As Batalhas Espirituais Finais - Parte 3
De Silvio Dutra
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As Batalhas Espirituais Finais - Parte 3 - Silvio Dutra
Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.
(João 3.16)
Se tomarmos as palavras de Jesus em João 3.16 e as transportarmos em sua interpretação para o simples campo do debate religioso, ficaremos a uma profunda distância do seu real significado, aplicando-o de forma generalizada a tudo quanto exista no mundo, o que seria incorreto, pois ali se excluem todas as demais coisas que não possam crer, pois é dito expressamente que o objetivo da missão do Filho em ter sido dado pelo Pai ao mundo e enviado a Ele é dirigido a todo o que crer, e isto sabemos que é dado somente a seres morais, ou seja, à humanidade. Mas o principal a ser recolhido nestas palavras do Senhor é que Ele foi dado para ser um sacrifício e que o que motivou o Pai a isto foi o seu amor por aqueles que viriam a crer no Filho, de modo que não perecessem por causa do pecado, mas, como nas palavras do mesmo texto, que viessem a alcançar a vida eterna.
Agora, se permanecermos aqui e não avançarmos em nossa interpretação em busca do pleno significado do que foi dito pelo Senhor, é possível que não cheguemos a compreender como é que este amor de Deus pela humanidade se expressa e para qual finalidade. É preciso examinar todo o contexto destas palavras de João 3.16 para podermos entender que ali se fala da necessidade de um novo nascimento do Espírito Santo para que o propósito de Deus se cumpra, porque o seu amor ao mundo busca uma correspondência de volta a este amor por parte daquele que foi amado. E isto não seria possível caso não houvesse um novo nascimento operado pelo Espírito Santo, pelo qual somente é possível termos este amor de Deus derramado em nossos corações. Em outras palavras, somente por estarmos cheios do Espírito que podemos sentir e expressar o nosso amor a Ele e ao nosso próximo, do mesmo modo conforme somos amados por Ele.
Este sentimento e expressão do amor de Deus encontrava-se no apóstolo Paulo e foi isto que o levou a dizer as palavras de 2 Corintios 5.18-21:
"18 Ora, tudo provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por meio de Cristo e nos deu o ministério da reconciliação,
"19 a saber, que Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não imputando aos homens as suas transgressões, e nos confiou a palavra da reconciliação.
20 De sorte que somos embaixadores em nome de Cristo, como se Deus exortasse por nosso intermédio. Em nome de Cristo, pois, rogamos que vos reconcilieis com Deus.
21 Aquele que não conheceu pecado, ele o fez pecado por nós; para que, nele, fôssemos feitos justiça de Deus."
Como um embaixador enviado por Deus desde o Seu reino para uma nação estrangeira, ele fala com o mesmo sentimento de amor de Deus pelo homem, a ninguém excluindo de sua mensagem, para que atendesse ao convite daquele que o enviou em missão para participarem do Seu Reino, deixando de estar em guerra de oposição a Ele, pois estava disposto a se reconciliar com eles através da obra realizada por seu Filho em favor deles. E se Deus estava assim disposto, cabia a eles estarem dispostos também a se reconciliarem com Ele.
Mas estes que se reconciliam são em si mesmos apenas vasos fracos de barro, incapazes de manifestar o amor espiritual, celestial e divino, caso não sejam enchidos e movidos pelo Espírito Santo, que é o único que pode mudar seus corações insensíveis de pedra em corações de carne sensíveis ao amor de Deus, a ponto deste amor transbordar até mesmo em direção daqueles que são seus inimigos.
É possível ter sentimentos de amor e inclusive chorar por compaixão de um cruel inimigo? Sim, desde que como vimos antes, sendo tomados pelo Espírito Santo para isto.
Então, esta é a mensagem central, o coração do evangelho. Isto é o puro Cristianismo, e revela o quão vil é se opor e atacá-lo sob a alegação de ser uma religião que dissemina o ódio. Uma acusação dessa monta repousa na ignorância do que seja de fato o Cristianismo e poderia ser somente insuflada pelo grande Inimigo de Deus e o evangelho, a saber, Satanás o diabo, que sempre será achado neste propósito de erradicar o cristianismo da Terra.
Foi isso que levou Jesus a interceder em favor dos seus algozes, mesmo quando morria na cruz, dizendo que eles não sabiam o que estavam fazendo, pois todo aquele ódio e desprezo por Ele era sem causa, não havia um motivo para aquilo, pois sempre os havia amado a ponto de chorar por toda a Jerusalém, em razão do endurecimento deles ao convite de amor de Deus para se reconciliarem com Ele por meio da fé em Seu Filho.
E apesar deste ódio sem causa a Jesus e ao evangelho ter continuado na história da humanidade até os nossos dias, o amor de Deus continua inalterado e ainda enviando embaixadores com a sua mensagem de amor a todas as partes do mundo, e é por causa deste amor movendo os seus corações que muitos destes missionários têm sido martirizados e perseguidos desde os dias da Igreja Primitiva até hoje.
Mesmo depois de tantas crueldades e injustiças contra os cristãos e contra a mensagem do evangelho, o amor de Deus permanece o mesmo, ainda que tenha que manter sob acusação para uma condenação eterna caso não venham a se arrepender enquanto vivem aqui embaixo, pois isto é exigido pelo atributo da Justiça perfeita divina que exige que somente por possuir uma justiça também perfeita os seres morais podem ser unidos espiritualmente a Deus fazendo-se co-participantes da Sua natureza, e esta justiça perfeita nenhum ser humano possui, senão somente Jesus que pode imputá-la a nós, caso nos liguemos a Ele em espírito.
Então no mesmo contexto de João 3.16, Jesus também disse o seguinte:
"17 Porquanto Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que julgasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele.
18 Quem nele crê não é julgado; o que não crê já está julgado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus.
19 O julgamento é este: que a luz veio ao mundo, e os homens amaram mais as trevas do que a luz; porque as suas obras eram más.
20 Pois todo aquele que pratica o mal aborrece a luz e não se chega para a luz, a fim de não serem arguidas as suas obras.
21 Quem pratica a verdade aproxima-se da luz, a fim de que as suas obras sejam manifestas, porque feitas em Deus."
Com isto, vemos que o amor do qual aqui se fala não envolve apenas sentimento ou mover espiritual, mas também um necessário fundamento na justiça e na verdade, pois ambos antecedem ao amor, porque não há verdadeiro amor onde não haja a justiça e a verdade de Deus em nossas vidas.
Sem esgotar todas as particularidades deste amor de Deus, no que tange às suas realizações e manifestações em nós, o apóstolo Paulo nos apresenta a seguinte descrição no texto de I Coríntios 13:
"1 Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver amor, serei como o bronze que soa ou como o címbalo que retine.
2 Ainda que eu tenha o dom de profetizar e conheça todos os mistérios e toda a ciência; ainda que eu tenha tamanha fé, a ponto de transportar montes, se não tiver amor, nada serei.
3 E ainda que eu distribua todos os meus bens entre os pobres e ainda que entregue o meu próprio corpo para ser queimado, se não tiver amor, nada disso me aproveitará.
4 O amor é paciente, é benigno; o amor não arde em ciúmes, não se ufana, não se ensoberbece,
5 não se conduz inconvenientemente, não procura os seus interesses, não se exaspera, não se ressente do mal;
6 não se alegra com a injustiça, mas regozija-se com a verdade;
7 tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.
8 O amor jamais acaba; mas, havendo profecias, desaparecerão; havendo línguas, cessarão; havendo ciência, passará;
9 porque, em parte, conhecemos e, em parte, profetizamos.
10 Quando, porém, vier o que é perfeito, então, o que é em parte será aniquilado.
11 Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, pensava como menino; quando cheguei a ser homem, desisti das coisas próprias de menino.
12 Porque, agora, vemos como em espelho, obscuramente; então, veremos face a face. Agora, conheço em parte; então, conhecerei como também sou conhecido.
13 Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três; porém o maior destes é o amor."
Por este texto e por tudo o que se falou até aqui podemos ver claramente que toda a pregação que condena o pecado não tem por alvo condenar o pecador em seu estado caído, pois isto significaria uma adulteração da mensagem que Deus confiou aos seus embaixadores para transmitirem aos perdidos em nome de Cristo, não somente de que há esperança para eles, mas que se arrependam de seus pecados para poderem se reconciliar com o Criador, uma vez que o pecado foi o agente responsável pelo afastamento que há entre o homem natural e Deus.
Impõe-se a necessidade de um novo nascimento do Espírito Santo, para a recepção de uma nova natureza espiritual santa e sem pecado, que será desenvolvida no crente até que ele chegue à estatura de maturidade que há em Cristo.
Com o propósito de convencer a humanidade caída da perigosa posição em que se encontra caso não se converta, Deus operou grandes juízos contra o pecado, especialmente no período do Antigo Testamento, inclusive sobre nações inteiras, para seja temido e atendido em suas ameaças contra o pecado, e por fim muitos se convertam de suas más obras, voltando-se para ele para viverem em justiça e santidade. De modo que tais ameaças e juízos não devem ser considerados que havia um Deus cruel nos dias do Antigo Testamento que foi pacificado por Jesus, uma vez que ambas afirmações são incorretas. Deus não muda, e Jesus sendo Deus veio em missão de salvação, mas há de voltar em missão de Juízo. Mas tanto em suas ameaças quanto em seus juízos não são excluídos sua longanimidade, amor e misericórdia, pois são atributos essenciais de sua natureza divina, de modo que faríamos bem em não considerar erroneamente todas as suas ações contra o pecado como uma forma de ódio pela humanidade, pois