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Riscos globais e biodiversidade
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E-book121 páginas1 hora

Riscos globais e biodiversidade

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Sobre este e-book

Sabia que vários trabalhos científicos e relatórios internacionais denunciam que se assiste hoje a uma extinção em massa inédita no planeta? E que grande parte dos riscos globais se deve à sobreexploração dos recursos naturais provocada pelo aumento da população mundial? O presente ensaio defende que perda de biodiversidade e alterações climáticas são riscos indissociáveis. Sob este prisma, e porque os riscos estão interligados, relembra e relaciona alguns conceitos sobre o metabolismo energético e as mudanças no clima, a escassez de reservas e o excesso populacional. É uma chamada de atenção, esclarecedora e firme, sobre a urgência em olhar a biodiversidade e a sua conservação como medida para travar os riscos planetários que o Homem induziu ao longo da sua evolução. Veja o vídeo de apresentação da obra em youtu.be/-Iw8AID6TL8
IdiomaPortuguês
Data de lançamento17 de ago. de 2021
ISBN9789899064041
Riscos globais e biodiversidade
Autor

Maria Amélia Martins-Loução

Maria Amélia Martins-Loução é bióloga, professora catedrática aposentada de Ciências, Universidade de Lisboa, investigadora no Centro de Ecologia, Evolução e Alterações Globais e presidente da Sociedade Portuguesa de Ecologia. Doutorada em Biologia e agregada em Ecologia, realizou mestrado em Comunicação de Ciência. É autora de mais de 250 títulos (capítulos, livros, artigos e textos de divulgação).

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    Riscos globais e biodiversidade - Maria Amélia Martins-Loução

    Siglas usadas

    4 per 1000 — iniciativa para aumentar anualmente em 0,4 % o carbono do solo, sigla de The ‘4 per 1,000’ initiative

    AMEI — plataforma on-line de modelação agrícola, sigla inglesa de Agricultural Model Exchange Initiative

    BGCI — Rede Internacional de Jardins Botânicos, sigla inglesa de Botanic Gardens Conservation International

    COP 15 — Conferências das Partes da Biodiversidade, Kunming, China

    COP 26 — Conferências das Partes para o Clima, Glasgow, Reino Unido

    CWR — espécies silvestres parentais de cultivares, sigla inglesa de Crop Wild Relatives

    FABLE — Alimentação, Agricultura, Biodiversidade, Uso da Terra e Energia, sigla inglesa de Food, Agriculture, Biodiversity, Land-Use and Energy

    FAO — Organização das Nações Unidas para a Alimentação, sigla inglesa de Food and Agriculture Organization of United Nations

    GCP — Projecto de Carbono Global, sigla inglesa de Global Carbon Project

    GDN — Acordo Global para a Natureza, sigla inglesa de Global Deal for Nature

    Haber-Bosch — processo de produção de fertilizantes químicos

    INMS — Sistema Internacional de Gestão de Nitrogénio, sigla inglesa de International Nitrogen Management System

    IPBES — Plataforma Intergovernamental para a Biodiversidade e os Serviços do Ecossistema, sigla inglesa de Intergovernmental Platform on Biodiversity and Ecosystem Services

    IPCC — Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas, sigla inglesa de Intergovernmental Panel on Climate Change

    IUCN — União Internacional para a Conservação da Natureza, sigla inglesa de International Union for Conservation of Nature

    ONU – Organização das Nações Unidas

    PAC — Política Agrícola Comum da União Europeia

    PIB — Produto Interno Bruto

    UNEP — Programa do Ambiente das Nações Unidas, sigla inglesa de United Nations Environmental Program

    UNESCO — Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura, sigla de United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization

    Símbolos químicos usados

    CFC — clorofluorcarboneto

    CH4 — metano

    CO2 — dióxido de carbono

    N2 — nitrogénio molecular

    N2O — óxido nitroso

    NH3 — amoníaco

    NO — monóxido de nitrogénio

    NO2 — dióxido de nitrogénio

    NOx — óxidos de nitrogénio

    O2 — oxigénio

    Prelúdio

    A vida é um caminho de luzes e de sombras. O importante é vitalizar as sombras e aproveitar as luzes.

    HENRI BERGSON (FILÓSOFO FRANCÊS, PRÉMIO NOBEL DE LITERATURA EM 1927)

    Ao longo do tempo, assistimos a um diálogo permanente entre a ciência e a natureza. Até meados do século XX, a ciência clássica realçava a noção de ordem, estabilidade e equilíbrio. Actualmente, pelo contrário, descobrimos instabilidades, descrevemos alterações e adquirimos a noção de risco. Crescimento ilimitado, fé cega na ciência e perda de ligação à natureza são os actuais mitos da nova sociedade tecnológica. No entanto, assistimos ao aparecimento de novos valores e ao maior escrutínio e avaliação das ligações entre economia, saúde e questões ambientais, que esta crise pandémica do SARS­-CoV­-2 veio acelerar. O ano 2020 evidenciou a presença de riscos globais e transversais: a saúde, a pobreza e o subdesenvolvimento estão intimamente ligados aos problemas ambientais. O crescimento económico não se pode alcançar e sustentar num planeta em crise ecológica. A sociedade não pode divorciar­-se da natureza e da sua compreensão. Surge a necessidade de uma visão mais global, holística e transversal, que contribua para uma «revolução científica» de integração, que é dada pela Ecologia.

    Os ecólogos, ou profissionais da Ecologia, centram­-se na investigação, no acumular de evidências sobre a complexidade das interacções presentes entre organismos vivos, Homem incluído. Actualmente, a ecologia e os ecólogos vêem­-se numa posição desafiante, sobretudo pela mudança de comportamentos e visões da sociedade mundial, motivada por uma maior sensibilização para as questões ambientais. A ecologia, enquanto ramo da Biologia, está hoje quase autónoma, apresentando­-se como ciência transversal, multidisciplinar, capaz de responder e conduzir as tendências de pensamento e acção dos mais diversos sectores, desde a política à saúde, educação e economia. Hoje, cabe aos ecólogos o desafio de informar e clarificar a sociedade não só acerca das áreas do ambiente, ecossistemas e alterações climáticas, mas também em áreas determinantes de como minimizar riscos que ponham em causa a saúde, a economia, o urbanismo e a produção agrícola. E isto com base em conhecimento científico acumulado e testado.

    Os registos arqueológicos e geológicos sugerem impactes do Homem nos ecossistemas, ao longo dos últimos 50 mil anos. Nos últimos três mil anos, as modificações que a caça, a queima e a agricultura originaram são irrefutáveis. Mas foram as alterações na biodiversidade, na biogeoquímica e nos processos geomorfológicos, decorrentes da industrialização, que levaram o ecólogo Eugene Stoermer, em 1980, a propor uma nova era geológica, o Antropoceno, face ao impacte da espécie humana no globo. No ano 2000, Paul Crutzen, Prémio Nobel da Química (1995), explicou a ligação entre as modificações na química da atmosfera e as alterações climáticas e relançou e popularizou o termo Antropoceno.

    Efeitos de ondas de calor, chuvas fortes, inundações, deslizamentos de terra, secas, incêndios, avalanches e ondas de tempestade sentem­-se um pouco por toda a Europa, cada vez com mais frequência. Esses eventos extremos, relacionados com o clima, exercem elevados impactes na saúde humana, na economia e nos ecossistemas. E são particularmente exacerbados pela degradação e uniformização dos ecossistemas. Os riscos das alterações climáticas são já assumidos: a frequência e a gravidade da maioria desses perigos aumentarão em toda a Europa nas próximas décadas. Os relatórios do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC, sigla inglesa de Intergovernmental Panel on Climate Change) descrevem inúmeros impactes negativos e alertam para a necessidade de a sociedade e as autoridades públicas se adaptarem a um clima em mudança. Mas também os sucessivos alertas da Plataforma Intergovernamental para a Biodiversidade e os Serviços do Ecossistema (IPBES, sigla inglesa de Intergovernmental Platform on Biodiversity and Ecosystem Services) têm vindo a mostrar o papel do Homem, enquanto modelador da paisagem e gestor de espécies nos ecossistemas, como responsável pelos problemas ambientais e sociais que hoje enfrentamos a nível

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