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Ilha do Massangano: Uma Terceira Margem no Velho Chico
Ilha do Massangano: Uma Terceira Margem no Velho Chico
Ilha do Massangano: Uma Terceira Margem no Velho Chico
E-book167 páginas2 horas

Ilha do Massangano: Uma Terceira Margem no Velho Chico

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Sobre este e-book

Ilha do Massangano: uma terceira margem no Velho Chico é o livro que lança um novo olhar sobre nosso próprio processo de desenvolvimento, bem como o processo histórico da ocupação humana nos diversos rincões do sertão profundo. O território em questão é a Ilha do Massangano, situada aqui na região do Rio São Francisco, como também é conhecido o Rio da Integração Nacional e, carinhosamente, chamado de Velho Chico. Este livro traz a centelha de luz para dar visibilidade àqueles que, na história pública, padecem pela invisibilidade.

A autora, por meio da pesquisa documental e a investigativa, bem como pela empreitada, propõe-se a tal intento. A obra faz um retrato do ontem e do hoje, produzindo reflexões importantes para a posteridade ao etnografar e deixar registrado, em palavras, as diversas travessias para a terceira margem: a vida, suas multiplicidades, expressões, sua população, seus feitos e trejeitos, bem como as representações sociais e culturais, seus sambas e costumes.

São formas de se perceber o quanto o povo da Ilha do Massangano há de sempre viver por meio da religiosidade e pela festiva aclamação da beleza de um passado trazido à luz, num esforço que a humanidade ainda fará para tornar suas narrativas de sobrevivência num feito quase episódico, porém epopeico. Por seu conteúdo marcante, linguagem fluida e apaixonante, esta leitura torna-se uma fonte densa para se conhecer a terceira margem no Velho Chico, na extensão clara que, para abrangê-la, não há memória que dê conta no presente quase possível.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento19 de ago. de 2021
ISBN9786525011370
Ilha do Massangano: Uma Terceira Margem no Velho Chico

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    Ilha do Massangano - Antonise Coelho de Aquino

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    COMITÊ CIENTÍFICO DA COLEÇÃO CIÊNCIAS SOCIAIS

    A Deus, por me dar determinação ao registrar aspectos do modo de vida dessa comunidade ribeirinha.

    Ao povo da Ilha do Massangano no vale do São Francisco, por revelar um pouco de suas vidas.

    À minha família, sempre presente, razão do meu viver.

    Aos amigos, que me incentivaram e contribuíram com opiniões e apoio incondicional na construção desta obra.

    PREFÁCIO

    De início, quero expressar meus agradecimentos pelo gesto de confiança e gentileza demonstrado pela colega professora e pesquisadora Antonise Coelho de Aquino, oferecendo-me este espaço para escrever sobre uma obra tão rica e tão viva, que, para além dos registros, permitiu-me enveredar pelo acontecer de uma travessia narrada em retalhos que se alinhavaram para dar vida à construção de belas histórias.

    Gostaria, também, de realçar a sensibilidade e a inspiração com que a autora nos presenteou as narrativas do cotidiano de uma comunidade parélio — a Ilha do Massangano, lugar único de riquezas culturais que se fundam na valorização da sua identidade raiz como centro, mas que, ao mesmo tempo, faz dos seus arcos imaginários a busca incessante pela construção da cidadania.

    O seu olhar sensibilizado nos guiou pelos retalhos de uma construção de várias cores e sabores, além de uma inspiração implicada em que todos os pedaços, por si só, configurar-se-iam em criação. Provocado em meu universo curioso, e já parafraseando Vinicius de Moraes, ouso afirmar que um livro sem a apresentação é como um rio sem pontes... e para que esta travessia aconteça até à terceira margem, lanço-me, de início, no entrelaçar dos passos de um batuque de mãos que dá vida ao acontecer do próprio samba de vidas... o Samba de Véio — festivo, colorido e de características peculiares.

    Numa ilha repleta de encantos, sempre é tempo de celebrar...

    Celebração que se reveste da fé que se alinha no horizonte, travestida de branco, vagueando pelas margens do rio São Francisco num belo ritual de adoração, nutrindo as almas... assim são os penitentes, verdadeiros guardiões das almas que aqui estão representados por homens e mulheres que insistem em resistir às pressões do espaço e do tempo, reacendendo, a cada ritual, o brilho desse grandioso arco incandescente de parélios... Continuando os rituais de fé e adoração, a Ilha nos apresenta personagens de um povo que se alimenta da fé expressa na adoração ao Santo Oficio, Santo Antônio padroeiro e aos Santos Reis... histórias que se originaram das tradições agrícolas e que ainda hoje alimentam as mais belas representações constitutivas do modo de vida de um povo.

    Assim, a travessia se põe a caminhar como se avistássemos, ao longe, o parélio e os três sóis em Shakespeare... a Ilha do Massangano e os seus encantos, gloriosos arcos de uma cultura de valor incalculável e de um povo reluzente como o sol incandescente dos parélios... Três sóis representados pela Ilha, por seu povo e sua cultura, constituem uma panaceia que tem, como ingrediente, o amor expresso nas itinerantes palavras da autora.

    A propósito, poderia eu tecer uma infinidade de comentários construídos a partir do meu olhar debruçado ao seu, enquanto autora, partindo da construção identitária, suas lutas e riquezas culturais. No entanto, deixarei aqui a impressão que traduz o sentimento de quem gravou na pedra o maior amor — a escrita com o coração... cada passo que compõe essa travessia nos levou a um lugar de vida; e vida em abundância. A Ilha do Massangano é, por si só, a máxima representatividade das riquezas culturais desse grande arco de parélios — a Ilha, seu povo e sua cultura.

    Bem-vindos aos arcos de uma travessia sem fim... Bem-vindos à Ilha do Massangano, no Vale dos Vales, o centro de todos os parélios, o Vale do São Francisco.

    Dr. Erbs Cintra de Souza Gomes

    Pós-doutor em Educação

    Diretor geral do campus Petrolina

    Zona Rural do IF Sertão – PE

    Sumário

    INTRODUÇÃO

    I

    SOBRE O VIVER NA ILHA 

    1.1 A Ilha, uma terceira margem

    1.2. Processo Histórico de Ocupação

    1.3 O Desenvolvimento do vale do São Francisco

    1.4 A população da ilha

    II

    ENREDOS DE UMA TRAVESSIA

    2.1 Ser da ilha

    2.2 Multiplicidade das Atividades

    2.3 Vida Social

    2.4 As expressões culturais

    III

    REFLEXÕES SOBRE O MODO DE VIDA DE ONTEM E DE HOJE

    3.1 Representações sociais na ilha

    3.2 O antes e o depois na fala dos moradores

    3.3 Aspectos da religiosidade e das festividades 

    3.4 Elementos para novas reflexões

    A PROPÓSITO DO FIM

    REFERÊNCIAS

    LISTA DOS ENTREVISTADOS

    Mapa da Ilha do Massangano 

    INTRODUÇÃO

    Este livro, Ilha do Massangano: uma terceira margem no Velho Chico, nasceu do desejo de revelar algumas memórias e histórias de vida do povo da Ilha do Massangano, no vale do São Francisco, localizada a 12 quilômetros do polo Petrolina-PE e Juazeiro-BA, no sertão nordestino. Uma das reflexões induzidas e delineadas foi a construção, pela sociedade brasileira, de um novo olhar sobre o meio rural, com características positivas,¹ bem como a necessidade de resgatar os enredos de algumas travessias para a Ilha do Massangano.

    A origem desta obra foi a pesquisa de mestrado em Sociologia, a qual foi concluída na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), em 2004. Apesar de ter havido um corte temporal entre a fase do trabalho e esta publicação, pude ampliar minhas observações e realizar mais algumas entrevistas com moradores, os quais não fizeram parte do primeiro momento da pesquisa acerca do que é viver numa ilha.

    Assim, ao relacionar as mudanças decorrentes do processo de urbanização da Ilha do Massangano nesses últimos anos, este livro causa bastante interesse para aqueles os quais compreendem que as reformas das condições de vida do homem brasileiro, notadamente, os habitantes de uma ilha, não devem ser fundamentadas tão somente em enunciados políticos locais ou em investigações de base econômica ou agronômica, mas ressaltar, sobretudo, os estudos da cultura e sociabilidade² de um povo. A diferença entre este estudo em relação ao que foi desenvolvido por Cândido, em sua obra Parceiros do Rio Bonito, é que o espaço sociocultural estudado é único.

    No decorrer desta apresentação, eu faço indagações sobre o que é imortalidade,³ para que o leitor compreenda a finalidade desta obra: Haverá imortalidade no registro desses enredos de travessias feitas por mim sobre a Ilha do Massangano? Como se entrelaçam as histórias dos sambistas e das famílias deste povo com o rio são Francisco e para a minha própria história de vida?

    Acredito que as histórias de vida dessa comunidade permanecerão vivas nesta escrita, neste ritmo [...] um homem ou mulher, que se lembra sozinho(a) daquilo que os outros não se lembram, assemelha-se a alguém que vê o que os outros não veem.⁴ A partir dessa afirmação, o leitor estabelecerá uma leitura atemporal desses enredos que, inicialmente, caracterizaram a pesquisa de campo sobre as dimensões do modo de vida do povo da Ilha do Massangano. Além disso, são destacadas a identidade, bem como os sentimentos que circundam este povo sertanejo.

    Minhas inquietações persistiram ao longo desses anos e geraram uma escrita mais amadurecida, entrelaçada pelos anseios, pelas esperanças e pelos desafios vividos e sentidos por este povo os quais fazem parte também da minha história de vida na ilha, porque lá é o lugar da família se imortalizar.

    Reitero a valiosa contribuição e a importância dos estudos de pesquisadores, dentre os quais destaco a minha orientadora e pesquisadora do mundo rural, a Prof.ª Dr.ª Nazareth Wanderley Baudel,⁵ bem como os estudos de Antonio Cândido,⁶ Carlos Rodrigues Brandão,⁷ Maurice Halbwachs,⁸ Karl Marx⁹ e muitos outros que contribuíram para a fundamentação teórica. Entretanto, sem as entrevistas (38), eu não poderia concluir este significativo trabalho, cujo fruto resultou neste livro.

    A adaptação da pesquisa para este livro seguiu algumas proposições: 1) A Ilha do Massangano, localizada no rio São Francisco, é um espaço diferenciado em relação às outras ilhas porque corresponde às formas sociais distintas e

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