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Suplemento Pernambuco #203: Papoulas com espinhos
Suplemento Pernambuco #203: Papoulas com espinhos
Suplemento Pernambuco #203: Papoulas com espinhos
E-book145 páginas1 hora

Suplemento Pernambuco #203: Papoulas com espinhos

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Sobre este e-book

Um amplo panorama sobre a obra de Pedro Lemebel (1952-2015), autor chileno que será lançado no Brasil neste semestre; um perfil da escritora Luciany Aparecida, que trabalha com assinaturas estéticas em suas ficções; o legado e a influência de Carmilla, clássico da literatura gótica lançado há 150 anos que deu forma ao imaginário sobre os vampiros; elementos indispensáveis para entender A filha do capitão, importante romance do "pai da literatura russa", Aleksandr Púchkin (1799-1837); a escrita e os trajetos de Noé Jitrik (1928-2022), autor argentino que criou formas de singulares para a crítica e para a ficção.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento30 de dez. de 2022
ISBN9786554390927
Suplemento Pernambuco #203: Papoulas com espinhos

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    Suplemento Pernambuco #203 - Jânio Santos

    CARTA DOS EDITORES

    Começamos o novo ano na esquina, onde o chileno Pedro Lemebel (1952-2015) diz estar o seu coração. Anteriormente publicado no Brasil em edições pequenas, Lemebel foi notado por casas editoriais maiores ‒ será lançado no país pela Zahar, do grupo Companhia das Letras, e o volume inaugural, Poco hombre: Escritos de uma travesti terceiro-mundista , será vertido ao nosso idioma por Mariana Sanchez. Era um autor (ou autora , já que se referia a si mesma de forma fluida) indócil se o pensarmos a partir de lugares hegemônicos. Os ruídos que sua obra e comportamento geraram é o que abordamos. Na nossa primeira edição de 2023, você lê um panorama sobre Lemebel em textos que mostram como ela representou as questões queer em críticas dramáticas, cômicas, pungentes e corrosivas à cultura do Chile de Pinochet ‒ que foi o laboratório sui generis do neoliberalismo na América Latina. Coração na esquina, papoulas com espinhos, sexo com sapatos de palhaço, uma volta por São Paulo: você percorrerá uma colagem de trânsitos e palavras sobre Lemebel e sua obra.

    Outros textos desta edição primam por certa pluralidade que, cada um a seu modo, miram o literário sob diferentes perspectivas. O perfil da escritora Luciany Aparecida expõe a forma própria pela qual ela faz circular suas dobras literárias entre estética e política. O artigo sobre os 150 anos de Carmilla, texto clássico da literatura gótica, e a resenha sobre o volume de contos de terror Tênebra se encontram ao trabalharem o terror e o gótico como plataformas de onde se miram parte significativa das histórias das literaturas no Ocidente. A resenha sobre A filha do capitão, mais detida em criar um contexto que favorece a leitura dessa ficção, nos mostra o porquê de ler os textos do russo Aleksandr Púchkin (1799-1837). O ensaio sobre Noé Jitrik (1928-2022) trabalha com uma apresentação e duas rápidas leituras do escritor argentino, constituindo um breviário das potências da obra dele.

    Ainda nesta edição, a entrevista com a antropóloga Letícia Cesarino alerta para questões complexas e necessárias sobre o lugar e as transformações operadas pela tecnologia (em especial, as novas mídias) em nossas vidas e na política representativa.

    Um ótimo 2023 e boa leitura!

    COLABORAM NESTA EDIÇÃO

    Adelaide Ivánova, poeta, tradutora e fotógrafa, autora de 13 nudes; Alejandra Costamagna, escritora chilena, autora de Sistema do tato; Anelise De Carli, professora (EBA/UFRJ); Cristhiano Aguiar, escritor e professor, autor de Os justos; Edma de Góis, doutora em Literatura (UnB); Irineu Franco Perpetuo, tradutor e jornalista, autor de Como ler os russos; Iuri Müller, escritor, autor de Luz em nevoeiro; Laura Erber, poeta e artista visual, autora de A retornada; Leonardo Nascimento, jornalista doutorando em Antropologia Social (UFRJ); Rodrigo Garcia Lopes, poeta e tradutor, autor de O enigma das ondas

    EXPEDIENTE

    Governo do Estado de Pernambuco

    Governador

    Paulo Henrique Saraiva Câmara

    Vice-governadora

    Luciana Barbosa de Oliveira Santos

    Secretário da Casa Civil

    José Francisco Cavalcanti Neto

    Companhia editora de Pernambuco – CEPE

    Presidente

    Ricardo Leitão

    Diretor de Produção e Edição

    Ricardo Melo

    Diretor Administrativo e Financeiro

    Bráulio Meneses

    Superintendente de produção editorial

    Luiz Arrais

    EDITOR

    Schneider Carpeggiani

    EDITOR ASSISTENTE

    Carol Almeida e Igor Gomes

    DIAGRAMAÇÃO E ARTE

    Hana Luzia e Janio Santos (Diagramação e Arte)

    Matheus Melo (Webdesign)

    ESTAGIÁRIOS

    Luis E. Jordán, Rafael Olinto e Vitor Fugita

    TRATAMENTO DE IMAGEM

    Agelson Soares e Sebastião Corrêa

    REVISÃO

    Dudley Barbosa e Maria Helena Pôrto

    colunistas

    Diogo Guedes, Everardo Norões, Gianni Gianni (interina) e José Castello

    Supervisão de mídias digitais e UI/UX design

    Rodolfo Galvão

    UI/UX design

    Edlamar Soares e Renato Costa

    Produção gráfica

    Júlio Gonçalves, Eliseu Souza, Márcio Roberto, Joselma Firmino e Sóstenes Fernandes

    marketing E vendas

    Bárbara Lima, Giselle Melo e Rafael Chagas

    E-mail: marketing@cepe.com.br

    Telefone: (81) 3183.2756

    Assine a Continente

    CRÔNICA

    A coragem de tocar o passado com as mãos

    Avós, anedotas, bibliotecas enterradas e as nossas histórias de violência

    Laura Erber

    hana luzia

    No domínio dos acontecimentos do passado, é a anedota, e não a história, a arte de desencavar o tempo trazendo-o para bem perto. Como uma madeleine irrecusável, as anedotas nos aproximam dos acontecimentos longínquos criando entre nós e eles uma familiaridade irresistível. Parece que foi ontem, ou agora.

    Há assuntos que ficaram por muito tempo enterrados, dando a falsa impressão de que foram trancados num espaço definido e acabado. Exigem de nós a força e talvez mesmo a coragem insolente da anedota. Não para nos fazer rir, mas para criar essa proximidade que toca o passado como coisa presente, sobretudo quando o passado não passa, vivo e morto em sua própria câmara de ecos.

    Se a anedota tem o poder de desencavar subitamente o passado lançando-o em nosso colo ou como um tapa na cara, enfim, tirando-nos da posição de reféns da distância, há pessoas que desencavam coisas mesmo, objetos, ossos, palavras, bibliotecas inteiras. Profissionalmente, recebem certos nomes, ainda que sejam talvez todos movidos por uma necessidade de tocar a matéria do tempo.

    Entre dezembro de 1975 e março de 1976, o casal argentino Liliana Vanella e Dardo Alzogaray enterraram sua preciosa biblioteca dentro de um poço de cal no quintal da casa onde viviam, na cidade de Córdoba. Meses depois se exilaram no México.

    Oito anos mais tarde, de volta a seu país, graças a um programa de repatriação de exilados, o casal tratou de procurar a biblioteca enterrada no quintal da casa. As buscas não resultaram em grande coisa. Ao resgatar uma bolsa com um livro totalmente desfeito pela umidade, Dardo se contentou com a evidência eloquente da decomposição das obras e com o fim da biblioteca onde havia os seus Oliverio Girondo, um lindo livro de Heberto Padilla, Garcia Lorca, Guillén e Vallejo.

    Décadas se passaram e os filhos do casal num gesto de bela teimosia se juntaram a uma equipe de antropologia forense e decidiram realizar novas buscas pela biblioteca dos pais. Em 2017, começaram os trabalhos de escavação. Para quem quiser saber mais, o livro La Biblioteca Roja, assinado por Gabriela Halac, Agustín Berti e Tomas Alzogaray Vanella, conta essa história através de um tecido textual de rara beleza.

    Mas talvez seja preciso desencavar um pouco a história da antropologia forense na Argentina. E voltamos a 1983, quando foi eleito um novo governo constitucional, ou a um ano antes, quando a organização Abuelas de Plaza de Mayo entrou em contato com membros da Associação Americana para o Progresso da Ciência (AAAS), em Nova York, porque precisavam de métodos confiáveis para analisar os corpos e poder identificar seus netos desaparecidos. Foram informadas então de que era possível determinar, por meio das técnicas de estudo de restos esqueléticos, se uma mulher havia dado à luz antes de morrer. Foi utilizando esse conhecimento que o pai da antropologia forense, o canadense Clyde Snow, conseguiu determinar em 1985 que

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