilo Sérgio Troncoso Chaves, este sugeriu que escrevesse uma memória sobre a comunidade estrangeira, na cidade de Morrinhos, dizendo-me que seria uma forma de retribuição da sociedade local ao grande legado que as famílias imigrantes têm deixado, ao longo do tempo, em nosso meio, relações comerciais, sociais e culturais que só fez enriquecer nosso cotidiano.
Achei interessante sua sugestão e disse-lhe que era um projeto a ser pensado com carinho. Porém, a partir daquele dia, o dei por esquecido. Afinal, estava envolvido em trabalhos mais urgentes.
Logo depois daquela conversa meu amigo teve uma complicação grave de saúde, que quase colocou termo à sua vida. Contudo, sendo ele uma pessoa forte, resistiu bravamente parte daquele infortúnio e foi se recuperando lentamente, o que encheu de esperança seus familiares e amigos que torciam pela sua recuperação.
Na véspera do Natal de 2017, vi uma fotografia sua, juntamente com familiares, na internet, motivo de festa e fato que me chamou atenção por lembrar-me, naquela hora, da sugestão que me fizera, um ano antes. Naquele mesmo instante resolvi colocar em prática a execução do projeto de homenagear a comunidade estrangeira que tanto progresso trouxe à nossa cidade.
No outro dia imediato, comecei a coletar informações e documentos para levar a bom termo a empreitada de escrever um livro homenageando as famílias que escolheram a nossa terra para construir suas vidas, deixando aqui grande soma de trabalho e desenvolvimento que orgulha o nosso povo.
Cataloguei as famílias de estrangeiros e fui à luta em busca de material que pudesse abrir caminhos e servir de subsídio para levar avante o trabalho. Deus foi abrindo as portas e mostrando as pessoas certas a serem contatadas. Quando cientes do projeto, elas abraçavam a ideia e me ajudavam em tudo que eu precisava.
Em janeiro de 2018, comecei a escrever os primeiros textos. Calculei o acervo em 23 capítulos. O planejado caiu como uma luva. Tudo encaixado. Do jeito que pensei e graças à aceitação das famílias envolvidas. Decidi que seria mencionadas no livro todas as famílias de imigrantes que tivesse conhecimento, mais aquelas que fossem descobertas, ao longo da pesquisa, e, que obtivesse delas alguma informação a possibilitar a confecção de seus respectivos textos. E assim foi feito. Quando as informações eram um tanto escassas, recorri a acontecimentos históricos periféricos, para a elaboração dos textos. O que foi gratificante e ajudou no prosseguimento deste trabalho. Posso até dizer, sem medo de errar, que uma coleta de material menos promissora - que me deixou, no seu início, em dificuldade para desenvolver a narrativa - resultando num dos melhores textos do livro, justamente o capítulo sobre o imigrante sírio-libanês Elias Abrahão, avô do Miguel Abrahão Júnior. Foi, sem dúvida, um dos capítulos que me deixou mais feliz quanto à sua conclusão.
Abri o livro homenageando um português, José Luiz de Medeiros Júnior. O fechei referenciando outro português, Antônio Pereira, pessoa muito querida de nossa comunidade.
Aproveito este momento para agradecer a Deus e às pessoas-anjos que Ele coloca em nosso caminho para nos servir de guia e orientar sobre projetos que sequer sonhávamos. E como anjos da guarda, vão abrindo portas e mostrando-nos a melhor maneira de concluir nossa caminhada.
Concluo esta apresentação enviando ao Nilo Sérgio Troncoso Chaves mensagem de Luz, em agradecimento ao "empurrão" que me deu, para que saísse da zona de conforto e me dedicasse, de corpo e alma, quase todas as madrugadas - janeiro de 2018 a setembro de 2018 - na realização desta obra que tem como epílogo a conclusão deste livro: IMIGRAÇAO, QUEM ACOLHE COLHE.
Com um abraço ao meu amigo Nilo Sérgio Troncoso Chaves.
O AUTOR
IdiomaPortuguês
Data de lançamento2 de jan. de 2019
ISBN9788540026414
Imigração quem acolhe colhe

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    Imigração quem acolhe colhe - José Afonso Barbosa

    José Afonso Barbosa

    IMIGRAÇÃO

    QUEM ACOLHE COLHE

    Goiânia - go

    kelps, 2018.

    Imigração quem acolhe colhe

    Copyright © 2018 by José Afonso Barbosa

    Editora Kelps

    Rua 19 nº 100 — St. Marechal Rondon- CEP 74.560-460 — Goiânia — GO

    Fone: (62) 3211-1616 - Fax: (62) 3211-1075

    E-mail: kelps@kelps.com.br / homepage: www.kelps.com.br

    Assistente: Aureliana Francisca de Oliveira Neto

    Diagramação: Alcides Pessoni

    Revisão: Antônio Lopes

    CIP - Brasil - Catalogação na Fonte

    Tainá de Sousa Gomes CRB-1 (1º Região) 3134

    Barbosa, José Afonso.

    Imigração - quem acolhe colhe / José Afonso Barbosa - Goiânia: / Kelps, 2018.

    356 p. il.

    1. Literatura brasileira 2. Memórias I. Título.

    CDU: 821.134.3(81)-94

    ISBN:978-85-400-2641-4

    DIREITOS RESERVADOS

    Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei nº 9.610 de 19/02/1998, artigo 29 e seus incisos. Nenhuma parte deste livro, sem autorização prévia por escrito do autor, poderá ser reproduzida ou transmitida sejam quais forem os meios empregados: eletrônicos, mecânicos, fotográfico, gravação ou quaisquer outros.

    Este livro foi editado graças à colaboração financeira de Evair Inocêncio de Oliveira, Antônio Pereira, Jarbas Nogueira, Elcimar Mendonça e Penido de Oliveira. A eles meus mais sinceros agradecimentos.

    Dedico este livro as três mulheres de minha vida: Jerusalena Deusa Nunes Pereira Barbosa, Carita Nava Nunes Barbosa e Paula Nava Nunes Barbosa, em sinal de amor e reconhecimento por tudo de belo que elas representam em minha vida.

    VILA BELA

    Vila Bela cidade modelo.

    Coração do Brasil. Pulso forte.

    Olha só o vigor dela.

    No seu povo o vai e vem.

    Trabalho, progresso, lazer,

    Estudo, vida em família.

    Na mesa o pão para a ceia.

    Em nome do pai, do filho,

    Do Espírito Santo Amém.

    Vila Bela do Carmo,

    Honorável Senhora.

    Berço de Bandeirantes...

    Destemido povo,

    Novo mapa do País elabora.

    Vila Bela fez-se História.

    Acolheu o forasteiro

    Nacional e dalém mar.

    Ofereceu-lhe o materno peito,

    O labor, o pão, o teto, a riqueza.

    Fez-se regimento. Foi guia.

    Tornou-se alta. Alcançou a Glória.

    31 de outubro de 2017

    Sumário

    APRESENTAÇÃO

    INTRODUÇÃO

    JOSÉ LUIZ de Medeiros Júnior

    MIGUEL JORGE ROMANO

    FAMÍLIA JOSÉ MIGUEL ROMANO (ZÉ TURCO)

    ABRAHÃO METRAN

    FAMÍLIA SIMÃO PEDRO ABDALLA

    ANTÔNIO DA SILVA BRANCO

    FAMÍLIA ABEL MIGUEL HANUN

    FAMÍLIA NAJAR

    FAMÍLIA ELIAS ABRAHÃO

    FAMÍLIA LUIZ ANDREETO VESENTIN

    FAMÍLIA ANTÔNIO FERREIRA CASCÃO

    FAMÍLIA FELTER

    BIOGRAFIA DE JOSÉ CHAUL

    ANTÔNIO CHAUL

    FAMÍLIA AUGUSTO JOSÉ GOLTZ MACHADO

    FAMÍLIA DAVID TRONCOSO

    FAMÍLIA DAVID TRONCOSO

    FAMÍLIA DRAGALZEW

    FAMÍLIA NASSER

    ARTUR DA SILVA MARQUES

    FAMÍLIA ANTÔNIO PEREIRA

    ANEXOS

    APRESENTAÇÃO

    No final de 2016, quando lançamos o livro A História de Vila Bela Através da Fotografia, em conversa com o escritor morrinhense Nilo Sérgio Troncoso Chaves, este sugeriu que escrevesse uma memória sobre a comunidade estrangeira, na cidade de Morrinhos, dizendo-me que seria uma forma de retribuição da sociedade local ao grande legado que as famílias imigrantes têm deixado, ao longo do tempo, em nosso meio, relações comerciais, sociais e culturais que só fez enriquecer nosso cotidiano.

    Sua sugestão, porém, recaía mais sobre a imigração sírio-libanesa, o que nos leva a crer que ele não puxou, digamos, a sardinha para si, haja visto que deixou de lado seu avô paterno, David Troncoso, espanhol e sua avó, Vitória Rodrigues Troncoso, também filha de espanhóis.

    Achei interessante sua sugestão e disse-lhe que era um projeto a ser pensado com carinho. Porém, a partir daquele dia, o dei por esquecido. Afinal, estava envolvido em trabalhos mais urgentes.

    Logo depois daquela conversa meu amigo teve uma complicação grave de saúde, que quase colocou termo à sua vida. Contudo, sendo ele uma pessoa forte, resistiu bravamente parte daquele infortúnio e foi se recuperando lentamente, o que encheu de esperança seus familiares e amigos que torciam pela sua recuperação.

    Na véspera do Natal de 2017, vi uma fotografia sua, juntamente com familiares, na internet, motivo de festa e fato que me chamou atenção por lembrar-me, naquela hora, da sugestão que me fizera, um ano antes. Naquele mesmo instante resolvi colocar em prática a execução do projeto de homenagear a comunidade estrangeira que tanto progresso trouxe à nossa cidade.

    No outro dia imediato, comecei a coletar informações e documentos para levar a bom termo a empreitada de escrever um livro homenageando as famílias que escolheram a nossa terra para construir suas vidas, deixando aqui grande soma de trabalho e desenvolvimento que orgulha o nosso povo.

    Cataloguei as famílias de estrangeiros e fui à luta em busca de material que pudesse abrir caminhos e servir de subsídio para levar avante o trabalho. Deus foi abrindo as portas e mostrando as pessoas certas a serem contatadas. Quando cientes do projeto, elas abraçavam a ideia e me ajudavam em tudo que eu precisava.

    Em janeiro de 2018, comecei a escrever os primeiros textos. Calculei o acervo em 23 capítulos. O planejado caiu como uma luva. Tudo encaixado. Do jeito que pensei e graças à aceitação das famílias envolvidas. Decidi que seria mencionadas no livro todas as famílias de imigrantes que tivesse conhecimento, mais aquelas que fossem descobertas, ao longo da pesquisa, e, que obtivesse delas alguma informação a possibilitar a confecção de seus respectivos textos. E assim foi feito. Quando as informações eram um tanto escassas, recorri a acontecimentos históricos periféricos, para a elaboração dos textos. O que foi gratificante e ajudou no prosseguimento deste trabalho. Posso até dizer, sem medo de errar, que uma coleta de material menos promissora - que me deixou, no seu início, em dificuldade para desenvolver a narrativa - resultando num dos melhores textos do livro, justamente o capítulo sobre o imigrante sírio-libanês Elias Abrahão, avô do Miguel Abrahão Júnior. Foi, sem dúvida, um dos capítulos que me deixou mais feliz quanto à sua conclusão.

    Abri o livro homenageando um português, José Luiz de Medeiros Júnior. O fechei referenciando outro português, Antônio Pereira, pessoa muito querida de nossa comunidade.

    Aproveito este momento para agradecer a Deus e às pessoas-anjos que Ele coloca em nosso caminho para nos servir de guia e orientar sobre projetos que sequer sonhávamos. E como anjos da guarda, vão abrindo portas e mostrando-nos a melhor maneira de concluir nossa caminhada.

    Concluo esta apresentação enviando ao Nilo Sérgio Troncoso Chaves mensagem de Luz, em agradecimento ao empurrão que me deu, para que saísse da zona de conforto e me dedicasse, de corpo e alma, quase todas as madrugadas - janeiro de 2018 a setembro de 2018 - na realização desta obra que tem como epílogo a conclusão deste livro: IMIGRAÇAO, QUEM ACOLHE COLHE.

    Com um abraço ao meu amigo Nilo Sérgio Troncoso Chaves.

    O AUTOR

    MORRINHOS, 16 DE SETEMBRO DE 2018.

    INTRODUÇÃO

    A cidade de Morrinhos, que sempre foi berço amigo e hospitaleiro, que sempre acolheu com respeito e simpatia o imigrante interno e externo, personagem este que se tornou símbolo do desenvolvimento comercial, social e político, sempre acreditando e valorizando a cidadania, esforçando para oferecer o melhor espaço possível para o crescimento humano, intelectual e profissional, sabendo que seu novo hóspede, estranho e arredio, logo se tornaria filho e contribuiria significativamente para o progresso, chegando mesmo a ser valioso fator de riqueza para a cidade e o município como um todo. No rol de imigrantes que para aqui vieram, podemos destacar que um dos primeiros que pisaram esta admirável região foi o português José Luiz de Medeiros Junior, natural da Ilha de São Miguel, nos Açores, que aqui chegou em 1848, deu valiosa contribuição para o crescimento comercial e político local e deixou numerosa descendência, até hoje razão de orgulho de sua mãe adotiva.

    JOSÉ LUIZ de Medeiros Júnior

    Nascido em 1827, regularizou a documentação como imigrante português no Consulado de Portugal, no Rio de Janeiro, no dia dezesseis de junho de 1847. Ele tinha vindo de Portugal para trabalhar como carpinteiro na fazenda de Antônio Ferreira de Carvalho, no município de Uberaba. Traslado. - Escritura de contrato de serviços em que é outorgante Antônio Ferreira de Carvalho e outorgado José Luiz de Medeiros Júnior. Ano do nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo de mil oitocentos e quarenta e sete, aos dezesseis dias do mês de junho do dito ano nesta Chancelaria do Consulado Geral de Portugal na Corte do Rio de Janeiro, compareceu como outorgante Antônio Ferreira de Carvalho, morador em Uberaba, na província de Minas Gerais, e como outorgado José Luiz de Medeiros Júnior, natural da Ilha de São Miguel, vindo no Brigen Oliveira, em maio próximo passado. E por ele foi dito que tendo de pagar a passagem de seu transporte para esta corte na importância de noventa e cinco mil réis e mais seis mil e quatro contos de réis de sua habilitação de contrato neste Consulado Geral e para satisfação da passagem referida e meios de subsistência do outorgado, se tem convencionado com o outorgante em servi-lo na sua fazenda, em Uberaba, no ofício de carpinteiro, dando-lhe o outorgante quinze mil réis mensais, pelo espaço de sete meses, findo os quais fica o outorgado remido, outrossim, lhe dará roupa lavada, comida, tratamento em moléstias leves e não o obrigará a trabalhar aos domingos. E por assim se haverem convencionado debaixo de um recíproco e justo acordo, me requereram o presente instrumento, que por mim lhes foi lido e outorgante e outorgado o assinaram por acharem-no conforme, sendo presentes por testemunhas, José Antônio Ferreira Gonçalves e Joaquim José da Costa. Eu, José Marques Pinto o escrevi. João Batista Moreira — Cônsul Geral. Antônio Ferreira de Carvalho — A rogo do outorgado, José Marques Pinto. Como testemunhas — José Antônio Ferreira Gonçalves, Joaquim José da Costa. E nada mais contendo a escritura da qual fiz extrair o presente traslado que vai selado com o selo Consular de Portugal no Rio de Janeiro, em 16 de junho de 1847. João Batista Moreira — cônsul geral.

    - Uma vez chegados ao Brasil, ocorria uma espécie de mercado, de fato, mas não de direito, uma venda, um leilão. Não se vinha comprar, mas alugar. Os que desejavam empregar esses emigrantes entregavam ao capitão certa soma para indenizá-lo de despesas feitas, de que ele havia adiantado as importâncias necessárias. O açoriano ou a açoriana vendia a crédito o seu trabalho, durante um ano, em média. Às vezes mais, às vezes menos. Essa prática recebia o nome de servidão. E era comum nos Açores. Normalmente, essa soma correspondia, compreendido aí o lucro, ao preço do transporte e ao reembolso da ração durante a travessia.

    Ao término do acordo, José Luiz de Medeiros Júnior veio para Morrinhos. Muito provavelmente na segunda quinzena de janeiro de 1848. Aqui, José Luiz de Medeiros Júnior fincou raízes, constituiu família, se tornou próspero comerciante e fazendeiro. José Luiz de Medeiros Júnior foi Agente dos Correios de Vila Bela de Morrinhos (1889). Delegado de Polícia de Vila Bela de Morrinhos (1889). Conselheiro do Conselho da Intendência Municipal de Vila Bela de Morrinhos (1890). Intendente da Intendência Trina Municipal de Morrinhos (1890-1891). Vereador por várias legislaturas. Várias vezes presidente do Legislativo Municipal. Casado com Maria Luíza de Medeiros, teve a seguinte geração: Joaquim Luiz de Medeiros, Marcília Luíza de Medeiros (Cila) e Maria Luíza de Medeiros (Mariazinha). Faleceu em 1902 e repousa no Cemitério São Miguel. Maria Luiza de Medeiros (Mariazinha) foi mãe de José Carneiro Filho. José Carneiro Filho deixou os seguintes filhos, Ellen Carneiro Vale; Jane Carneiro Pires; Antenor Carneiro de Castro; Wanda Carneiro Torres; Neuza Carneiro; Washington Carneiro; João de Castro Carneiro; Hélio Carneiro e Haydée Carneiro Elias Pereira.

    MIGUEL JORGE ROMANO

    A ABENÇOADA TERRA de Nossa Senhora do Carmo continuaria de coração aberto para acolher os filhos de pátrias distantes, fugindo de guerras ou da pobreza, e que esperavam encontrar no Brasil o Eldorado, que os conduzisse à prosperidade. Traziam consigo a juventude, força e a determinação para vencer os obstáculos que surgissem nos seus caminhos. Para isto os imigrantes, na sua maioria, sírio-libaneses, traziam a experiência milenar dos fenícios nas atividades mercantis, o que os tornava imbatíveis na arte de comercializar produtos, fazendo verdadeiras fortunas ao redor do mundo. No Brasil, encontravam campo aberto para desenvolver sua arte, cooperando com o engrandecimento do País. Quase no final do século XIX, chegava a São Paulo o sírio libanês Miguel Jorge Romano, seu irmão, José Miguel Romano, a irmã, Alice Romano, os pais Miguel Romano e Helena Najar. Acomodados juntos à colônia síria de São Paulo, logo Miguel Romano fundou uma loja de seda e armarinhos e colocou os filhos Miguel Jorge Romano, José Miguel Romano e o genro João Felício Chaves para percorrer o Estado de São Paulo e interior do Brasil mascateando as mercadorias de sua loja atacadista que ficava bem no Centro da capital paulista, de onde os sírios libaneses saíam às centenas para o interior da Nação a mascatear seus produtos, iniciando assim um vida nova, num novo país.

    Nos inúmeros malotes de Miguel Jorge Romano havia de tudo. De pente de cabelo para homem e mulher, perfume, seda, enxoval para noiva, a remédio, laxante, pílula da vida, pílula de lucem, vermífugo e mais uma infinidade de produtos.

    Com tudo isto em mãos, pegava o trem de ferro, em São Paulo, na Estação da Luz e vinha até a cidade de Araguari, Minas Gerais. Lá alugava uma tropa e seguia para o interior de Goiás, mais precisamente, o Sul do Estado e vinha bater às portas de Morrinhos.

    Daqui partia para o interior do município, visitando as fazendas e patrimônios, onde sua mercadoria fazia o maior sucesso. Vendia tudo. E as encomendas que lhe eram feitas encheriam duas vezes as malas que trazia. Quando voltava a Morrinhos e às fazendas era o mesmo sucesso de venda. As encomendas ultrapassavam o limite de seu carregamento. Na data combinada, lá estava ele assistindo e entregando sua mercadoria aos clientes, com o maior carinho e simpatia possível. Sua seda e armarinhos eram os preferidos dos habitantes da região. Nestas andanças, conheceu a bela e encantadora jovem Maria Jacinta de Oliveira, filha do fazendeiro Pacífico Inocêncio de Oliveira rico latifundiário do município de Morrinhos. Encantou-se com a beleza da jovem e a pediu em casamento, o que aconteceu em grande festa na Fazenda do Chapadão, em 1900. Em seguida, foram morar em Buriti Alegre. Lá, estabeleceu comércio de secos e molhados. A família logo aumentou. Chegaram Jonas Miguel Romano; Castorina Romano Naufel; Geraldina Romano de Castro; Helena Romano Cândido; Jorge Miguel Romano e os gêmeos Miguel José Romano e José Miguel Romano. Quando os dois últimos atingiram a idade de dois meses, ou seja, em fevereiro de 1914, Miguel Jorge Romano adoeceu e teve que ser trasladado para São Paulo para fazer tratamento de saúde com os médicos na capital, o centro mais adiantado da Medicina no País. Porém, não houve melhora no seu estado clínico, o que o levou a óbito. Seu corpo foi sepultado na cidade de São Paulo. Não foi possível à sua esposa e filhos assistirem aos funerais, porque, naquele tempo, eram péssimos os meios de comunicação e, para ir até São Paulo gastava-se quase uma eternidade. Tal fato tornava impossível a presença da esposa e dos filhos no ato fúnebre de Miguel Jorge Romano, já que se tratava de uma emergência. Os recursos da época, praticamente inexistentes, tornava a empreitada totalmente impraticável. Só mesmo estiveram presentes ao enterro do honorável cidadão os familiares que moravam na capital paulista.

    Viúva, dona Maria Jacinta de Oliveira Romano resolveu voltar para Morrinhos e dedicar-se à criação e formação dos sete filhos, o que foi feito com destacada valentia, muita luta, apego e uma dose extra de amor, que a fez forte o suficiente para vencer os infindáveis dias de árduo trabalho e noites passadas em claro, olhar vigilante, seguindo passo a passo o desenvolvimento dos filhos, e, ao final de muita dedicação, foi recompensada pelos maravilhosos filhos que foram entregues à comunidade do município de Morrinhos.

    Vários nomes de sua descendência foram destaques na vida comercial, política e social de nossa cidade. Inclusive sua filha Helena Romano teve o privilégio de ser eleita a primeira Miss Goiás, em 1929, representando a beleza feminina da cidade e região. Sua enorme descendência continua se destacando, hoje, em quase todos os ramos das atividades humanas no Estado de Goiás, e em todo o restante do País. O que orgulha e muito a nossa terra.

    Miguel Jorge Romano

    Jonas Miguel Romano

    FAMÍLIA JOSÉ MIGUEL ROMANO

    (ZÉ TURCO)

    BASEADO EM DEPOIMENTOS DE JANE ROMANO, CLÁUDIA ROMANO, MARIZETTE ROMANO E ARTUR ROMANO

    Os libaneses da cidade de Trípoli, Miguel Romano e Helena Najar, vieram para o Brasil atendendo convite de uma grande leva de amigos e parentes que havia imigrado para o Brasil

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