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Práticas Educativas em Saúde: intervenção piloto em idosos independentes
Práticas Educativas em Saúde: intervenção piloto em idosos independentes
Práticas Educativas em Saúde: intervenção piloto em idosos independentes
E-book228 páginas2 horas

Práticas Educativas em Saúde: intervenção piloto em idosos independentes

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Sobre este e-book

Fenômeno mundial preocupante, o envelhecimento populacional traz implicações tanto para a sociedade quanto para a pessoa idosa. O comprometimento cognitivo, associado ou não às doenças crônico-degenerativas, limita a vida de relação dos idosos. A depressão, síndrome psiquiátrica mais frequente na terceira idade, prejudica a qualidade de vida, podendo provocar ou acentuar incapacidades funcionais. Diante disso, esta pesquisa caracterizou idosos independentes, usuários da unidade de saúde da família da Vila Sabiá, Sorocaba (SP) e descreveu a experiência de um piloto de intervenção de práticas educativas em saúde em grupo de idosos. Trata-se de um estudo descritivo e quantitativo, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa, desenvolvido com 35 idosos independentes. Sete indivíduos participaram de um piloto de intervenção com práticas educativas em saúde, por 12 semanas, de agosto a outubro de 2014. As práticas educativas em saúde envolveram movimentos corporais, conteúdos temáticos diversos, atividades artísticas e lúdicas.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento9 de jan. de 2023
ISBN9786525268880
Práticas Educativas em Saúde: intervenção piloto em idosos independentes

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    Práticas Educativas em Saúde - Arlete Antoniassi

    1 | INTRODUÇÃO

    Substanciando o envelhecer como parte natural do ciclo da vida, as ações de promoção da saúde com ênfase no envelhecimento saudável vêm contribuir para mudanças no paradigma da atenção à saúde dos idosos.

    Considerando-se que os indivíduos com doenças crônicas não transmissíveis¹ são os usuários adultos mais frequentes nas unidades de saúde da família, a educação em saúde faz-se importante proposta de intervenção, por propiciar a oportunidade na aquisição de habilidades para o alcance de uma melhor qualidade de vida nessa população.

    A educação em saúde dirigida para a saúde integral dos idosos tem um importante papel na evocação do potencial dessas pessoas quanto à conquista de maior controle sobre os fatores comportamentais determinantes da sua saúde.²,³

    Com eixo central na educação em saúde, esta pesquisa desenvolveu-se a partir da vivência da autora como médica de equipe de saúde da família, com orientação para as práticas integrativas e complementares², especialmente a homeopatia³ e a antroposofia⁴.

    Pode-se dizer que tanto a homeopatia quanto a antroposofia têm uma compreensão ampliada quanto à saúde e ao processo de adoecimento, na medida em que concebem o ser humano integral, ou seja, na sua dimensão individual – aspectos físico, emocional e espiritual – e na dimensão do contexto socioeconômico e cultural.

    Cogitando-se a educação em saúde para um grupo de idosos, em uma unidade de saúde da família e aliando-se a teoria à práxis antroposófica, descortinou-se a possibilidade de realizar uma pesquisa de campo para fundamentar cientificamente essa intervenção em saúde.

    Para tanto, foram utilizadas avaliações quantitativas, buscando-se descrever a possível influência de tais práticas educativas em saúde na melhoria dos aspectos cognitivos, comportamentais, funcionais e de qualidade de vida dos participantes.

    Partindo-se dessas premissas, esta pesquisa consubstanciou-se em uma proposta de um piloto de intervenção de práticas educativas em saúde para idosos independentes.

    No texto que compõe esta dissertação, são apresentados referenciais teóricos acerca do envelhecimento da população e dos componentes do envelhecimento individual, seguindo-se de assuntos de interesse global da pesquisa: a cognição, a depressão, a funcionalidade, a qualidade de vida e as práticas educativas em saúde, que se encontram pormenorizadas na metodologia.

    Os resultados, a discussão e a conclusão estão organizados de forma a evidenciar a caracterização da população idosa independente, seguindo-se do piloto de intervenção.


    1 Grupo de doenças de etiologia incerta, múltiplos fatores de risco, longos períodos de latência, curso prolongado e que, associadas a deficiências e incapacidades funcionais, têm em comum um conjunto de fatores comportamentais de risco (tabagismo, sedentarismo, alimentação inadequada, alcoolismo), passíveis de modificação, por meio de ações como a educação em saúde.¹⁷⁶

    2 As práticas integrativas e complementares são sistemas e recursos médicos que envolvem tecnologias de alta complexidade (conhecimento) e de baixa densidade (equipamentos e instrumentais médico-hospitalares) como formas naturais de prevenção de agravos e recuperação da saúde.147

    3 Criada por Christian Friedrich Samuel Hahnemann (1753-1843), a homeopatia considera os sinais e os sintomas de uma doença como manifestações físicas e/ou psíquicas do desequilíbrio da energia vital no indivíduo.¹⁴⁷

    4 A antroposofia foi introduzida pelo filósofo Rudolf Steiner (1861-1925) como uma ciência espiritual ou conhecimento da natureza do ser humano no universo. Dessa forma, a medicina antroposófica, utilizando-se dessa imagem espiritual do homem, considera o ser humano constituído por quatro elementos ou membros: corpo físico, corpo vital, corpo anímico (psíquico) e um Eu (cerne espiritual individual).¹⁴⁷,¹⁴⁸,¹⁷⁶

    2 | ENVELHECIMENTO

    2.1. O ENVELHECIMENTO POPULACIONAL

    O envelhecimento populacional é um fenômeno global, caracterizado pela modificação na estrutura etária ⁴ , com aumento quantitativo de idosos em relação às pessoas mais jovens na população. A modificação dessa estrutura etária deu-se de forma distinta e gradativa, ao longo dos anos ⁵ , nos países desenvolvidos, quando comparada aos países menos desenvolvidos.

    Nas nações desenvolvidas, principalmente as europeias, o envelhecimento populacional está relacionado à diminuição substancial da taxa de mortalidade pela melhoria na qualidade de vida da população⁶, em função de conquistas nos campos sociais, econômicos e da saúde: urbanização e saneamento das cidades, emprego, acesso aos bens e serviços, avanços tecnológicos da saúde.

    Já nos países em desenvolvimento, como o Brasil, a dinâmica do envelhecimento populacional está ligada à redução da mortalidade infantil, à diminuição da taxa de mortalidade da população idosa, à redução da taxa de fecundidade – fenômeno chamado transição demográfica.⁷

    Segundo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)⁸, no censo de 2010, a população com 60 anos ou mais de idade alcançou 19,6 milhões. Com um crescimento médio de mais de um milhão de idosos por ano, estima-se que a população deverá atingir 41,5 milhões de pessoas, em 2030.

    Como podemos inferir, esse expressivo aumento do número de idosos tem como consequência, tanto para a sociedade quanto para o próprio indivíduo desse grupo etário, a busca dos fatores determinantes das condições de saúde, de vida e do processo do envelhecimento. Desse modo, é necessário conhecer os fatores ambientais, psicológicos, sociais, culturais e econômicos, numa visão global do envelhecimento como processo e do idoso como ser humano.⁹

    No cenário atual, resultante das diferenças entre as taxas de mortalidade por sexo¹⁰, o maior contingente de idosos¹¹ – cerca de 20 milhões ou 55,5% – é constituído de mulheres¹² (feminilização do envelhecimento⁷,¹²), algumas em condições de viuvez, que não tiveram acesso à educação formal e à profissionalização. Diante dessa realidade, segundo Camarano⁴, a longevidade feminina nem sempre é vista como vantagem.

    Por outro lado, há uma preponderância do gênero feminino nos centros urbanos¹¹, que possibilita não só sua participação em atividades comunitárias e de lazer ou trabalho, mas também a apropriação no papel de provedora da família.

    Outra questão importante acerca do envelhecimento populacional refere-se às pessoas consideradas economicamente ativas ou inativas. A razão de dependência, que expressa a relação entre a população inativa (menores de 15 anos e maiores de 60 de idade) e a população ativa (de 15 a 59 anos de idade)¹³ é um importante indicador¹⁰ na avaliação da efetividade das políticas públicas (previdência, educação, saúde, trabalho).

    Segundo Camarano, Kanso e Melo¹², no Brasil, há um "caráter bidimensional" na relação entre o envelhecimento e a dependência: enquanto o idoso depende funcional e afetivamente da família, esta pode ser subvencionada por questões financeiras.

    No Brasil, devido às desigualdades – econômica, regional, social –, o aumento da expectativa de vida mantém estreita relação com a transição epidemiológica⁶,⁷,¹⁴,¹⁵ (modificação dos padrões de morbidade, invalidez e morte), ocasionando uma grande diversidade nos padrões de adoecimento, dependência e morte¹⁵. Dessa forma, a população brasileira padece de doenças infecto-parasitárias, típicas de países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento, e de doenças crônicas não-infecciosas (hipertensão arterial, diabetes, obesidade e neoplasias), comuns em países desenvolvidos.¹⁶

    Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS)¹⁷, embora o envelhecimento populacional evidencie o sucesso das políticas de saúde pública e do desenvolvimento socioeconômico, são necessárias políticas públicas governamentais, em conjunto com ações da sociedade, que possibilitem condições para um envelhecimento digno.

    No Brasil, a Constituição Federal da República (CF, 1988)¹⁸ foi o primeiro marco legal que, apoiado pelo Plano de Ação Internacional para o Envelhecimento de Viena (1982)¹⁹, impulsionou a Política Nacional do Idoso (Lei 8.842 de 1994)¹⁹, elaborada e criada em 13 de maio de 2002, a partir das diretrizes do Conselho Nacional dos Direitos do Idoso (CNDI). Em 2003, ocorreu a regularização dos direitos da pessoa idosa por meio da publicação do Estatuto do Idoso²⁰, que passa a assegurar, na forma da Lei, oportunidades e facilidades para a preservação da saúde física e mental, além do aperfeiçoamento moral, intelectual e social do idoso, com liberdade e dignidade.

    Considerando o envelhecimento da população brasileira, os avanços na gestão da saúde e do conhecimento científico e as necessidades de dar condições de autonomia e independência por meio de um conceito de saúde específico para os idosos, a Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa tem por finalidade primordial:

    Recuperar, manter e promover a autonomia e a independência dos indivíduos idosos, direcionando medidas coletivas e individuais de saúde para esse fim, em consonância com os princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde. É alvo dessa política todo cidadão e cidadã brasileiros com 60 anos ou mais de idade (PNSPI, PT - nº 2528/GM 19 de outubro de 2006).²¹

    A PNSPI tem como diretrizes²¹: promoção do envelhecimento ativo e saudável; a atenção integral da pessoa idosa; estímulo às ações intersetoriais; provimento de recursos capazes de assegurar a qualidade da atenção à saúde da pessoa idosa; estímulo à participação do controle social; formação e educação permanente dos profissionais de saúde do SUS na área de saúde da pessoa idosa; divulgação e informação sobre a PNSPI; promoção de cooperação nacional e internacional das experiências na atenção à saúde da pessoa idosa; apoio ao desenvolvimento de estudos e pesquisas.

    Os estudos interdisciplinares sobre o envelhecimento são importantes para subsidiar a elaboração de planejamentos e ações para enfrentar os desafios impostos pelo envelhecimento populacional.

    2.2. O ENVELHECIMENTO INDIVIDUAL

    Processo único, irreversível e natural, o envelhecimento é individual e acompanhado de progressivas perdas de funções, capacidades e papéis sociais, dependendo de qualidades básicas e adquiridas no meio ambiente, com implicações na família, nas políticas públicas e na distribuição de renda da sociedade.⁴

    Embora haja variadas características que marcam a passagem para a última fase da vida, como aparência física, surgimento de doença crônica, perda de capacidades físicas e mentais e de papéis sociais e familiares, a delimitação do seu início é difícil, na medida em que a vida toda é afetada por condições sociais, econômicas, regionais, culturais, étnicas e de gênero.⁴

    Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU)²² e o Estatuto do Idoso²⁰, são idosos os indivíduos com idade igual ou superior a 60 anos nos países em desenvolvimento. Esse parâmetro cronológico é utilizado nos estudos científicos⁹, principalmente na área da saúde, visto que não há uma idade precisa que marque o limiar de passagem entre a vida adulta e a velhice, sob o ponto de vista físico-biológico, psicológico ou social.

    Papaléo Netto⁹ define o envelhecimento como um processo continuum, a velhice – fase da vida – e o idoso como o resultado final de um conjunto cujos componentes estão inter-relacionados:

    O envelhecimento é conceituado como um processo dinâmico e progressivo, no qual há modificações morfológicas, funcionais, bioquímicas e psicológicas, que determinam perda da capacidade de adaptação do indivíduo ao meio ambiente, ocasionando maior vulnerabilidade e maior incidência de processos patológicos que terminam por leva-lo à morte (p.10).

    De acordo com Neri²³, o envelhecimento do ser humano comporta:

    Expressiva variabilidade, dependendo do nível de desenvolvimento biológico e psicológico atingido pelos indivíduos e pelas coortes em virtude da ação conjunta da genética, dos recursos sociais, econômicos, médicos, tecnológicos e psicológicos (p. 20).

    De modo geral, a senescência ou envelhecimento normal inicia-se após o ápice da maturidade sexual do ser humano, com declínio gradual e progressivo da estrutura física e das funções fisiológicas. Também chamado de envelhecimento bem-sucedido, o envelhecimento normativo pode ser consequência da herança genética, da pouca exposição às doenças, das atitudes comportamentais e do ambiente favorável, bem como do acesso aos recursos de saúde e sociais.

    Nesse sentido, chama-se senilidade ou envelhecimento patológico aquele associado a comprometimentos na saúde. Segundo a OMS², quatorze milhões de pessoas (85%) com idades entre 30 a 70 anos, que vivem em países em desenvolvimento, são acometidas pelas doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) – doenças cardiovasculares, respiratórias crônicas, neoplasias, diabetes. No Brasil, as DCNT, associadas às doenças neurodegenerativas e osteomusculares, contribuem para incapacidade na vida produtiva do idoso.²⁴,²⁵

    As atividades educativas, que estimulam mudanças no estilo de vida ou no comportamento de risco dos indivíduos, são imprescindíveis na medida que há expressiva associação das principais DCNT com tabagismo, alcoolismo, obesidade, sedentarismo, níveis elevados do colesterol, alto consumo de sal e de alimentos processados, baixa ingestão de verduras e frutas.²⁵

    Considerando o idoso como agente participativo nas questões socioeconômicas, culturais, civis e espirituais, a OMS²⁶ propôs o termo envelhecimento ativo para expressar um processo de potencialização das oportunidades de saúde, da

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