Desinformação, Ingrediente da Desordem: Um Resgate Crítico de Fake News
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Sobre este e-book
Tais casos são organizados por suas relações com a desinformação, gerando os capítulos: 1- Desinformação e lucro, que tem como uma das pautas o uso de amianto no Brasil; 2- Desinformação e moral, sendo uma das matérias sobre a construção do caçador de marajás; 3- Desinformação e saúde, que traz o caso da cloroquina e da pílula do câncer; 4- Desinformação e terror, incluindo a questão da guerra do Iraque e o Plano Cohen; e 5- Desinformação e barreiras humanitárias, explicando, por exemplo, por que o racismo não pode ser geneticamente sustentado.
A cada conjunto de relações que definem o capítulo, ou seja, a cada grupo de matérias jornalísticas, uma análise embasada na filosofia da informação aprofunda os problemas a partir de conhecimentos sobre cognição, complexidade, ciência e sobre os aspectos evolutivos e epistemológicos envolvidos.
É uma publicação que pretende contribuir para o cerco às fake news, à pós-verdade, ao negacionismo e a outros elementos da contrainformação.
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Pré-visualização do livro
Desinformação, Ingrediente da Desordem - Suely Figueiredo
Sumário
CAPA
PREFÁCIO
O QUE SE LÊ NESTE LIVRO?
DESINFORMAÇÃO E LUCRO
NUNCA FOI VERDADE QUE AMIANTO NÃO TRAZ RISCO À SAÚDE
INDÚSTRIA DO AMIANTO IGNORA STF E SEGUE LUCRANDO COM A MORTE
Amianto e saúde
O debate sobre o amianto
O lobby do amianto
NUNCA FOI VERDADE QUE A Volkswagen produziu um motor a diesel com controle de gases poluentes
FERRAMOS TUDO, NOSSA EMPRESA FOI DESONESTA
, ASSUME PRESIDENTE DA VOLKSWAGEN NOS EUA MICHAEL HORN
Processo criminal
Fraude no Brasil
Prejuízos
NUNCA FOI VERDADE QUE O CREME DE AVELÃ NUTELLA É UM ALIMENTO SAUDÁVEL
NUTELLA É CONDENADA POR PROMETER CAFÉ DA MANHÃ SAUDÁVEL E ENTREGAR ALIMENTO ULTRAPROCESSADO
Carta
Equilíbrio
No Brasil
SOBRE DESINFORMAÇÃO E LUCRO
HUMANIZAR É FUNDAMENTAL?
Aprendendo
Responsabilidade
DESINFORMAÇÃO E MORAL
NUNCA FOI VERDADE QUE O PLAYBOY FERNANDO COLLOR CAÇAVA MARAJÁS
CONSTRUÇÃO MIDIÁTICA PÔS NA PRESIDÊNCIA DO BRASIL UM MARAJÁ DE ALAGOAS DISFARÇADO DE RENOVAÇÃO DEMOCRÁTICA
O caçador de marajás
O debate
NUNCA FOI VERDADE QUE FABIANE MARIA DE JESUS SEQUESTRAVA CRIANÇAS
FAKE NEWS INCITA ASSASSINATO DE DONA DE CASA EM GUARUJÁ
Guarujá Alerta
Justiça
NUNCA FOI VERDADE QUE DANIELE TOLEDO PÔS COCAÍNA NA MAMADEIRA DA FILHA
PRESA, AGREDIDA E DIFAMADA, DANIELE TEVE A VIDA DESTRUÍDA PELA DESINFORMAÇÃO MESMO SENDO INOCENTE
SOBRE DESINFORMAÇÃO E MORAL
OS PERIGOS DA PELEJA DO BEM COM O MAL
Reação
Brainet
Ética estendida
Sistema
DESINFORMAÇÃO E SAÚDE
NUNCA FOI VERDADE QUE GASOLINA COM CHUMBO NÃO É TÓXICA
DURANTE 50 ANOS, A HUMANIDADE RESPIROU FUMAÇA TÓXICA PARA SATISFAZER INTERESSES DA INDÚSTRIA NORTE-AMERICANA DE MOTORES E COMBUSTÍVEIS
Patterson
NUNCA FOI VERDADE QUE A MENINGITE NO BRASIL DE 1971 NÃO CONFIGUROU UMA EPIDEMIA
NEGAR A EPIDEMIA DE MENINGITE NOS ANOS 1970 CAUSOU CENTENAS DE MORTES E DEIXOU SEQUELAS EM MILHARES DE BRASILEIROS
Existe
Números
Respingos
NUNCA FOI VERDADE QUE A VACINA TRÍPLICE CAUSA AUTISMO
FRAUDE QUE ASSOCIOU AUTISMO À VACINA TRÍPLICE VIRAL, MANIPULOU FAMÍLIAS E PÔS EM RISCO A SAÚDE DE CRIANÇAS É A BASE DO MOVIMENTO ANTIVACINA PELO MUNDO
Estudo forjado
Caso encerrado
NUNCA FOI VERDADE QUE PRODUZIMOS UMA PÍLULA QUE CURA CÂNCER
APESAR DAS FRUSTRAÇÕES ENVOLVIDAS E DO OPORTUNISMO QUE SE EVIDENCIOU, PESQUISAS CONFIRMAM QUE A FOSFOETANOLAMINA É INÓCUA CONTRA O CÂNCER
Como chegamos a isso
Nas mídias
Vias legais
CPI
Fosfoetanolamina
Lucros
NUNCA FOI VERDADE QUE A CLOROQUINA CURA OU PREVINE A COVID
PANACEIA INVENTADA SOBRE A CLOROQUINA AGRAVOU A PANDEMIA E ELEVOU O NÚMERO DE ÓBITOS
Cortina de fumaça
Experimento clínico
Manaus
Hidroxicloroquina versus vacinas
SOBRE DESINFORMAÇÃO E SAÚDE
INTOXICAÇÃO POR CHUMBO, MENINGITE, SARAMPO, CAXUMBA, RUBÉOLA, CÂNCER E COVID-19 PODIAM TER IMPACTADO MENOS A HUMANIDADE
Primeiras ligações
Bom para saúde
DESINFORMAÇÃO E TERROR
NUNCA FOI VERDADE QUE A ESQUERDA EXPLODIU UMA BOMBA NO RIOCENTRO
BOMBA QUE EXPLODIU NA MÃO DE SARGENTO DO EXÉRCITO REVELOU QUE MILITARES PLANEJARAM E EXECUTARAM AÇÕES TERRORISTAS PARA CULPAR A ESQUERDA
Apuração
Contradições
Resgate
Desfecho
NUNCA FOI VERDADE QUE HOUVE ARMAS DE EXTERMÍNIO EM MASSA NO IRAQUE
INTERESSADOS EM PETRÓLEO E MOTIVADOS PELO 11 DE SETEMBRO, EUA DECLARAM GUERRA AO IRAQUE POR SUPOSTA CAPACIDADE BÉLICA QUE SABIAM SER FALSA
Eixo do Mal
Guerra outra vez
NUNCA FOI VERDADE QUE HOUVE UM PLANO DE REVOLUÇÃO COMUNISTA EM 1937
PLANO COHEN FOI UMA FAKE NEWS CRIADA POR MILITARES PARA LEGITIMAR A REPRESSÃO AOS COMUNISTAS QUE ACABOU LEVANDO O PAÍS À SUA PIOR DITADURA
Antecedentes
É fake
SOBRE DESINFORMAÇÃO E TERROR
A IRRESISTÍVEL DRAMATICIDADE DA DESINFORMAÇÃO
Emoções
Chances
DESINFORMAÇÃO E BARREIRAS HUMANITÁRIAS
NUNCA FOI VERDADE QUE SÓ USAMOS 10% DE NOSSA CAPACIDADE MENTAL
USAMOS O CÉREBRO INTEIRO, O TEMPO TODO, MAS O SENSO COMUM CONTINUA REPETINDO QUE SÓ USAMOS 10%
NUNCA FOI VERDADE QUE TEMOS ALMA, ESPÍRITO, CARMA OU SIMILARES
CIENTISTAS COGNITIVOS CONCLUEM QUE A MENTE CONSCIENTE É UMA FUNÇÃO DO CÉREBRO E, PORTANTO, NÃO PODE TER EXISTÊNCIA FORA DO SUPORTE ORGÂNICO
Começo
Dificuldades
NUNCA FOI VERDADE QUE O RACISMO TEM CAUSAS GENÉTICAS
TODOS OS HOMO SAPIENS DESTE PLANETA, INDEPENDENTEMENTE DA COR OU ETNIA, COMPARTILHAM AS MESMAS FAIXAS DE CAPACIDADES FÍSICAS E MENTAIS
Variação genética
Democracia racial
Raça e etnia
SOBRE DESINFORMAÇÃO E BARREIRAS HUMANITÁRIAS
PODE-SE FALAR QUALQUER BOBAGEM SOBRE A MENTE, QUE É VISTA COMO LIBERDADE DE EXPRESSÃO
Informação
Trajetória
DESINFORMAÇÃO E MEMÓRIA
BIBLIOGRAFIA DOS COMENTÁRIOS
SOBRE OS AUTORES
CONTRACAPA
Desinformação, ingrediente da desordem
um resgate crítico de fake news
Editora Appris Ltda.
1.ª Edição - Copyright© 2023 dos autores
Direitos de Edição Reservados à Editora Appris Ltda.
Nenhuma parte desta obra poderá ser utilizada indevidamente, sem estar de acordo com a Lei nº 9.610/98. Se incorreções forem encontradas, serão de exclusiva responsabilidade de seus organizadores. Foi realizado o Depósito Legal na Fundação Biblioteca Nacional, de acordo com as Leis nos 10.994, de 14/12/2004, e 12.192, de 14/01/2010.
Catalogação na Fonte
Elaborado por: Josefina A. S. Guedes
Bibliotecária CRB 9/870
Livro de acordo com a normalização técnica da ABNT
Editora e Livraria Appris Ltda.
Av. Manoel Ribas, 2265 – Mercês
Curitiba/PR – CEP: 80810-002
Tel. (41) 3156 - 4731
www.editoraappris.com.br
Printed in Brazil
Impresso no Brasil
Suely Figueiredo
Luís Carlos Ferrari
Davino Lima
Desinformação, ingrediente da desordem
um resgate crítico de fake news
Prefácio
Entender o cenário da desinformação tem se mostrado cada dia mais desafiador. A complexidade de elementos que se entrecruzam e se sobrepõem em uma realidade velozmente mutável produz um contexto em que o engano está sempre presente, escorrendo pelas barreiras que as tentativas de prevenção e combate persistem em colocar. O que parece mostrar a literatura e os recentes eventos sociopolíticos é que a compreensão e o enfrentamento da desinformação demandam esforços em todas as áreas e de todas as instituições e atores sociais. A manipulação da opinião pública disseminada pelas redes, como objetivo mais comum entre os atos desinformativos, tem produzido resultados cada vez mais intensos e violentos. Essa manipulação se efetiva devido a fatores aos quais a elaboração de uma resposta assertiva, emocionalmente compensadora, somente traria uma análise superficial do problema.
Se hoje em dia algumas histórias trazidas pelo livro parecem difíceis de conceber que alguma vez já foram amplamente disseminadas (como no caso da alimentação saudável com Nutella, da gasolina não tóxica e da pílula que cura câncer), outras ainda fazem parte do imaginário coletivo e retroalimentam crenças que questionam a realidade sem fundamentos concretos, vide a desconfiança nas vacinas e nas epidemias – aqui trazidas também em exemplos anteriores à Covid-19: da vacina tríplice nos anos 1990 até a meningite na década de 1970. O livro examina, ainda, a desinformação presente em discursos que procuram justificar questões raciais, morais, espirituais e comportamentais – utilizando como suporte teórico tanto as descobertas da neurociência quanto as investigações da filosofia da mente, amparado por nomes como Miguel Nicolelis, Anton Zeilinger, Andy Clark, Terrence Deacon, Daniel Dennett, Luciano Floridi e John Searle.
Assim, Desinformação, ingrediente da desordem discute o cenário por uma perspectiva sistêmica, informacionalista e filosófica, a partir de casos reais de suas principais vertentes (econômica, ética, sanitária, cognitiva e, claro, histórica) em um caminho trilhado pela compreensão dos signos que nos cercam. Os relatos escolhidos no início de cada capítulo servem de apresentação a um aprofundamento argumentativo necessário que convida à reflexão e que também causa uma polissemia cognitivamente prolífica – é o caso, por exemplo, da desordem
mencionada no título: se inicialmente ela remete ao caos social, com a leitura entende-se que o termo faz parte da abordagem sistêmica do livro. Das partes se chega ao todo – este eternamente outra parte de algo que ainda não alcançamos, mas que é fundamental ao nosso percurso cognitivo e histórico.
Aliás, o ponto entre cognição e história é essencial para a análise proposta pelo livro. Como diz a primeira frase da introdução: Precisamos muito de memória
. Pois é ela que nos traz aprendizado; é ela que nos molda, individual ou coletivamente. O que a memória também nos ensina é que, se nosso ímpeto humano é composto de falhas de julgamento e percepção, de nada adianta haver racionalidade sem estar balizada pela humanidade da nossa tão maleável consciência.
Leonardo Ripoll
Coordenador do Programa de Extensão Interinstitucional Comissão de Confiabilidade Informacional e Combate à Desinformação no Ambiente Digital (Cidad), doutorando na Escola de Comunicações e Artes da USP e bibliotecário na UFSC.
Nunca se mente tanto como antes das eleições,
durante uma guerra e depois de uma cachaça
(Otto von Bismarck)
O que se lê neste livro?
Precisamos muito de memória. A falta de memória faz de nós eternos iniciantes. A memória participa da inteligência, do amadurecimento cognitivo e da direção de nossa atenção. Atenção e memória distinguem a falta de sabedoria de sua presença.
Todos conhecemos pelo menos um caso em que a desinformação teve consequências graves, lamentáveis e até irreparáveis. E, mesmo com a variabilidade cultural acentuada que nos diz respeito, corremos pouco risco ao afirmar que toda desinformação causa indignação.
O apego à verdade nos caracteriza como humanos. Mesmo sendo a verdade fugidia, quase nunca unânime, transitória e dependente daquele que a percebe, mesmo assim temos uma atração irresistível pela verdade, e isso nos faz reagir ao percebermos ações que tentam embaçá-la.
No entanto, essa reação muda de natureza quando, em vez de nos depararmos com uma ou duas situações desinformacionais, nos deparamos com dezessete. Dezessete momentos da história em que fomos enganados, em que intencionalmente os fatos foram ocultados, torcidos ou negados, casos que terminaram em frustrações, em processos ou em tragédias. Quando os percorremos em sequência, além da reação emocional, é acionada uma visão racional, uma consciência do papel retrógrado da desinformação na trajetória humana.
O resgate dos casos aqui relatados exemplifica como, por falta de memória ou de atenção, nos deixamos tapear com certa facilidade. Ao visualizarmos a construção, as ações e as consequências de conjuntos de informações distorcidas, de verdades negadas e de narrativas mal-intencionadas, podemos perceber o alcance social dos estragos da desinformação. A percepção de estruturas desinformacionais repetidas, de como nuances da psicologia humana e das entrelinhas textuais são utilizadas com o descarado propósito de enganar e obter vantagens, já vale a leitura aqui proposta.
Não temos o direito, como seres humanos, de nos surpreender com nossas piores aspirações. Se, como ensinado por Terêncio e citado por Goethe, nada do que é humano pode nos ser estranho, todas as artimanhas da mentira, da manipulação e da sedução canalha podem ser reconhecidas por nós. Mesmo que não sejamos afeitos ao uso da desinformação, temos a capacidade de imaginar as mais perversas práticas, os piores sentimentos e intenções. Sabemos a que os humanos podem capitular, em troca de que podem se vender e os tipos de vontades a que podemos nos submeter.
O burburinho entre pessoas sempre incluiu conspirações, negacionismo, fake news, fofocas e outras narrativas fantasiosas. Muitas carregadas de más intenções e interesses escusos, outras, produtos da desatenção ou da infantilidade e algumas por pura diversão.
Não é o foco deste livro comentar a desinformação como problema político, jornalístico ou social. Não que essas abordagens não sejam fundamentais, toda desinformação é política, jornalística e social. Mas a proposta é dar uns passos para trás e tentar perceber, de uma forma mais sistêmica e filosófica, como a desinformação e a informação disputam a atenção das pessoas e que trunfos cada uma tem.
Um passo atrás no sentido de praticar uma conceitualização reversa sobre a desinformação e identificar seu componente cognitivo, processual, configuracional. Entender por que temos uma noção de verdade sempre compartilhada, se não com o outro, pelo menos com o mundo. Como extraímos a verdade de repetições e possibilidades de alta probabilidade.
Mas, então, por que nunca ficamos imunes a crer em fatos sem comprovação?
Nossa melhor resposta é que, enquanto os referentes dos signos que usamos, ou seja, os objetos aos quais os signos se referem, são substantivos concretos, como em a cadeira é azul
, a verdade pode ser conferida por correspondência. Basta usar nossos sentidos para conferir e ver se eles confirmam a sentença. Se a cadeira for realmente azul, então a afirmação é verdadeira.
Mas quando usamos signos classificados como substantivos abstratos, como a democracia é justa
ou essa ideia tem credibilidade
, não podemos contar com a correspondência entre referentes e mundo. Nesses casos só nos resta a coerência. A coerência se apoia em todas as sentenças que ouvimos ou lemos a respeito e em todas as experiências que tivemos com os conceitos em questão.
A exposição em matérias detalhadas de casos em que a desinformação foi a protagonista e conduziu a situação à leviandade ou ao crime nos traz a consciência do quanto nossa memória pode ser fraca, fragmentada, difusa e nos tornar coniventes com ações equivocadas, tendências sociais destrutivas, decisões políticas descompromissadas e com uma atitude desarticulada com a realidade.
Além de resgatar os usos variados da desinformação nos casos selecionados, há um convite intelectual para que a compreensão do quanto somos um sistema complexo de fluxos informacionais fundamente nossas teorias e intervenções.
Para isso, os casos apresentados foram maleavelmente organizados em cinco relações que a desinformação cultiva: com o lucro, a moral, a saúde, o terror e as falsas barreiras humanas.
Mais que um alerta, apresenta-se, a cada grupo de matérias, um comentário filosoficamente influenciado e informacionalmente modelado. Algo para além das definições e características que se pode encontrar na Wikipedia. Não que essa enciclopédia colaborativa e ubíqua não tenha valor, mas uma visão articulada entre fluxos informacionais e funções que desempenhamos no mundo pode levar o entendimento do que nos cerca a um nível mais básico, fundamental e, por isso, mais profícuo.
Entre os relatos deixados de fora está o caso mais emblemático dos efeitos nefastos da desinformação, o da Escola Base. Justamente por ser emblemático e, por isso, já ter sido relatado e analisado inúmeras vezes, optamos por explorar outras situações menos comentadas, mas não menos graves.
Para construir uma visão crítica da prática da desinformação entre nós, a cada grupo de matérias tomadas como exemplo do tópico em questão – lucro, ética, saúde, terror e barreiras humanas – segue-se um comentário à luz da filosofia da informação.
Uma vez que a informação veio a caracterizar a época em que vivemos, e que ela não é um ingrediente da natureza de fácil compreensão, o século 21 vê se consolidar uma área nova de investigação filosófica, a filosofia da informação.
A filosofia da informação é um campo de pesquisa que adota critérios analíticos (herdados da filosofia analítica e ao mesmo tempo crítico a eles) e proximidade com a ciência para elaborar seus conceitos. O leitor vai perceber isso facilmente ao ver os argumentos apresentados se apoiarem na física, na química, na biologia e nas ciências cognitivas. Os textos que fundamentam os comentários estão na bibliografia ao final da publicação.
Esta publicação integra as ações da Comissão de Confiabilidade Informacional e Combate à Desinformação em Ambiente Digital, projeto de extensão UFSC/Udesc que pode ser conferido em https://cidad.bu.ufsc.br/.