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O Segredo da Senhorita Sinclair: Série Segredos, Livro 4
O Segredo da Senhorita Sinclair: Série Segredos, Livro 4
O Segredo da Senhorita Sinclair: Série Segredos, Livro 4
E-book415 páginas5 horas

O Segredo da Senhorita Sinclair: Série Segredos, Livro 4

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Sobre este e-book

Anna Sinclair é uma dama inglesa que se recusa a se conformar — especialmente quando todas as suas amigas já encontraram um amor. Quando ela recebe uma mensagem dizendo que seu pai, o General Sinclair, está desaparecido e foi dado como morto nos Estados Unidos logo após a guerra de 1812, ela sabe que não tem nada a perder ao ir em busca dele.

Em um país indômito, ela precisará navegar pelo Rio Mississippi, atravessar quilômetros de vida selvagem, terremotos, indígenas, e um capitão norte-americano absurdamente atraente.

Nathaniel Johnson é um patriota norte-americano cujo único objetivo é retornar ao país que ama com seu irmão recentemente encontrado, um marinheiro recrutado à força pelos britânicos. O dinheiro que lhe é oferecido para escoltar uma jovem inglesa até os Estados Unidos é muito para recusar quando ele está desesperadamente tentando salvar o império naval de sua família. A bela dama conta uma história ridícula sobre encontrar seu pai, mas Nate tem motivos convincentes para acreditar que ela seja uma espiã da Coroa. Ele a ajudará em sua missão, pelo menos até conseguir provar suas más intenções. O segredo de Anna destruirá seu país e será sua ruína?

IdiomaPortuguês
EditoraAmy Bright
Data de lançamento4 de mar. de 2021
ISBN9781071590935
O Segredo da Senhorita Sinclair: Série Segredos, Livro 4

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    O Segredo da Senhorita Sinclair - Amylynn Bright

    O Segredo da Senhorita Sinclair

    por Amylynn Bright

    O SEGREDO DA SENHORITA SINCLAIR

    Copyright © 2015 Amy Bright

    Todos os direitos reservados.

    Design de capa por Jaycee DeLorenzo / jayceedelorenzo.com/sweetnspicy/

    Diagramação por Amy Bright

    Nenhuma parte deste livro pode ser reproduzida em qualquer forma ou por qualquer meio eletrônico ou mecânico, incluindo sistemas de armazenamento de informação e recuperação, sem a permissão por escrito do autor. Com exceção de um revisor, que poderá citar breves passagens em uma revisão.

    Este livro é uma obra de ficção. Nomes, personagens, lugares e incidentes são produtos da imaginação da autora ou usados de forma fictícia. Qualquer semelhança com pessoas reais, vivas ou mortas, eventos ou locais, é mera coincidência

    Amylynn Bright

    Visite meu site em www.amylynnbright.com e meu blog em www.thequillsisters.com.

    Dedicatória

    Aos meus antepassados que desbravaram o Território do Missouri, obrigada.

    Capítulo Um

    Anna leu a carta do Gabinete de Guerra novamente.

    Lamentamos informar que seu pai, General Sinclair, foi listado como desaparecido e dado como morto enquanto executava suas funções no Vale do Mississippi, nos Estados Unidos da América. Ele desempenhou um papel valente na promoção dos interesses da Coroa no continente norte-americano.

    Ele estava desaparecido, não morto. Uma designação importante, com toda certeza.

    Ela esperava receber uma carta como aquela do Gabinete de Guerra desde os doze anos de idade. A única variável real era onde seu pai morreria, em qual campanha, em qual batalha, contra que inimigo.

    O Sr. Grayson pigarreou.

    — Minhas mais sinceras condolências, Srta. Sinclair.

    Ela assentiu e devolveu a carta ao envelope; em seguida, deslizou-o para dentro do bolso.

    — Oh, minha querida. — A Sra. Bartley torceu as mãos. — Isso deve ser um choque para você. Insisti em vir com o Sr. Grayson quando soube pela minha irmã o que havia acontecido.

    Por ter sido a amiga mais querida da mãe de Anna, era de se esperar que a mulher mais velha sentisse alguma obrigação para com Anna como filha única de sua compatriota.

    Anna acenou com a cabeça novamente, sua mente girando com a notícia. Ela teria suas próprias cartas para escrever, preparativos para fazer. Talvez nenhum preparativo fosse necessário, já que o corpo de seu pai não fora encontrado. O que alguém deve fazer quando isso acontece? Se seu pai tivesse permitido que ela ficasse com o regimento após a morte de sua mãe, talvez ela soubesse o protocolo quando não houvesse corpo. Em vez disso, ele a mandara embora para morar com a família de seu amigo de infância nos últimos doze anos, e agora ela não sabia o que fazer. Uma pessoa não pode enterrar o próprio pai se há a possibilidade de que ele ainda esteja vivo.

    — Senhorita Sinclair? — A voz do Sr. Grayson interrompeu seus pensamentos e ela piscou voltando àquele momento. — A senhorita está bem? Devo chamar...

    — Não. — Anna se forçou a sorrir e ergueu a mão para tranquilizá-lo. — Eu estou bem. — Ocorreu a Anna que ela deveria pedir um chá para os convidados. — Tenho sido uma péssima anfitriã.

    A Sra. Bartley agarrou a mão dela antes que ela pudesse cruzar o cômodo até a campainha.

    — Ah, minha querida, você deve estar em choque. Sente-se aqui.

    A mulher mais velha guiou Anna até o sofá e apertou a campainha.

    O Sr. Grayson estava inquieto, claramente querendo estar em qualquer lugar que não na sala de visitas do Duque de Morewether dando notícias tão terríveis a uma jovem quando o duque nem mesmo estava em casa. O homem do Gabinete de Guerra ajustou os punhos da camisa.

    — Se o Gabinete puder ser útil à senhorita...

    Anna sabia que a oferta do Sr. Grayson não era verdadeira. O que eles poderiam fazer pela filha solteirona de um general desaparecido?

    — Certamente. — Anna lhe ofereceu outro sorriso abatido. — Se tiver qualquer notícia, o senhor me avisará imediatamente, não é?

    Ele assentiu.

    — Nem precisa perguntar.

    A Sra. Bartley se afligiu sobre o serviço de chá.

    — Pobrezinha. Está sozinha no mundo agora. O que vai fazer?

    — Vou para os Estados Unidos, é claro.

    Aquilo deteve o Sr. Grayson.

    — Senhorita?

    A camomila transbordou sobre a borda da porcelana e se amontoou no pires quando a Sra. Bartley congelou no momento em que levava a xícara à boca.

    — O quê?

    — Vou para os Estados Unidos. — Ela disse as palavras com firmeza, segura de si mesma. — Não tenho nada a perder. Absolutamente nada.

    O Sr. Grayson a encarou.

    — Sim, bem... eu não estou certo de que... eu não acho... — Ele pigarreou.

    As mãos da Sra. Bartley agitaram-se sobre o serviço de chá.

    — Isso é um pouco precipitado, não acha?

    Anna se virou para o Sr. Grayson.

    — O que o Gabinete de Guerra está fazendo para encontrar meu pai? Esta carta parece terrivelmente definitiva. Estão fazendo alguma coisa?

    Ele se levantou, marginalmente mais alto. Anna não estava certa do que aquilo deveria provar. Como a maioria das pessoas mais baixas, ela não se sentia intimidada por pessoas com estaturas maiores do que a dela. Todos eram mais altos do que ela. Ela ergueu o queixo e estreitou os olhos.

    — O Gabinete de Guerra não divulgará planos confidenciais à senhorita, independentemente de quem tenha sido seu pai. A senhorita terá que confiar que os cavalheiros responsáveis estão fazendo tudo que está em seus alcances para garantir a segurança de seus homens.

    Ah.

    — Não estão fazendo nada. — Anna colocou as mãos nos quadris. — Meu pai deu a própria vida por este país e seus cavalheiros vão simplesmente deixá-lo nos confins dos Estados Unidos? Bem, eu vou encontrá-lo.

    — Por que diabos a senhorita pensaria que pode fazer isso? Não pode ir até os Estados Unidos, senhorita Sinclair. Seu pai não aprovaria.

    Ele deve ter interpretado a contração dos lábios dela como um sinal de que ele não a estava convencendo. A Sra. Bartley acenou com a cabeça, seu chapéu rendado se agitando com o movimento.

    — Ir para os Estados Unidos é muito perigoso, querida.

    — Estou decepcionada com a senhora — Anna disse à Sra. Bartley. — A senhora seguiu o exército com seu marido através da Crimeia. Era tão dedicada e temível como qualquer outra mulher. Está me dizendo que não iria querer saber o que aconteceu com seu marido se recebesse esta notícia? Gostaria que o Gabinete de Guerra desistisse dele?

    — Não.

    As mãos nervosas da mulher mais velha pousaram em seu colo.

    — Não, a senhora não gostaria — Anna continuou. — Não a senhora Bartley que eu conheço. A mulher que suturava soldados e cavalos.

    A Sra. Bartley acenava com a cabeça em concordância e Anna podia vê-la relembrando seus intrépidos anos de juventude com o marido.

    — Senhorita Sinclair — o Sr. Grayson interviu —, o que a senhorita descreve não é um plano viável. Não é nem mesmo um plano no sentido mais básico. É loucura. A senhorita não pode ir para os Estados Unidos. É um absurdo.

    — Sr. Grayson. — Anna tornou suas palavras muito distintas. — Está me proibindo de ir?

    A expressão no rosto do homem do Gabinete de Guerra endureceu, porém Anna se manteve firme. A Sra. Bartley soltou um grito baixo e mais chá de camomila se derramou sobre o tapete turco. A porta da sala se abriu e o duque e a duquesa de Morewether entraram.

    Christian, o Duque de Morewether, que era tanto como um irmão para ela da mesma forma que qualquer homem sem laços sanguíneos poderia ser, atravessou a sala com confiança.

    — O criado disse que que você estava com alguém do Gabinete de Guerra.

    — Sim, Vossa Graça. — O Sr. Grayson abaixou a cabeça em uma reverência e revelou seu nome a ele.  

    Thea, a nova duquesa, passou seu braço pelo de Anna em um gesto de apoio.

    — Ele trouxe notícias de seu pai?

    Anna pegou o envelope e o entregou a Thea.

    — Ele está desaparecido.

    Christian voltou sua atenção a ela, sua testa franzida em preocupação.

    — Desaparecido? — Então ele tornou a focar o Sr. Grayson, cuja altura pareceu diminuir sob os olhos do duque. — O que está sendo feito?

    Anna gesticulou freneticamente.

    — Nada. Absolutamente nada. Depois de tudo que meu pai fez...

    Thea sentou-se no sofá com a Sra. Bartley, que entregou uma xícara de chá a ela prontamente.

    — Oh, Anna, sinto muito.

    Ela assentiu e crispou os lábios. Ela poderia entregar-se ao sentimentalismo piegas mais tarde. Agora não havia tempo. A lista de tudo que ela precisaria levar consigo para a jornada em frente começou a se formar em sua cabeça.

    — Vossa Graça — disse o Sr. Grayson. — Eu estou tentando explicar à Srta. Sinclair que ela não pode ir para os Estados Unidos. Ela parece pensar que pode encontrá-lo por conta própria.

    — Eu não acredito que esteja em posição para me dar ordens, senhor.

    Anna sabia o quão infantil ela soava, mas aquilo era extremamente irritante.

    O Sr. Grayson apontou para Christian.

    — O duque está aqui e ele certamente não irá permitir isso.

    — Permitir?

    Anna semicerrou os olhos para o homem enervante. Thea e a Sra. Bartley os observavam por sobre as bordas de suas xícaras com olhos arregalados, assistindo aquela conversa como se fosse uma partida de tênis no jardim. 

    — Eu cuidarei de tudo a partir de aqui — Christian interrompeu. — Johnson o acompanhará até a saída.

    Assim que o homem se foi, Anna balançou o dedo para Christian.

    — Você não pode me impedir. Eu sou maior de idade. Sou uma mulher adulta e posso viajar se quiser.

    Christian levantou as mãos em um gesto de apaziguamento, o que apenas a deixou mais enfurecida.

    — Querida — Thea começou em um tom sensível. — Eu sei que você deve estar muito entristecida, completamente devastada, e com razão. É claro que você quer ajudar, mas eu não entendo como você pode sequer cogitar fazer o que está sugerindo.

    — Como não faria isso? — Anna olhou para o teto como se as palavras das quais ela precisava para explicar como se sentia estivessem gravadas ali. — Eu não tenho mais ninguém além dele. Se ele realmente estiver morto, então estou verdadeiramente sozinha.

    Christian tomou as mãos dela entre as suas.

    — Como pode dizer isso? Nós somos sua família: eu e Thea, os irmãos dela, Francesca e Thomas e seus filhos. E minha mãe. Temos sido sua família por muito tempo. Você não poderia ser mais importante do que já é para nós se fosse nossa irmã de verdade.

    Anna engoliu em seco.

    — Eu sei, e todos vocês são muito importantes para mim também. Mas, veja bem, vocês todos seguiram em frente com as suas vidas e eu... bem, ainda sou eu. Sozinha.

    Thea se levantou e a puxou para um abraço apertado.

    — Você me fará chorar. Não deve dizer essas coisas.

    Ela apertou sua amiga e se afastou.

    — Não estou tentando ser sentimental. — Embora ela percebesse que sua história precisava apenas de um empurrão para cair profundamente no território patético. — Eu amo vocês, mas não tenho muitos motivos para permanecer aqui. Meu pai precisa de mim. Eu sinto que posso fazer algo para ajudá-lo. Eu fico imaginando que ele esteja ferido e sozinho, sem ninguém para ajudá-lo.

    — Exceto que amamos você — Christian disse, sua voz áspera.

    Anna sorriu para os dois. O tilintar de porcelana a fez lembrar-se de que a Sra. Bartley ainda estava na sala. A mulher observava a conversa com um semblante de preocupação estampado na face.

    — Eu também amo você. Vai tentar me impedir?

    Christian fez uma careta de consternação.

    — Eu acho que devo fazer isso. Você tem ideia do quão perigoso é o que você está propondo? O tratado com os Estados Unidos acabou de ser assinado, por Deus. Você não pode ir sem nenhuma preocupação no mundo. Você não está usando a cabeça.

    — Estou usando minha cabeça. Sempre uso. Você pode citar um momento dentre todas as nossas aventuras em que eu não tenha sido a pessoa prudente? Eu sempre sigo as regras, me comporto, ajo com decoro. Veja aonde isso me trouxe. — Ela pausou e procurou uma maneira de explicar-se que faria Christian aceitar. — Ele é meu pai, Christian. Ninguém mais irá procurar por ele ou tomar contar dele. Se viver com a sua família por todos estes anos me ensinou alguma coisa, é que a família é tudo.

    — Você é uma mulher pequena. O que poderia fazer?

    Ela inclinou a cabeça.

    — Deixarei esta passar. — Quando ele não se desculpou, ela continuou. — Não tenho ideia, mas não ficarei parada em Londres, tomando chá, me vestindo para bailes e ponderando sobre a qual festa comparecer enquanto meu pai está desaparecido. Você seria capaz de fazer isso se seu pai tivesse desaparecido?

    — É claro que não, mas...

    — Mas sou uma mulher pequena.

    Um estalar de língua e um suspiro vieram do sofá de onde Thea e a Sra. Bartley observavam os procedimentos. Christian ergueu os olhos para o teto. Ele não teve mais sorte do que ela com a ação.

    — Isso é verdade. Você é uma mulher pequena.

    Ela colocou as mãos nos quadris.

    — Eu vou. Vai me ajudar ou dificultar tudo?

    — Não posso ir com você — ele disse, olhando para a esposa.

    — É claro que não. — Anna balançou a cabeça negativamente. — Na verdade, eu o proíbo. Você tem filhos e uma esposa. O que Thea faria se algo acontecesse a você?

    Thea pigarreou.

    — Seguramente você não está esperando ir sozinha, sem acompanhante?

    Anna riu.

    — Olhe para você, cheia de decoro repentinamente. — A ironia era risível. Thea viera da Grécia até Londres com apenas uma criada e desrespeitara todas as regras de decoro uma vez que chegara. — Faça da senhora uma duquesa...

    Thea revirou os olhos.

    — Foi você quem me fez agir propriamente. Não pode culpar mais ninguém além de si mesma. Ainda assim, você deve me entender. Você mal consegue entrar em um navio sozinha.

    — Vou com ela. — A Sra. Bartley pousou sua xícara com um ruído.

    Todos os olhos se voltaram para a mulher mais velha.

    — Por que não? — ela perguntou. —  Eu não faço nada desde que meu marido morreu e certamente estou habituada com a vida de campanha. Não vejo como uma viagem marítima possa ser muito diferente de carroças na lama. Não pode ser pior.

    Anna fez um inventário da esposa do ex-capitão. Ela já tinha uma idade avançada, era razoavelmente corpulenta e tinha uma tendência a reclamar de gota. 

    — Adoraria tê-la comigo.

    — Ótimo! — disse a Sra. Bartley com um sorriso largo. — Então vou me preparar para uma aventura. Admito que estou muito entusiasmada.

    Assim que sobraram apenas os três na sala, Anna virou-se outra vez para Christian.

    — Então você vai me ajudar ou não?

    Capítulo Dois

    — Não levamos passageiros, Nate. Que diabos você vai dizer ao papai?

    Sam observou seu irmão checar as mercadorias sendo descarregadas dos vagões com uma prancheta e um lápis.

    — Já levei passageiros antes.

    Da última vez que Nathaniel permitira que um inglês entrasse em seu navio, a cena havia sido tão absurda que ele apenas aceitara tudo para vê-la desenrolar. Não era todo dia que um navio norte-americano trazia a bordo um duque, um conde e um marquês em pânico em busca de uma noiva errante. Nathaniel dissera a eles que não havia mulheres a bordo, mas eles insistiram tê-la visto. Na realidade, eles haviam visto Harvey, um dos marinheiros que tinha cabelos louros compridos. Os outros marinheiros chamavam Harvey de senhorita para provocá-lo desde então. Os ingleses obviamente não encontraram sua dama, mas encontraram outra pessoa que também estavam procurando — um quarto inglês, um vilão — que eles haviam espancado no navio para trabalhar para pagar o custo de um bote que usaram para retornar a Londres. O homem era inútil e eles o deixaram em Nassau, incapazes de tolerá-lo por mais tempo.

    Desta vez, Nathaniel estava em Londres para resgatar seu irmão Sam, que havia sido obrigado a ingressar no exército por um dos muitos pelotões de recrutamento ilegais ingleses que haviam capturado diversos cidadãos norte-americanos por engano e os forçado a trabalhar para a Marinha Real. No momento em que o Tratado de Gante foi assinado, Nate foi enviado para trazê-lo para casa.

    — Eu só não quero ter que lidar com mais nenhum britânico de merda. Estou farto de seus sotaques e chicotes e sua civilidade falsa.

    Sam estava muito mais magro do que quando Nate o avistara pela última vez. E amargurado, o que era dilacerante. Seu irmão sempre estivera pronto para uma risada ou uma piada, e agora havia apenas uma carranca constante.

    Nate supôs que seis meses como um escravo poderia fazer isso com um homem.

    — Eu sei — disse Nate, sinalizando para seus homens carregarem as mercadorias até o porão. — Eu sei que você está ansioso para chegar em casa, mas o Great American Shipping foi severamente atingido enquanto você esteve fora, a começar pela perda da George’s Victory e toda a sua carga quando você foi capturado. Os bloqueios foram brutais. Precisamos da tarifa da passagem para pagar a tripulação e voltarmos para casa.

    Sam claramente não estava satisfeito, já que sua expressão endureceu.

    — São duas mulheres. Elas não vão incomodá-lo de forma alguma.

    Francamente, Nate também não queria envolver-se com ingleses. Como a maioria dos norte-americanos, ele odiava os ingleses após a última guerra, e o fato de que existia um tratado não significava que a confiança havia sido restaurada. Ainda assim, o que ele disse para Sam era verdade. A companhia de transportes marítimos da família estava em apuros. A empresa, geralmente lucrativa, corria sérios riscos de falência a menos que Nate pudesse voltar e vender as mercadorias no porão. Com seu irmão. Muitos recursos foram gastos para localizar Sam, mesmo antes de o tratado ser assinado. Uma vez que Nate voltasse aos negócios e não passasse todo o seu tempo concentrado em encontrar seu irmão, certamente tudo melhoraria.

    — Gostaria que você as tivesse mandado se foder.

    Sam se virou sobre os calcanhares e marchou de volta para o navio. Nate suspirou e inclinou a cabeça para trás, girando-a sobre os ombros, ouvindo o estalo e o ranger de suas juntas.

    Eram apenas duas mulheres. Mulheres inglesas, educadas e quietas. Nate estava certo de que elas não seriam nenhum problema. Não importava; ele precisava desesperadamente do dinheiro. Quando o mesmo duque pomposo da outra vez apareceu na sua prancha de desembarque, ele quase carregou o canhão. O homem se apresentou com uma atitude completamente diferente desta vez.

    — Capitão Johnson. — O duque estendeu a mão. — Fiquei satisfeito quando o capitão do porto listou seu navio no porto.

    Nate apertou a mão do homem.

    — Perdão, não me lembro de seu nome, apenas seu título.

    O homem não mordeu a isca.

    — Sou Morewether. Seu navio parece estar em boas condições de navegação.

    Ele assentiu. Martha’s Patriot era um orgulhoso brigue de dois mastros e ela o levaria e também seu irmão de volta para casa, nos Estados Unidos, aonde pertenciam.

    — De fato.

    Ele não se sentia particularmente com vontade de conversar e, seguramente, muito menos com um duque altivo que havia sido um pé-no-saco real na última vez em que se encontraram.

    — Vejo que meu bote fez seu trabalho.

    Morewether deu uma risadinha.

    — Ah, bem, não foi uma viagem tranquila. Eu caí em algum momento. O oceano é frio, você sabe.

    — É por isso que sempre fico no navio. — Ele permitiu que a pausa constrangedora se alongasse por um momento e então finalmente falou. — Duvido que tenha se incomodado em vir até aqui para falar das recordações.

    — Não. Tenho um favor a pedir. É muito importante para mim e eu espero que possa confiar em você para entender o que significa.

    Nate recostou-se contra o baluarte e cruzou os braços sobre o peito. Ao menos desta vez o homem estava pedindo e não exigindo.

    — Mal posso esperar para ouvir isso.

    — Eu tenho uma amiga muito querida, uma dama tão próxima de mim quanto uma irmã. Houve uma emergência e ela colocou na cabeça que precisa ir para os Estados Unidos imediatamente. — Morewether abaixou a cabeça e deu de ombros. — Eu tentei dissuadi-la, mas ela é muito teimosa. Verdade seja dita, ela tem um excelente argumento a seu favor.

    — O que exatamente quer de mim?

    Ele não conseguia decidir se o que ele suspeitava que estava vindo era bom ou ruim.

    — Você levaria minha amiga até os Estados Unidos? Poderia se certificar de que ela chegue com segurança? — O duque pausou e sua expressão era sincera. — Ela é muito importante para mim, esta dama.

    — E por que acha que pode confiar em mim para levá-la? Afinal de contas, até algumas semanas atrás, nossos países estavam em guerra. O que o faz pensar que eu não a venderei como escrava ou permitirei que os homens a bordo a usem?

    A ideia era repreensível; no entanto, aquele inglês não o conhecia. Eles haviam se encontrado uma vez — um encontro que não poderia ter revelado muito sobre seu próprio caráter ainda que Nate tivesse aprendido muito sobre o duque privilegiado e mimado naquele dia.

    — Perguntei sobre você. Você e sua empresa são bem vistos, até mesmo como norte-americanos, o que, como sabe, é um grande elogio considerando o recente clima político. Eu sei que você está aqui agora para encontrar seu irmão e levá-lo para casa, então família significa muito para você. Minha família significa tudo para mim. Este é um valor que compartilhamos.

    Nate passou a mão pela barba por fazer no queixo e estudou Morewether. Ele não conseguia discernir a intenção do homem, mas deveria haver alguma coisa. O pedido era muito bizarro.

    — Não levo passageiros.

    Aquele havia sido o mesmo argumento que ele usara da última vez e, nada obstante, ele acabou com um estranho em seu bote. Aquilo não impediu Nate de colocar o homem para trabalhar.

    — Pode abrir uma exceção? — pediu o homem. Quando Nate não aceitou a sugestão de imediato, ele adicionou: — Eu o pagarei generosamente.

    — Não levo passageiros.

    — Também soube que sua empresa está falida, ou bem perto disso. Capitão Johnson, eu o pagarei muito, muito bem para me assegurar de que ela chegue com segurança.

    — Quanto pagará? — Ele não aceitava passageiros, especialmente ingleses. Mas o dinheiro... — Quanto isso custa para você?

    O número que Morewether lhe ofereceu era colossal. Na verdade, simplificava tudo. Ele não poderia rejeitar aquela quantia de dinheiro, independentemente de quem fosse o passageiro. Ele levaria o louco Rei George para Boston por aquele montante.

    — Excelente. — Morewether sorriu e apertou a mão de Nate novamente. — A Srta. Sinclair e a Sra. Bartley estarão aqui...

    — Quem é a Sra. Bartley?

    Nate suspeitou que seu acordo fácil tivesse se tornado muito mais complicado.

    — A acompanhante de minha amiga, é claro. Mal posso acreditar que eu tenha concordado em deixar a Srta. Sinclair ir. Certamente não permitiria que ela viajasse para os Estados Unidos sozinha.

    Ele balançou a cabeça.

    — Dois passageiros. Duas tarifas.

    O nobre pareceu inflar, crescer diante de seus olhos. Ah, Nate se lembrou de como ele havia se inflado durante seu primeiro encontro.

    — Nós concordamos com uma quantia...

    Ele cruzou os braços sobre o peito.

    — Dois passageiros. Duas passagens.

    — Pensei que vocês, americanos, respeitassem o aperto de mãos.

    — Dois passageiros. Duas passagens — ele repetiu.

    — Tudo bem. A tarifa inteira para a Srta. Sinclair e metade para a Sra. Bartley.

    Nate fechou os olhos e negou com a cabeça.

    — Não.

    Morewether tentou encará-lo de cima, mas Nate era tão alto quanto o inglês — algo que obviamente prejudicou a tentativa de intimidação do outro. Quando o duque não concordou com a taxa, Nate sorriu com ar superior e se virou sobre os calcanhares para se dirigir até a prancha.

    — Tudo bem — a voz culta disse. — Quando você parte?

    Ele sorriu, querendo socar o ar com entusiasmo, mas deteve a si mesmo de se gabar. Haveria tempo para aquilo mais tarde. Com aquela grande entrada de dinheiro, ele poderia lotar o porão e, talvez, obter o lucro mais do que necessário com a viagem.

    Virando-se com uma mão esticada, eles selaram o acordo com outro aperto de mãos.

    — Sábado. Maré alta.

    Aquilo deu a ele quatro dias para encher o porão e explicar a situação dos passageiros a Sam.

    ___

    Anna sabia que permitir que suas amigas se despedissem dela no cais era um erro, mas quando todas elas apareceram na hora combinada, ela não pôde recusar. Ainda assim, teria sido muito mais fácil escapar do que suportar a cena que ela sabia que viria. Suas amigas nunca faziam nada silenciosamente. Nunca.

    — Esta é a coisa mais corajosa que já ouvi — Francesca, sua amiga mais querida e irmã de Christian, disse. Ao menos foi o que Anna pensou ter ouvido, mas era difícil ter certeza em meio à toda aquela choradeira.

    Anna depositou tapas leves sobre o joelho da amiga do outro lado da carruagem que os levava até sua viagem.

    — Obrigada, Frankie.

    O sorriso de Thea era abatido.

    — Justo quando finalmente estamos vivendo no mesmo país outra vez você vai embora.

    — Ora, cale-se. Vocês estão sendo muito emotivas com tudo isso. Voltarei para casa, vocês sabem.

    Frankie soluçou novamente.

    — Pobrezinhos, Anthony e Camille não terão sua titia para brincar com eles. Quem vai ler para mim quando eu estiver deitada?

    Anna balançou a cabeça e riu.

    — Você está sendo boba. Você não precisa que eu leia para você. Está apenas sendo dramática porque está grávida de novo. Existem muitas tias para me substituírem.

    Olivia, a quarta mulher na carruagem, era a única além de Anna que não parecia pensar que sua jornada a levaria à condenação certa.

    — Só estamos preocupadas com você. Os Estados Unidos é muito, muito longe, querida, e eu posso prever as dificuldades que você enfrentará. É um mundo difícil quando se está sozinha. 

    Olivia certamente saberia daquilo. Quando ela foi valente o suficiente para escapar de seu agressor, ela tinha tido dificuldades em sobreviver sozinha em Londres até conhecer o homem que seria seu marido. Anna esperava não precisar passar fome ou, que Deus a livrasse, sofrer uma tentativa de estupro. Anna se recusava a pensar sobre aqueles horrores como possíveis consequências.

    Ela pretendia tomar sua vida em suas próprias mãos. Ela não ficaria sentada em Londres, pomposa, até que todos os homens casáveis decidissem que ela estava velha demais. Mais importante, ela não poderia permitir que seu pai fosse esquecido; não se havia uma chance de que ele estivesse vivo e precisando de ajuda. A ideia de que ele estava ferido ou doente não a deixava. É claro que sempre havia a terrível possibilidade de que ele estivesse morto, mas e se não estivesse? Uma estranha sensação de responsabilidade por um homem que ela raramente via girou ao seu redor. No entanto, ele era seu pai e ela o amava. Ele havia feito o que achou ser melhor para ela; agora, era imprescindível que ela fizesse o mesmo. Talvez ela pudesse se fazer indispensável para ele, alguém com quem ele poderia contar para ajudá-lo, alguém em quem ele podia se apoiar. Ela fechou os olhos

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