Uma Tragédia No Pantanal
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Uma Tragédia No Pantanal - Daniel Genuino
Agradecimentos
A Deus, que me concede a vida e o saber.
Ao prof. Izaque Alves Barbosa, grande amigo e
também meu editor que muito tem contribuído para o
meu aprendizado;
A Drª Olga Castrillon, pelas dicas e apoio ao meu
trabalho;
A minha esposa Marilene, pela paciência e
companheirismo;
Aos meus filhos Richard e Renata Genuíno, Jhonny
Genuíno e Priscila Genuíno, por todo apoio a mim
prestado;
Aos meus pais Lino Genuíno, um grande exemplo
para mim e Seliria Genuíno, mulher guerreira;
A Universidade do Estado de Mato Grosso, minha
casa;
A todos os meus amigos que ajudaram construir a
minha História; e
A todos os Leitores ávidos por novas aventuras.
O Velório
O céu parecia estar carregado naquele trágico dia.
A tristeza era de comover qualquer um. Não havia uma só
pessoa na Fazenda Tucunzal que não estivesse com o
coração dolorido.
Havia muitas pessoas, amigas da família, políticos,
peões e militares amigos de Bruno trajando seus
uniformes de passeio. Na sala, o caixão lacrado tinha
sobre o tampo, a foto de um jovem de expressão alegre.
Era o único filho do Doutor Viana.
— Se eu pudesse fazer as coisas voltarem ao
passado para concertá-las... — lamentava o Doutor Viana.
— Deus quis que fosse assim, Doutor Viana — disse
o Doutor Arruda, amigo da família. — Não se pode mudar
o que está feito. Tenho certeza que você fez o melhor.
— Se ele tivesse voltado para Cuiabá para terminar
os estudos, isso não teria acontecido — continuou o
Doutor Viana.
— Pode ser, mas ninguém prevê o futuro. Quem é
que pode garantir que, tomando essa decisão, ele estaria
seguro? Queremos o melhor para as pessoas que
amamos, mas não podemos garantir que nada vai lhes
acontecer.
Dona Olga, a mãe do jovem estava abraçada a
Júlia, que chorava muito a perda do seu amado. Quando a
avisaram do triste acontecimento, ela não quis acreditar.
Era difícil crer que Bruno tivesse capotado seu veículo na
estrada da fazenda. Como o acidente ocorreu durante a
noite, talvez ele tivesse dormido ao volante. O corpo havia
sido quase totalmente destruído. Tinha sido carbonizado
no incêndio. Não restou muita coisa.
Fátima, a cozinheira da fazenda, preparou um café
e serviu para os presentes. Havia muita comoção. Ramão,
o novo capataz da fazenda, tinha os olhos cheios de
lágrimas e ficava olhando para o caixão. Acenava
negativamente com a cabeça como que não concordando
com aquela morte tão estúpida.
— Meu menino venceu os perigos do pantanal e
morreu assim de forma tão estúpida — disse Ramão.
Um capitão do exército havia atendido a ocorrência
e passado as informações ao Doutor Viana. Ele mesmo
acompanhara o corpo até a fazenda.
— Lamentamos muito a morte do sargento Bruno,
senhor. Era um excelente militar — disse o capitão.
— O senhor sabe como ocorreu o acidente? —
perguntou o Doutor Viana.
— Nós estamos investigando ainda. Infelizmente
não sobrou muita coisa do veículo, mas estamos fazendo
o possível para descobrirmos o que causou a tragédia.
— Eu agradeço, capitão. Sabe dizer se havia mais
alguém com ele no carro?
— Lamentavelmente sim.
— Será que eu o conheço? — indagou o Doutor
Viana.
— Eu creio que sim. Tratava-se do seu inseparável
amigo, o sargento Ortiz. Outro excelente militar. Duas
perdas irreparáveis.
— Não entendo por que estavam vindo a essa hora
da noite para a fazenda.
— Sabe como são os jovens, senhor, gostam de se
divertir.
— De qualquer forma, eu o agradeço, capitão, por
ter atendido à ocorrência com tanta rapidez.
— Não é preciso agradecer, senhor. Só lamento
não termos chegado a tempo de salvar a vida dos jovens
— disse o capitão.
— Como ficou sabendo do acidente tão rápido,
capitão?
— Foi só coincidência, Doutor. Um moço estava
caçando perto dali na hora do acidente e viu que um deles
estava uniformizado, pois na hora do capotamento este
deve ter sido arremessado para fora do veículo. Dessa
forma, a testemunha foi até o batalhão e relatou o
acidente. Nós viemos o mais rápido possível.
O capitão se despediu, entrou no Opala cinza, onde
seu motorista o aguardava e foi embora.
À tardinha, uma cova já estava pronta em um
pequeno jardim na sede da fazenda. Ali estava enterrado
também o pai do Doutor Viana. Carregaram o caixão até o
jardim e deram o último adeus a Bruno Viana.
Olga se sentia como se o seu coração tivesse sido
arrancado do próprio peito, não há dor maior que perder
um filho tão jovem. Pela sua cabeça passava a recordação
de um menino travesso correndo pelo terreiro da casa
grande. Parecia ser há muito pouco tempo.
— Não posso me conformar com isso, ele tinha
ainda tanta vida para viver, tantos sonhos para serem
realizados! Não desejo este momento a nenhuma mãe no
mundo.
— É verdade, dona Olga, que coisa terrível! Eu
daria tudo para ter o meu amor comigo — dizia Júlia.
Quando a noite chegou, pairava um vazio na
fazenda. Tudo parecia mais triste ainda. O Doutor Viana
estava na sala parado feito uma estátua à frente de uma
gravura, olhava fixamente para aquele que tinha sido o
primeiro proprietário da fazenda. Era uma gravura feita a
carvão que trazia no canto a assinatura de Florence e
estava ali naquela sala desde o tempo do coronel Viana,
fundador da centenária fazenda Tucunzal. A gravura era
sequenciada pelos retratos dos outros proprietários até
chegar à do próprio Doutor Bartolomeu Viana.
Júlia não conseguia dormir, andava de um lado
para outro no quarto, falando às paredes.
— Meu amor, por que você se