Relacionamentos em Nível de Cadeias de Suprimento Supply Chain: Delineamentos e Gerenciamento
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Relacionamentos em Nível de Cadeias de Suprimento Supply Chain - Adriana Troczinski Storti
Editora Appris Ltda.
1ª Edição - Copyright© 2019 dos autores
Direitos de Edição Reservados à Editora Appris Ltda.
Nenhuma parte desta obra poderá ser utilizada indevidamente, sem estar de acordo com a Lei nº 9.610/98.
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COMITÊ CIENTÍFICO DA COLEÇÃO CIÊNCIAS SOCIAIS - SEÇÃO ADMINISTRAÇÃO
Dedico esta obra à minha mãe, Teresa, exemplo de vida para todos, e para todo o sempre!
AGRADECIMENTO
Agradeço à empresa Marfrig e suas unidades, pela possibilidade de aprendizado realizado neste estudo.
PREFÁCIO
Este livro que Adriana disponibiliza para um público maior de leitores trata de um tema atual e relevante. Não só por se tratar de uma cadeia produtiva importante para competitividade nacional em mercados externos, mas por sua abordagem inovadora e transdisciplinar em integrar temas que tratam das diferentes identidades culturais, novas formas organizacionais de gestão e relacionamentos interorganizacionais. A complexidade desta obra não inibiu Adriana de conduzir uma investigação no campo, conversando com pessoas das mais distintas trajetórias e estórias em outra língua. Na verdade, ela encarou este desafio e desenvolveu uma metodologia para analisar falas tão ricas e transformá-las em dados para análise. Um estudo realmente inovador no escopo e método e de um tema ainda hoje pouco explorado.
Fico feliz pela oportunidade de apresentar esta obra, que trata de relações diádicas entre fornecedores e compradores, e também entre matriz e subsidiárias. Esses dois níveis de análise trazem um grande aprendizado para acadêmicos e para gestores. Os resultados trazem uma série de reflexões e implicações sobre o rumo da política industrial brasileira, incentivos para produzir em outros países por meio da internacionalização das empresas nacionais, o impacto no desenvolvimento regional a partir da perda de empregos e atividade produtiva, entre outros aspectos. Por outro lado, para área de gestão, o estudo de Adriana mostra as redes de produção internacional, nas quais empresas multinacionais desenvolvem relações verticais com fornecedores de outras culturas e costumes, aumentando a complexidade da gestão e gerando um mútuo aprendizado aos envolvidos.
Enfim, transformar uma tese de doutorado em um livro não é tarefa trivial, mas cria a oportunidade de disseminar um estudo inovador e cuidadoso nos detalhes para um público mais amplo. Desejo, então, uma boa leitura a todos!
Prof.ª Dr.ª Luciana Marques Vieira
Fundação Getúlio Vargas – Escola de Administração de Empresas de São Paulo Departamento de Administração da Produção e Operações Industriais
Sumário
INTRODUÇÃO
1
IMPORTÂNCIA DE ESTUDOS QUE ENVOLVAM RELACIONAMENTOS EM CADEIA DE SUPRIMENTOS E SUA GESTÃO
SCM (SUPPLY CHAIN MANAGEMENT)
2
O QUE SÃO CADEIAS DE SUPRIMENTOS
3
CARACTERÍSTICAS DOS RELACIONAMENTOS EM CADEIA DE SUPRIMENTOS
4
ALINHAMENTO EM CADEIA DE SUPRIMENTOS E PROPOSIÇÃO DE UM DESENHO PARA ESTUDO DOS RELACIONAMENTOS EM CADEIAS DE SUPRIMENTO
5
ESTUDOS DE CASO SOBRE RELACIONAMENTOS EM CADEIAS DE SUPRIMENTOS DE UMA MULT InacIONAL BRASILEIRA
5.1 OS RELACIONAMENTOS DA MARFRIG S/A: A VISÃO DA MATRIZ
6
OS RELACIONAMENTOS NA VISÃO DAS UNIDADES – BRASILEIRA E INTERNACIONAIS
6.1 O SETOR DE CARNE BOVINA E A MARFRIG NO RIO GRANDE DO SUL/BRASIL
6.1.1 Relacionamentos do Tipo M-I (multinacional brasileira e indústria em São Gabriel-RS)
6.1.2 Relacionamentos do Tipo P-I (produtores e indústria)
6.1.3 Relacionamentos do Tipo C-I (consignatário e indústria)
6.1.4 Relacionamento do Tipo P-C (produtor e consignatário)
6.1.5 Outros relacionamentos: uma breve descrição
6.2 O SETOR DE CARNE BOVINA E A MARFRIG NO URUGUAI
6.2.1 Os relacionamentos da Marfrig na cadeia de suprimentos uruguaia
6.2.1.1 Relacionamentos do tipo M-I (multinacional brasileira e indústria Frigorífico Tacuarembó)
6.2.1.2 Relacionamentos do tipo P-I (produtores e indústria)
6.2.1.3 Relacionamentos do tipo C-I (consignatários e indústria) e tipo P-C
(relacionamentos entre produtores e consignatários)
6.2.1.4 Outros relacionamentos no Uruguai: uma breve descrição
6.3 O SETOR DE CARNE BOVINA E A MARFRIG NA ARGENTINA
6.3.1 Os relacionamentos da Marfrig na cadeia de suprimentos argentina
6.3.1.1 Relacionamentos do tipo M-I (multinacional brasileira e indústria
QuickFood S.A)
6.3.1.2 Relacionamentos do tipo P-I (produtores e indústria QuickFood S.A)
6.3.1.3 Relacionamentos do tipo C-I (consignatários e indústria) e tipo P-C
(relacionamentos entre produtores e consignatários)
6.3.1.4 Relacionamentos do tipo Ca-I (Cabanha e indústria)
6.3.1.5 Outros relacionamentos: uma breve descrição
7
CONSIDERAÇÕES SOBRE A DESCRIÇÃO DOS RELACIONAMENTOS ENCONTRADOS
7.1 CONSIDERAÇÕES SOBRE OS RELACIONAMENTOS DA MARFRIG NO BRASIL/ RIO GRANDE DO SUL
7.2 CONSIDERAÇÕES SOBRE OS RELACIONAMENTOS DA MARFRIG NO URUGUAI
7.3 CONSIDERAÇÕES SOBRE OS RELACIONAMENTOS DA MARFRIG NA ARGENTINA
7.4 CONSIDERAÇÕES SOBRE OS RELACIONAMENTOS DA MARFRIG S/A NO OLHAR DA MATRIZ
8
ANÁLISE COMPARATIVA DOS RELACIONAMENTOS EM CADEIA DE SUPRIMENTOS DA MARFRIG S/A
8.1 ANÁLISES COMPARATIVAS A PARTIR DAS UNIDADES/SUBSIDIÁRIAS
8.2 ANÁLISES COMPARATIVAS A PARTIR DA MATRIZ
8.3 ANÁLISE DOS DADOS PERANTE O FRAMEWORK
8.4 LIMITAÇÕES DESTE ESTUDO E APONTAMENTOS DE NOVAS OPORTUNIDADES DE PESQUISA
9
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
APÊNDICE A
QUADRO SÍNTESE DOS AUTORES APRESENTADOS NA REVISÃO DA LITERATURA
APÊNDICE B
ROTEIRO DE QUESTÕES – COLETA DE DADOS NAS UNIDADES (VERSÃO LÍNGUA ESPANHOLA)
APÊNDICE C
ROTEIRO DE QUESTÕES – COLETA DE DADOS NA MULT InacIONAL BRASILEIRA MATRIZ
ANEXO A
EXTRATOS DOS DADOS – SOFTWARE SPHINX LÉXICA
INTRODUÇÃO
O processo de globalização dos negócios tem acelerado mudanças em termos de produção de bens e serviços, possibilitando às empresas, acesso a novos recursos em outros países. As empresas, então, convivem em um ambiente de maior competição, com a constante busca de inovações em produtos e serviços para atender necessidades de clientes, e de novos mercados com menores custos.
Muitas empresas, inclusive brasileiras, vêm obtendo expansão internacional nos últimos anos, por meio de estratégias distintas. A exportação, direta ou indireta, trabalhos em redes colaborativas, ou ainda, mediante fusões, aquisições e joint-ventures vem ganhando espaço quando se busca em outros países, o aproveitamento de diferentes oportunidades em termos de mercado e recursos, ou com graus diferenciados de competitividade.
Uma das estratégias que também vem crescendo nos últimos anos diz respeito ao trabalho em cadeias de suprimento – supply chain. Inicialmente, empresas multinacionais obtinham de forma mais efetiva acesso a outros mercados, especialmente as internacionais. Atualmente, no entanto, já surgem estudos que mostram as pequenas e médias empresas participando mais ativamente de trabalhos em cadeias, também em ambientes internacionais.
Essa visão em cadeias vem sendo efetivada como uma estratégia oportuna, já que envolve todas as empresas que participam do projeto, montagem e entrega de um produto específico (COUNCIL OF SUPPLY CHAIN MANAGEMENT PROFESSIONALS, 2018), e permitindo uma melhor integração, otimização de custos e gerenciamento. Nessa abordagem, as cadeias de suprimento são a razão pela qual o produtor pode fornecer aos clientes o que eles querem, quando e onde eles querem, pelo preço que eles precisam.
Para isso, o desenho e o gerenciamento das cadeias devem considerar as necessidades do cliente final, e a partir destas, envolver empresas, processos, produtos e serviços para que esse objetivo seja atingido com eficácia. Para Kull, Kotlar e Spring (2017) esta gestão da cadeia de suprimentos engloba o planejamento de todas as atividades em fornecimento e aquisição, conversão e todas as atividades de gerenciamento de logística. Importante, também inclui coordenação e colaboração com parceiros de canais, que podem ser fornecedores, intermediários, prestadores de serviços terceirizados e clientes (COUNCIL OF SUPPLY CHAIN MANAGEMENT PROFESSIONALS, 2018).
Essas atividades exigem um foco muito especial aos que estão envolvidos nesses relacionamentos, tipologias, objetivos, culturas, contextos, contratos. Deve-se, ainda, ser capaz de identificar, motivar e permitir que envolvidos colaborem, integrem e tenham resultado – tanto para a cadeia como para si próprio – juntamente com seus recursos, características, políticas e objetivos.
Em muitos estudos, vê-se a necessidade do gerenciamento de cadeias voltado para projetar, planejar e gerenciar processos e colaborações. Mas não se pode esquecer quem são os envolvidos nesses relacionamentos, seus diferentes perfis, muitas vezes oriundos de países, culturas e políticas bastante diversificadas.
Considerando que atualmente não somente as multinacionais podem participar da abordagem de trabalho em cadeias de suprimento, o desafio do gerenciamento para empresas pequenas e médias (PME’s) pode ser ainda maior, pois geralmente há menos recursos, características organizacionais otimizadas, e características de gestão informal e ou familiar, não tão comum em grandes empresas. Assim, é necessário um tratamento especial na abordagem de cadeias de suprimentos, para que permita a inclusão de PME de modo a representar fenômenos reais da cadeia de suprimentos (KULL; KOTLAR; SPRING, 2017).
Para muitos setores e regiões, as empresas consideradas PME’s desempenham um papel importante nas cadeias de suprimentos em todo o mundo. De acordo com a Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico, as PME representam entre um quarto e dois quintos das exportações mundiais de manufaturados (OCDE, 2002 apud KULL, KOTLAR; SPRING, 2017), e este dado reforça a relevância também desse perfil de empresas contribuindo para a oferta de produtos nos mercados.
É fato que em uma economia globalizada, com cada vez mais alternativas de comunicação e aproximação também para os negócios, as cadeias de fornecimento estão se tornando cada vez mais extensas e complexas, envolvendo não só fornecedores e clientes de materiais diretos, mas também envolvendo uma variedade de pequenas empresas focadas em operações indiretas como fabricação, testes, compras, transporte, e distribuição (COOK; GARVER, 2002; LARSON; GARVER, 2002); (LARSON; HALLDÓRSSON, 2002 apud KULL; KOTLAR; SPRING, 2017).
Destaca-se que a partir da década de 90, intensificaram-se os estudos voltados a esta abordagem de cadeia de suprimentos, destacando a importância dos relacionamentos entre os elos à jusante (sentido para trás), à montante (sentido para frente), e a integração de processos e negócios com fornecedores para o melhor desempenho da cadeia. No entanto tem-se verificado mais pesquisas sobre como melhorar processos internos, deixando lacunas sobre como implementar e incrementar os vínculos entre empresas, analisando dessa forma, a cadeia de suprimentos como um negócio com características complexas (McADAM; McCORMACK, 2001; CRUZ; LIU, 2011).
Considerando que há uma série de vantagens para a execução de atividades sob a perspectiva da cadeia de suprimentos, sendo muitas delimitadas por contratos, indaga-se ainda sobre como e onde essas atividades permitem empregar a cooperação, e ainda, como esses relacionamentos ocorrem quando os participantes são estrangeiros, trazendo diferentes contextos nestas aplicações em níveis de cadeias.
Considerando esses desafios, este livro volta-se para além de apresentar conceitos e abordagem sobre cadeias de suprimento e tipologias de relacionamentos envolvidos, instigando ainda para reflexões sobre seu gerenciamento. Explana sobre uma metodologia que emprega em um estudo de caso de uma multinacional brasileira e gestão de relacionamentos em cadeias de suprimentos internacionais, o qual se procura identificar a presença de características como a confiança, o envolvimento e a comunicação, e ainda, se há o alinhamento – no sentir de todos os integrantes perceberem de forma semelhante – sobre as estratégias adotadas pela cadeia.
Esta exposição de dados sobre o estudo realizado no Brasil, Argentina e Uruguai foi possível por meio de cruzamento de diferentes instrumentos de coleta de dados, que além da abordagem teórica, incluíram contatos pessoais via entrevistas e observações a estes diferentes elos participantes de uma cadeia internacional. Buscou-se profundidade sobre relacionamentos e suas características, ressaltando a visão dos envolvidos (especialmente indústria e fornecedor) e se havia alinhamento sobre esses posicionamentos e características.
Esse levantamento permite apresentar uma metodologia que pode ser replicada para outros setores, empresas e países, em abordagens supply chain management, o qual se queira conhecer e gerenciar características intrínsecas envoltas nos relacionamentos entre fornecedores, indústria, consumidores, e ainda, para outros atuantes indiretos.
1
IMPORTÂNCIA DE ESTUDOS QUE ENVOLVAM RELACIONAMENTOS EM CADEIA DE SUPRIMENTOS E SUA GESTÃO
SCM (SUPPLY CHAIN MANAGEMENT)
O tema relacionamentos em cadeia de suprimentos
ganha destaque na literatura atual haja vista a oportunidade e o interesse de pesquisadores e empresas em entender e criar valor em suas atividades com os relacionados (WU; CAVUSGIL, 2005; CRUZ; LIU, 2011). O tema abre uma variedade e possibilidade de estudos, já que se relacionar com parceiros (também chamados de atores, participantes ou elos), traz intrínseca a configuração histórica e legal destes relacionamentos e características do contexto