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Flores Particulares
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E-book96 páginas1 hora

Flores Particulares

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Sobre este e-book

Os jovens quando e antes de deixarem a casa de seus pais, não valorizam os detalhes contidos em cada volta, uma cama sempre pronta, roupas arrumadas e nunca uma comida por fazer. As portas sempre abertas e os braços aquecidos para se sentirem abraçados, seja cedo ou seja na noite adentro das muitas horas, nunca se é tarde para o toque carinhoso e apertado. O espinho do filho pródigo na alma de cada ser, o de achar que a felicidade está depois das montanhas que os olhos alcançam no amanhecer. Talvez a felicidade não esteja na partida, mas sim na chegada, nesse eterno retorno que buscamos distante da terra que nos viu nascer e crescer.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento6 de jun. de 2020
Flores Particulares

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    Flores Particulares - Vilmondes Cândido Rosa

    Vilmondes Cândido Rosa Uberaba – Minas Gerais

    vilmondes@candidoempresarial.com.br 2018

    Sumário

    Não precisava representar o nada ............................................ 4

    Valsa da Dor.............................................................................. 9

    Alvorada .................................................................................. 15

    A Primeira Destruição.............................................................. 19

    Dia de Sorte............................................................................. 27

    Ovos Fritos com Arroz Branco................................................. 32

    "Olhar o sol e se encantar, o sol há de lhe cegar o olhar

    preservando os olhos" ............................................................... 38

    Se seguimos é porque somos passageiros............................. 44

    Noite escura ............................................................................ 50

    De cabriola veio um abalroamento.......................................... 53

    Idealidades .............................................................................. 58

    A casa da Colina ..................................................................... 64

    Minha corda, um laço de couro cru ......................................... 69

    A Seguir o Sol.......................................................................... 72

    O tempo desbota o brim .......................................................... 76

    Cavalo doido............................................................................ 80

    Flor de uma só folha................................................................ 87

    Acostumado à dor ................................................................... 91

    Recordações ........................................................................... 96

    Itinerário do topônimo............................................................ 100

    Primeira de Isaías.................................................................. 105

    O desgaste na porta da frente, foi do tempo ......................... 109

    A vida na hospedaria............................................................. 114

    O encontro com um homem de sotaque................................ 117

    O casamento aconteceu sem as rosas.................................. 120

    Passa guarda ........................................................................ 123

    A casa vazia .......................................................................... 126

    Mãe ....................................................................................... 129

    Cândido, Flores Parti culares

    Capítulo I

    Não precisava representar o nada

    (...) foi no verão daquele ano que o fato se deu aos olhos de quem quis saber, aconteceu em uma manhã de março de 1949 o assunto agora trazido à tona não se sabe por quem . Fazia muito calor por sobre as cabeças de todos nós, olhei e vi que os termômetros já se apresentavam avermelhados antes das oito horas estarem completas por ponteiros das máquinas de bolso e pulso. Os marcadores diziam arranjar trinta e dois graus mais ou menos naquele dia, e isso já no amanhecer; com certeza o crepúsculo seria bárbaro com os corpos vivos daquele acontecimento .

    Um Mineiro com botas foi encontrado morto em sua garagem na cidade de Ribeirão Preto, estado de São Paulo. O ser que ali jazia, foi descoberto por um estranho que passava adiante das grades fincadas na frente da casa de morada do homem.

    O corpo estava em estado de decúbito dorsal quando foi visto pela primeira vez naquele dia, encontrava-se ao lado de dois tubos de canos bem alongados e bem cuidados, limpos e conservados; havia duas armas deixadas de seu lado, com

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    Cândido, Flores Parti culares

    precisão do lado esquerdo do corpo do homem. Estivera ele ali naquele estado por cerca de três dias ou mais. Já a medicina de seu tempo ainda não era tão precisa quanto a de hoje em dia n o trato desse assunto aqui olhado por nós .

    As armas apareceram sem vestígio de uso e sem os comuns sinais de disparos, sem esteira de pólvora queimada e sem qualquer digital que levasse a culpa ou motivos a quem quer que seja pelo feito ao corpo do homem um já passado de meia- idade.

    Na garagem um veículo importado dos Estados Unidos dividia o espaço com o cadáver. Era confiável o veículo, robusto, seguro, simples e maravilhoso ao mesmo tempo. O primeiro carro projetado para a manufatura já era um de coleção naquele tempo de morte para o encontrado. Vestiram seu corpo de uma cor semelhante ao mel ainda puro, a beleza daquilo fixava as celhas dos olhos de quem via o seu brilho no Sol do dia, sua capota veio na cor preta, igualmente trataram os detalhes em seus acentos com um couro de primeira qualidade, as costuras daqueles bancos foram findas com muito capricho por mãos experientes.

    Logo vieram as primeiras especulações acerca do ocorrido. O primeiro jornal a noticiar o fato deu como suicídio e

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    encerrou a matéria com esses dizeres. Seria o Mineiro com botas, um ser já de sonhos envelhecidos, alguns esquecidos e outros não mais fazendo sentido para o seu momento. Morava ele só, não tinha filhos nem relatos de parentes na cidade de Ribeirão Preto. Pouco se sabia acerca do passado da criatura encontrada morta numa fechada garagem de piso feito com cimento queimado. Nunca foi casado pelo que me consta ou deixou vestígio de estar enamorado por alguém em toda a sua existência.

    O sujeito morava só numa casa destinada à classe média de seu momento, tratava-se de um mercador já aposentado de suas atividades mercantis, sobrevivia o homem de rendimentos oriundos das pequenas agiotagens ilegais que arranjava no meio dos desarranjos financeiros de muitos outros.

    O indivíduo nunca saía de casa depois do anoitecer . Quando deixava o recinto era para fazer seus negócios prosperarem ou apenas às compras na mercearia da esquina do bairro excessivamente arborizado. Isso de sair de casa sob a l uz do Sol, nunca ao entardecer, era de todo seu.

    Era extremamente educado o quase senhor de cabelos bem grisalhos e expressivos sinais de acomia já nascendo na sua fronte. O fulano cumprimentava a todos que passavam por

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    ele pelas poucas ruas dos quatro quarteirões até a chegada ao empório do lado de uma panificadora e uma botica recém - -nascida, mas não se dava em assunto com ninguém pelo caminho até se ver com suas compras nos braços.

    O Mineiro com botas tinha um ritual todo seu, era feito cão de guarda: exatamente às oito horas da noite se punha ele à mesa, mesa simples, madeira barata, dessas que são facilmente encontradas em lojas de móveis de segunda mão, cor sem aparecimento, sem aquecimento; sem destaques duas cadeiras velhas compunham o ambiente, sendo uma já sem condição d e acento e outra pedindo socorro. Por sobre a mesma mesa um também desfiado forro de shantung na cor amarela dava o acabamento em tudo, dois pratos fundos com talheres de prata e guardanapos com pequenos furos de traças quase dando fim à s iniciais neles bordadas. Ao lado duas taças de um fino cristal . Era posta a garrafa que serviria aos derrames de vinho tinto nas mencionadas taças, estes sempre na temperatura de dezoito graus; um termômetro era usado e, quando a temperatura não condizia com a desejada, era longa a espera de seu jantar, esse se via postergado até que o fruto da videira chegasse à temperatura preferida. Na vitrola tocava um clássico, um bel

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    Cândido, Flores Parti culares

    canto italiano entoado por uma soprano e um tenor de longa extensão vocal.

    Tomava uma taça, guardava as sobras das garrafas para o dia seguinte, o vinho da outra taça era despejado no esgoto da casa.

    O jornal de menor expressão não disse nada a seu respeito.

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    Capítulo I I

    Valsa da Dor

    Talvez seja apenas uma estação de momento ess e fascínio de um bom livro nascendo e rompendo diante dos olhos da saudade na cor de ter estado em algum lugar de seu próprio calhado tempo. O futuro nunca estará disposto, com suas mesmas mãos abertas, esperando-o, tem seu jeito e do seu há de vir e por sobre o que dissemos a vida vai passar.

    Aos conhecidos, permaneço Cartola. Fui chamado assim uma vez pelas estrelas por ser freguês de luxuosas Damas das Casas Coloridas. Eu que continuo Cartola até o fim. Ficou nas bocas dos que me chamam pela alcunha de Cartola .

    Cobicei e, quando me foi dada a descrição figurada da palavra cartola, ainda mais!

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