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Bolhas de Sabão: E Outros Poemas
Bolhas de Sabão: E Outros Poemas
Bolhas de Sabão: E Outros Poemas
E-book162 páginas33 minutos

Bolhas de Sabão: E Outros Poemas

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Sobre este e-book

Poemas divididos em três partes temáticas. Na primeira, as poesias têm por tema a Maria Fumaça, símbolo da origem das ferrovias. A inspiração veio de momentos bucólicos e saudades dos primórdios do transporte ferroviário. Em seguida, o tema passa a ser Águas. O elemento responsável pela existência da vida está presente nas poesias em muitas das suas formas. Águas que caem na forma de chuva, que formam rios, lagos e oceanos ou mesmo a água que escorre de olhos emocionados. A última parte, Bolha de Sabão, traz versos sobre o lúdico e o cotidiano da infância e adolescência de todos nós. Nas brincadeiras e brinquedos que inventávamos talhamos boa parte do nosso caráter, encontramos nossos medos e frustrações, remorsos, nossos primeiros amores, desejos; enfim, começamos a definir quem somos.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento27 de fev. de 2020
ISBN9788542817133
Bolhas de Sabão: E Outros Poemas

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    Bolhas de Sabão - Wagner Rodrigues

    Parte

    Maria-fumaça

    M aria Fumaça é homenagem a meu avô, funcionário e maquinista da São Paulo Railway (SPR) e a todos os ferroviários do Brasil. Em São Paulo, a ferrovia inglesa ligava o litoral ao interior, passando pela capital. Cortava a planície paulista, precipitando-se, literalmente, pela serra do mar até a Baixada Santista. Na época, a SPR era uma empresa atraente e poderosa; seus funcionários tinham orgulho de lá construírem carreiras e conseguiam acumular patrimônio com seu trabalho. Depois de nacionalizada, a empresa transformou-se na Santos-Jundiaí (EFSF), que definhou com o projeto ferroviário brasileiro. Com tristeza, sabemos que hoje resta apenas o trecho urbano desta estrada como parte da CPTM que, pelos padrões internacionais, funciona de forma aquém de precária.

    Maria Fumaça encarna a melancolia de uma época poética do desenvolvimento do transporte ferroviário no Brasil e no mundo. Os fumos deixados como rastro da sua passagem eram o vapor fervido em suas caldeiras pelo zeloso foguista, que alimentava a fornalha com a força dos braços.

    top

    Maria Fumaça

    Lá vai a Maria Fumaça

    Balançando sobre trilhos,

    Embalando em seu rolar,

    Como se fossem seus filhos,

    Os viajantes tomados

    Nos seus vagões em idílios.

    Alguns estão rumando

    Para distantes paragens.

    Aqueles que estão voltando

    Trazem frescas as imagens

    De tudo que foi dado

    A suas almas, nas viagens.

    Lá vai a Maria Fumaça

    Alimentando-se da hulha

    Que o foguista lhe serve,

    Como mãe que se orgulha

    Da fumaça que se esvai,

    Misto de nuvem e fagulha.

    O apito lhe sai como um canto

    Lá do horizonte das curvas.

    Canta assim como um pranto

    Nostálgico, memórias turvas.

    Alimentam almas,

    Como o campo, as chuvas.

    top

    Bandeira vermelha

    Essa história contava

    A seu filho o maquinista,

    Sobre os sinais da estrada

    Da ferrovia paulista.

    Orgulho de sua empreitada,

    De seu trabalho, a conquista.

    O vermelho da bandeira

    Indicava haver perigo.

    Mister de ação derradeira,

    Era segui-la ou rumar ao jazigo.

    Não se podia cogitar

    Em avançar este sinal.

    Código para não violar,

    Atendê-lo era vital.

    Em casa, porém, transgredia

    Com excesso de bebida,

    A ninguém ele ouvia,

    Frustrando a família sentida.

    O filho, com história contada,

    Imaginou a solução

    E na garrafa foi fincada

    A bandeira da razão.

    Comovido, o condutor

    Da bebida desistiu.

    O filho querido abraçou

    E, ao sinal, enfim, seguiu.

    top

    Tem boi na linha

    Sempre gostei de encontrar

    A origem de expressões

    Que surgem, não se sabe explicar,

    Ganhando novas funções.

    Quando se pune um coitado

    Que pouco tivera com o fato,

    Não sendo ele o culpado,

    Diz-se: Vai pagar o pato!.

    O pão que o diabo amassou

    Nada tem a ver com o demo.

    A metáfora é que lembrou

    Comer-se pão tão extremo.

    Ao chover gato e sapato,

    Não despenca nenhum bichano.

    Chove bem forte, de fato,

    Mas não calça o tal fulano.

    Quando a coisa está esquisita,

    Não é culpa da vaquinha.

    Em conversa de foguista

    Diz-se

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