Para Além-Mar
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Sobre este e-book
A coletânea oscila entre os vários momentos que atingem o interior do ser humano, da mulher construída e formatada pelo século XXI: a descoberta do próprio corpo, a sensação de amar, as dores e pressões sobre a estética e o lugar ocupado na sociedade. Todas essas tensões levam a questionamentos que a poesia não visa responder, mas, sim, dissecar e adentrar para revelar todas suas fragilidades e falhas.
Para Além-Mar é, antes de mais nada, um livro sobre identificação, produzido da confissão de um sujeito, mas que se faz reverberar sobre outros muitos.
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Para Além-Mar - Melina Coelho Garcia
Para Além-Mar
Quando escrevo para o além-mar
É porque me surge a necessidade
De resgatar águas já navegadas
Em que persiste a dor do esquecimento
E o peso da memória
Mas quando me dirijo, hoje,
Ao além-mar
É para fruir do gozo
(Uma última vez,
e deus há de permitir)
da inconstante certeza
de para cá poder retornar
Se me jogo no além-mar
É para me despir
Sem o medo dos olhos que devoram
A carne humana mais inocente
que é a da mulher que não sangra
E se sangra
Me chama o além-mar
Para me mandar para o próximo passo,
o próximo altar
Desse corte profundo que é a onda
Que quebra a vida em duas
Se me permites
não te darei sussurros amargurados
ou beijos já mortos em sua criação
dar-te-ei os privilégios
escondidos em uma mesóclise rara
e desconhecida aos cientistas,
linguistas e cartomantes:
dar-me-ei
pois é o que tenho por hoje
e desfruto sob o temor
de madrugadas vazias
e galos esfomeados pelo amanhecer.
A luz matutina
incinera meu astigmatismo
e me transforma
no tédio de quem acorda para já ser.
Por isso: poupa-me das apresentações
dos galanteios e sutilezas
a peste corre voraz
e meu corpo implora
antes que a madrugada esvazie
receba-me.
Há dias
em que me explodo em hipérboles
dias curtos e estonteantes
que se arremessam, feito arcos olímpicos
rasgando o vento
da minha respiração
mas há dias
em que me resto em um eufemismo
opaca e desgraçada
nesses dias
as horas pesam
e o arrastar dos segundos
é uma pegada de deus
que me comprime e espanta
para perto dos animais
Hoje, não chove
e o vento é pouco
– um dia de eufemismos
em que minha presença
já me basta
Fugaz:
o momento em que o calor emana
e o beijo se constrói
em uma viagem cronometrada
até o macio da pele
onde perdura
nesse alento
do qual não sou mais capaz
de renunciar
Mãe
Na calmaria com que sustenta
o peso do mundo no ventre
(ou o peso de possuir
um ventre no mundo):
é a vida que sacode
em incontáveis des-anseios
clamando por independência.
E, ainda, persiste em saber mais
do que em mil anos eu poderia descobrir
em tua bruta e natural
onisciência
em tudo conter, em tudo prever
ainda que não seja
mais que humana
mais que a carne poderia conter
sem idealizações
e místicas mercadológicas
sem floreios
ou excessos de leite
em teus seios
sem lavandas importadas
e os cabelos sempre
à química incorporados.
Sem mentiras
e filtros passageiros.
Ainda assim:
completa
no calor que viaja
até meu peito
e me encobre
em pureza
e proteção.
Ante a face bela
os novos ratos resumem
o medo do mundo
ou do profano
que os desconstrói
em tela cubista
uma mãe
ou um fim?
que se assemelham pelas curvas
pelo correr eterno
de dor concentrada
e um pesar infinito
imortal se faz a guerra
não mais de deuses
ou cavalos
não mais um colo materno
este já escorrido
corre:
da luz ou dos insetos
que gritam pelo temor
os sismos invisíveis
da boca úmida e vibrante
na tela gigante
paralisam-se
e ainda persistem