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Aquele Frio Inverno: O Frio Inverno
Aquele Frio Inverno: O Frio Inverno
Aquele Frio Inverno: O Frio Inverno
E-book164 páginas2 horas

Aquele Frio Inverno: O Frio Inverno

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Sobre este e-book

No ano de 2027, uma nova onda de crimes no frio inverno regressa.
O xerife Burt Duchamp continua sendo o inútil e mal-humorado de sempre, mesmo após dez anos se passarem desde as mortes daquele frio
inverno de 2017.
Relutante em utilizar as novas tecnologias para a investigação de crimes, em um mundo onde a identificação se realiza
com simples dispositivos móveis, Burt decide manter seu chapéu de feltro e o dom de Peter Bray, que terá que enfrentar novamente o fantasma do passado.
Tudo começa com o assassinato de uma mulher, mas pouco depois alguns idosos da cidade de Boad Hill estão desaparecendo e alguém olha concentradamente para fotografias de jovens assassinadas durante as estações do ano.
Não há relação alguma.
Jack Pés de Pluma voltou do além? Quem é o assassino desta vez? Um thriller psicológico sem precedentes e que fecha a salga "O frio inverno".

IdiomaPortuguês
EditoraBadPress
Data de lançamento17 de jul. de 2019
ISBN9781547598175
Aquele Frio Inverno: O Frio Inverno

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    Aquele Frio Inverno - Claudio Hernández

    Aquele Frio Inverno

    Claudio Hernández

    Tradução

    Leandro Allender

    Primeira edição do eBook: março de 2019

    Título: Aquele Frio Inverno

    ©  © 2018 Claudio Hernández.

    ©  © 2018 Higinia Maria

    ©  © 2018 Arte da capa: Higinia Maria

    ––––––––

    © 2019 Tradução: Leandro Allender

    Todos direitos reservados.

    ––––––––

    Nenhuma parte desta publicação, incluindo a arte da capa, pode ser reproduzida, armazenada ou transmitida de qualquer maneira ou por nenhum meio, seja eletrônico, químico, mecânico, ótico, de gravação, pela internet ou fotocópias, sem permissão prévia do autor ou editor. Todos os direitos reservados.

    Quantos livros já tenho escritos? E a quem os dedico? Dedico este livro, mais uma vez, a minha esposa Mary, que aguenta todos os dias minhas criancices como esta. E espero que nunca pare de fazê-lo.

    Desta vez embarquei em outra aventura que comecei na infância e que, com vontade e apoio, terminei. Outro sonho tornado realidade.

    Ela diz que, às vezes, brilho... Às vezes... Inclusive tenho medo algumas vezes... Também dedico este livro à minha família e especialmente a meu pai, Ángel... Ajude-me nesse terreno pantanoso.

    Aquele frio inverno

    1

    ––––––––

    Olhou para atrás no tempo e seus olhos se cravaram sobre a neve. Dez anos atrás, aquelas pobres infelizes, com as calcinhas nos tornozelos e descansando sobre uma enorme poça de sangue abjeta para os olhos dos agentes do xerife Burt, haviam feito dele, a bola de cristal para encontrar o assassino... Mas, isso havia acabado há algum tempo, ou assim pensava, porque o assassino sempre volta à cena do crime e desta vez o fez com o coração por sair-lhe pela boca, mas Peter Bray era duro e frio: apenas seu amor por Ann o transformava em um capacho de merda.

    Desta vez, foi o próprio Peter Bray que contou o que ocorreu no ano de 2027 e esta é sua história, dez anos depois do ocorrido naquele frio verão; nevava de forma abundante e a luz que emitiam aqueles flocos de neve amontoados ameaçavam em afundar os telhados das casas de Boad Hill, enquanto o vento uivava em cada esquina e inclusive nas curvas daqueles corpos inertes que foram aparecendo sepultados sob a neve. Mas agora não eram garotas jovens, tampouco as amigas de sua amada, mas idosos raquíticos, que de alguma maneira já esperavam suas mortes... Sim, esperavam-na... E aparentemente o faziam com um gosto especial...

    John, seu pai, despertou-lhe do mundo dos sonhos para voltar a pisar naquela densa neve que caía como uma chuva de bolhas de sabão.

    —O que está pensando, filho? —perguntou

    Peter Bray deixou de olhar aquela compacta manta branca através do vidro da janela, para encontrar-se com o olhar triste de seu pai.

    —Voltou?

    —Temo-me que sim.

    —Pois isso é bom. Já tenho trabalho —disse em tom sarcástico, ainda que não sentisse graça nisso, senão que sentia uma forte dor em sua alma—. É estranho que o xerife Burt não me haja ligado...

    —Esse canalha ainda está vivo? —John tinha a mão estendida apoiada na ombreira da porta. Peter estava em seu quarto com aquele ridículo sobretudo que não parecia sofrer com o passar dos anos. Só que agora, combinando com os carros elétricos e as televisões que obedeciam a sua voz, parecia uma vestimenta mais de acordo com o tempo atual.

    —Sim. Ainda está vivo. Eu o vi quatro vezes desde a última onda de crimes. Apenas quatro vezes nestes malditos dez anos. Nem sequer me chamou para me felicitar em todos estes natais. Bom, ao fim e ao cabo resolvi seus problemas e agora não sirvo mais. Agora sou um escritor exitoso, com um dom um pouco estranho para alguns, bendito para outros e louco para o resto.

    Os olhos de Peter brilhavam como se fossem de vidro.

    —Mas continua sendo meu filho Peter. —A voz de John tremia. Seu aspecto havia mudado muito. Demasiado para seu filho. Sua pele estava tensa como a de um lagarto. Seus olhos fundidos como se fossem demasiado pesados dentro de suas órbitas. Estava calvo exceto por uma mecha de cabelos perto da nuca, que bailava ao vento como fios brancos presos a um ventilador. E havia perdido muito peso.

    —Sim, isso é verdade. Quem haverá sido a afortunada desta vez, depois de tanto tempo de tranquilidade?

    —Uma mulher de quarenta anos, chamada Samantha. A cidade cresceu muito e eu já não sei quem é. Creio que veio viver aqui há dois anos, se não ouvi mal. Christie já não tem a voz de antes ou o maldito televisor novo é para os que não padecem de surdez. Creio que disse que se trata de um crime passional, bom, o que se chama de violência de gênero. Às vezes penso, os motivos que levam esses malditos a tratarem suas mulheres assim. Sua mãe e eu nos queríamos muito e jamais lhe levantei a mão. Ao contrário, era ela quem me levantava o tom de voz. Dizem que simplesmente apareceu sepultada sob a neve. Este é um inverno como o de 2017, sabe, muita neve. Creio que de sobra. E ao que parece, faltava-lhe a cabeça, ainda que a tenham podido reconhecer pelo anel que usava e tinha seu nome gravado. Não se sabe nada do marido, ou melhor dizendo, do assassino...

    —Todos estes anos vivendo em paz, que até eu me havia esquecido do brilho que possuo —interrompeu-lhe Peter com voz quebrada—. E agora acontece isso. Não sei se devo aventurar-me a dizer que é um caso isolado e que nada do passado voltará. Talvez me equivoque. Ou pelo menos espero que sim.

    —Bom, minhas pernas doem muito. Acho que vou descansar na cama mecânica. —John soltou uma risadinha de criança malvada e acrescentou—. A cama e a maldita televisão são as únicas coisas que entendo e sei fazer funcionar, mas todo o resto é muito para mim. Ainda que não me importe nada, até porque para o que me resta de vida, nem ligo mais. Sim, filho. Seu pai irá morrer algum dia destes. A cama com massagem já não acariciará meus pés quando detecte que meu coração parou sob meu peito.

    —Não diga isso, papai —resmungou Peter. Olhou-o fixamente através das lentes compactas e fez uma cara de complexidade—. Todos temos que morrer. Ainda que, todavia, não seja sua hora.

    —Você viu isso com o brilho?

    —Não. Sabe que tenho que tocar a pessoa ou um objeto seu e apenas posso ver o que viram seus olhos, nada mais. Não posso saber o futuro —mentiu Peter que já havia esquecido seus óculos grossos, mas que ainda os guardava em uma estante. Até a janela havia mudado, agora ao invés de subir o vidro, apenas devia apertar um botão e duas lâminas metálicas se fechavam e abriam como se fossem pálpebras, mas se deslizavam horizontalmente.

    —Bom, vou descansar, filho. Que aproveite dessa maldita neve.

    John soltou a mão da porta como se esta fora uma ventosa e, queixoso, encaminhou-se para seu quarto. Peter desviou o olhar para a janela. Esperando uma ligação. Esperando Burt.

    Enquanto a neve lambia todas as ruas como uma enorme língua pálida e áspera, que tudo que a tocara era deixado com uma espécie de baba compacta e barulhenta, ao ser partido sob os sapatos dos que se atreviam a sair à rua.

    Inclusive do novo assassino que sussurrava na neve.

    2

    Burt Duchamp estava inquieto ao redor dessa mulher tão rígida como uma estaca. Seus peitos estavam cobertos de neve, mas seus joelhos não, como tampouco sua vagina. Dez anos depois, o xerife ainda conservava seu bigode e seus malditos modos, e o que era pior, não havia aprendido nada sobre os assassinos do passado. Dando estranhos passeios ao redor daquele boneco de neve sem cabeça, esfregava-se as mãos e espirrava de vez em quando.

    Jack Hodge já não era o gorducho do grupo. Estava mais magro. Como se uma maldição lhe houvera secado, pois havia perdido quarenta quilos nos últimos dois anos. Ele se sentia bem, mas havia começado a fumar. Uma língua branca e magra sobressaía de seus lábios e a fumaça se enroscava no ar como um redemoinho, para depois, aparecer sem mais.

    Não estava todos desde 2017. Martin havia falecido de um repentino ataque do coração e foi substituído rapidamente por um tal de Joe Norton. Um rapaz com vontade de fazer coisas e com a adrenalina injetada no cu, enquanto desta vez sim, esfregava as mão diante do cadáver lívido.

    Lloyd Chambers continuava firme e forte para tudo que necessitassem dele, ainda fazia parte do corpo de polícia. Richard, o novato, porque sempre se dirigiam a ele como O novato, apesar da entrada de Joe bem depois, continuava bolando suas próprias conjecturas sobre o crime. Fazia anos que não haviam visto uma nova ação do maldito Jack pés de plumas e desta vez havia regressado, com a tormenta mais fria desde 2017. Mas, Burt deixou claro que ainda que não tinha uma maldita ideia do que havia acontecido, porque ainda era cedo, o crime não tinha nada a ver com um assassino em série.

    Não estava equivocado e seus olhos pareciam bolas de beisebol pintadas de branco. Estava errado em apenas uma coisa. Que começava um ano de tormentas devastadoras em Boad Hill e que rajadas brancas e geladas traziam consigo a silhueta de um assassino em série que estava a ponto de agir.

    O que aconteceu a Samantha havia sido a faísca que pretendia acender o segundo cigarro que a boca de Jack agarrava.

    —Faz dez fodidos anos que não víamos uma nevasca assim. Nem tampouco um cadáver. Faz dez anos que estamos tranquilos, mas isto, meus meninos. —Olhou a todos eles fixamente—. Não é Jack pés de plumas. Oriento me na direção de um crime de gênero. Agora só nos restar averiguar a identidade do desgraçado de seu marido e detê-lo, se é que já não está em Boston ou Portland.

    Joe Norton meneou a cabeça como se a coisa fora para ele.

    —Sim, chefe. Isto parece um assunto de ciúmes ou de violência. Entrarei ao sistema SI para descobrir quem eram ambos.

    O sistema SI era um software de grande potência desenvolvido no ano de 2025, que permitia conectar com todos documentos do seguro social de qualquer norte-americano. Esse documento prevalecia sobre os demais, como a identificação pessoa, pois no cartão de segurança social em 2027, estava associado todo seu histórico e sabia até a cor da sua merda ou se tinha hemorróidas. Acessava-se o sistema mediante um pequeno computador instalado na viatura da polícia, que continuava tendo aquelas malditas luzes azuis, vermelhas e amarelas no teto, e como consequência disso, continuava parecendo um carrossel dos anos 80 ou 90. Para isso, o tempo não havia passado. Apenas que havia sido acrescentado ao piscar daquelas luzes, um zumbido como o ronrono de um grande gato que parecia estar sobre o motor tirando uma soneca.

    Joe perfurou a capa de ar gelada com seu corpo até chegar à viatura. Suas botas haviam se fundido sobre uma massa fungosa e dura ao mesmo tempo. Estralava a cada passo e a neve chegava até às canelas. Seus pés entumecidos avançavam como um urso ferido por algum filho de uma grande puta. Ofegava como um cão e via como seu ar se transformava em um cristal que se despedaçava ao primeiro

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