Mulheres Negras
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Mulheres Negras - Adeildo Vila Nova E Edjan Alves Dos Santos
PREFÁCIO
De uma forma leve, agradável e com muita sensibilidade Adeildo e Edjan nos leva a uma reflexão sobre o quanto a Mulher Negra, apesar de todas as mazelas que a vida lhe impõe, consegue passar pela vida na maioria das vezes superando ou mesmo, de certa forma, sublimando essa difícil trajetória.
Os autores falam da identidade negra, africana e das emoções que perpassam pela sua existência. Nas muitas personagens aqui apresentadas, o livro nos proporciona viagens que possibilitam conexões históricas importantes para a compreensão do que são essas Mulheres Negras. Mulheres Negras
amplia nossos horizontes, contribuindo com informações importantes sobre o sentimento e o imaginário dessas heroínas.
Elas estão retratadas nas mais diferentes formas: da bancária sonhadora às questões de políticas públicas, como instrumentos capazes de mudar a realidade de sempre estar na base da pirâmide.
Adeildo e Edjan conseguiram colocar neste livro uma verdadeira análise da alma dessas mulheres, não de forma técnica, mas antes de tudo, com uma visão muita humana. É muito interessante como esses jovens escritores conseguem penetrar no âmago da alma dessas mulheres e mostrar que, para além de um grande sofrimento, existe uma fortaleza, que inclusive garantiu e ainda garante a sobrevivência das famílias negras.
O livro nos mostra que há saídas sim, para o exercício da cidadania e nos traz conexões históricas para a compreensão do que é ser mulher e especialmente mulher negra.
Elisa Lucas Rodrigues
Coord. Estadual de Políticas para a População Negra e Indígena 15
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APRESENTAÇÃO
A sociedade brasileira necessita, a cada dia, de jovens brasileiros comprometidos com as questões de nosso tempo, de nossas vidas, de maneira a persistir na construção de uma sociedade mais justa, democrática, igualitária, que combata de forma veemente todas as formas de preconceito e discriminação e assim, caminharmos para uma sociedade mais humana.
Apesar de todas as contradições de nosso tempo, onde vemos cotidianamente uma banalização
da violência, e de suas formas de manifestação, onde aquilo que deveria nos indignar passa a ser aceito, como se fosse natural
, encontramos nesses jovens pesquisadores a vontade intelectual de pensar e atuar sobre uma questão tão enraizada e perversa da sociedade brasileira: o preconceito racial, aliando a ele, a questão de gênero e classe social.
O desafio de estudar a trajetória de mulheres negras e pobres que em sua vida conseguiram romper as mais diversas adversidades e barreiras para garantir sua cidadania, sua vida, foi tratada pelos jovens pesquisadores com esmero, persistência e respeito àquelas mulheres com quem se encontraram
para estabelecer o diálogo que este livro revela nas próximas páginas, resultado do Trabalho de Conclusão de Curso para graduação em Serviço Social.
Gostaria de lembrar a fala da autora (aluna na época), que é afro-brasileira, fazendo esta pesquisa eu aprendi a me conhecer melhor... a ter mais respeito pelo que eu represento...
. Num processo como esse, pesquisador e sujeitos de pesquisa, criam uma teia de significados que possibilitará 17inaPág
novas formas de se posicionar frente à realidade, através de uma ressignificação crítica da realidade.
Nas questões expostas pelas oito mulheres entrevistadas, identificamos questões relacionadas à subjetividade, da vida vivida de cada uma delas, da maneira como buscaram ao seu modo, viver a vida, mas, e principalmente, apontam em seus relatos e é defendido pelos autores, a responsabilidade do Estado para que possamos brevemente romper com tanta barbárie e a reprodução social das desigualdades sociais.
Este estudo é mais um instrumento de denúncia para romper com a invisibilidade da questão racial que afeta de forma drástica as mulheres negras e pobres. É uma exigência para que as diversas Políticas Públicas tenham um olhar
, uma atitude de proteção e defesa a quem depende do poder público, muitas vezes, até para sobreviver. E ainda o estudo revela, que se não agirmos agora, continuaremos reproduzindo ainda por muito tempo, milhares de mulheres e homens excluídos de uma sociedade que se ergueu e se enriqueceu com seu suor e sangue.
Daí a importância de jovens intelectuais e profissionais comprometidos com a mudança da realidade social. Não basta a formação acadêmica profissional, é fundamental a formação ética, que nos coloca no olho do furacão
, onde nos diversos espaços profissionais que atuamos temos que defender cotidianamente e arduamente àqueles que mais necessitam, defender valores como cidadania, democracia, justiça social, igualdade, humanidade, e que as próximas páginas revelarão aos leitores que são valores violados cotidianamente principalmente às mulheres negras e pobres.
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Este livro demonstra que a esperança resiste e a luta perpassa e contamina aqueles que estão atentos e dispostos a acreditar que uma outra sociedade é possível.
Para finalizar, gostaria que a bela
e fecunda reflexão feita por esses dois jovens pesquisadores que os leitores encontrarão na leitura do livro, se unisse à reflexão feita por Saramago, que nos revela, reafirma e nos exige o compromisso com a mudança, com o dever da reparação àqueles que conseguem aprender a ver. Penso que a leitura deste livro contribuirá para que possamos aprender a ver...
"Se podes olhar, vê.
E se podes ver, repara."
José Saramago
Maria Natália Ornelas Pontes Bueno Guerra
Assistente Social, e Mestre em Serviço Social pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP), Profª do Curso de Serviço Social do Centro Universitário Monte Serrat (UNIMONTE), Santos-SP. Com especialização em Sociologia (ESP/USP) e Violência Doméstica contra crianças e adolescentes (LACRI/USP).
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INTRODUÇÃO
A necessidade da pesquisa
A ideia proposta de pesquisar sobre a questão racial e de gênero se deu pela escassez de material bibliográfico existente em relação a esta temática e especificamente no que se refere à relação entre a Assistência Social e a Questão Racial no Brasil.
Infelizmente, nas políticas públicas de assistência social a questão racial é pouquíssima relacionada com a assistência social. Na maioria das vezes estas políticas tendem a considerar a questão racial como uma questão meramente social, ou para justificar melhor, como uma questão apenas econômica.
Subjacente a este posicionamento, resolvendo-se o problema econômico, consequentemente a questão racial estaria resolvida, o que não ocorre.
A escassez de registros sobre a participação da comunidade negra e, consequentemente, da mulher negra nos mais diversos espaços da sociedade brasileira é ratificada pela assistente social Matilde Ribeiro, ex-ministra da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR) no seu artigo Mulheres Negras: uma trajetória de criatividade, determinação e organização
através da citação de Schuma Schumaher e Érico Vital Brazil:
Constatamos que a ausência de registros sobre a participação das afrodescendentes na formação
e no desenvolvimento do Brasil é gritante. Com exceção dos escritos sobre o sistema
escravocrata e, por vezes, uma ou outra alusão à 23
Chica da Silva, não se encontram muitas outras inaPág
referências e informações sobre as mulheres negras em nossos museus, currículos escolares, livros
didáticos
e/ou
narrativas
oficiais
(SCHUMAHER e BRAZIL 2007 apud RIBEIRO,
2008, p. 991).
A invisibilidade da questão racial nas estratégias de enfrentamento da pobreza se constitui em um grande paradoxo, pois apesar das inegáveis desigualdades sociais impostas aos negros e comprovadas por diversas pesquisas, a pobreza, o desemprego e a baixa renda dos negros brasileiros foi sempre reduzida à questão de classe social, ignorando-a como uma questão racial.
Assim, torna-se necessário uma maior reflexão sobre as questões étnicas e raciais que perpassam a questão social no Brasil e suas implicações na execução das políticas públicas de assistência social.
[...] uma vez que o racismo e o preconceito fazem parte das relações de dominação e exploração, é o assistente social – que tem como principal função trabalhar as relações sociais através de uma ação educativa, visando a consciência e a participação – um profissional indispensável para a eliminação das situações de discriminação que vivemos. Não é só esta categoria profissional, mas todos os intelectuais e trabalhadores sociais devem intervir nessa questão, informando e conscientizando negros e brancos por meio de ações educativas e, no caso da população negra, especificamente, estimulando e propiciando sua organização e participação política (PINTO, apud 24
RIBEIRO, 2004, p. 151).
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É preciso levar em consideração todo o caminho percorrido pelos negros e como se deu o processo de escravização e de abolição da escravatura no nosso país para que possamos ter critérios que tenham como fundamento o princípio da equidade e assim podermos, de fato, contribuir com a
promoção
de
oportunidades
iguais
para
todos,
independentemente de sua raça/cor/etnia1.
É claro que se existe uma questão social como a pobreza que compromete socialmente e expressivamente a população negra, resolvida esta questão, consequentemente a questão racial também seria resolvida. O que está em questão aqui, não é o fato de a população negra ser a mais pobre, mas o porquê ela, a população negra, se mantém nestas condições. Ou seja, quais fatores contribuem para que ela não saia desta condição de pobreza, dessa condição de vulnerabilidade e exclusão social.
O que deve ser feito para que a população possa ascender socialmente. Para que tenha mobilidade social e possa, definitivamente, sair destas condições de pobreza e de vulnerabilidade a qual a sociedade brasileira lhes impõe diariamente no cotidiano da sua vivência e das suas experiências de vida como ser social. Pois, mesmo diante da hipótese remota de se alcançar um status social superior à sua atual condição, continuará sofrendo o agravamento e a complexidade do racismo e da intolerância.
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1 Estes termos são usados conjuntamente para que as pessoas possam se identificar por qualquer uma delas. Isso se dá pelas diversas formas que os negros utilizam para se identificar e pela falta de um único conceito para estes termos.
O Serviço Social