Honorários Médicos: O que precisamos saber do passado para construir um presente e um futuro mais dignos
De Julio Peclat
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Sobre este e-book
Quando se fala de honorários médicos o primeiro pensamento é quanto cobrar, mas esse livro te levará a uma reflexão mais profunda.
Trazendo uma visão abrangente sobre a situação da remuneração médica no Brasil, o livro Honorários médicos, permite ao leitor a compreensão do complexo sistema de saúde brasileiro.
Reunindo características observadas em modelos diversos para resumir-se em um sistema público universal que divide espaço com um sistema privado, chamado de suplementar, mas que, sob a ótica do mercado de trabalho do médico.
Composto por oito capítulos o livro aborda tais temas:
•Sistemas de saúde ao redor do mundo
•Princípios do Sistema Único de Saúde (SUS)
•Entidades das operadoras de planos de saúde
•Honorários médicos: Resoluções dos Conselhos de Medicina
•Remuneração por serviços de tele consulta
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Honorários Médicos - Julio Peclat
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Assistentes comerciais
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Produção gráfica
Viviane Telles
Peclat, Julio.
Honorários Médicos - O que precisamos saber do passado para construir um presente e um futuro mais dignos / Julio Peclat.
Rio de Janeiro: DOC, 2021. 1a edição - 188 p.
ISBN 978-65-87679-05-1
1. Honorários Médicos - O que precisamos saber do passado para construir um presente e um futuro mais dignos. I. Peclat, Julio.
CDD-650
Reservados todos os direitos. É proibida a reprodução ou duplicação deste volume, no todo ou em parte, sob quaisquer formas ou por quaisquer meios (eletrônico, mecânico, gravação, fotocópia ou outros), sem permissão expressa do autor. Direitos reservados ao autor.
AGRADECIMENTOS
Aprendi desde cedo a trabalhar em grupo e agregando pessoas que me ajudaram a abrir os caminhos e a superar os obstáculos da vida.
Unidos e aprendendo sempre, o processo é mais rico e a conquista mais cara.
Sonhos se realizam acordado, com perseverança e muito trabalho
.
Este livro foi idealizado há pelo menos dez anos. Ao longo desse tempo, troquei várias ideias com muitos colegas pelo Brasil, o que fez crescer o desejo de registrar a experiência adquirida em duas décadas e meia buscando uma melhor remuneração para a classe médica.
O médico, de forma geral, é altamente qualificado e dedicado – e, ao mesmo tempo, desatento e despreparado quando o assunto é a valorização do seu trabalho.
Espero colaborar para que as novas gerações e todos os médicos que atuam na saúde suplementar ou pública sejam beneficiados de alguma forma com a nossa obra. Agradeço a todos que construíram comigo esse projeto que agora se concretiza.
Agradeço imensamente a minha amiga Alice Selles. Ela foi decisiva na concretização desta obra.
Agradeço ao Renato Gregório e a DOC por acreditarem em nosso trabalho.
Agradeço a todos os colegas que assinaram artigos excepcionais, que se encontram no último capítulo deste livro.
Agradeço a toda a minha família, que está sempre ao meu lado.
Dedico este livro a minha mãe, que com muito sacrifício conseguiu que eu me formasse em Medicina; a minha esposa, amiga e colega médica brilhante, Paula; e aos meus dois filhos, Lucas e Rafael, que são meus grandes incentivadores. Desejo que tenham uma linda carreira na Medicina, sempre pautados pelo trabalho, pela ética e pela busca por dignidade para a nossa classe!
Julio Peclat
SUMÁRIO
Prefácio
Apresentação
Capítulo 1: Sistemas de saúde
1.1 Sistemas de saúde ao redor do mundo
1.2 Alguns sistemas interessantes de serem acompanhados1,2
1.3 Gastos em saúde no mundo
Capítulo 2: O modelo de saúde brasileiro
2.1 Princípios do Sistema Único de Saúde (SUS )
2.2 Princípios organizativos do SUS
2.3 Responsabilidades dos entes que compõem o SUS
2.4 A compra de serviços
2.5 Tabela SUS
2.6 Incorporação de novas tecnologias no SUS
2.7 Dois subsistemas, duas realidades
2.8 As mudanças etárias no Brasil e o atendimento à saúde
Capítulo 3: O sistema de saúde suplementar
3.1 Breve histórico
3.2 Quem compõe (grupos de empresas)
3.3 Entidades das operadoras de planos de saúde
3.4 A ANS
3.4.1 Como a ANS atua no mercado
3.4.2 Rol da ANS
3.4.3 Padrão para Troca de Informação de Saúde Suplementar (TISS )
3.4.4 TUSS: Terminologia Unificada da Saúde Suplementar
3.4.5 Programa de Qualificação dos Prestadores de Serviços de Saúde (QUALISS)
3.5 Contrato entre operadoras e prestadores
3.6 Modelos de remuneração e a ANS
3.7 Mas, afinal, qual a dimensão da Saúde Suplementar no Brasil?
3.8 Anvisa
Capítulo 4: A atuação das entidades médicas na defesa dos honorários médicos
4.1 Quem são e como atuam as entidades que estudam a questão dos honorários médicos
4.1.1 Conselho Federal de Medicina (CFM) e Conselhos Regionais de Medicina (CRMs):
4.1.2 Associação Médica Brasileira (AMB)30:
4.1.3 Federação Nacional dos Médicos (FENAM):
4.2 Tabelas de honorários médicos: como tudo começou
4.3 Classificação Brasileira Hierarquizada de Procedimentos Médicos (CBHPM)
4.3.1 Estrutura da CBHPM
4.3.2 A CBHPM e o Rol da ANS
4.3.3 CBHPM: linha do tempo
4.4 Honorários médicos: Resoluções dos Conselhos de Medicina
4.5 Comissão Nacional de Saúde Suplementar (COMSU)
4.6 CADE, entidades médicas e operadoras de planos de saúde
Capítulo 5: Telemedicina
5.1 A regulamentação da Telemedicina no Brasil
5.2 Aspectos éticos da teleconsulta
5.3 Sobre o ensino da Telemedicina
5.4 Remuneração por serviços de teleconsulta:
Capítulo 6: Temos que falar mais (e sempre) sobre remuneração de serviços de saúde
6.1 Vamos falar sobre remuneração de serviços de saúde
6.2 A relação entre a valorização dos honorários médicos e a assistência de qualidade
6.3 Modelos de remuneração
6.4 Remuneração Hospitalar
Capítulo 7: Defesa profissional nas sociedades
Capítulo 8: Artigos
Honorários médicos no âmbito da Saúde Suplementar
Alfredo Felix Canalini
Todos os médicos devem pensar na gestão de seus nomes
Alice Selles
A saúde ocupacional do médico e a segurança do paciente
Angela Maria Eugenio
Maycon da Silva Tannis
A SBACV e a luta por melhores honorários médicos
Bruno de Lima Naves
Francesco Evangelista Botelho
Eraldo Arraes de Lavor
Honorários médicos: onde erramos e o que poderemos fazer?
Carlos Alfredo Lobo Jasmin
Honorários médicos: visão da Federação Brasileira de Gastroenterologia
Fernando Barreiros de Araujo
A Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia e a defesa profissional
Fernando Ribeiro de Oliveira
A discussão sobre a adoção de modelos alternativos de remuneração e a assimetria de poder entre operadoras e prestadores
Guilherme Portes
Fernando Carrada Firmo
Histórico da remuneração da Oftalmologia na Saúde suplementar
Frederico Pena
Remuneração médica
Gutemberg Fialho
Remuneração médica – presente, passado e futuro
Hiran Gonçalves
Valorizar os honorários médicos é investir na saúde da população
Lincoln Ferreira
Muitos jabutis estão por vir
Luiz Antônio Teixeira Júnior (Luizinho)
Honorários médicos e anestesia na atualidade
Mauro Pereira de Azevedo
Os pilares da carreira médica
Renato Gregório
Honorários médicos – é possível transformar o modelo atual?
Valeria Carvalho Rocha Azevedo
CREMERJ e a luta por honorários médicos mais justos
Walter Palis Ventura
Codificação de procedimentos em Neurocirurgia
Wuilker Knoner Campos
Eberval Gadelha Figueiredo
PREFÁCIO
O surgimento das civilizações como as conhecemos dependeu da instalação de regras sociais, que também podem ser chamadas de leis.
O mais antigo código de que se tem notícia data do século 18 a.C., e foi criado pelo rei da Babilônia, Hamurabi. Composto por 282 cláusulas dispostas em 21 colunas em escrita cuneiforme, foi entalhado na superfície de um monólito de pedra negra com mais de dois metros de altura, que foi encontrado no começo do século 20 por uma expedição francesa na antiga Mesopotâmia, e hoje pode ser visto no museu do Louvre.
O Código de Hamurabi tratava de toda sorte de relações entre as pessoas, prevendo obrigações, direitos, propriedades, trabalho, família e penas aplicadas aos transgressores. Entre as regras, encontramos a lei de Talião, que se referia à proporcionalidade entre o crime e a pena recebida pelo transgressor.
Guardadas as devidas proporções, os códigos civis e criminais atuais podem ser vistos como descendentes do código do monarca babilônico. E é nessa constituição ancestral que encontramos, precisamente na cláusula 215ª, a primeira referência aos honorários de um médico. Esse fato, por si só, revela a importância do assunto deste livro.
É sabido que quem resolve, ainda muito jovem, dedicar-se à Medicina, costuma ser atraído pela beleza, pela complexidade e pela sutileza da ciência médica, que é uma espécie de convergência de todas as demais.
Após uma preparação rigorosa, ingressa no curso, o mais longo entre todos, que deve ser seguido por mais alguns anos de especialização, composto por residência, fellowship, mestrado, doutorado, além da prova de título de especialista. Apesar da exigência intelectual e física, os médicos amam o que fazem, pois a ciência é, de fato, cativante. Entretanto, a Medicina não é apenas ciência, é também carreira – e a prática daquela depende do exercício desta.
O currículo mínimo de uma escola de Medicina é composto por 8.700 horas, mais que o dobro do segundo colocado. Entre todas as disciplinas, o futuro médico não encontra orientação alguma sobre mercado de trabalho, planejamento e gestão de carreira, relações trabalhistas, empreendedorismo, liderança de equipes, muito menos é informado sobre os meandros dos honorários médicos.
Todos esses temas são tão relevantes à carreira do médico quanto aqueles da ciência que ele pretende exercer para aliviar dores, salvar vidas e trazer o bem-estar às pessoas e às comunidades.
Por tudo isso, este livro que você, caro colega leitor, tem nas mãos neste momento, escrito e organizado pelo médico Julio Cesar Peclat de Oliveira, é um bem precioso.
Na qualidade de Diretor de Defesa Profissional da Associação Médica Brasileira, recebi com alívio e alegria a notícia de que este estudo estava sendo publicado. E, como amigo e colega de especialidade do Dr. Peclat, aceitei com orgulho a incumbência de escrever este breve prefácio.
Descrevendo vários sistemas de saúde praticados no mundo, e mergulhando com rigor e responsabilidade no modelo de saúde brasileiro, examinando o SUS, a saúde suplementar, a atuação das entidades médicas e os avanços e modernidades, como a Telemedicina, sempre com um ponto de vista
final, lúcido e didático, o autor nos brinda com uma obra que consegue ser, ao mesmo tempo, objetiva e abrangente.
Este livro está destinado a se tornar referência sobre o tema Honorários Médicos. Com seu auxílio, o médico jovem ganha segurança para o início de sua carreira, e o veterano tem mais uma oportunidade para acertar o passo
.
Desejo a todos uma ótima leitura e muita alegria e sucesso no exercício da profissão.
Dr. José Fernando Macedo
Cirurgião Vascular Diretor de Defesa Profissional da Associação Médica Brasileira (AMB)
APRESENTAÇÃO
Médicos escolhem a carreira por um interesse claro: atender e tratar pacientes.
Para isso, o futuro médico investe muito tempo em sua formação. Enquanto outros jovens investem quatro ou cinco anos para iniciar suas atividades profissionais, médicos têm uma jornada bem mais longa: seis anos de graduação, quatro a cinco de residência e pelo menos mais um ano de treinamento, como fellowship.
Apesar de tanto tempo de estudo, há uma falha grave na formação médica, já que grande parte dos profissionais atuará na medicina privada, e deverá gerenciar não apenas suas carreiras como também seus consultórios, e nada em sua formação os prepara para isso.
Entre outros problemas, essa carência na formação impacta diretamente no fator remuneração: quem não conhece a estrutura de custo de seu trabalho nem o sistema como um todo não é capaz de identificar o que é uma boa – ou uma péssima – oportunidade, e se vê à mercê do que é oferecido.
Daí surgiu a ideia deste livro: precisamos pensar e falar sobre a remuneração médica. Todo médico precisa entender um pouco sobre o assunto.
Ao longo da minha vida associativa, como membro de diretorias na Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular Nacional e na Regional Rio de Janeiro, tenho me dedicado àquilo que chamamos de Defesa Profissional, que basicamente é a área nas sociedades médicas que estuda e atua em aspectos relacionados às condições de trabalho e à remuneração.
Reuni um pouco da história – passada e mais recente – sobre o tema e ouvi alguns dos maiores especialistas no assunto no Brasil.
Leia e compartilhe estas informações com seus pares. Quanto mais cada médico souber sobre o tema, mais lúcidos nos tornamos coletivamente, e mais fortes também.
Boa leitura!
Julio Peclat
1.1 Sistemas de saúde ao redor do mundo
Uma boa forma de entender as diferenças entre os diversos sistemas de saúde ao redor do mundo é classificá-los a partir de suas semelhanças e diferenças. É claro que há vários critérios que podem ser usados para isso. Usar o modelo de gestão nos oferece uma visão mais ampla acerca de sua organização.
É interessante observar que, apesar de autores que se dedicam ao tema estabelecerem modelos, não há nenhum país que se enquadre puramente em um deles, mas sempre um é mais presente, dominante mesmo, no que se refere à forma de organização e financiamento. Por isso, quando se diz que um país adota um determinado tipo de sistema, estamos falando, na verdade, do sistema que ali predomina. Vejamos esses modelos¹:
Modelo Universalista
• Financiamento público com recursos de impostos (pode existir fontes complementares além dos impostos, como pagamentos diretos de usuários e outros insumos)
• Acesso universal (trabalhadores ou não, a população depende do Estado para o acesso aos serviços de saúde)
• Serviços são prestados em instituições públicas
Modelo de Seguro Social
• Financiamento por aporte e contribuições dos empresários e trabalhadores
• O conceito implica em um seguro no qual a participação é obrigatória
• Cobertura para os contribuintes e seu grupo familiar (observa-se uma tendência de universalização de cobertura)
Modelo de Seguros Privados
• Organização tipicamente fragmentada, descentralizada e com escassa regulação pública
• A participação de empresas privadas (seguradoras) torna o mercado mais competitivo, e a lógica atuarial é levada para a assistência à saúde
Modelo Assistencialista
• Saúde não como um direito do povo, mas sim como uma obrigação dos cidadãos
• O Estado só é responsável pela assistência às pessoas incapazes de assumir a responsabilidade individual de cuidar da saúde (mas com limitações qualitativas e quantitativas)
1.2 Alguns sistemas interessantes de serem acompanhados¹,²
ALEMANHA:
Quem dispõe de renda é obrigado a ter um seguro de saúde, financiado igualmente entre o empregador e empregado. Os que ganham até um teto estipulado pelo governo contam com planos públicos de saúde, com um nível de cobertura específico, estabelecido em um catálogo de coberturas obrigatórias (como acontece aqui, com o Rol da ANS) também determinado pelo governo. A livre escolha (de profissionais e serviços) é comum. Os cidadãos com renda acima da estipulada pelo governo podem optar por um plano de saúde privado. Neles, o rol de coberturas e mensalidades pode variar bastante.
ARGENTINA:
No país coexistem três sistemas: o Público, que é responsável principalmente pela população de baixa renda; o de Serviços Sociais (Obras Sociales ou OS), que assistem a trabalhadores sindicalizados e aposentados, com contribuição tanto dos empregadores (6%) quanto dos empregados (3%); e o Setor Privado, onde estão enquadrados os planos de saúde privados.
CANADÁ:
O sistema conta com financiamento público e os padrões para os serviços de saúde são estabelecidos por legislação federal (Canada Health Act). Os princípios da universalidade, da gestão pública, da integralidade e dos direitos são assegurados em todo o território nacional. Assim, seja nas redes provinciais de hospitais públicos, seja nos estabelecimentos autônomos, os canadenses têm acesso aos hospitais e aos médicos que forem necessários, sem ônus; mas, como as redes são provinciais, há restrições fora das regiões de habitação. Os médicos não pertencem aos quadros do funcionalismo público e são remunerados na base fee for service, diretamente pelo governo. O segmento de seguros privados também atua na saúde, sendo uma opção para os cidadãos que desejam ampliar suas coberturas.
CHILE:
O sistema de saúde chileno é considerado misto em termos de atendimento à população, seguro de saúde e administração financeira. Há um seguro público social e solidário e um seguro privado. Ambos são supervisionados pelo governo. Para os trabalhadores formais, a contribuição de 7% de sua receita mensal é obrigatória. Investimentos governamentais são injetados no seguro público para cobrir programas públicos de saúde e arcar com o atendimento a indigentes.
ESPANHA:
O sistema espanhol é universalista: todos os residentes no país têm direito à proteção da saúde e à assistência com cobertura total, independentemente de sua situação econômica e da contribuição para a seguridade social. A estrutura e os serviços públicos fazem parte de um sistema coordenado, com financiamento misto (Estado, comunidades autônomas, corporações locais e o Sistema de Seguridade Social).
ESTADOS UNIDOS:
O sistema de saúde americano é um verdadeiro mosaico de situações, padrões de financiamento e de acesso a serviços, onde nem sempre as peças se encaixam perfeitamente. Para cuidar de idosos pobres, há o Medicare, um seguro hospitalar subsidiado. Para pobres, independentemente da idade, há o Medicaid, um fundo federal e estadual (a elegibilidade para acesso inclui requisitos definidos em nível federal e estadual).
A maior parcela da população tem acesso aos cuidados com a saúde por meio de seguros privados. Uma parcela da população, maior do que em outros países desenvolvidos, não é segurada. A dependência do vínculo de trabalho e da iniciativa do empregador confere ao sistema grande instabilidade.
FRANÇA:
A Organização Mundial de Saúde (OMS) já considerou o sistema francês o melhor do mundo. O Estado controla as relações entre pagadores, prestadores e pacientes. O montante destinado às seguradoras públicas é definido pelo Parlamento. O plano público de saúde é pago quase que integralmente pelos empregadores (empregados são obrigados a destinar apenas 0,75% de seus salários às seguradoras). A esses seguros públicos estão ligados mais de 60% dos franceses¹. Há ainda a opção de manter um plano de saúde privado, e eles são oferecidos com preços e coberturas bem diversos. A liberdade de escolha para o paciente (por um generalista ou especialista) faz parte do sistema.
HOLANDA:
O sistema holandês tem o médico da família como forma de acesso aos serviços de saúde (exceto em casos de emergência). Este clínico, que pode ser escolhido livremente pelo paciente, é quem decide sobre a necessidade de se consultar com um especialista. Alguns autores afirmam que um pequeno percentual de pacientes recebe esse encaminhamento (ou seja, esses profissionais representam uma barreira de acesso – e uma forma de regulação – ao serviço especializado). Cerca de 10% dos salários é destinado ao pagamento de planos de saúde.
INGLATERRA:
Em 1948 foi criado o National Health Service (NHS). O Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido equivale ao nosso SUS (universal e igualitário). Os recursos advêm de impostos nacionais, já que os serviços na Inglaterra, Irlanda do Norte, Escócia e País de Gales são administrados separadamente. Não é possível aos cidadãos escolher sistemas de financiamento alternativos (como os planos de saúde aqui), mas há serviços particulares (hospitais, clínicas, laboratórios e consultórios) como opção. Como forma de reduzir o impacto com custos, o sistema é caracterizado por forte atuação preventiva e curativa. Os críticos do sistema afirmam que o acesso é sensivelmente pior do que o encontrado em outros países europeus, com grande demora para a realização de procedimentos mais complexos.
MÉXICO:
Fragmentação do serviço e do acesso caracterizam o sistema de saúde