Amor Aos Inimigos
De Silvio Dutra
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Amor Aos Inimigos - Silvio Dutra
"43 Ouvistes que foi dito: Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo.
44 Eu, porém, vos digo: amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem;
45 para que vos torneis filhos do vosso Pai celeste, porque ele faz nascer o seu sol sobre maus e bons e vir chuvas sobre justos e injustos.
46 Porque, se amardes os que vos amam, que recompensa tendes? Não fazem os publicanos também o mesmo?
47 E, se saudardes somente os vossos irmãos, que fazeis de mais? Não fazem os gentios também o mesmo?
48 Portanto, sede vós perfeitos como perfeito é o vosso Pai celeste." (Mateus 5.43-48).
Foi principalmente por ter em vista a aplicação incorreta que os judeus haviam feito da lei de Moisés, acrescentando à mesma um preceito que não se encontra na revelação, a saber, o de se odiar os inimigos, que nosso Senhor Jesus Cristo acrescentou esta instrução no Sermão do Monte, quanto ao dever de não se odiar os inimigos, mas de amá-los.
A interpretação destas palavras tem sido feita de variadas maneiras, que em sua grande maioria ou fica aquém do ensino pretendido por Jesus, ou até mesmo que o adulteram.
Como elas foram proferidas no contexto do Velho Testamento, no qual os judeus ainda viviam durante o ministério terreno de Jesus, uma vez que o Novo Testamento, ou Nova Aliança, entraria em vigor, somente depois da Sua morte e ressurreição, entendemos que seria oportuno e conveniente interpretá-las no próprio contexto em que foram proferidas, uma vez que apesar de se referirem a um dever universal, o ensino foi colocado para corrigir, antes de tudo, o modo como a cultura do judaísmo tratava o assunto.
É possível que o mandamento divino de que Israel não se misturasse aos costumes das nações pagãs, imitando as suas más obras, possa ter sido uma das causas que levaram à distorção do mandamento, levando os israelitas à consideração de que o amor deveria ser restringido entre aqueles que fossem da nação eleita, e que as pessoas das demais nações deveriam ser odiadas, ainda que não propriamente com um ódio de caráter intencional destruidor, mas que os levasse a se aborrecerem dos que não seguissem nos mesmos costumes em que os israelitas viviam.
Nós vimos que mesmo entre eles, havia muitas divisões e dissensões, decorrentes de um zelo sem discernimento quanto à aplicação da Lei de Moisés, considerando que fosse até mesmo apropriado perseguir, prender e matar aqueles, que segundo o próprio entendimento deles, estavam agindo contra a Lei de Moisés. Isto era feito na maior parte dos casos por motivações invejosas e carnais, pela consideração de se considerarem superiores aos demais que não conheciam a Lei, conforme podemos ver no caso da perseguição sofrida pelo próprio Senhor Jesus pelos judeus, e depois dEle, pelos apóstolos e os demais crentes.
Eles faziam tudo isto alegando estarem respaldados pela Lei, que consentia neste ódio aos inimigos.
Ora, como o Evangelho é a chamada de Deus a todos os povos e nações, para que se convertam a Cristo, pela graça e mediante a fé, jamais haveria qualquer progresso no Reino de Deus caso um espírito rancoroso como o citado prevalecesse. Como poderia haver missões evangelizadoras, sobretudo entre os gentios, como por exemplo, as empreendidas pelo apóstolo Paulo, estando-se sob o domínio deste espírito que faz acepção de pessoas? Como o amor de Deus prevaleceria entre pecadores conduzindo-os ao arrependimento e à conversão?
Foi portanto, para este motivo maior da expansão do Reino de Deus que nosso Senhor se apressou a colocar as coisas em seus devidos lugares, quanto à forma espiritual e verdadeira com que a Lei deveria ser interpretada e aplicada.
Como Deus havia revelado no próprio período do Velho Testamento que salvaria pessoas de todas as nações, perdoando-lhes todos os pecados, por mais hediondos que eles fossem, exceto a blasfêmia contra o Espírito Santo, então deveria haver uma disposição de mente e coração correta naqueles que viessem a crer e na obra deles de proclamarem o evangelho. Eles deveriam estar preparados para pregar o amor de Deus em um mundo que lhes seria hostil e no qual muitos os odiariam. E a forma de fazê-lo deveria ser com um espírito perdoador e símplice, apesar de prudente, e sobretudo cheio do amor de Deus que é derramado em seus corações pelo Espírito Santo.
Para fixar este dever, o Senhor havia declarado anteriormente no ensino do Sermão do Monte o seguinte:
"38 Ouvistes que foi dito: Olho por olho, dente por dente.
39 Eu, porém, vos digo: não resistais ao perverso; mas, a