O Livro de Cesário Verde e Poesias Dispersas
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Sobre este e-book
Com o fim do romantismo e o início do realismo, Cesário Verde, dividido entre o comércio e a literatura, publica os seus versos em jornais. Só em 1887, já postumamente, é publicado o seu primeiro livro: O Livro de Cesário Verde. Muito influenciado por Charles Baudelaire, o poeta cria um estilo próprio e encontra em Lisboa, caótica e sinistra, a sua grande personagem.Afinal, há poesia no real, no concreto, nos objectos banais, nos gestos, no dia-a-dia. Desfilam novas personagens, que já não musas, mas engomadeiras, varinas e operários. Paralelamente ao binómio cidade-campo, surge a figura feminina, a da mulher citadina, frívola e calculista em confronto com a mulher campestre, doce e pura.
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O Livro de Cesário Verde e Poesias Dispersas
Título: O Livro de Cesário Verde e Poesias Dispersas
Autor: Cesário Verde
© Guerra e Paz, Editores, Lda, 2022
Reservados todos os direitos
A presente edição não segue a grafia do novo acordo ortográfico.
Fixação de Texto, Revisão e Extratextos:
Ana Salgado
Revisão:
Helder Guégués
Design: Ilídio J.B. Vasco
Isbn: 978-989-702-782-6
Guerra e Paz, Editores, Lda
R. Conde de Redondo, 8–5.º Esq.
1150-105 Lisboa
Tel.: 213 144 488 / Fax: 213 144 489
E-mail: guerraepaz@guerraepaz.pt
www.guerraepaz.pt
Índice
Nota a esta Edição
O Livro de Cesário Verde
Dedicatória
Prefácio
Os Versos
I – Crise Romanesca
DESLUMBRAMENTOS
SETENTRIONAL
MERIDIONAL
Cabelos
IRONIAS DO DESGOSTO
HUMILHAÇÕES
De todo o coração – a Silva Pinto
RESPONSO
i
ii
iii
iv
v
vi
vii
viii
ix
x
xi
xii
II – Naturais
CONTRARIEDADES
A DÉBIL
NUM BAIRRO MODERNO
A Manuel Ribeiro
CRISTALIZAÇÕES
A Bettencourt Rodrigues
NOITES GÉLIDAS
merina
SARDENTA
FLORES VELHAS
NOITE FECHADA
L.
MANHÃS BRUMOSAS
FRÍGIDA
i
ii
iii
iv
v
vi
vii
viii
ix
x
xi
xii
DE VERÃO
A Eduardo Coelho
i
ii
iii
iv
v
vi
vii
viii
ix
x
xi
xii
xiii
xiv
xv
xvi
xvii
O SENTIMENTO DUM OCIDENTAL
A Guerra Junqueiro
i – ave-marias
ii – noite fechada
iii – ao gás
iv –
horas mortas
DE TARDE
EM PETIZ
i – de tarde
ii – os irmãozinhos
iii – histórias
NÓS
A A. de S. V.
i
ii
iii
PROVINCIANAS
i
ii
NOTAS À 1.ª EDIÇÃO
Poesias Dispersas
A FORCA
[Num tripúdio de corte rigoroso]
[Ó áridas Messalinas]
Eu e Ela
Lúbrica
Ele
Ecos do Realismo
impossível!
lágrimas
proh pudor!
manias!
Heroísmos
Cinismos
Esplêndida
Arrojos
Vaidosa
CADÊNCIAS TRISTES
A João de Deus
Desastre
NUM ÁLBUM
i
ii
iii
Anexo
Senhor Verde: empregado no comércio ou poeta?
Nota a esta Edição
A primeira edição da obra de Cesário Verde é dada à estampa em 1887, nove meses após a morte do poeta, publicada pela Typographia Elzeviriana e organizada por António José Silva Pinto – companheiro de estudos e grande amigo do Autor –, com o título O Livro de Cesário Verde. Esta publicação póstuma, com 200 exemplares e 22 poemas, não reúne a produção completa do poeta. Dela se excluem os poemas que, segundo Silva Pinto, Cesário Verde terá condenado (ver «Notas à 1.ª edição»). Embora não isenta de crítica, não quisemos entrar na contenda e seguimos esse plano, acrescentando, contudo, as poesias excluídas na primeira edição e que agora dão corpo ao capítulo «Poesias dispersas», segundo um critério de ordenação cronológica de publicação das mesmas em diferentes periódicos.
Fugindo à questão da organização dessa primeira edição ou a uma possível adulteração dos próprios poemas, ainda mais quando um incêndio na casa de campo da família destruiu muito do que o poeta escrevera, o que importa trazer a público é a magnitude e complexidade do seu universo poético.
Cesário Verde é um dos precursores do modernismo em Portugal. Inventa uma nova poesia quer na forma quer no conteúdo. Afinal, há poesia no real, no concreto, nos objectos banais, nos gestos, no dia-a-dia. Desfilam novas personagens, que já não musas, mas engomadeiras, varinas e operários. A sua grande personagem é Lisboa, uma novidade à época, filtrada pelo seu olhar. Os seus contemporâneos não estavam preparados para a receber e, por isso, a sua poesia causou estranheza, e os seus motivos foram susceptíveis de larga crítica. Cesário Verde não foi estimado em vida e o reconhecimento do seu valor literário só chega com a geração de Orpheu (ver Anexo). É hoje reconhecido como um génio pelas suas composições, como «O Sentimento dum Ocidental», «Num Bairro Moderno», «Nós». Fernando Pessoa até o chama «mestre».
O Livro de Cesário Verde inaugura o discurso poético de ruptura, onde a impressão é rainha, os temas prosaicos, as palavras novas na lírica e a adjectivação exemplar. O poeta, muito atento ao pormenor, capta as impressões e invoca a realidade. É a poesia do quotidiano, dos sentidos, como afirma o próprio poeta em carta a Silva Pinto: «A mim o que me rodeia é o que me preocupa.» O real exterior é recriado e acrescenta: «Pinto quadros por letras, por sinais», chegando Jacinto do Prado Coelho a classificá-lo como «pintor de atmosferas». Cesário é, na sua poética, precursor ou inaugurador do que Pessoa mais tarde designará como interseccionismo, que se caracteriza pelo entrecruzamento de planos que se cortam – intersecção de percepções e de sensações.
Se nas suas primeiras composições, Cesário Verde é influenciado por Charles Baudelaire, apropriando-se de muitos dos seus temas, o seu estilo evolui e o poeta encontra em Lisboa, em cenários quotidianos, a protagonista ideal para criar poemas leves, ricos em sensações, sempre com resquícios do «frisson nouveau» baudelairiano patente, por exemplo, na marca das suas personagens femininas, a mulher citadina, frívola e calculista vs. a mulher campestre, doce e pura. O poeta plasticiza uma imagem que tem a pureza e a rigidez do mármore, que compara com o «espectro angélico da Morte», mas onde o sensualismo das formas é bem vincado. A segunda fase da sua produção cede lugar ao naturalismo e à ironia, com influências progressistas e positivistas, composições de uma maior maturidade poética («De Tarde» ou «Nós»), mas a poesia de Cesário Verde não se confunde com o parnasianismo, nem se compromete com o naturalismo.
Os olhares fotográficos do «eu» poético são transformados em versos que, poeticamente, nos falam: do binómio cidade-campo, já apresentado por Eça de Queiroz em Jacinto, e que levam Sophia de Mello Breyner Andersen a declarar «Amou vinhas e searas e campinas / Horizontes honestos e lavados / Mas bebeu a cidade a longos tragos / Deambulou por praças por esquinas» (Ilhas, in Obra Poética III); do poder de atracção dessa figura de mulher; e ainda a reflexão sobre o próprio acto poético, tão original à época.
Este é o livro de Cesário Verde, o autor dessa declarada obra-prima «O Sentimento dum Ocidental». Aceitemos o convite de Mário Cesariny e vamos «[…] todos para casa ler Cesário Verde // que