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Coletânea Ametista
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E-book356 páginas4 horas

Coletânea Ametista

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Sobre este e-book

Aparições na serra leva um grupo de jovens a desvendar o enigma. Fenômenos paranormais ocorrem na casa de um aposentado fazendo com que procurasse descobrir a causa. Jovens idealistas vão até o Rio São Francisco e muitos acontecimentos reforçam a consciência ecológica. Uma Ilha sobrenatural assustando os visitantes.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento25 de out. de 2013
Coletânea Ametista

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    Coletânea Ametista - José Antonio Vieira

    INDICE

    Conto

    O Enigma da Ibituruna

    Fenômenos

    Canastra: Uma Aventura

    O Farol do Desterro

    A Ilha do Disse me Disse

    José Antonio Vieira - Coletânea Ametista

    2

    Dedico este livro a minha esposa, filhos e neta.

    José Antonio Vieira, mineiro de Bom Jesus da Penha.

    Residente em São Carlos - SP

    José Antonio Vieira - Coletânea Ametista

    3

    José Antonio Vieira

    Conto

    Primeira Edição – 2014

    Registro

    461317

    livro 868 folha 20 FBN

    José Antonio Vieira - Coletânea Ametista

    4

    O ENIGMA DA IBITURUNA

    José Antonio Vieira - Coletânea Ametista

    5

    O ENIGMA DA IBITURUNA

    Sumario

    Um grupo de amigos descobriram o enigma da montanha com conseqüências impensáveis para muita gente.

    José Antonio Vieira - Coletânea Ametista

    6

    O ENIGMA DA IBITURUNA

    Outubro de 1972, quatro jovens com idades variando de dezesseis a dezenove anos chegavam a um pequeno povoado encravado entre as montanhas do sudoeste mineiro. Estavam cansados e esfomeados depois de várias horas de viagem num jipe de Pedro, que saiu de Guaxupé.

    Jipe é um veículo que não veda bem a poeira para os ocupantes, estavam amarelos de poeira e os cabelos duros de tanta terra. As chuvas haviam atrasado um pouco naquele ano e a secura dos pastos impressionava a todos.

    Matilde, a única mulher do grupo, ciceroneava a todos. Afinal conhecia bem aquela região onde seus avós paternos ainda moravam. Os outros três, Pedro, Luiz, e Antonio chegavam ali pela primeira vez.

    Matilde, uma moça franzina de dezoito anos, muito querida pelos amigos. Naquelas férias contaria também com a participação de Sueli em suas aventuras, mas, devido à morte de um parente Sueli viria mais tarde se reunir com o grupo.

    Matilde não era de uma beleza física que impressionava, mas, era dotada de um espírito conciliador e generoso. Cabelos curtos, tez trigueira e uma compleição física miúda, não impunham muito respeito quanto ao possível desempenho em caminhadas e escaladas, no José Antonio Vieira - Coletânea Ametista

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    entanto, bastava começar que os companheiros ficavam admirados. Ela tinha destreza em escalar, remar, subir em arvores, nadar, enfim em muitas atividades radicais. O

    corpo fino e ágil ajudava em muito.

    Pedro, um rapaz de pais abonados, era bonachão e companheiro para todas as horas, não havia tristezas junto dele. Alto e um pouco rechonchudo, tinha alguma facilidade para se locomover nas trilhas ou em escaladas, mesmo com aquele corpanzil todo.

    Tinha dezenove anos e ia completar os vinte no final do ano. Luiz, um rapaz troncudo, mas de baixa estatura e um excelente companheiro quando se precisava de alguém para serviços mais pesados. Não era de muita conversa e mais de ação, por isso, indispensável quando era para fixar ou levantar acampamento. Antonio, um menino tímido, o mais jovem. Um companheiro fiel e chegado a Matilde, aliás, irmão por parte de pai. A mãe de Matilde havia falecido e o pai contraiu as segundas núpcias gerando assim o Antonio. Chegaram ao povoado.

    Uma rua somente, se é que podemos chamar de rua.

    Algumas casas simples enfileiradas ao longo de um chão de terra batido por carros de bois, montarias e alguns poucos veículos que ali chegavam. Naquele momento havia apenas uma pessoa muito humilde puxando um carrinho de madeira carregado de lenha, cantarolava uma musica incompreensível para muita gente, cumprimentou os forasteiros tirando o chapéu de palha já bastante avariado José Antonio Vieira - Coletânea Ametista

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    pelo uso, e continuou seu caminho. Os forasteiros retribuíram o cumprimento achando graça naquele gingado com os pés descalços.

    Adivinharam de imediato qual seria a casa dos avós de Matilde, a maior dali certamente.

    Os avós eram pessoas bem situadas socialmente e financeiramente dentro daquela pequena comunidade.

    Eram escolhidos padrinhos da maioria das crianças que ali nasciam, aliás, não muitas. Uma certeza se tinha de quando cresciam alçavam vôos para outras localidades mais sortidas de recursos. Foi o que aconteceu com o pai de Matilde e Antonio que se tornou um soldador numa montadora de veículos em São Bernardo do Campo no Estado de São Paulo.

    Os avós possuíam uma fazenda de criação de gado nelore para corte, algumas cabeças de gado de leite e também uma plantação de café. Pequenas plantações de feijão, arroz e milho, de subsistência. Há muito tempo não plantavam mais cereais ou outro tipo de cultura para venda, era muito trabalho. Para o manejo do gado bastavam poucas pessoas e quanto ao café eram apenas capinas ao longo do ano até chegar à colheita.

    O barulho do jipe chamou a atenção e logo as janelas estavam se abrindo com pessoas esticando o pescoço para ver quem estava chegando. Logo, aquele veiculo empoeirado parou diante da casa do Sr Joel e da Dona Margarida. Eram pessoas de São Paulo, imaginaram.

    José Antonio Vieira - Coletânea Ametista

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    Uma casa de grandes janelas e portas pintadas de verdes e paredes pintadas de branco. Um telhado com beirais de madeira mostrando sinais visíveis de desgaste, talvez carunchados em alguns pontos. Uma escada de acesso com quatro degraus largos até um alpendre com muretas de lado e um piso cerâmico já desgastado pelo uso.

    Duas pessoas estavam sentadas em um banco de madeira no alpendre.

    O Sr. Joel e a Dona Margarida não se continham de felicidade ao verem os netos e seus amigos chegando.

    Foram todos abraçados por aqueles velhos que transpiravam doçura. Isto, fez com se sentissem muito à vontade dentro daquela casa enorme. Um bom inicio das férias.

    Dona Margarida era uma cozinheira de mão cheia e logo conduziu a todos para uma grande mesa de madeira maciça na sala de refeições, dentro de pouco tempo viam a fartura de bolos, pães de queijos, doces dos mais variados, não faltando é claro aquele queijo mineiro dos mais saborosos. O leite puro com café fazia a diferença para muitos. O Sr. Joel sentou-se ao lado dos netos e parecia abraçar por mais vezes a Matilde, dizendo que ela era sua neta predileta, e dona Margarida observou sorrindo que ela era a única neta, enquanto passava as mãos na cabeça de Antonio.

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    Ainda era muito cedo e o friozinho tardio para aquela época do ano obrigava a todos a colocação de uma blusa.

    Estávamos ansiosos para conhecê-los e também conhecer esta região, disse Pedro para os avós, por isso saímos bem cedo de Guaxupé, diria de madrugada. Passamos por Bom Jesus e aqui estamos para curtir alguns dias se o senhor e a senhora concordarem.

    — Meu filho, a casa é de vocês, a satisfação é nossa porque não recebemos parentes e amigos com freqüência, a casa enche de vida quando vem gente para cá, estejam à vontade. Aliás, a Cida nossa empregada vai levá-los a seus quartos depois.

    — Sr Joel, vimos uma enorme montanha de coloração escura a pouca distancia daqui, nas proximidades de Nova Resende e Petúnia pretendemos conhecê-la de perto, o que o Senhor nos fala dela?

    — Bem, rapaz, é uma montanha misteriosa de nome dela? que o próprio nome significa montanha preta em linguagem indígena. No caso dessa, uma face possui uma vegetação luxuriante atualmente e na outra existe pouca vegetação com amostra de pedras escuras. Os moradores locais a chamam simplesmente de dela?

    — Muito rica em minérios importantes e também acontecem certas coisas em suas proximidades que não entendemos muito bem e nos assusta às vezes. Mas, já nos acostumamos com os fenômenos e a gente já não liga mais.

    — Como são esses fenômenos Sr Joel.?

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    — São luzes misteriosas vistas em noites bem estreladas alem de sinais físicos em pastos denunciando no capim queimado que alguma coisa esteve por ali, disse Joel.

    — Aconselho vocês a deixarem a montanha em paz, porque temos longos anos de convivência pacífica com ela e não pretendemos mudar isto, completou de maneira séria.

    — Temos cachoeiras e matas que podem proporcionar a vocês muita coisa interessante. Muitos animais como a onça parda, lobo guará, tamanduás, e macacos ainda existem por aqui, disse dona Margarida. Para quem gosta de pescar, os nossos rios são livres de sujeira das cidades e proporcionam boas fisgadas de bagres e lambaris. Pode se beber da água sem problema algum.

    — Bem pessoal, vamos descansar um pouco na varanda na parte de trás da casa, com várias redes e depois vou levá-los para um reconhecimento das proximidades.

    Combinado?

    — Combinado, Matilde.

    — Então, vamos lá após dar um beijo na testa dos avós.

    Após uma hora de descanso já estavam de pé prontos para acompanharem Matilde. Ela lembrou que em muitas hortas existem frutas que eles não conhecem, como algumas variedades de laranjas que já não são mais encontradas nos grandes centros, como a sangue de boi, a apanázia, a José Antonio Vieira - Coletânea Ametista

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    branca, a perna de moça. A maçãzinha verde miúda foi uma variedade encontrada não conhecida por todos.

    As casas simples, com pessoas hospitaleiras era o comum dali, sempre acolhiam da melhor forma possível.

    Difícil de entrar numa casa e não se empanturrar de coisas deliciosas.

    — Bom, por hoje chega pessoal, disse Matilde, não vai demorar muito tempo teremos o almoço com os meus avós.

    — Mas, Matilde, não sabemos se vamos ter espaço no estomago para o almoço devido ao tanto que já comemos.

    — Temos de encontrar um espaço, senão ficarão aborrecidos caso a gente não coma com gosto, observou Matilde.

    — Não precisa dizer que o almoço foi um exagero de coisas boas e saudáveis, um olhava para o outro e dizia, se não termos muita atividade física chegaremos ao final das férias como uma bola. A janta também foi um festival gastronômico, incluindo alguns tipos de carnes e aquela variedade de sobremesa.

    À noite, alguns estavam sentados na mureta do alpendre enquanto outros sentados em cadeiras e no banco olhavam a lua cheia que iluminava parcialmente a dela?

    Joel e Margarida também estavam ali.

    Conversa vai, conversa vem e o tempo foi passando até que num dado instante viram um rastro de luz pelos lados da ibituruna. Sumiu a luz, tornou a aparecer no lado norte da montanha. Voltou a sumir novamente.

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    Ficaram mudos com a aparição, e o silencio foi quebrado pelas palavras de Joel.

    — Não dizia para vocês, isto acontece com alguma freqüência, já fazia tempo que a luz não aparecia e agora estão percebendo que não exagerei, terminou.

    — Muito estranho, Sr. Joel, justifica uma visita nossa a esta montanha para vê-la de perto. Podemos sair logo de manhã bem cedo com alguma coisa para comer e beber e vamos explorar aquela área moçada, falou Pedro.

    — Vamos lá concordaram todos.

    Logo de manhã, após um farto café, colocaram suas mochilas nas costas abastecidas com quitutes feitos por dona Margarida, e colocaram o jipe na estrada de terra que levava a montanha. Durante o percurso, a preservação do meio ambiente chamou a atenção de todos, matas bem conservadas, profusão de flores apesar da seca e alguns animais raros passando de vez em quando diante do veículo, com Pedro tomando o cuidado de não os atropelar.

    Todos estavam radiantes por estarem explorando aquele pedaço de terra com algumas características de serrado, além dos mistérios inerentes aquela região.

    — Tem idéia do que pode ser aquilo visto por nós na noite de ontem? Matilde. Perguntou Luiz.

    — Para ser sincera o fenômeno não foi novidade para mim, Luiz. Já havia visto umas duas vezes no passado e nunca me chamou muita atenção porque as pessoas daqui se acostumaram com isto e não dão muita importância.

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    Agora, parece-me que o nosso grupo está a fim de desvendar o mistério e aceito o desafio também.

    Pedro apenas ouvia e olhava o Luiz pelo retrovisor de vez em quando, ele estava sentado no banco traseiro com Antonio. Matilde ia à frente com Pedro.

    Todos sabiam que havia algo mais entre Pedro e Matilde, além de uma amizade. Ela de um temperamento forte se enternecia quando conversava com Pedro, e isto não passava despercebido.

    Antonio sabia disto e não descuidava da meia irmã, era o seu guardião. Pedro tateava, sem avançar muito no relacionamento, sabia que devia dar tempo ao tempo. As coisas aconteceriam no momento certo, refletia. Matilde também não alimentava muito a possibilidade de o sentimento subir para outro patamar no curto prazo, porque ambos tinham algumas coisas importantes para desenvolver, o estudo entre eles.

    O pai de Matilde sempre teve um relacionamento de amizade com os pais de Pedro e isto implicava num cuidado maior para não afetar esta amizade.

    Pedro tinha uma personalidade fácil de lidar, calmo, ponderado e era o tipo de pessoa que dava um boi para não entrar numa briga, mas, quando entrava se transformava em um ser esquentado. Talvez, uma característica de alguém muito sentimental. Raríssimas vezes seus amigos viram ele se envolver numa briga, fatos comuns na infância ou na adolescência quando procuram se firmar perante o José Antonio Vieira - Coletânea Ametista

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    grupo. Matilde era uma pimentinha na opinião de muitos, mas, uma excelente companheira de aventuras, não tinha tempo ruim para ela. Davam certo desconto para sua impulsividade e as vezes até um pouco de agressividade.

    Não deixava de dar o troco para desaforos.

    Passaram por uma grande figueira e por um bosque constituído apenas de arvores bonitas com folhas brilhantes chamadas sassafrás. O aroma lembrava a de canela, deixando Luiz extasiado com a planta. Apanhou pequenos galhos e ia apertando as folhas na palma da mão o que proporcionava um perfume que enchia o ambiente. Luiz era o mais interessado em plantas e animais e por causa disto pretendia continuar os estudos tendo botânica como meta.

    Alguns minutos depois, estavam diante de uma estrutura imponente, um monólito sem igual por aquelas paragens. Escura em grande parte, pelada em vegetação exceto na base onde havia uma mata cheia de flores que a circundava, dando a impressão de um grande bolo de chocolate com bordas enfeitadas. Tinha um formato retangular com o cume formando um patamar por uma extensão razoável.

    Cabia agora a disposição de escalá-la.

    — Vamos lá pessoal, começando pelo lado norte onde não é tão íngreme, disse Pedro. Vamos subindo aos poucos sem a necessidade de cordas. Estamos usando calçados com cano longo, essencial para evitar acidentes com animais José Antonio Vieira - Coletânea Ametista

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    peçonhentos, muito comuns em regiões pedregosas, portanto, toda atenção é pouca, finalizou.

    A primeira providencia era passar pela mata para chegar ao sopé da dela? Pedro ia à frente com um facão cortando cipós e galhos de arvores que atrapalhavam o avançar do grupo. Passavam por pequenos córregos com águas cristalinas e os raios de sol penetravam entre as folhagens denunciando a presença de orquídeas de uma beleza impressionante, agarradas firmemente nas cascas de arvores de longa data.

    Vez ou outra a estridência de um piado e uivos de residentes estranhando a presença daqueles invasores humanos.

    Chegaram ao final da mata, onde havia uma mina de água limpíssima, que dava para ver ao fundo pedras multicoloridas de diversos tamanhos.

    — Vamos encher os cantis, pessoal, por que a jornada de agora em diante será muito cansativa e o nosso objetivo é chegar a parte mais alta.

    No inicio, grandes pedras achatadas formavam degraus que facilitavam a subida, depois disto havia a necessidade de se apoiar em pedras para continuar.

    — Cuidado ao se apoiarem nas pedras, pessoal, porque podem deslocá-la e rolar sobre os outros componentes do grupo que estão mais abaixo. O ideal é seguir numa fila indiana por uma questão de praticidade e de segurança, falava Pedro.

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    Pedro sempre na frente e Matilde logo atrás. Luiz era o ultimo da fila, talvez, uma preocupação com Antonio o mais novo da turma. Pedro, como sendo o de mais idade e possuidor de uma liderança natural guiava o grupo montanha acima.

    De vez em quando paravam para tomar um pouco de água e admirar a paisagem que ficava cada vez mais magnífica à medida que iam subindo.

    Enquanto Antonio sorvia alguns goles da água do cantil, um reflexo de luz intenso os atingiu deixando-os assustados, como se fosse o reflexo de luz vindo de um espelho. Olharam para todos os lados e não viram nada de estranho e nem tinham idéia de onde poderia ter vindo aquela luz.

    Olharam um para o outro com um ar de surpresa e resolveram continuar a escalada. Olhavam para os lados de vez em quando procurando a razão do reflexo, talvez, algo metálico dentro da mata provocou o fenômeno. À medida que iam subindo observavam a coloração de algumas pedras, muito diferentes vistas por eles até então. Uma profusão de quartzo, sílica, e algumas de coloração muito escura dando a impressão de ser manganês ou ferro.

    Somente um entendedor poderia decifrá-las. Não era o caso de nenhum deles ali.

    Pedro arriscou uma suposição.

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    — Na dela? devem existir minerais de alto valor estratégico para o governo o que deve explicar o manto de mistério que a cerca.

    — Vez ou outra vem uma empresa de prospecção mineral investigar esta área, completou Matilde. — Furam em diversos lugares e levam o material retirado das profundezas para fazer uma análise na capital. Não dizem nada sobre os resultados e com isso aumenta mais o mistério ainda. Não faz muito tempo o governo contou com a assessoria de uma empresa britânica que ficou por aqui um bom tempo, no final taparam todos os buracos de prospecção e foram embora.

    — Aí tem coisa, comentou Antonio.

    — Um engenheiro de outro país, aparece aqui de vez em quando portando equipamentos esquisitos, acaba conseguindo pouso na casa de dona Maria. Fica por alguns dias e depois vai embora. Também não fala nada, mesmo porque mal fala a nossa língua, disse Matilde.

    — A quantidade de raios que caem nesta região é impressionante por ocasiões de intensas chuvas, falou mais uma vez Matilde.

    — Ainda bem que o tempo está nos ajudando, observou um Pedro preocupado.

    Afinal estavam subindo cada vez mais e no caso de o tempo virar se tornam alvos perfeitos da ira da natureza.

    Deu uma olhada para o horizonte e o tempo se apresentava José Antonio Vieira - Coletânea Ametista

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    com céu de brigadeiro, não havia uma única nuvem, menos mal.

    — Matilde, vide a casa de seus avós, daqui tem uma visão perfeita do povoado e de toda região. Também se pode ver algumas pequenas cidades ao longe. Sem dúvida é uma aposta para os turistas no futuro quando aqui tiver uma infraestrutura melhor.

    Chegaram ao ponto mais alto depois de várias horas de escalada, estavam exaustos e esfomeados. Pareciam estar no teto do mundo, ainda mais com pequenas nuvens em formação passando sobre suas cabeças, ou um pouco abaixo de onde estavam. Não haviam sombras e nenhuma arvore que pudesse oferecer essa comodidade.

    Sentaram-se ao redor de um pequeno patamar de pedras achatadas e serviram-se dos quitutes de dona Margarida. A sensação de recuperar as energias deu mais fôlego para continuar em frente, queriam conhecer toda aquela extinção do alto da montanha. A natureza lapidou-a por centenas de milhares de anos, tornando mais fácil o deslocamento deles no seu alto.

    O vento frio e cortante incomodava as vezes, mas, estavam bem agasalhados com roupas impermeáveis que as protegiam do vento principalmente. Tinham andado uma boa parte do patamar quando Luiz observou que o tempo estava mudando, havia mais nuvens no horizonte. Algumas tipo cumulus nimbus mais ao sul, e isto não era um bom sinal, porque eram carregadas de chuvas. Pedro se José Antonio Vieira - Coletânea Ametista

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    contemporizou e disse que deveriam voltar porque uma chuva pesada no ponto onde estavam não seria bom para eles.

    O sol ainda reinava majestoso no lado oeste e mais uma vez repetiu-se o fenômeno do reflexo, cegando-os por alguns instantes. Depois não se via mais nada de anormal quando a visão voltava. Alguma coisa estranha estava acontecendo ali com eles, somente não tinham tempo para investigar as causas porque para o sul as nuvens escuras aumentavam de proporção.

    — Vamos voltar logo, pessoal, aqui em cima não temos como abrigar-nos. Podemos descer por aqui disse Antonio, a gente vai economizar tempo.

    — Não acho uma boa idéia disse Pedro.

    — Conhecemos o lugar da escalada, onde não existem muitas pedras soltas o que proporciona mais segurança, tudo é uma questão de acelerarmos os passos e chegar à base antes da chuva começar.

    — Vamos logo, apoiou Matilde.

    Caminhavam com rapidez pela crista da montanha e o céu ficando cada vez mais escuro ao sul. Um relâmpago cortou o céu de cima a baixo, logo um barulho de trovão anunciando uma significativa mudança no tempo.

    Chegaram ao ponto em que iniciava a descida, se apoiando aqui e ali iam pisando firmemente nos sulcos das rochas. Pedro ia à frente, até que num dado momento estancou e olhou fixamente para um dos lados da José Antonio Vieira - Coletânea Ametista

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    montanha. Todos questionaram a parada porque um manto branco de chuva não estava muito distante e dali a pouco iria descer água para valer.

    Pedro disse ter visto algo estranho, mas, não teria tempo naquele momento para explicar. Explicaria quando estivessem na base da montanha. Um olhou para o outro e disseram quase ao mesmo tempo, não vi nada de diferente.

    Pedro retrucou, mas, eu vi com certeza.

    Antonio sentiu o primeiro pingo de chuva, e isto não era um bom sinal porque do ponto onde estavam eram alvos fáceis para as descargas elétricas naturais, ou seja, os raios.

    — Ajudem um ao outro, pessoal, precisamos descer mais rápido porque a chuva já está chegando.

    Já estavam na metade do trajeto de descida quando ouviram um estrondo ensurdecedor, era um raio caindo numa grande pedra no lugar mais alto da montanha. Pedras de menor porte rolavam pela encosta assustando-os. Pedro olhava para cima quando viu uma pedra rolando na direção deles.

    — Cuidado pessoal, vem aí uma pedra, procurem se proteger, percebeu que ela iria atingir Matilde e pulou

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