Antologia Romances De Época
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Antologia Romances De Época - Joaquim B. De Souza
APRESENTAÇÃO
No livro Antologia Romances de Época, o autor reúne quatro histórias para explicar, cada uma a seu tempo, uma instância de nossas vidas. Período de homens truculentos. Mulheres excessivamente pudicas com seus vestidos cobertos até às canelas. Jovens tímidas mal se aproximavam dos paspalhões da roça. O mundo da época não se compara aos dias atuais. Por exemplo, a minha infância e a pré-adolescência tiveram momentos marcantes, cheias de aventuras e de boas recordações. Como também de outras etapas de trabalho no campo, como se eu fosse um adulto. Talvez, porque as crianças campesinas iam para roça cedo demais. Portanto, as narrativas são uma forma de resgatar o passado aonde as crianças iam para o campo, ainda muito novas.
Como não se lembrar das alegrias da escola primária multisseriada, na zona rural, entre as gurizadas de pradarias diferentes? Como esquecer-se dos castigos físicos do professor valentão que eram a tônica de sua alfabetização. Não tem como menosprezar as birras e as surras em casa. Podem acreditar que tudo isso foi o tempero de minha educação.
Os livros entremeiam momentos fantásticos e árduos, com uma dosagem extravagante de inocência de uma criança encantadora, que em tempos de novenas, ia aos terços na capela, à noite, ainda no colo da mãe.
A vida dos camponeses era a batalha diária para prover o sustento da família. Era a busca constante da superação dos conflitos econômicos, políticos, doenças, guerras civis e mundiais. Somava-se a isso a sujeição à interferência da Igreja nos seios das famílias católicas. Como se esquecer do padre Theo com suas visitas incessantes no sítio da Araripa em busca de prendas para as suas quermesses no salão paroquial.
Enfim, o livro Antologia Romances de Época retrata a infância da criança afrodescendente e da criança brasileira, em meio às outras de origem europeia, que formava a maioria. O empenho incessante para aquiescência, na época, que o racismo e a intolerância, eram teses politicamente aceitas. As histórias reunidas neste livro vão dizer o que ainda não foi dito. Podem acreditar!
O Primeiro Livro
NENA
Conta Outra
ACLEJU®
ACLEJU®
1962 — A Catequese
Primeiro agarraram pelo pescoço o menino negro. Seus colegas, dez meninos brancos, apenas assistiam à hostilidade. Sem entender os motivos da agressão, o garoto aprisionado jurava inocência. Os homens brutos, corpulentos e armados reiteravam justiça. Todos eram de origem italiana. De todas as crianças daquele rincão, o Araripa, esta era a única de pele escura. As demais eram de origem italiana, com exceção da minha família que veio de Minas Gerais. Embora, tivessem um trejeito típico do país no feitio de uma bota, não tinham sotaques. Pelezinho gostava de vir em casa. Minha mãe o tratava bem, e tinha mais três garotos para jogar betes, jogar futebol com laranja-doce no carreador, tentar aprender a andar de bicicleta, pescar e nadar no rio Marialva.
Toda confusão começou após a catequese desse domingo. Quando o assunto fosse religião, as crianças daquela zona rural só tinham uma opção: fazer o catecismo na pequena capela, dois carreadores abaixo do sítio de meus pais. O proprietário era um senhor alto, talvez um metro e oitenta, pai de quatro filhos, entre os quais duas femininas. Sempre gostava de usar chapéu de abas largas. Ele era congregado mariano, catequista e muito exigente quanto à conduta dos frequentadores. Era o único a possuir um caminhão GMC, entre sua casa e o moinho de trigo, trecho de pelo menos dez sítios, cada um de dez alqueires paulistas. Era na carroceria desse caminhão que íamos à missa em Marialva, por uma distância de treze quilômetros. Enfrentávamos poeira em tempos de seca, barro e lama em tempos de chuva. As crianças se divertiam ao verem os rostos das pessoas empoeiradas ou as roupas enlameadas.
O pessoal fazia o trajeto até a capela pelos pastos, carreadores, mata-burros e porteiras. Havia entre os lotes uma via demarcada pelos rodeiros das carroças, e dos pneus do caminhão GMC desse vizinho. O imprescindível era chegar. Algumas famílias iam bem vestidas. Outras com roupas de trabalho mesmo. Desde que estivessem asseadas, limpas e engomadas. O dono da capela não tolerava gente descalça. Somente as crianças. Às vezes, alguns adultos iam com chinelas com tiras de couro. Ele olhava torto. Deviam ir calçados com sapatos limpos e engraxados.
Sem entrar no mérito de suas origens, como paroleavam aquelas mulheres. Vi algumas vezes, famílias irem com tecido carne seca. Meu pai costumava comprar um fardo desse tecido todo ano. Era mais econômico, e tinha mais durabilidade. Um dia, dois desses vendedores, começaram a brigar com tapas, socos e pontapés, pela gorjeta que meu pai lhes dera. Chegaram a rolar no chão, em frente ao portão do alpendre da sala. Um gritava com o outro que era merecedor, não queriam repartir. Meu pai, um homem de um metro e oitenta, forte, acostumado à lida pesada do campo, interferiu separando-os e reprimindo-os severamente. Até o cachorro Xulin ajudou apartar os brigões. Inacreditável como podiam se matar por uma ninharia.
As capelas nas zonas rurais representavam a figura clerical da Igreja Católica, oportunizando os leigos pela instituição eclesiástica. Nesse espaço se reuniam colonos, locatários, proprietários, sitiantes e fazendeiros. Ali os sacerdotes realizavam casamentos, batizados e confissões. Os leigos e congregados marianos escolhidos pela paróquia ministravam catecismo, terços e novenas. Não conheci naquele rincão nenhuma família que não fosse católica. Os padres da paróquia, volta e meia, rondavam aquelas casas atrás de prendas e donativos para quermesses na matriz. Eles se sentiam à vontade entre aquelas famílias. Sempre que o jipe da paróquia chegava ao sítio, eu corria ao seu encontro. Pois, os padres traziam santinhos com imagens coloridas. Eu cultuava as figuras até ficarem sujas e rasgadas. Pensava um dia me tornar um pintor.
Nessa idade, eu gostava das novenas, nem tanto pela reza, mas sim pelas xícaras de chocolate quente. Geralmente, as novenas eram no gélido mês de maio, em devoção a Nossa Senhora de Fátima. Outro motivo, era a brincadeira de passar anel, meninos e meninas, rapazes e moças. Todos nos jardins das casas iluminadas pelos lampiões e candeeiros. Os bancos de tábuas ficavam entre as roseiras, as mais resistentes ao calor, com suas pétalas perfumadas. Muitos casais se formaram ali. Muitos até se casaram. Ali todos se conheciam, não havia forasteiros. Nos terços, ainda criança, eu apreciava encantado o canto em homenagem à Santa:
A treze de maio na Cova da Iria
No céu aparece a Virgem Maria
Ave, ave, ave Maria
Ave, ave, ave Maria
A três pastorinhos, cercada de luz
Visita Maria, a mãe de Jesus
Ave, ave, ave Maria
Ave, ave, ave Maria
A mãe vem pedir constante oração
Pois só de Jesus nos vem a salvação
Ave, ave, ave Maria
Ave, ave, ave Maria
Da agreste azinheira a Virgem falou
E aos três a Senhora tranquilos deixou
Ave, ave, ave Maria
Ave, ave, ave Maria
Então à Senhora o nome indagaram
Do céu a Mãe terna bem claro escutaram
Ave, ave, ave Maria
Ave, ave, ave Maria
Se o mundo quiserdes da guerra findar
Fazei penitência de tanto pecar
Ave, ave, ave Maria
Ave, ave, ave Maria
A Virgem lhes manda o terço rezar
A fim de alcançarem da guerra o findar
Ave, ave, ave Maria
Ave, ave, ave Maria
Com esses cuidados a mãe amorosa
Do céu vem os filhos salvar carinhosa
Ave, ave, ave Maria
Ave, ave, ave Maria
Ave, ave, ave Maria
Ave, ave, ave Maria¹
Nesse ambiente era onde as famílias se reuniam em nome da fé cristã. Um mexerico aqui, um futrico ali, às vezes, acontecia nos intervalos das atividades religiosas. Essas confabulações aconteciam no poço que dava acesso ao terreirão, por onde se acessava a escadaria da capela. Do lado desse poço tinha um limpador onde, em dias de chuva, pudessem esfregar as solas dos calçados. Ai se alguém entrasse na capela com os calçados embarreados. Levava logo um pito. Na escadaria algumas mulheres aproveitavam para falar sobre a educação dos filhos. Diziam entre elas que a escola estava estragando as crianças. Obviamente que muitas delas sequer tinham o segundo ano primário. Na época, a maioria era analfabeta, não que isso fosse um problema para os maridos.
O poço estava sob uma cobertura de duas águas. Era todo cimentado onde podíamos sentar. Risco de desbarrancar não tinha, pois sobre ele havia uma bomba d’água manual para puxar água. Razão pela qual a caixa era reforçada. Do outro lado do terreirão de frente ao poço, ficava a casa da família do proprietário e catequista, congregado mariano e meu padrinho. Do poço víamos uma grande parreira de maracujá no beiral do alpendre. Mas, nunca atrevíamos ir lá, certamente, se fôssemos seríamos chamados à atenção.
No dia de catequese, nós mesmos, as crianças, bombeávamos água do poço para saciar nossa sede. Do cano saía água fresquinha. Tomávamos todos numa caneca de alumínio. Ninguém sabia que a água de poço não era potável, sequer sabia o significado de potável, muito menos o que seria inadequada para consumo humano. Vez e outra, levávamos bronca da esposa do proprietário, pois fazíamos algumas extravagâncias com a água.
— Crianças não tem jeito
! — ralhava mandando que todos limpassem a sujeira.
Na época, o camponês pensava, se o animal pode beber, nós também podemos
. Esse pensamento tacanho era devido à baixa escolaridade. O problema de quem sabia menos era achar que sabia mais que todo mundo. Os homens da roça eram arredios, não aceitavam conselhos médicos. O farmacêutico Moura, ao aviar uma receita, recomendava tomarem cuidado devido ao risco de contaminação por vermes. E quem dava ouvido! Era comum, na época, as crianças ficarem empesteadas de vermes, com a fisionomia anêmica, num amarelão só.
Eu não me recordo se o catecismo era aos domingos ou aos sábados à tarde. Lembro-me tão somente que deveríamos ir à catequese. Provavelmente, era aos domingos! Sim, devia ser mesmo aos domingos, pois nesse dia ninguém trabalhava na roça. Mas, não íamos, de qualquer jeito, desmazelados ou xexelentos. Quando o assunto era igreja, as mães não toleravam desleixo. As coisas do alto eram sagradas! Elas mesmas escolhiam as peças de roupas para os filhos. Eu não gostava de quando minha mãe tentava ajeitar os meus cabelos, ela alisava para frente, ficava parecendo lambido de vaca. Os meninos riam!
Numa dessas catequeses estava o cônego Vicente que nos encheu de pergunta. Ele aparentava ter quarenta anos, um metro e setenta. Sua barriga, um pouco saliente, estava sempre apertada pelo cíngulo que prendia a batina na altura da cintura. Esse missionário tinha o cacoete de ficar balançando o corpo para frente e para trás, idêntico ao movimento estereotipado e repetitivo de uma criança autista. Todos riram quando ele entrevistou o Pelezinho.
— Qual é o seu nome, menino? — perguntou pondo seu chapéu numa cadeira ao lado.
— Aristóteles Danton. — respondeu nervoso.
— Que porcaria de nome, de onde seu pai tirou isso?
— Aristóteles foi um filósofo grego da Grécia antiga. Danton, líder político e cabeça da Revolução Francesa. Homenagem de meu pai. — respondeu com certo cinismo.
— Quem são esses homens, eu sei. Quero saber como o seu pai teve essa ideia absurda?
— Nos almanaques disponíveis nos balcões das farmácias. Gostou dos nomes. — explicou o garoto.
— Seu pai é católico?
— Ô que sim! — respondeu.
— Por que não escolheu um nome cristão? Como José, João, Paulo, e tantos nomes bíblicos.
— Ele achou bonitos os dois nomes. Só por isso!
— Seu pai é doido? Ainda se você fosse branco!
— O que o senhor quer dizer com isso? Vou contar pra ele.
Minha mãe era devota de Nossa Senhora Aparecida (padroeira do Brasil e venerada na Igreja Católica, representada por uma pequena imagem de terracota, atualmente alojada na Catedral Basílica de Nossa Senhora Aparecida, em Aparecida, Estado de São Paulo. Sua festa litúrgica é celebrada em 12 de outubro, um feriado nacional no Brasil desde 1980, quando o Papa João Paulo II consagrou a basílica, o quarto santuário mariano mais visitado do mundo, capaz de abrigar até 30 mil fiéis. — Wikipédia).
Ela também era devota de Nossa Senhora de Fátima (uma das invocações atribuídas à Virgem Maria e que teve a sua origem nas aparições recebidas por três Pastorinhos no lugar da Cova da Iria, em Fátima, Portugal — Wikipédia).
Em virtude dessa fé, ela dizia ser obrigação do católico rezar o terço antes de dormir, todas as noites. Por isso, exigia a minha frequência ao catecismo, e a de meu irmão um ano mais velho para aprender as orações. A sua pouca estatura, um metro e sessenta, era gigante diante de meus olhos. Seus cabelos cacheados que nunca os deixava soltos, sempre usou trança que ela mesma fazia. Vivia diariamente se ocupando com uma tarefa aqui, outra lá, mas a fé em primeiro lugar. Mantenho na memória, o Pai-Nosso que ela me ensinou:
Pai Nosso que estais nos Céus,
Santificado seja o vosso Nome,
Venha a nós o vosso Reino,
Seja feita a vossa vontade
Assim na terra como no Céu.
O pão nosso de cada dia nos dai hoje,
Perdoai-nos as nossas ofensas
Assim como nós perdoamos
A quem nos tem ofendido,
E não nos deixeis cair em tentação,
Mas livrai-nos do Mal.
Não sei qual era a razão, mas meu pai não permitia a palavra amém
no final da oração. Outra oração que mantenho viva na minha memória é o Credo:
"Creio em Deus-Pai, todo poderoso, criador do céu e da Terra, e em Jesus Cristo, seu único filho, Nosso Senhor, que foi concebido pelo poder do Espírito Santo, nasceu da Virgem Maria. Padeceu sob Pôncio Pilatos. Foi crucificado, morto e sepultado. Desceu a mansão dos mortos. Ressuscitou ao terceiro dia, subiu aos Céus, está sentado à direita de Deus Pai, todo poderoso, de onde há de vir a julgar os vivos e os mortos. Creio no Espírito Santo, na Santa Igreja Católica, na comunhão dos Santos. Na remissão dos pecados. Na ressurreição da carne. Na vida eterna. Amém".
Em casa à noite, sentados na cama, acompanhávamos o terço de frente ao oratório. Diversas miniaturas de santo em gesso compunham o altar. O meu santinho era São Joaquim. Conforme meu pai dizia, era uma homenagem ao avô de Jesus Cristo. Durante o terço, meus pais não acendiam vela. Velas acesas podiam significar as chamas da fé viva, porém, numa casa com tantas crianças, também representavam o perigo. Meu pai supunha ser prudente ater-se sob seu controle apenas à luz da lamparina a querosene. Esses artigos eram comprados na venda do km10. A venda distava cerca de três quilômetros de casa. Toda região inteira se servia desse local, que tinha também uma escola primária, uma igreja e um campo de futebol. O lugar era uma pequena comunidade de muitas quermesses, casamentos e partidas de futebol.
O colchão era macio, pois era de palha de milho. Minha mãe mesma cosia em sua máquina de costura o tecido para ser cheio com as palhas. Porém, no início, quando a palha era recém-colhida, fazia um bocado de barulho. O som a cada movimento de nosso corpo incomodava nossos pais, e sempre severos pediam para ficarmos quietos. Entre risos e empurrões, insistíamos até levar uns beliscões, ou puxões de orelhas mesmo durante um Pai-Nosso.
— A reza é coisa sagrada, fiquem quietos! — ralhava em tom de sussurros.
No entanto, ao silêncio, o sono piorava. As cochiladas se tornavam cada vez mais incessantes, e o movimento brusco com a cabeça para frente, era motivo de riso dos mais velhos. Irônicos diziam: tá pescando?
Confesso, eu dormia a maioria do tempo. O catecismo servia de ajuda nas orações. Porém, era preciso estar acordado! Eu levava alguns beliscões para me despertar. De nada adiantava, o sono era mais forte. O período da catequese foi curto, serviu de preparação para a primeira comunhão².
Na época, eu havia acabado de completar sete anos. Meninos e meninas iam juntos à capela para participarem do catecismo. No final dessa catequização um padre da Paróquia viria fazer as confissões³. Ele já esteve tantas outras vezes na capela, e quando vinha nos enchia de perguntas. Certa vez, eu disse termo medo dele. Crianças são assim, tornam-se enxeridas quando perguntadas, e respondem até o que não devem.
— Medo por quê? — quis saber.
— Porque o catequista nos disse que os padres castigam quando não sabemos as orações. Ele disse que os padres dão puxões de orelhas, palmatórias e guascadas na bunda.
— Não é bem castigo, talvez uma penitenciazinha. Tenha respeito, menino! Você está diante de um padre, percebeu?
— Ah, o catequista fica pondo medo na gente! — eis o motivo de minha reclamação.
O que se esperava era que estivessem todos bem preparados. Embora, as crianças não soubessem definir bem a expressão bem preparados
e para quê? Todos viam esse catecismo, somente como obrigação. Eu não gostava de ir. Obviamente, eu preferia aproveitar àquelas horas para me banhar no rio Marialva; caçar de estilingue gordas pombas-do-ar, a corruíra, o pássaro-preto, o chupim, o anu-branco, o anu-preto, o tiziu, as andorinhas, a rolinha, a fogo-apagou. Quando não, reuníamos a molecada e cercava uma corruíra para capturá-la depois que não aguentasse voar mais. Após alcançar o objetivo, a brincadeira perdia a graça. Soltávamos o pássaro assustado. Outra diversão: montaria em bezerros. Fechávamos um deles no curral, laçávamos e caíamos na farra! Às vezes, as meninas iam ver, elas vibravam com os tombos. Pois, caiam sempre, com certeza. Enlameavam-se por inteiro, até mesmo sujos de estrumes ficavam. Seus pais não gostavam dessa brincadeira, achavam-na perigosa. Mas, o perigo fascinava aqueles guris.
Nesse dia, logo que deixamos a catequese, ainda próximo ao terreirão, uns meninos começaram e me zoar. Eu estava sem entender. Cheguei a pensar que tinha urinado nas calças. Até as meninas zoavam comigo. Fui me irritando, mas antes que eu proferisse o primeiro palavrão — quando eu me irritava eu proferia um rosário de xingamento — uma pirralha disse rindo:
— Fez sete anos, vai ter que estudar. Se você acha que trabalhar na roça é penoso, aguarde até conhecer o professor Plínio. — riram todos.
— Sei