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Recomeçar Duma Crise De Sentidos
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E-book513 páginas5 horas

Recomeçar Duma Crise De Sentidos

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Sobre este e-book

este livro sobre “Recomeçar duma crise de sentidos”, e como subtítulo “Vencer a crise de sentidos através dos Exercícios Espirituais Inacianos”. Ao olhar para as relações que ocorrem dentro de uma determinada sociedade é possível perceber quais são os sistemas de valores, a moral e a ética pela prática social de seus integrantes. Em uma sociedade que se auto define global, não só as relações econômicas estão atreladas, como a própria cultura sofre uma espécie de homogeneização e, desta forma, também o conjunto de princípios norteadores de uma sociedade sofre alterações. Adapta-se, transfigura-se e lentamente passa-se a um processo de padronização do pensamento, dos valores e da moral. Notadamente, a sociedade atual vive uma crise de sentidos, o ser humano coloca-se como centro dos desejos e necessidades, e assim constrói-se uma ideia perversa de autorrealização que em nada se aproxima da perspectiva Cristã. Aturdidos pelo caos do barulho e da superficialidade, numa sociedade que prioriza o periférico e o superficial, o pouco profundo, vive-se um permanente vazio nas relações sociais. O grande dinamismo dos meios de comunicação e de informação aflige as pessoas com uma infinidade de sistemas de valores, onde o que predomina é o desejo e não a necessidade. As exigências do dia-a-dia impõem uma rotina onde raramente reserva-se momentos de reflexão, de aprofundamento e de cuidado espiritual. Uma espécie de liberdade individual desconectada das relações sociais passou a ser a grande propulsora de um individualismo que norteia a conduta social. A busca de autossatisfação é a tônica de uma sociedade de consumo e influencia sobremaneira o ser humano que, na procura de sua autonomia, coloca a si próprio como sendo a razão e o propósito da sua existência. O indivíduo é o centro da sua vida e essa condição determina suas relações sociais, que passam a se pautar em uma forma egocêntrica e individualista de ser. Essa inversão de valores define uma nova maneira de ser, que exprime exatamente a condição de contradição dessa sociedade. Busca-se fora de si aquilo que só é encontrado no seu próprio ser, ao mesmo tempo em que busca em si aquilo que só se encontra na relação com o mundo exterior, na relação com o outro. O Recomeçar, na contramão de uma sociedade em crise de sentidos e valores, na busca do encontro com a fé Cristã, que nos aponta para uma ética diferente, que busca no seguimento da cruz o motivo de sua plena autonomia e liberdade, que ressignifica o presente e caminha confiante para um novo futuro. Procuramos utilizar como metodologia a espiritualidade Inaciana, contemplativa na ação, segundo o livro dos Exercícios Espirituais de Santo Inácio de Loyola PARA REALIZAR A EXPERIÊNCIA DE ENCONTRO PESSOAL COM JESUS, NO EXERCÍCIO ESPIRITUAL DO DIA-A-DIA. O autor saluar antonio magni é leigo da Igreja Católica, formado em administração, economia e possui curso superior de religião pela Arquidiocese de Aparecida. Atualmente é oficial reformado da Aeronáutica. Além de do ministério da Palavra é coordenador Arquidiocesano da Liturgia da Arquidiocese de Aparecida e orientador e acompanhante dos exercícios espirituais de santo Inácio de Loyola..
IdiomaPortuguês
Data de lançamento30 de dez. de 2023
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    Recomeçar Duma Crise De Sentidos - Saluar Antonio Magni

    1

    SUMÁRIO PG

    INTRODUÇÃO 5

    CAPÍTULO 1 VIVEMOS EM UM MUNDO EM CRISE 10

    CAPÍTULO 2 COMO REAGIMOS PERANTE A CRISE

    NO MUNDO? 27

    CAPÍTULO 3 ACEITAR A VIDA E COMPREENDER O

    SENTIDO DA CRIAÇÃO 42

    CAPÍTULO 4 RESTAURAÇÃO DA VIDA É UMA MISSÃO

    CRISTÃ 66

    CAPÍTULO 5 RECOMEÇAR COM ESPERANÇA NOS

    EXERCÍCIOS ESPIRITUAIS DE SANTO INÁCIO DE

    LOYOLA VENCENDO AS CRISES 86

    CAPÍTULO 6 COMO DISCERNIR OS NOSSOS

    SENTIMENTOS NO CAMINHO DA CURA DE NOSSA

    CRISE DE SENTIDOS 113

    CAPÍTULO 7 RECOMEÇAR CURANDO NOSSA VIDA DE PECADOS E CRISES DE SENTIDO 123

    CAPÍTULO

    8

    RECOMEÇAR

    NOSSA

    VIDA

    CONTEMPLANDO A VIDA DE JESUS E DE MARIA COM ESPERANÇA NA ETERNIDADE COM ELES 161

    CAPÍTULO 9 PARA VENCER A CRISE DE SENTIDO

    DEVEMOS RESPONDER O CHAMADO DE JESUS

    PARA A VOCAÇÃO 201

    CAPÍTULO 10 CONFIRMAR SEU RECOMECAR DE

    NOVA VIDA NA PAIXÃO E NA RESSURREIÇÃO 232

    CONCLUSÃO 281

    BIBLIOGRAFIA 288

    LIVROS PUBLICADOS PELO AUTOR NO CLUBE DOS

    AUTORES 289

    2

    AGRADECIMENTO

    Agradeço de maneira toda especial à minha esposa Teka, pelo incentivo e toda retaguarda necessária para que eu pudesse ter tempo, paz e tranquilidade para contemplar e meditar os assuntos abordados neste livro. Ao padre Geraldo de almeida Sampaio, nosso professor na especialização em Cristologia/Mariologia e no curso superior de religião que fizemos aqui na arquidiocese de aparecida. E a todo o pessoal do CEI, Centro de Espiritualidade Inaciana de Itaici, que me proporcionaram todo conhecimento intelectual, e especialmente afetivo, da metodologia Inaciana. E

    onde tive a oportunidade de realizar uma especialização sobre orientação e acompanhamento espiritual, coordenado pela FAGE

    de Belo Horizonte.

    Oh! Verdade! Oh! Beleza infinitamente amável de Deus! Quão tarde vos amei! Quão tarde vos conheci! e quão infeliz foi o tempo em que não vos amei nem vos conheci! Meus delitos me têm envilecido; minhas culpas me têm afetado; minhas iniquidades têm sobrepujado, como as ondas do mar, por cima de minha cabeça. Quem me dera Deus meu, um amor infinito para amar-vos, e uma dor infinita para arrepender-me do tempo em que não vos ame como devia! Mas, enfim vos amo e vos conheço, Bem sumo e Verdade suma, e com a luz que Vós me dais me conheço e me aborreço, pois eu tenho sido o princípio e a causa de todos os meus males. Que eu Vós conheça, Deus meu, de modo que vos ame e não vos perda! Conheças a mim, de sorte que consiga arrepender-me e não me busque em coisa alguma minha felicidade a não ser em Vós, Senhor meu! (Santo Agostinho)

    Se queres chegar ao conhecimento de Deus, trata de antes te conheceres a ti mesmo. (Abade Evágrio Pôntico).

    Então, os seus olhos abriram-se e reconheceram-no (Jo 24, 31).

    3

    INTRODUÇÃO

    Quero iniciar este livro Recomeçar duma crise de sentidos, e como subtítulo Vencer a crise de sentidos através dos Exercícios Espirituais Inacianos. Ao olhar para as relações que ocorrem dentro de uma determinada sociedade é possível perceber quais são os sistemas de valores, a moral e a ética pela prática social de seus integrantes. Em uma sociedade que se auto define global, não só as relações econômicas estão atreladas, como a própria cultura sofre uma espécie de homogeneização e, desta forma, também o conjunto de princípios norteadores de uma sociedade sofre alterações. Adapta-se, transfigura-se e lentamente passa-se a um processo de padronização do pensamento, dos valores e da moral. Notadamente, a sociedade atual vive uma crise de sentidos, o ser humano coloca-se como centro dos desejos e necessidades, e assim constrói-se uma ideia perversa de autorrealização que em nada se aproxima da perspectiva Cristã.

    Aturdidos pelo caos do barulho e da superficialidade, numa sociedade que prioriza o periférico e o superficial, o pouco profundo, vive-se um permanente vazio nas relações sociais. O

    grande dinamismo dos meios de comunicação e de informação aflige as pessoas com uma infinidade de sistemas de valores, onde o que predomina é o desejo e não a necessidade. As exigências do dia-a-dia impõem uma rotina onde raramente reserva-se momentos de reflexão, de aprofundamento e de cuidado espiritual.

    Uma espécie de liberdade individual desconectada das relações sociais passou a ser a grande propulsora de um individualismo que norteia a conduta social. A busca de autossatisfação é a tônica de uma sociedade de consumo e influencia sobremaneira o ser humano que, na procura de sua autonomia, coloca a si próprio como sendo a razão e o propósito da sua existência. O indivíduo é o centro da sua vida e essa condição determina suas relações sociais, que passam a se pautar em uma forma egocêntrica e individualista de ser. Essa inversão de valores define uma nova maneira de ser, que exprime exatamente a condição de contradição dessa sociedade. Busca-se fora de si aquilo que só é encontrado no seu próprio ser, ao mesmo tempo em que busca em si aquilo que 4

    só se encontra na relação com o mundo exterior, na relação com o outro. O Recomeçar, na contramão de uma sociedade em crise de sentidos e valores, na busca do encontro com a fé Cristã, que nos aponta para uma ética diferente, que busca no seguimento da cruz o motivo de sua plena autonomia e liberdade, que ressignifica o presente e caminha confiante para um novo futuro. Assim, o motivo de toda esperança Cristã não pode ser outro senão o próprio Cristo. Caso contrário, falar em futuro seria apenas uma especulação vazia, uma racionalização inútil ou um profetismo insidioso. Por meio do Cristo ressuscitado encontra-se um recomeço para o futuro: o do próprio Cristo e, consequentemente, o da criação. O futuro de Cristo é a promessa e motivo de esperança. Assim, vê-se o presente tendo o futuro como ponto de partida, porque todos são colaboradores desse futuro esperado. A esperança em Deus precisa fazer parte da nossa vida, mas frequentemente, tratam a esperança como sinônimo de otimismo.

    É utilizada, assim, para designar um certo sentimento de que tudo irá se resolver ou dar certo. Uma noção de que as coisas não podem estar tão ruins como aparentam ou que, embora tudo indique uma dificuldade de resolução, no fim tudo vai dar certo. Esperança é o substantivo feminino que indica o ato de esperar alguma coisa, pode ser também um sinônimo de confiança. Ter esperança é acreditar que alguma coisa muito desejada vai acontecer. A esperança pode ser fundamentada (ou realística) ou baseada em alguma utopia, algo que dificilmente será alcançado. Em sentido figurado, a palavra esperança pode dizer respeito a alguma pessoa na qual é colocada um elevado grau de expectativa.

    O Deus da promessa se manifesta na história e através dela constrói o caminho para a salvação, sem que exclua disso a necessidade da participação da humanidade nessa construção. A promessa revelada por Deus não suscita uma realização no presente, mas orienta o presente com vistas ao futuro. O ser humano também se torna responsável pelo futuro da criação, e é convidado a recomeçar, imitando o Cristo nessa caminhada. Assim há a ética Cristã, uma conduta que oferece sentidos, propõe um 5

    ajuste de foco, reconduz a pessoa a pensar e agir coletivamente, a se redescobrir como sendo parte de um grande mistério que vai além da razão ou compreensão humana. Ao propormos neste livro uma reflexão sobre o recomeço nesta crise de sentidos e valores, com esperança e ética Cristã, está se permitindo avaliar a realidade social e vislumbrar possibilidades a partir de uma teologia que indica uma responsabilidade e comprometimento para com o futuro. De fato o cristianismo já está presente majoritariamente na civilização ocidental, porém, a prática social não indica para uma ética de valores cristãos. Essa dificuldade se impõe na busca de respostas para uma ética cristã. Surgem questões urgentes a serem respondidas. Qual é esse cristianismo professado que não altera as estruturas de dominação e opressão? O que é preciso para que a fé cristã seja de fato uma força transformadora da realidade, a partir dos pressupostos do evangelho? Como se pode, a partir da experiência Cristã, chegar a uma fé viva, prática, vibrante e que contagie as pessoas para uma prática da solidariedade? Como pode o Cristianismo hoje associar-se à busca da justiça social e superação da crise de valores da sociedade? A ética Cristã aponta para uma verdade norteadora da vida, mas como, em uma sociedade desorientada e confusa, pode-se reconhecer a verdade? De fato a fé Cristã não pode ser uma passiva espera da efetivação de um reino de justiça que se cumpre num plano apenas espiritual, mas antes, uma orientação para fazer aquilo que é possível nesse mundo para alcançar uma vida digna.

    Essa cultura atual molda as relações humanas a partir de valores que contradizem, sobremaneira, os valores cristãos, expondo a humanidade moderna a uma crise de valores e sentidos.

    Inicia-se olhando para as crises que afetam toda a criação, em especial o ser humano que inserido na cultura moderna transforma-se a si mesmo em uma ameaça para a sobrevivência.

    Serão analisadas as reações humanas perante as dificuldades impostas pelas crises apresentadas e, situa-se a religião neste contexto de modernidade, discriminando, a partir dos papéis ditados pela sociedade e assumidos pela religião como práticas impeditivas para o adequado seguimento de Cristo. Abordaremos 6

    temas como a salvação, vida e natureza, buscando um melhor entendimento do sentido da criação, de como a vida humana se relaciona com a natureza da qual ela faz parte e, consequentemente, com a salvação de todas as coisas. iremos expor uma hermenêutica teológica da vida, com o princípio de que a vida é um direito humano e que não pode ser violado. A vida, porém, para ser humana, deve ser afirmada e aceita, amada e participada, ter em si a aspiração para a vida eterna. Enfocaremos, também a criação como projeto de Deus, tendo início, evoluindo e, encontrando seu propósito maior, tornando-se a habitação do próprio Deus. Iremos buscar entender a esperança cristã como horizonte e fonte da ética da vida, que trata da práxis cristã diante da sociedade. A relação feita entre a esperança Cristã e a sociedade contemporânea deve resultar numa ética que atribua sentido à vida humana, como uma proposta de ação transformadora da realidade apontando para a sua plena dignificação. Portanto, uma ética Cristã implica numa forma de ser e agir no mundo e se oferece como resposta para a busca da humanidade. Ressalta-se a esperança Cristã como vitalidade, como força propulsora que conduz o ser humano a despertar para a realidade vivida de modo a percebê-la e compreendê-la e, assim, poder mudá-la. Assim a ética Cristã é indissociável da fé em Cristo, devendo ser a vida do Cristão, o pleno testemunho do amor de Deus. Aponta-se para a necessidade de uma proposta, a partir do evangelho de Jesus, de uma cultura que valorize e promova a vida humana e que oriente a uma vida feliz. Levando em conta a contradição entre a atual cultura de morte e a proposta do Reino de Deus, evidencia-se a sacralidade e a dignidade da vida humana a partir da própria missão de Cristo.

    A esperança Cristã deve ser, antes de tudo, uma busca pela verdade, um descontentamento com a realidade presente e um posicionamento de estranhamento perante um mundo que já não pode mais ser aceito passivamente. Implica, dessa forma, em um recomeçar em busca de melhores condições para a realização da vida humana. Uma luta diária por justiça, solidariedade e dignidade.

    Esperança Cristã é uma transformação do presente com vistas ao futuro esperado em Cristo. A espera não é uma ilusão de que a 7

    felicidade é reservada somente para um futuro distante e, assim, inatingível, pois as pessoas são presente, ou seja, é a partir do aqui e agora que existem. Os sofrimentos da vida, a dor do presente e as cruzes diárias não podem ser vistas e aceitas apenas como uma possibilidade futura de recompensa. Pensar assim limita a uma passividade e uma indiferença diante das injustiças sociais. Mas a esperança é capaz de colocar as pessoas no caminho do amor, e compreender a vida além dos sofrimentos, ou melhor, é capaz de significar as dores e mostrar que a felicidade está no reto cumprimento da mensagem de Cristo. Assim, carregar a cruz com Cristo tem sentido, não é espera passiva, mas se torna um caminhar confiante e transformador mediante a esperança.

    Para este estudo vamos utilizar a espiritualidade Inaciana, Jesuíta, que no final iremos realizar um verdadeiro exercício espiritual, para que a esperança cristã seja a nossa própria vida vivida aqui e agora num recomeço à partir de nossas crises de sentido, de mãos dadas com Cristo ressuscitado presente na Igreja, na Eucaristia, na Palavra e especialmente em cada um de nós que busca viver a Verdade do Evangelho que Ele nos ensinou com Sua vida aqui na terra e hoje no céu a nos esperar para uma vida eterna na presença de Deus Trindade Santa!

    Neste livro sobre o recomeçar uma esperança e ética Cristã, pretendemos fornecer subsídios para uma reflexão madura, apontando para uma ética que possibilite uma atitude melhor perante a vida. A esperança Cristã deve ser, antes de tudo, uma busca pela verdade, um descontentamento com a realidade presente e um posicionamento de estranhamento perante um mundo que já não pode mais ser aceito passivamente. Implica, dessa forma, em uma busca de melhores condições para a realização da vida humana. Uma luta diária por justiça, solidariedade e dignidade. Esperança Cristã é uma transformação do presente com vistas ao futuro esperado em Cristo. A espera não é uma ilusão de que a felicidade é reservada somente para um futuro distante e, assim, inatingível, pois nós somos presentes no hoje, ou seja, é a partir do aqui e agora que existimos. Os sofrimentos da vida, a dor do presente e as cruzes diárias não 8

    podem ser vistas e aceitas apenas como uma possibilidade futura de recompensa. Pensar assim limita a uma passividade e uma indiferença diante das injustiças sociais. Mas a esperança é capaz de nos colocar no caminho do amor, e compreender a vida além dos sofrimentos, ou melhor, é capaz de significar as dores e mostrar que a felicidade está no reto cumprimento da mensagem de Cristo. Assim, carregar a cruz com Cristo tem sentido, não é espera passiva, mas se torna um caminhar confiante e transformador, para renovar nossas vidas mediante a esperança.

    No próximo capítulo iremos iniciar o estudo sobre as crises do mundo atual. Vivemos tempos difíceis, momentos tenebrosos, tragédias espalhadas por todo planeta, o desequilíbrio do mundo, que atinge as pessoas.

    9

    CAPÍTULO 1 VIVEMOS EM UM MUNDO EM CRISE

    Aturdidos pelo caos do barulho e da superficialidade, numa sociedade que prioriza o periférico e o superficial, o pouco profundo, vive-se um permanente vazio nas relações sociais. O

    grande dinamismo dos meios de comunicação e de informação aflige as pessoas com uma infinidade de sistemas de valores, onde o que predomina é o desejo e não a necessidade. As exigências do dia-a-dia impõem uma rotina onde raramente reserva-se momentos de reflexão, de aprofundamento e de cuidado espiritual.

    Uma espécie de liberdade individual desconectada das relações sociais passou a ser a grande propulsora de um individualismo que norteia a conduta social. A busca de autossatisfação é a tônica de uma sociedade de consumo e influencia sobremaneira o ser humano que, na procura de sua autonomia, coloca a si próprio como sendo a razão e o propósito da sua existência. O indivíduo é o centro da sua vida e essa condição determina suas relações sociais, que passam a se pautar em uma forma egocêntrica e individualista de ser. Essa inversão de valores define uma nova maneira de ser, que exprime exatamente a condição de contradição dessa sociedade. Busca-se fora de si aquilo que só é encontrado no seu próprio ser, ao mesmo tempo em que busca em si aquilo que só se encontra na relação com o mundo exterior, na relação com o outro.

    Na contramão de uma sociedade em crise de valores, a fé Cristã aponta para uma ética diferente, que busca no seguimento da cruz o motivo de sua plena autonomia e liberdade, que ressignifica o presente e caminha confiante para um novo futuro.

    Assim, o motivo de toda esperança Cristã não pode ser outro senão o próprio Cristo. Caso contrário, falar em futuro seria apenas uma especulação vazia, uma racionalização inútil ou um profetismo insidioso. Por meio do Cristo ressuscitado encontra-se um futuro: o do próprio Cristo e, consequentemente, o da criação. O futuro de Cristo é a promessa e motivo de esperança. Assim, vê-se o presente tendo o futuro como ponto de partida, porque todos são colaboradores desse futuro esperado. Recomeçar é necessário, mas recomeços, convenhamos, não são fáceis, não é mesmo?

    10

    Recomeçar significa mudar, voltar a fazer as mesmas coisas, mas de uma nova e diferente perspectiva. No entanto, muitas vezes, ao darmos essa pausa, o retorno não é como esperávamos e, então, percebemos que nada mudou e que essa pausa não surtiu em nós o efeito desejado. Aí, começamos aos poucos a ficar frustrados com nós mesmos, com o mundo e com a nossa realidade. Para entender melhor o que recomeçar significa em nossa existência, vamos usar de exemplo a metamorfose da borboleta. Se observarmos uma lagarta, antes de entrar no casulo, percebemos que ela é um ser feio, que rasteja, sem atrativos. No entanto, quando ela entra no casulo e permanece lá, respeitando o tempo da natureza, ao rasgar o casulo, não é uma lagarta que sairá, mas sim uma linda e colorida borboleta. A lagarta feia sem atrativos que estava presa e rastejava nunca mais será a mesma, pois ela evoluiu, criou asas. Mesmo que ela tente rastejar, não será possível, pois sua vontade de voar é maior do que o desejo de continuar onde estava.

    Podemos nos comparar com uma lagarta quando o assunto é recomeçar. Todo recomeço vem de uma pausa, correto? Então, se existiu essa pausa, é por que algo não estava certo, algo não estava acontecendo como o esperado, havia uma possível infelicidade e, então, a vida pede um recomeço. Porém, muitas vezes, confundimos, o Recomeçar com o Pausar. Não importa onde você parou, em que momento da vida você cansou, o que importa é que sempre é possível e necessário Recomeçar. Recomeçar é dar uma nova chance a si mesmo. É renovar as esperanças na vida e o mais importante: acreditar em você de novo. Sofreu muito nesse período? Foi aprendizado. Chorou muito? Foi limpeza da alma. Ficou com raiva das pessoas? Foi para perdoá-las um dia.

    Sentiu-se só por diversas vezes? É por que fechaste a porta até para os outros. Acreditou que tudo estava perdido? Era o início da tua melhora. Pois é! Agora é hora de iniciar, de pensar na luz, de encontrar prazer nas coisas simples de novo.

    O Deus da promessa se manifesta na história e através dela constrói o caminho para a salvação, sem que exclua disso a necessidade da participação da humanidade nessa construção. A promessa revelada por Deus não suscita uma realização no 11

    presente, mas orienta o presente com vistas ao futuro. O ser humano também se torna responsável pelo futuro da criação, e é convidado a imitar o Cristo nessa caminhada. Assim há a ética Cristã, uma conduta que oferece sentidos, propõe um ajuste de foco, reconduz a humanidade a pensar e agir coletivamente, a se redescobrir como sendo parte de um grande mistério que vai além da razão ou compreensão humana. Ao propor uma reflexão sobre a esperança e ética Cristã está se permitindo avaliar a realidade social e vislumbrar possibilidades a partir de uma teologia que indica uma responsabilidade e comprometimento para com o futuro. De fato o cristianismo já está presente majoritariamente na civilização ocidental, porém, a prática social não indica para uma ética de valores cristãos. Essa dificuldade se impõe na busca de respostas para uma ética cristã. Surgem questões urgentes a serem respondidas. Qual é esse cristianismo professado que não altera as estruturas de dominação e opressão? O que é preciso para que a fé cristã seja de fato uma força transformadora da realidade, a partir dos pressupostos do evangelho? Como se pode, a partir da experiência Cristã, chegar a uma fé viva, prática, vibrante e que contagie as pessoas para uma prática da solidariedade? Como pode o Cristianismo hoje associar-se à busca da justiça social e superação da crise de valores da sociedade?

    As perspectivas de uma recuperação econômica global robusta permanecem sombrias em meio a um cenário de inflação persistente, aumento das taxas de juros e aumento de incertezas.

    Em vez disso, a economia mundial enfrenta o risco de um período prolongado de baixo crescimento, uma vez que os efeitos persistentes da pandemia da COVID-19, o impacto cada vez pior das mudanças climáticas e os desafios estruturais macroeconômicos permanecem sem solução. Vivemos tempos difíceis, momentos tenebrosos, tragédias espalhadas por todo planeta, o desequilíbrio do mundo, que atinge as pessoas.

    Mantermos o equilíbrio, a fé e confiança em Deus, que sustenta a vida e nutre nosso coração. Não vemos a semente crescer, mas ela se desenvolve, assim, como a fé cresce e nos dá vida, esperança que nos sustenta, diante de tantas tragédias, dores e sofrimentos. O

    12

    mundo inteiro sofre por consequência da Pandemia, estarmos de olhos abertos é essencial, para obtermos as misericórdias de Deus.

    É preciso para experimentarmos a confiança em Deus e descansar no seu amor. Diante das instabilidades em todas as áreas, principalmente a política, que leva a destruição e degradação das Instituições, pelos desmandos que passa nossa Nação. Quando cremos que fomos criados por Deus, que nosso corpo é um santuário sagrado, temos consciência da busca constante por uma alimentação saudável, para termos saúde, nos preservar das doenças, diante de uma Pandemia desenfreada. A fé é importante, ela, nos aproxima mais de Deus. Esta confiança em Deus, conduz-nos a termos boas perspectivas, a sermos mais otimistas e positivos, em relação à vida, evitando sofrimentos e nos permitindo transformações para uma vida melhor, apesar de todos os problemas de ordem política, e outros que enfrentamos, que geram a fome, a miséria, aliadas as tragédias, as doenças e todos os desequilíbrios porque passa o Planeta Terra, afetando toda humanidade. A pandemia provocada pelo novo corona vírus impôs um isolamento a bilhões de pessoas e chegou a praticamente paralisar a economia global. Os desafios para os negócios são imensos e sem precedentes. O que as empresas devem fazer para sobreviver a essa crise?

    Até o capitão inglês James Cook atracar seu navio na Austrália, em 1770, as pessoas da época tinham a certeza de que todos os cisnes eram brancos. A descoberta da ave em território australiano rompeu uma crença que, como hoje sabemos, era sustentada em premissas bastante frágeis. Afinal, a ausência de evidência não pode ser confundida como evidência de ausência.

    Mais de dois séculos depois, o investidor Nassim Nicholas Taleb utilizou a história para batizar de cisne negro os eventos que, de tempos em tempos, assolam o mundo e que, em comum, são imprevisíveis e com resultados impactantes no ambiente de negócios. Os efeitos provocados pela pandemia da Covid-19 já podem ser classificados como um dos maiores cisnes negros dos últimos cem anos. Diversos setores reduziram ou suspenderam suas produções – e os reflexos ainda estão longe de serem 13

    mensurados com precisão. No final de março, o Fundo Monetário Internacional (FMI) declarou que o mundo vivia uma recessão. No Brasil, em junho, o próprio FMI e o Banco Mundial projetavam um tombo em torno de 8% para 2020; na média mundial, segundo essas mesmas fontes, a queda tenderia a ser de 5,2%. Essa espiral de destruição de valor pode levar à bancarrota milhares de negócios – pequenos e grandes. A situação impõe um desafio imenso aos gestores. Como gerir uma empresa em meio ao que pode se tornar uma das piores crises do capitalismo?

    A Mundo Corporativo conversou com executivos de seis empresas, de diversos tamanhos e setores, para mostrar como elas estão lidando com o desafio de proteger os seus negócios e as suas pessoas. Em comum, todas criaram grupos para projetar os impactos da pandemia e adaptar suas operações para o novo cenário, adotaram uma gestão fortíssima de fluxo de caixa e criaram mecanismos para proteger seus colaboradores. Em um momento em que muitas empresas se veem sem receitas, o pensamento deve estar focado na sobrevivência dos negócios, diz Luís Vasco, sócio da área de Financial Advisory da Deloitte. E, para isso, é fundamental preservar o caixa. Analisar em detalhes todas as despesas – e cortar tudo o que for possível –, renegociar prazos com credores e fornecedores e, se necessário, buscar linha de crédito em bancos são ações recomendáveis. Se não for possível obter novas receitas, deve-se, ao menos, procurar créditos fiscais. Segundo Vasco, que lidera a prática de Reestruturação e Recuperação Judicial de Empresas da Deloitte, um erro dos gestores é não ter clareza da gravidade da situação e postergar a tomada de decisões, na esperança vã de que a situação não se provará tão severa. É comum não enxergar a amplitude da realidade como ela se apresenta, diz o sócio da Deloitte. O certo é fazer uma projeção de caixa de, no mínimo 90 dias, com atualizações diárias, e agir com tempestividade.

    Em um momento como o atual, o pensamento deve estar focado na sobrevivência dos negócios, Luís Vasco, líder de Reestruturação de Empresas da Deloitte. Entender a seriedade da situação e tomar as decisões que o momento exige foi a postura 14

    adotada pela agência de eventos e entretenimento Dream Factory.

    A empresa foi obrigada a adiar para o segundo semestre dois dos seus maiores eventos, o Rio Montreux Jazz Festival e a Maratona do Rio, e viu os eventos para terceiros serem todos cancelados, como a festa do Comitê Olímpico Brasileiro (COB) que marcaria os cem dias para a Olimpíada de Tóquio. Até julho, não teremos nenhuma receita, diz Claudio Romano, presidente da Dream Factory. Ante esse cenário de escassez, a empresa criou um plano para redução de 30% nas despesas. Isso inclui o corte de 20% nos salários dos 120 funcionários, incluindo os sócios, e a renegociação de pagamentos com fornecedores. Vamos pagar todo mundo, mas estamos buscando descontos. A Covid-19 prova que as empresas precisam estar preparadas para todos os cenários – até para o mais catastrófico. Ainda que ninguém possa prever exatamente o que vai acontecer, é possível – recomendável, aliás –

    a criação de uma estrutura de governança para mapear os riscos potenciais e planejar as ações de resposta às crises, que podem ser de origem financeira, regulatória, operacional, estratégica ou cibernética.

    Situamos o problema das condições econômico-sociais como sendo uma ameaça à vida e buscamos analisar essas questões sob o ponto de vista do contraste entre uma sociedade de consumo e uma sociedade das reais necessidades humanas. Baseamos nosso pensamento pautando a grande disparidade do abismo social existente entre ricos e pobres, considerando que essa distância de poderio econômico está aumentando e tende a aumentar cada vez mais, majorando as desigualdades e injustiças. Isso não é por acaso, mas é resultado da negligência sociopolítica praticada por países industrializados. As causas do subdesenvolvimento econômico dos países considerados de Terceiro Mundo estão intimamente ligadas ao fato de que os países de Primeiro Mundo sempre estiveram vivendo à custa dos benefícios trazidos pela dominação exercida aos países menos favorecidos. Assim, o enriquecimento e desenvolvimento técnico-industrial dos países de Primeiro Mundo à miséria e subdesenvolvimento dos países de Terceiro Mundo.

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    A atual contradição entre os povos do Terceiro Mundo em processo de empobrecimento e endividamento e países industriais do Primeiro Mundo em rápido desenvolvimento, o crescente

    distanciamento norte-sul, o montante da dívida em crescimento constante, ou qualquer que seja a descrição, tudo isso não é uma crise passageira da civilização mundial em surgimento, mas um defeito de nascença desta própria civilização. Essa dominação é exercida não apenas entre os chamados países de Primeiro Mundo em relação aos países de Terceiro Mundo, mas entre uma pequena e rica elite que domina as pessoas empobrecidas, e, inclusive nas democracias do Primeiro Mundo. Aqui os conceitos de liberdade e igualdade ganham contornos catastróficos, porque de fato conduzem grande parte da humanidade ao sofrimento da carência de bens indispensáveis para a sobrevivência humana. O tão proferido tema da liberdade requer que as pessoas tenham igualdade de condições, o que jamais será possível nessas condições em que é estruturada a sociedade moderna. Assim, a sociedade sofre pela desarmonia e contradições que impedem a justiça social. Desde a desregulamentação da economia e dos fluxos financeiros promovida pelas grandes economias mundiais, as assimetrias entre liberdade e igualdade se tornaram mortais para muitos cidadãos e muitas cidadãs porque levaram ao depauperamento, a ruina. Um capitalismo que não pode ser mais controlado politicamente, isto é, pelo povo de uma nação, exerce uma influência hostil à democracia porque destrói o espírito público de uma sociedade.

    As causas para esse declínio social são muitas: o medo do fracasso, a ideia de que não existe o suficiente para todos, o fato de cada um possa cuidar de si mesmo, a competitividade, a falta de solidariedade, a sede de poder, dentre outros. O que está em jogo é o status social. O status é sempre medido tomando-se por base as condições econômicas dos indivíduos. Classifica-se a sociedade e divide-se a mesma em classes de acordo com o critério meramente financeiro. Não entra aqui o conhecimento cultural, as atividades artísticas, o grau de sociabilidade ou as relações humanas. Ora, numa sociedade que se

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