Lampião, a sua verdadeira morte
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Lampião, a sua verdadeira morte - Antônio Pinto
Novato".
Prefácio
A história humana sempre destacou a presença de líderes sonhadores, pessoas que se esquecem de si mesmas e incorporam somente a preocupação com os outros. Esse parece ter sido o caso de Virgulino Ferreira, o Lampião. Dentro de um contexto nordestino no início do século 20, a sua trajetória de vida, por conta de relatos, mostra um homem cuidadoso, educado, de muito bom trato, gosto por roupas finas, que se embrenha pelo sertão em defesa dos mais pobres.
O autor deste livro apresenta uma obra original e polêmica: Lampião não morreu em Angicos, como diz a história oficial, mas viveu muito tempo disfarçado na cidade de Pão de Açúcar, em Alagoas, sob o nome de João Novato. O autor sustenta esta história com relatos de pessoas comuns que provam a convivência cordial do antigo Lampião com a comunidade pão-de-açucarense.
O autor Antônio Pinto sempre foi preocupado com o bem-estar de todos. Desde a juventude esteve engajado em lutas populares para o bem do município. Essa forma de agir, creio eu, foi inspirada na convivência com os mais velhos, inclusive com Lampião, camuflado em João Novato. Você tem em mãos uma obra de valor histórico, principalmente pelos relatos de pessoas que tiveram convivência bem próxima com uma das figuras mais lendárias e imortais do nosso país.
Pe. Henúbio Pinto
Capítulo 1
Região Nordeste do Brasil
A região Nordeste do Brasil é composta de nove estados da Federação, que se subdividem em sua geografia física, humana e climática por faixas de terras com suas peculiaridades climáticas inconfundíveis. O tipo de solo, vegetações e seus relevos e planícies são muito distintos uns dos outros, separados em três categorias geográficas, tendo o litoral com suas praias, seus coqueirais e o mar com suas águas mornas e lindas, com suas tonalidades de cores que no seu horizonte se fundem com o azul do céu que fascina. Sua mata atlântica deu lugar ao plantio da monocultura da cana-de-açúcar em terras planas e férteis, bem arejadas e com uma maior frequência de chuva, tendo boa umidade do ar devido à proximidade da imensidão do oceano atlântico, com um solo muito bom. São as menos populosas, estando nas mãos dos poucos proprietários e plantadores de cana-de-açúcar e produtores de álcool, com suas usinas e indústrias produzindo e exportando para outros países e abastecendo o mercado interno, enquanto as outras partes de terra são a zona do agreste, estas tendo o solo bem fértil e com muitas fruteiras e o ar ameno, intercalando em meio ao sertão e ao litoral. E, por fim, adentrando para o interior do Brasil, ao velho e antigo Sertão, com um clima seco e quente e chuvas escassas, um solo cheio de pedras, com suas pinturas deixadas por outros moradores vindos de outros planetas que visitavam com suas naves espaciais, tendo a vegetação rasteira, sem umidade do ar, sem irrigação, apesar de ter águas em abundância vindas do estado de Minas Gerais, onde fica a nascente Serra da Canastra, do belo e fascinante Rio São Francisco, apesar de passar tantas águas desembocando no Oceano Pacífico, porém faltando aos moradores do sertão, forçados a morar em um local desfavorável devido ao fato de não ter acesso às terras do litoral e sem a devida assistência de águas, ficando a depender do período curto e anual das chuvas do seu círculo do inverno com a cultura de subsistência, como também abandonar suas terras e migrar para o sudeste do país.
Dentro desse polo de sofrimento, por questões climáticas e políticas, sem uma política pública voltada para a vida destes e sem existência dos sertanejos, onde eles vivem em constantes calamidades por falta de água e alimentos, neste sofrimento e amargura em convívio diretamente com a morte e o desespero, tendo uma total região em discriminação, nascem os grupos de resistência, corajosos e valentes homens que não se entregam à miséria.
Capítulo 2
Nasce Virgulino Ferreira da Silva
Nesse triste contexto histórico e geográfico dessa região semiárida do Nordeste brasileiro, mais precisamente na cidade de Serra Talhada, no estado de Pernambuco, no dia 07 de julho de 1897, nasce a criança que foi registrada e batizada por nome de Virgulino Ferreira da Silva, fruto da união do casal José Ferreira e Dona Maria Lopes. Além de Virgulino, nasceram mais três irmãos homens: Antonio, Levino Ezequie e João, e três mulheres, totalizando sete filhos.
O menino virou rapaz e depois se transformou em um homem respeitador e cumpridor dos seus ofícios como agricultor, artesão e pequeno pecuarista na luta do dia a dia em sua terra natal juntamente com sua família Ferreira, tirando seus altos sustentos de sobrevivência com seu próprio suor, como ensinam os mandamentos de Deus. Também foi trabalhador na arte do couro, na produção de celas para cavalos e os seus arreios.
Depois do seu sítio formado, com as tarefas na terra e seu pequeno gado, produzia o leite, o queijo, tendo o maior prazer em sua vida com seu irmão, pai e mãe, em sua sagrada família pernambucana.
Retrato da família Ferreira.
Foto da internet.
Capítulo 3
Conflitos entre vizinhos
Já formado e levando uma vida pacata, tirando seu sustento da própria terra juntamente com sua família, veio a