Educação e Saúde: um diálogo possível: o Desenho de Formas como contribuição da Pedagogia Waldorf

De Kátia Galdi

Educação e saúde apresenta o possível diálogo do qual esses pilares da vida humana vêm a tempos se distanciando.
Numa era digital, torna-se desafio apresentar a importância do movimento para o desenvolvimento humano.

Fruto de uma investigação acadêmica, a autora apresenta a Pedagogia Waldorf e um exemplo de Pedagogia Não Waldorf através de um panorama curricular o qual nos é contado por meio do movimento, que tem sua expressão na atividade pedagógica conhecida nas escolas Waldorf como Desenho de Formas, ainda que a escola não Waldorf desconheça e não tenha desenvolvido essa atividade.

Promovendo a observação e um procedimento orientador, as crianças de 7 a 11 anos traçaram linhas retas e curvas. Primeiramente como preparo e polimento da escrita, e posteriormente se voltando para o cultivo dinâmico em ordenar as linhas para chegada da geometria.

A observação ao lado das mensurações mostrou resultados importantes quanto ao equilíbrio, a postura, a concentração e especialmente a frequência respiratória.

A autora convida o leitor a uma reflexão sobre a importância do movimento no processo de educação e aprendizagem das crianças, uma vez que assume importância nova o tema pós-pandemia Covid em 2020.

• Idioma: Português
• Editora: Editora Dialética
• Data de lançamento: 6 de jul. de 2023
• ISBN: 9786525280912

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Dedico esta singela investigação às crianças sedentas pelo movimento livre e com sentido para depois destes, deixar seu rastro como uma marca no tempo. Movimento saltitante, basculante, andante e brincante, cuja linguagem é por sua natureza humana sana e eterna.

AGRADECIMENTOS

Nestes anos de caminhada a vida me ofertou a graça de muitos encontros. Entre tantos, desejo manifestar alguns dos mais profundos e verdadeiros os quais me renderam perguntas, lágrimas, sorrisos, mas sobretudo um grande tesouro para minha mochila de peregrina no mundo.

Aqui rendo a graça pelo encontro com meus alunos, aqueles que se tornaram parte da minha vida em oito anos de convivência. Foram seus rastros que me impulsionaram às primeiras perguntas sobre o movimento, sobre a importância das linhas como expressão dinâmica de cada um.

Aos meus preciosos filhos; Juan e Ingra sempre colaborando para aquecer as perguntas em cada alvorada.

Ao meu amigo querido Orlando Garcia por me impulsionar ao trabalho acadêmico com determinação e confiança em minha atuação.

Pelo encontro com meus ex-alunos da formação de professores Waldorf, por confiarem nos traços que rastreei durante as aulas. Eles seguem fazendo suas descobertas...

Pela ajuda consistente em encontros intermitentes aos professores colaboradores, persistentes, confiantes, ansiando por caminhos humanos na educação, pela compreensão da vida saudável e sustentável a qual devemos cultivar. Estes professores parceiros nesta pesquisa, carregaram perguntas, imagens, notícias, ideias, e acima de tudo o lápis para traçar linhas, sentindo o seu próprio rastro, promovendo o sentido no exercício com seus alunos, à vocês professores das escolas Waldorf Guayi, Manacá e Novalis (Marlene, Iracema, Alessandra, João Pedro e Solange), minha profunda gratidão e aos professores viventes nas minhas perguntas, observando as mensurações, imaginando distintas formas de praticar a educação humanamente, aos professores parceiros da escola Estadual Luís Elias Attiê (Vanessa, Daniele, Elenir e Verônica), a diretora Tânia e a coordenadora Simone, obrigada de coração.

À Liamara, disponibilizando seu conhecimento a colaborar com a compreensão das mensurações diversas, exercitando, dialogando com todos os professores parceiros e comigo em especial. Obrigada pela generosidade e incentivo.

Àquela quem me apresentou este vasto caminho, pleno em curvas, mas sempre assegurando que adiante haveria de encontrar a força das retas através da direção do pensamento; a minha generosa gratidão à profª Luiza Helena T. Lameirão por nosso degustante encontro.

Por ter encontrado a professora Neli Ortega, descobrir sua sensibilidade em colaborar e contribuir quando navegar com as perguntas, por vezes sem o timão e os remos a mão, me levou aos mais profundos questionamentos reflexivos e ela sempre mirando o continente a frente, enquanto eu alcançava ver pequenas ilhas ao entorno. Meu profundo e mais sincero gesto de gratidão pelas inúmeras pautas de conversa, resultando em forte, corajosos e determinadas ações decisivas para a conclusão desta pesquisa; você fez a grande diferença neste árduo e saboroso processo.

Ao profª Marcelo Nascimento Burattini, contribuindo em minha trilha com sua experiência em apresentar a importância da autonomia e da objetividade para um pesquisador tornar seu objeto realizável no mundo da ciência.

À Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e a CAPES, pela preciosa oportunidade em sediar e apoiar esta pesquisa.

Ao Instituto Mahle pelo apoio do projeto na primeira fase da pesquisa junto À pedagogia Waldorf.

Às crianças as quais encontrei pelo mundo, movendo, desenhando e me inspirando longas observações. Muito obrigada!

APRESENTAÇÃO

A pedagogia Waldorf, como qualquer outra atividade pedagógica, se elabora profundamente nos detalhes que conectam a atuação de professores e alunos. Entre muitas contribuições que Steiner nos legou nesse âmbito pedagógico podemos destacar o pioneirismo do Desenho de Formas e da Euritimia. O ato de desenhar linhas retas e curvas é uma atividade inata ao ser humano, e tem sido registrada ao longo do tempo, porém, o olhar pedagógico para essa atividade e as possíveis contribuições desta para o desenvolvimento amplo das crianças é original.

Ao olhar atento do professor são inegáveis as conquistas atingidas com o Desenho de Formas quando realizado com a estrutura e frequência proposta, produzindo no aluno alinhamento corporal, organização de fluxos internos, construção do traçado a partir do rastro de um movimento interior e exterior que conduz a conquista da reta e da curva harmonizada no papel, conquistando fluidez e as mais diversas simetrias. Verificar essas conquistas na criança a partir de uma observação atenta aquece a alma do professor e fortalece laços de confiança. O desenhar direcionado, com postura correta, que acorda o corpo e cuja harmonia fortalece o belo, a busca interior, o posicionamento anímico.

A experiência acima descrita todo professor Waldorf que tenha trabalhado com seriedade o Desenho de Formas carrega com carinho e certeza em seu coração. Estas experiências e certezas teriam se mantido em âmbito empírico e restrito não fosse o trabalho desenvolvido por Katia Galdi em seu mestrado e aqui claramente explanado. Seu trabalho é pioneiro não apenas no Brasil, mas no mundo, no qual pela primeira vez, até onde atinge o nosso conhecimento, o Desenhar Formas, segundo a perspectiva da pedagogia Waldorf, foi exposto aos critérios rigorosos e assertivos da academia científica.

Nesta obra o leitor poderá se deliciar com a escrita característica da autora e aprender sobre esse olhar da pedagogia Waldorf para o rastro do movimento e a importância deste como contribuição para a saúde dos alunos. Aspectos técnicos sobre o Desenho de Formas, bem como sugestão de desenhos em concordância com a antropologia antroposófica da criança, estão também presentes. Um trabalho cuidadoso para que as escolas estudadas, sejam de pedagogia Waldorf ou não Waldorf, se tornassem acima de tudo parceiras e não comparadas, em detrimento de alguma delas.

Existe algo de muito bonito nesse ato de Desenhar Formas que se estende para além da comunidade Waldorf, algumas vezes restrita e elitizada, que é a sua possibilidade intrínseca de se democratizar; pouco material ou quase nada é necessário para realizar essa atividade que impulsiona o movimento na criança e nos possibilita melhor entendê-lo. De fato, é possível capacitar professores, independentemente de sua formação ou conhecimentos antroposóficos, de maneira que esses estejam habilitados a trabalhar o Desenho de Formas com as crianças. Ter essa prática como algo corriqueiro nas escolas públicas é sonho que podemos sonhar juntos.

Em tempos em que as mãos humanas se mostram tão reduzidas em suas possibilidades, onde os cadernos e livros estão sendo cada vez mais substituídos por apostilas e recursos digitais, no qual o mais singelo ato de escrever tem se tornado dispensável, um trabalho como esse suscita perguntas que não podemos ignorar. Já existem registros de que pela primeira vez, desde que o Quociente de Inteligência é mensurado, o recurso cognitivo dos filhos mostra-se menor que o de seus pais, possíveis efeitos da ação digital e eletrônica excessiva sobre as crianças. Muitos estudos precisarão ser ainda conduzidos de maneira que possamos compreender melhor essas ações, seus benefícios e danos, o que conter e o que incentivar. Contudo, não nos é permitido esquecer ou ignorar os conhecimentos já adquiridos. É sabido muito sobre os efeitos do uso da mão humana no desenvolvimento cognitivo e criativo do ser humano, bem como a importância e valor do ato de desenhar linhas retas e curvas para a formação anímica e social da entidade humana.

Negligenciar a importância do movimento, seja interior ou exterior, grande ou pequeno, para a expressão humana, para o desenvolvimento de um corpo sano e equilibrado, que possibilite a criança a conquista da harmonia em relação ao próprio corpo e sua manifestação, principalmente após um prolongado período de pandemia no qual as crianças e jovens foram os maiores prejudicados, nos custará muito caro.

Eis uma obra que nos convida a encarar de frente o desafio de oferecer mais e melhor para as nossas crianças e jovens, assumindo nossa responsabilidade como educadores, seja na condição de pais, professores ou governantes. O convite está posto.

Uma ótima leitura a todos!

Neli Ortega

Livre Docente e Professora Waldorf

SUMÁRIO

Capa

Folha de Rosto

Créditos

CAPÍTULO 1 – COMEÇANDO O ESTUDO: PRIMEIROS APONTAMENTOS

CAPÍTULO 2 – CONHECENDO A PEDAGOGIA WALDORF

CAPÍTULO 3 – O DESENHO DE FORMAS: ARTE CIÊNCIA E MOVIMENTO

CAPÍTULO 4 – ESCOLA PÚBLICA NÃO WALDORF NA CIDADE DE SÃO PAULO: ASPECTOS CURRICULARES

CAPÍTULO 5 - E ASSIM O ESTUDO FOI REALIZADO

CAPÍTULO 6 - NO QUE RESULTOU

CAPÍTULO 7 – OBSERVAÇÕES E FUNDAMENTOS

CONSIDERAÇÕES FINAIS

REFERÊNCIAS

ANEXOS

Landmarks

Capa

Folha de Rosto

Página de Créditos

Sumário

Bibliografia

CAPÍTULO 1 – COMEÇANDO O ESTUDO: PRIMEIROS APONTAMENTOS

A educação há muito tempo sinaliza ruídos indicando a necessidade em ampliar a visualização dos alunos, seu ambiente de aprendizagem, o contato social mais diversificado e a cultura vivida nesta modernidade.

Observando esses sinais do ponto de vista do professor educador é possível despertar o olhar para uma realidade não exclusivamente nacional, mas global, mundial.