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O Tempo Significativo De Deus Para Nós
O Tempo Significativo De Deus Para Nós
O Tempo Significativo De Deus Para Nós
E-book638 páginas7 horas

O Tempo Significativo De Deus Para Nós

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Sobre este e-book

Meu objetivo com este livro sobre “O tempo significativo de Deus para nós”, e como subtítulo “Buscar o tempo oportuno de Deus através dos exercícios Inacianos”, mostrando que na Sagrada Escritura, revelação do Deus transcendente, se abre e se fecha com noções temporais: “No princípio Deus criou o céu e a terra” (Gn 1,1). “Sim, Eu venho em breve” (Ap 22,20 ). A manifestação de Deus na Bíblia não é tomada abstratamente, mas nas suas intervenções na terra que fazem da história do mundo uma história sagrada. É por isso que a revelação bíblica pode responder às questões religiosas que a consciência humana, marcada pelo devir, se põe a respeito do tempo, já que ela mesma é de estrutura histórica . A pergunta dos apóstolos tinha todo um significado cósmico, histórico e teológico, pois, a concepção bíblica é denominada pela ideia de que o tempo é ordenado por uma sucessão de acontecimentos esperados no devido tempo, identificados com o acontecimento associado a ele. Portanto, é necessário fazer uma hermenêutica bíblica para compreender a relação entre o acontecimento Jesus Cristo e o tempo humano. Partindo desta premissa, vejamos o que o sentido de tempo, dentro desta leitura, pode nos oferecer, pois o tempo, obra de Deus, serve de quadro para uma história que nos diz respeito, abrindo uma gama de interpretações que apresentam o mistério da ação de Deus no mundo. Assim, a Sagrada Escritura demonstra todo este “método de Deus” de se fazer presente no mundo: cósmico, histórico e espiritual. Pois Deus se revelou na história do homem para se fazer presença na história do homem. No seu devido tempo . E os Atos dos Apóstolos já apresentam indícios desse tempo pleno de revelação de Deus. A novidade do Evangelho se fundamenta na mensagem de Jesus: “cumpriu-se o tempo e chegou o reino de Deus; convertei-vos e crede no evangelho”. Esta é a afirmação-chave, que consta de duas frases paralelas duplas, cada uma com duas partes, unidas por um “e”. Como é usual em Marcos, a segunda serve para precisar o sentido da primeira: cumpriu-se o tempo “e” chega o reino (o reino define e dá sentido ao tempo); convertei-vos “e” crede no evangelho (a fé dá sentido à conversão). Procuramos utilizar como metodologia a espiritualidade Inaciana, contemplativa na ação, segundo o livro dos Exercícios Espirituais de Santo Inácio de Loyola PARA REALIZAR A EXPERIÊNCIA DE ENCONTRO PESSOAL COM JESUS, NO EXERCÍCIO ESPIRITUAL DO DIA-A-DIA O autor saluar antonio magni é leigo da Igreja Católica, formado em administração, economia e possui curso superior de religião pela Arquidiocese de Aparecida. Atualmente é oficial reformado da Aeronáutica. Além de do ministério da Palavra é coordenador Arquidiocesano da Liturgia da Arquidiocese de Aparecida e orientador e acompanhante dos exercícios espirituais de santo Inácio de Loyola.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento1 de mar. de 2024
O Tempo Significativo De Deus Para Nós

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    O Tempo Significativo De Deus Para Nós - Saluar Antonio Magni

    1

    SUMÁRIO PG

    INTRODUÇÃO 4

    CAPÍTULO 1 O CONCEITO DE TEMPO 11

    CAPÍTULO 2 COMO O TEMPO ENTRA NA HISTÓRIA

    DA HUMANIDADE 26

    CAPÍTULO 3 MODOS DE ENTENDIMENTO E

    VIVÊNCIA DO TEMPO 51

    CAPÍTULO 4 A HISTÓRIA DA SALVAÇÃO 60

    CAPÍTULO 5 A IGREJA CELEBRA A PÁSCOA DO

    SENHOR NO TEMPO 76

    CAPÍTULO 6 É TEMPO DE BUSCAR A VONTADE DE

    DEUS ATRAVÉS DOS EXERCÍCIOS ESPIRITUAIS DE

    SANTO INÁCIO 120

    CAPÍTULO 7 É TEMPO DE DISCERNIR A VONTADE

    DE DEUS NOS EXERCÍCIOS ESPIRITUAIS 127

    CAPÍTULO 8 É TEMPO DE DISCERNIR COMO FOMOS

    CRIADOS POR DEUS 168

    CAPÍTULO 9 É TEMPO DE SERMOS CRISTIFICADO

    CONTEMPLANDO OS MISTÉRIOS DE CRISTO 231

    CAPÍTULO 10 É TEMPO OPORTUNO DE CONFIRMAR

    NOSSA ELEIÇÃO NA PAIXÃO DE CRISTO 310

    CAPÍTULO

    11

    É

    TEMPO

    OPORTUNO

    DE

    RESSUSCITAR COM CRISTO 333

    EPÍLOGO 357

    BIBLIOGRAFIA 369

    LIVROS PUBLICADOS PELO AUTOR NO CLUBE DOS

    AUTORES 371

    2

    AGRADECIMENTO

    Agradeço de maneira toda especial à minha esposa Teka, pelo incentivo e toda retaguarda necessária para que eu pudesse ter tempo, paz e tranquilidade para contemplar e meditar os assuntos abordados neste livro. Agradeço também aos Padres: Adroaldo, orientador do CEI, que me orientou nos exercícios espirituais, e me ajudou a construir toda experiência dos retiros, contemplações, meditações e estudos, obtidos durante os Exercícios Espirituais em etapas, que realizamos eu e minha querida esposa, em Itaici. Ao padre Chiquinho, Vitor e em especial Geraldo de almeida Sampaio, que ajudaram na minha formação religiosa e apostólica no curso superior de religião e no movimento de Cursilhos de Cristandade que fiz em 1983. À Márcia, minha acompanhante nos exercícios, pelas suas inspiradas orientações, à Irmã Fátima que orientou nosso grupo de oração e discernimento. E a todo o pessoal do CEI, Centro de Espiritualidade Inaciana de Itaici, que me proporcionaram todo conhecimento intelectual, e especialmente afetivo, da metodologia Inaciana. E onde tive a oportunidade de realizar uma especialização sobre orientação e acompanhamento espiritual, coordenado pela FAGE de Belo Horizonte.

    Oh! Verdade! Oh! Beleza infinitamente amável de Deus! Quão tarde vos amei! Quão tarde vos conheci! e quão infeliz foi o tempo em que não vos amei nem vos conheci! Meus delitos me têm envilecido; minhas culpas me têm afetado; minhas iniquidades têm sobrepujado, como as ondas do mar, por cima de minha cabeça. Quem me dera Deus meu, um amor infinito para amar-vos, e uma dor infinita para arrepender-me do tempo em que não vos ame como devia! Mas, em fim, vos amo e vos conheço, Bem sumo e Verdade suma, e com a luz que Vós me dais me conheço e me aborreço, pois eu tenho sido o principio e a causa de todos os meus males. Que eu Vós conheça, Deus meu, de modo que vos ame e não vos perda! Conheças a mim, de sorte que consiga arrepender-me e não me busque em coisa alguma minha felicidade a não ser em Vós, Senhor meu! (Santo Agostinho)

    3

    Se queres chegar ao conhecimento de Deus, trata de antes te conheceres a ti mesmo. (Abade Evágrio Pôntico).

    Então, os seus olhos abriram-se e reconheceram-no (Jo 24, 31).

    4

    INTRODUÇÃO

    cumpriu-se o tempo e chegou o reino de Deus; convertei-vos e crede no evangelho.

    Então os que estavam reunidos lhe perguntaram: Senhor, é neste tempo que vais restaurar o reino a Israel? 7Ele lhes respondeu: Não compete a vocês saber os tempos ou as datas que o Pai estabeleceu pela sua própria autoridade. 8Mas receberão poder quando o Espírito Santo descer sobre vocês, e serão minhas testemunhas em Jerusalém, em toda a Judeia e Samaria, e até os confins da terra".

    Quero iniciar este livro sobre O tempo significativo de Deus para nós, e como subtítulo Buscar o tempo oportuno de Deus através dos exercícios Inacianos, mostrando que na Sagrada Escritura, revelação do Deus transcendente, se abre e se fecha com noções temporais: No princípio Deus criou o céu e a terra (Gn 1,1). Sim, Eu venho em breve (Ap 22,20 ). A manifestação de Deus na Bíblia não é tomada abstratamente, mas nas suas intervenções na terra que fazem da história do mundo uma história sagrada. É por isso que a revelação bíblica pode responder às questões religiosas que a consciência humana, marcada pelo devir, se põe a respeito do tempo, já que ela mesma é de estrutura histórica . A pergunta dos apóstolos tinha todo um significado cósmico, histórico e teológico, pois, a concepção bíblica é denominada pela ideia de que o tempo é ordenado por uma sucessão de acontecimentos esperados no devido tempo, identificados com o acontecimento associado a ele. Portanto, é necessário fazer uma hermenêutica bíblica para compreender a relação entre o acontecimento Jesus Cristo e o tempo humano.

    Partindo desta premissa, vejamos o que o sentido de tempo, dentro desta leitura, pode nos oferecer, pois o tempo, obra de Deus, serve de quadro para uma história que nos diz respeito, abrindo uma gama de interpretações que apresentam o mistério da ação de Deus no mundo. Assim, a Sagrada Escritura demonstra todo este

    método de Deus de se fazer presente no mundo: cósmico, histórico e espiritual. Pois Deus se revelou na história do homem para se fazer presença na história do homem. No seu devido tempo

    . E os Atos dos Apóstolos já apresentam indícios desse tempo pleno de revelação de Deus.

    5

    A novidade do Evangelho se fundamenta na mensagem de Jesus: cumpriu-se o tempo e chegou o reino de Deus; convertei-vos e crede no evangelho. Esta é a afirmação-chave, que consta de duas frases paralelas duplas, cada uma com duas partes, unidas por um e. Como é usual em Marcos, a segunda serve para precisar o sentido da primeira: cumpriu-se o tempo e chega o reino (o reino define e dá sentido ao tempo); convertei-vos e

    crede no evangelho (a fé dá sentido à conversão). O progresso temático é claro: passamos do Batista (deserto/rio) à Galileia, descobrindo ali a mensagem de Jesus, aberta a todas as pessoas.

    Ele não se fecha nas casas, sussurrando ao ouvido um segredo de iniciados; não se instala numa escola, oferecendo cursos longos de ensinamento especializado; não oferece sua palavra à beira do templo sagrado (aos puros), nem à margem do rio/deserto (aos especialistas da penitência). Dirige-se à Galileia, oferecendo seu evangelho a todos; faz isso com claridade (para que seja bem entendido), em voz alta (que o escutem), como arauto ou mensageiro de boas notícias que devem se estender pelos povoados. Por isso, anúncio e chamado estão profundamente unidos; com seu anúncio, Jesus desperta o que há de mais humano em cada um e o chama a entrar no fluxo da Sua nobre missão:

    farei de vós pescadores do humano.

    Atento ao tempo oportuno e significativo Jesus pôs-se a proclamar a boa notícia da parte de Deus. Ele não espera, como João, que as pessoas venham ao seu encontro. Faz-se peregrino e dirige-se às pessoas, sobretudo aquelas que estavam à margem, excluídas e sem esperança. Cumpriu-se o kairós, ou seja, o tempo oportuno, carregado de sentido e de Presença; um tempo que se abre às surpresas de Deus e que mobiliza cada pessoa a viver de uma maneira diferenciada, rompendo com a vida rotineira e repetitiva. A fé do povo de Israel sempre se deixou guiar pelo tempo de Deus, por suas intervenções salvíficas. Esta fé é a que lhe conduz a uma visão histórica do tempo, enquanto se trata do

    hoje eterno de Deus apontando para a Terra Prometida, lugar do destino do povo. Descobre-se o tempo como momento no qual acontece algo qualitativamente novo e não explicável a partir do ritmo cíclico da natureza. A atividade profética vai significar um 6

    passo decisivo na concepção do tempo dentro de Israel. Os profetas anunciam um novo ato salvífico de Deus que está por chegar e que será decisivo para Israel. A partir desse momento, o povo vai viver o tempo como expectativa e espera ansiosa de um momento definitivo em sua existência: a realização da Promessa.

    E Jesus inicia sua missão pública entrando no fluxo dessa expectativa do povo. O Filho do Homem vive na espera paciente de seu momento. Sua sabedoria consiste em saber aguardar que o tempo chega à sua colheita, sem cair na tentação de forçar sua maturação. Nessa perspectiva, não podemos viver o tempo como se este fosse algo meramente plano e indiferente. O Senhor do tempo e da História se faz presente em nossos corações, através do seu Espírito de Amor. E o tempo se faz, simultaneamente, princípio e fim, Alfa e Ômega.

    Cada dia e cada momento tem seu matiz, sua cor e sua novidade. Não é o mesmo a primavera que o inverno, ou o sábado que a segunda-feira. Para Jesus, o tempo que se recebe em graça e que se converte em missão, é que dá sentido à sua vida neste mundo. Ele acolhe de seu Pai o dom do tempo e o encarna na história humana de maneira iluminadora. Receber este dom do tempo requer uma disposição nova por parte do ser humano. O

    sentido do tempo é o grande desafio na condução da nossa vida.

    Inconscientemente, muitas vezes resistimos a fazer uso adequado deste bem precioso e insubstituível; outras vezes, usamos o tempo de forma mais contra do que a favor de nossos desejos e objetivos.

    Ao irromper no tempo histórico como presença viva de Deus Amor, Jesus nos convoca a nada mais esperar: O tempo já se completou. O apelo de Jesus deve estar encaminhado a descobrir o que estamos fazendo com nosso tempo. Podemos estar desperdiçando ou perdendo aquilo que nos foi dado para vivermos com intensidade e inspiração. Os anos vão se passando e com eles as oportunidades de dar verdadeiro sentido à nossa vida.

    Só quando a pessoa recupera o sentido do transcurso do tempo, estará preparada para bem viver. Afinal, não temos tempo, somos tempo. Nós não temos o tempo; o tempo é o que somos, pois quando não somos, já não há tempo que valha a pena; o tempo torna-se normótico, pesado, insuportável... Somos tempo e 7

    por maiores que sejam os avanços tecnológicos e de pensamento, isso não mudará. É o mais valioso que nós temos; é o maior presente que podemos fazer uns aos outros: nosso tempo. O que define nossa cultura pós-moderna é o consumo do tempo. Se antes o ter deslocou o ser, agora o fazer está deslocando o ter como prioridade. Acumular ações, ter agenda cheia, ativismo... é o que está de moda. Estão sendo desenvolvidas as estratégias mais sofisticadas para que qualquer pessoa busque ocupar o tempo. Até o descanso foi despojado de sua gratuidade: os fins de semana e os tempos de férias são preenchidos com uma carga excessiva de atividade. Os domingos estão precisando de feriados.

    O tempo está tão medido e amordaçado que não há espaço para a duração, a gratuidade, a criatividade... O pior, no entanto, não é ter feito do ativismo o modus vivendi por excelência, mas é o fato da pessoa estar perdendo a noção da temporalidade, ou seja, a perda do sentido da história. O ritmo cronológico da vida acaba desembocando na tirania da imediatez. O carpe diem, isto é aproveite o dia está contribuindo para que o dom do tempo seja objeto de consumo e acabe, portanto, consumido, ou seja, gasto e extinto. Espera-se tudo do presente, e os dias se reduzem a uma soma de instantes sucessivos sem especial conexão. Ao dia de hoje não é necessário saber o que fizemos ontem e nem o que faremos amanhã. Vivemos numa cultura onde preenchemos nosso tempo de afazeres para não nos deixarmos fazer pelo Espírito de Deus. Perdemos nosso tempo quando não nos conscientizamos, por alienação ou escapismo, de toda a densidade do momento como possibilidade e oportunidade de Vida.

    Neste livro vamos propor uma compreensão dessa realidade do tempo e do discernimento a partir da ótica de Inácio de Loyola, o que representa o modo como ele buscou captar e interpretar a vontade de Deus em sua vida e de como este modo proporciona mais qualidade no seguimento a Jesus Cristo através dos exercícios espirituais Inacianos. Nestes estudo teremos oração, contemplação e meditação, e especialmente de cura interior. Mas, na verdade os verdadeiros cristãos não precisam ser cobrados a obedecer as Escrituras Sagradas, pois por amor ao Senhor Jesus estes leem, estudam de boa vontade e com alegria obedecem.

    8

    Veremos que cada espiritualidade, ou carisma tem a sua maneira de rezar, uns contemplativamente, outros na leitura orante, mas todos na busca de se encontrar com a vontade Deus Criador, Seu filho Salvador e do Espírito Santo orientador e que nos dará ardor para sempre e cada vez mais buscar fazer a vontade de Deus!

    Um dia destes um amigo me perguntou porque eu estava escrevendo, o que havia me motivado a escrever. Na hora fiquei um pouco chateado pela pergunta, mas logo veio a resposta em meu coração: estou escrevendo para levar os outros a não errarem no tempo de suas vidas como eu errei!

    Minha vida profissional na Força Aérea e na indústria, como um profissional de engenharia de manutenção e segurança de voo e de segurança no trabalho, me fizeram aprender uma regra: existem duas maneiras de aprender: errando ou vendo os outros errarem, isso é aprendendo com o erro dos outros. Quando acontece um problema, um desacerto pessoal ou familiar, ou mesmo um acidente, a resposta que muitas vezes escutamos, ou até damos é: o que eu tenho com isso! É amigo, talvez esta seja sua resposta. Por causa de uma resposta como esta, já aconteceram muitos problemas e acidentes, muitas vidas foram perdidas e com certeza enormes foram os prejuízos. As pessoas ainda reagem ao termo segurança, associando-o com palavras de sentido negativista ou restritivo, tais como: não entre n’água você pode afogar-se, pare, fique quieto, não faça isso, é muito perigoso, e tantas outras.

    Todas essas imposições são limitações que se tornam inaceitáveis por serem contrárias ao natural desejo do homem, causando traumas ou fortes reações de oposição. Mas veja bem amigo, há sempre uma perspectiva adequada para realizar-se uma tarefa ou tomarmos uma atitude de forma mais segura e eficiente.

    Podemos correr, subir e nadar, falar e agir sob condições de menor riscos, traumas, atitudes ou perigos. A conscientização de como somos limitados, de características, tipos de personalidade e temperamentos diferentes, certamente ajudará a que você tome decisões seguras e sensatas, evitando, ou ajudando a evitar problemas, situações difíceis, tanto pessoais, como familiares e até acidentes. A resposta que damos vontade de Deus mostra o quanto somos responsáveis por tudo que acontece à nossa volta. Através 9

    dos nossos pensamentos, emoções e palavras, criamos situações ao longo do tempo de nossas vidas que poderão ser destrutivas ou construtivas. Todos os acontecimentos em nossas vidas até o momento em que nos encontramos foram criados por nossos pensamentos e crenças que tivemos para fazer a vontade de Deus, em cada momento de nossa vida, pensamentos estes que usamos ontem, na semana passada, no mês passado, no ano passado e durante todo tempo de nossa vida. O o tempo que passou não pode ser modificado, mas, o importante é o que estamos escolhendo pensar agora, qual a resposta estou dando agora, porque o pensamento sim pode ser modificado, pois todos os estados mentais negativos atuam como obstáculos à nossa vontade de fazer a vontade de Deus e sermos felizes.

    Temos aprendido que devemos usar a força das nossas emoções para destruir os maus sentimentos que habitam em nossa alma e impedem que nossa vida, e a de todos aqueles que dela participam desfrutem de alegria, paz e amor. Para conseguirmos dominar esses inimigos internos, temos descoberto na oração, no exercício espiritual diário a força de vontade e perseverança necessários para transformarmos para melhor, nossas vidas e a vida daqueles com os quais convivemos. É destes exercícios e orações que iremos desenvolver nossos estudos e reflexões Esse é o grande motivo pelo qual escrevemos este livro: que minha experiência e a experiência de minha esposa, nossos erros e acertos, ajudem a cada um de vocês leitores amigos, a buscarem uma vida feliz e cheia de sentido na vocação que Deus o tem chamado, e que a cura interior seja alcançada através do conhecimento de como se encontrar com Deus através da oração e do discernimento diário. Para que isto aconteça teremos estudos, exercícios, testes, oração, meditações e contemplações, na busca de nos conformarmos à pessoa de Jesus Cristo, nosso Mestre e Senhor. E assim sermos bons cristãos e discípulos missionários de Jesus Cristo realizando a vontade de Deus em cada momento de nossa vida!

    No próximo capítulo iremos ver que Deus nos chama a todos para fazermos parte do grande plano Dele para suas criaturas e que conhece-lo e vive-lo é uma atitude própria e necessária a todo 10

    o cristão. Então, acredito que todos nós, em algum momento, já tenha feito a si mesmo estas perguntas: será que estou respondendo o chamado de Deus, Sua palavra de chamamento?

    Será que estou sabendo ser cristão? Como eu tenho vivido meu ser cristão? O que é ser filho de Deus?". Se você já se fez essas perguntas, não pense que está errado ou que isso é um problema.

    Pois, vejo, por trás desses questionamentos, alguém preocupado com a vida espiritual e com o relacionamento com Deus, com a resposta que está dando ao Seus Chamado, a sua vontade a seu respeito!

    11

    CAPÍTULO 1 O CONCEITO DE TEMPO

    O tempo é um conceito fundamental que permeia todas as esferas da nossa existência. Desde tempos imemoriais, os seres humanos têm se perguntado sobre a natureza do tempo e o seu significado. Filósofos, cientistas e pensadores de várias disciplinas têm buscado compreender e definir o tempo de diferentes maneiras ao longo da história. O tempo pode ser definido como uma dimensão na qual os eventos ocorrem e se sucedem. É uma medida relativa das mudanças e processos que ocorrem no universo. Para a maioria das pessoas, o tempo é percebido como uma sucessão de momentos, uma sequência de passado, presente e futuro. No entanto, essa percepção subjetiva do tempo não captura a sua verdadeira essência.

    Na Física, o tempo é considerado uma coordenada fundamental que faz parte do espaço-tempo, uma estrutura unificada que descreve o universo. De acordo com a teoria da relatividade de Albert Einstein, o tempo não é absoluto e invariável, mas sim relativo à velocidade e à gravidade. Isso significa que o tempo pode passar mais devagar ou mais rápido dependendo do contexto em que um objeto ou observador se encontra. A Física Quântica também apresenta desafios interessantes quando se trata de compreender o tempo. Alguns modelos teóricos sugerem que o tempo pode emergir de uma perspectiva puramente quântica, onde não existe uma distinção clara entre passado, presente e futuro. Essa ideia desafia nossa intuição cotidiana e levanta questões profundas sobre a natureza do tempo.

    Além das abordagens científicas, o tempo também é objeto de reflexão filosófica e metafísica. Filósofos como Santo Agostinho e Immanuel Kant exploraram a natureza do tempo e suas relações com a percepção humana e a existência. Eles debateram se o tempo é uma entidade objetiva e independente ou se é uma construção subjetiva da mente humana. Na nossa vida cotidiana, o tempo desempenha um papel crucial. Usamos o tempo para organizar e planejar nossas atividades diárias, para marcar eventos significativos e para refletir sobre nosso passado. O tempo molda nossa experiência e nos permite criar narrativas e memórias.

    12

    Ao mesmo tempo, a passagem do tempo também pode ser fonte de ansiedade e reflexões sobre a transitoriedade da vida. Embora o conceito do tempo seja amplamente discutido e estudado, muitas questões permanecem sem resposta. A natureza fundamental do tempo, sua origem e seu propósito ainda são tópicos de debate e especulação. À medida que avançamos no conhecimento científico e filosófico, continuaremos a explorar e aprofundar nossa compreensão dessa dimensão essencial da existência humana. O

    tempo pode ser compreendido como uma medida relativa das mudanças e processos que ocorrem no universo. Ele desafia nossa percepção subjetiva, pois não é uma entidade fixa e invariável, mas sim relativa a outros fatores, como velocidade e gravidade. O

    tempo é uma dimensão fundamental presente no espaço-tempo, conforme descrito pela teoria da relatividade de Einstein. Além disso, o tempo também é objeto de estudo na física quântica, onde surgem concepções desafiadoras que questionam a distinção entre passado, presente e futuro. Na filosofia, o tempo tem sido debatido quanto à sua natureza objetiva ou subjetiva, seu papel na percepção humana e sua relação com a existência. Embora muitas questões sobre o tempo permaneçam em aberto, seu papel na organização da vida cotidiana e na formação de narrativas e memórias é inegável.

    A fé do povo de Israel sempre se deixou guiar pelo tempo de Deus, por suas intervenções salvíficas. Esta fé é a que lhe conduz a uma visão histórica do tempo, enquanto se trata do hoje eterno de Deus apontando para a Terra Prometida, lugar do destino do povo. Descobre-se o tempo como momento no qual acontece algo qualitativamente novo e não explicável a partir do ritmo cíclico da natureza. A atividade profética vai significar um passo decisivo na concepção do tempo dentro de Israel. Os profetas anunciam um novo ato salvífico de Deus que está por chegar e que será decisivo para Israel. A partir desse momento, o povo vai viver o tempo como expectativa e espera ansiosa de um momento definitivo em sua existência: a realização da Promessa.

    E Jesus inicia sua missão pública entrando no fluxo dessa expectativa do povo. O Filho do Homem vive na espera paciente de seu momento. Sua sabedoria consiste em saber aguardar que o 13

    tempo chega à sua colheita, sem cair na tentação de forçar sua maturação. Nessa perspectiva, não podemos viver o tempo como se este fosse algo meramente plano e indiferente. O Senhor do tempo e da História se faz presente em nossos corações, através do seu Espírito de Amor. E o tempo se faz, simultaneamente, princípio e fim, Alfa e Ômega. Cada dia e cada momento tem seu matiz, sua cor e sua novidade. Não é o mesmo a primavera que o inverno, ou o sábado que a segunda-feira. Para Jesus, o tempo que se recebe em graça e que se converte em missão, é que dá sentido à sua vida neste mundo. Ele acolhe de seu Pai o dom do tempo

    e o encarna na história humana de maneira iluminadora. Receber este dom do tempo requer uma disposição nova por parte do ser humano.

    O sentido do tempo é o grande desafio na condução da nossa vida. Inconscientemente, muitas vezes resistimos a fazer uso adequado deste bem precioso e insubstituível; outras vezes, usamos o tempo de forma mais contra do que a favor de nossos desejos e objetivos. Ao irromper no tempo histórico como presença viva de Deus Amor, Jesus nos convoca a nada mais esperar: O tempo já se completou. O apelo de Jesus deve estar encaminhado a descobrir o que estamos fazendo com nosso tempo. Podemos estar desperdiçando ou perdendo aquilo que nos foi dado para vivermos com intensidade e inspiração. Os anos vão se passando e com eles as oportunidades de dar verdadeiro sentido à nossa vida. Só quando a pessoa recupera o sentido do transcurso do tempo, estará preparada para bem viver. Afinal, não temos tempo, somos tempo. Nós não temos o tempo; o tempo é o que somos, pois quando não somos, já não há tempo que valha a pena; o tempo torna-se normótico, pesado, insuportável... Somos tempo e por maiores que sejam os avanços tecnológicos e de pensamento, isso não mudará. É o mais valioso que nós temos; é o maior presente que podemos fazer uns aos outros: nosso tempo.

    O que define nossa cultura pós-moderna é o consumo do tempo. Se antes o ter deslocou o ser, agora o fazer está deslocando o ter como prioridade. Acumular ações, ter agenda cheia, ativismo... é o que está de moda. Estão sendo desenvolvidas as estratégias mais sofisticadas para que qualquer pessoa busque 14

    ocupar o tempo. Até o descanso foi despojado de sua gratuidade: os fins de semana e os tempos de férias são preenchidos com uma carga excessiva de atividade. Os domingos estão precisando de feriados (Bonder). O tempo está tão medido e amordaçado que não há espaço para a duração, a gratuidade, a criatividade... O pior, no entanto, não é ter feito do ativismo o modus vivendi por excelência, mas é o fato da pessoa estar perdendo a noção da temporalidade, ou seja, a perda do sentido da história. O ritmo cronológico da vida acaba desembocando na tirania da imediatez.

    O carpe diem, está contribuindo para que o dom do tempo seja objeto de consumo e acabe, portanto, consumido, ou seja, gasto e extinto. Espera-se tudo do presente, e os dias se reduzem a uma soma de instantes sucessivos sem especial conexão. Ao dia de hoje não é necessário saber o que fizemos ontem e nem o que faremos amanhã. Vivemos numa cultura onde preenchemos nosso tempo de afazeres para não nos deixarmos fazer pelo Espírito de Deus. Perdemos nosso tempo quando não nos conscientizamos, por alienação ou escapismo, de toda a densidade do momento como possibilidade e oportunidade de Vida.

    O tempo é assunto presente em todo o Antigo Testamento, porém, pouco discutido na atualidade. É possível encontrar grande quantidade de material que se refere ao tempo no pensamento grego, bem como, os termos utilizados para defini-lo. Isso não acontece com o estudo atual do tempo no Antigo Testamento. Assim, vamos refletir sobre o conceito de tempo no pensamento hebraico, apresentando a relevância da ordem temporal para a compreensão do conhecimento da história e de algumas narrativas bíblicas. No pensamento moderno a concepção de tempo é linear. Nosso pensamento se projeta para uma realização futura, não importa qual seja, esquecendo-se, em muitos momentos de observar como se dava o conhecimento do tempo em outras épocas, ou eras. Apesar disso, em muitos meios, como na filosofia moderna, acredita-se que o estudo do tempo está sendo levado mais a sério do que em outras épocas, como no período da filosofia antiga ou medieval. Entretanto, pouco se estuda o tempo passado, que é de fundamental relevância para uma melhor compreensão do 15

    passado e do futuro. Para uma melhor compreensão do tempo é necessário acompanhar a evolução que o homem teve do mesmo.

    Assim, o estudo do tempo através do principal povo retratado no Antigo Testamento, o povo de Israel, dá boa direção sobre o desenvolvimento que o homem teve nesta área. O estudo será centrado no uso e no exame de termos importantes, que mostram a noção que o povo hebreu possuía sobre o tempo.

    Existem muitos dados cronológicos em todo o Antigo Testamento. Nos livros mais antigos as datas são representadas somente através de anos, e estes não podem ser comparados com nenhum dado extra bíblico. Em alguns momentos tais problemas parecem não ter solução, pois algumas datas podem ser, com facilidade, convertidas ao nosso calendário, como acontece com os livros de Crônicas, Jeremias, Ezequiel, Daniel e outros. A interpelação bíblica não se apoia somente nos pormenores gramaticais, mas também na situação histórica, e é justamente para melhor definir a situação histórica que é preciso definir a questão cronológica, pois a cronologia é a espinha dorsal da história. Desta forma, é extremamente importante compreender os aspectos temporais do Antigo Testamento.

    Entre as divisões de tempo que os Hebreus, os Babilônicos e os Mesopotâmios faziam, havia as seguintes unidades que serão aqui destacadas: o ano, o mês, a semana e o dia. O ano era contado com base nas estações que ocorriam sucessivamente segundo o ciclo solar de 365,25 dias. Pelo fato dos meses derivarem do ciclo lunar e os anos do solar, eles não mantinham sincronismo exato.

    Assim havia o ano lunar, que era o ano de 12 meses, e o ano solar de aproximadamente 365 dias. O ano lunar era favorável para os nômades, que deslocavam seus rebanhos de acordo com as estações; entretanto, os lavradores da Palestina e o povo do Egito e da Mesopotâmia precisavam de um calendário que tivesse harmonia com o sol. Assim, na Mesopotâmia, uma transformação linear entre os anos lunar e solar foi desenvolvida por meio do acréscimo de um mês extra, quando necessário. Essa intercalação era necessária sete vezes em dezenove anos.

    Desde uma época muito antiga, a Mesopotâmia manteve-se fiel a um calendário lunar, onde o ano compreendia 16

    doze meses de 29 ou 30 dias, começando cada mês na noite em que se começava a ver o novo crescimento da Lua. No Egito, prevaleceu o calendário solar aproximado que contava doze meses de trinta dias, mais cinco dias extras a cada ano. Nos primeiros tempos houve competição entre o ano solar egípcio e o ano lunar usado no Oriente Próximo e nos países do Mediterrâneo.

    O ano lunar possuía a desvantagem de retardar-se cerca de 11 dias em relação ao solar, o que causava uma falta de correspondência entre as estações e os meses. Por isso, de tempos em tempos, a diferença precisava ser anulada, para que os meses de verão não começassem no inverno. Foi por esta razão que César, ao observar que o ano legal estava atrasado 67 dias, decretou que o ano 45 a.C. teria 445 dias e que os seguintes 365. Os egípcios, cujo ano solar possuía doze meses e trinta dias, resolveram o problema acrescentando cinco dias móveis. Os judeus aguardaram até que o erro abrangesse um mês inteiro e depois inseriram um mês extra, Veadar, entre os meses da primavera, Adar e Nisan. A intercalação deu-se de maneira empírica, baseando-se nas atividades agrícolas e no princípio que as espigas de cevada deveriam estar maduras na Páscoa. Certas passagens da Bíblia parecem insinuar que nos dias de Moisés o ano pode ter sido solar, pois, por exemplo, quando ele morreu na terra de Moabe, o luto oficial durou trinta dias. Entretanto, na época de Cristo, é absolutamente certo que o ano lunar de 354 dias estava em uso e que era tão comum que a própria palavra empregada em hebraico para mês também significava

    lunação. A datação dos judeus nos primeiros tempos, era baseada simplesmente numa ocorrência de destaque como

    Dois anos antes do terremoto (Am 1.1), ou a partir de um soberano reinante.

    No Egito, primeiramente foi adotado o calendário lunar e de tempos em tempos se acrescentava um mês lunar, até que no começo do terceiro milênio a.C., para evitar reajustes arbitrários, estabeleceu-se um ano solar. O ano de 364 dias dos jubileus é um ano solar, só que contado de maneira menos exata do que o ano egípcio de 365 dias. Os israelitas, provavelmente, conheceram esse ano; isso pode ser verificado no texto de Gn 5,23; 17

    ali há a afirmação de que o patriarca Enoque viveu 365 anos. Este número, 365, representa um número perfeito e são os dias de um ano solar. Mas, ainda não há provas de que tenha prevalecido em Israel um calendário propriamente solar. Os estudiosos acreditam que os hebreus padronizaram seu calendário de acordo com as práticas babilônicas, pelo menos na época do exílio.

    O sol e a lua são os sinais para marcar festas, dias e anos, bem como a contagem do tempo. O autor fala que a unidade mais fácil de ser observada era o dia, enquanto que o mês lunar não contava um número completo de dias, pois as suas lunações somavam apenas 354 dias, 8 horas e uma fração; assim, o ano lunar tinha 11 dias a menos que o solar. Desde muito cedo, no oriente, o desenvolvimento das instituições civis e religiosas, as festas cultuais e os contratos estabelecidos entre indivíduos, exigiram que se fixasse a data de acontecimentos passados ou de prazos futuros. Assim, aconteceu o estabelecimento do calendário oficial, que variou de acordo com o tempo e a região. Os hebreus ainda possuíam o ano civil e o ano sagrado. Nos tempos primitivos era a festa da colheita que marcava o fim de um ano e o início do outro. Durante o exílio babilônico os judeus adotaram o calendário designado segundo Nipur, no qual o ano começava no equinócio da primavera.

    Este os judeus retiveram quando voltaram para Judá, isso, por causa de suas relações internacionais. É por esta razão que havia dois anos legais. O religioso, que iniciava no outono, no primeiro dia de Tisri, e era festejado com muita alegria, e o civil, que começava sete meses antes.

    O mês era determinado pelos movimentos da lua. Ele começava com a lua nova. Pelo fato da lua ter o ciclo de 29,5 dias, os meses tinham alternadamente 29 e 30 dias. Os egípcios contavam o mês lunar a partir da manhã em que desaparecia o último quarto da lua precedente. Os babilônicos começavam a contar o mês com a aparição do crescente da lua nova ao pôr-do-sol. É muito provável que os israelitas tenham seguido o uso egípcio para determinar o começo do mês, mas não se pode afirmar com certeza. O que é certo, é que os israelitas seguiam o mês lunar.

    Os cananeus, designaram o mês pela palavra yerah, que significa 18

    lua. Porém é mais frequente chamar o mês hodes que significa lua nova. A importância da lua, para a análise dos calendários, pode ser vista através do uso das palavras yerah que significa lua e também mês, bem como através da palavra hodes, que significa lua nova e mês.

    Para a designação da semana, unidade inferior ao mês, que é bem documentada, é o período de sete dias, sabû’a, a semana.

    As origens são muito obscuras. Os sete dias da criação foram os arquétipos dos sete dias da semana. No período de Abraão já se conhecia a semana pois, parece ter sido Moisés quem deu a forma final para a semana, unindo os seus dias com os dias da criação e o sétimo dia com o dia de descanso do Senhor. Parece que um jogo de palavras ajudou nisso; a raiz b lida como sabua, que correspondia ao número sete, era bem semelhante à raiz sbt, que significava parar de trabalhar, sendo lida sabbat. A semana, desta forma, se compunha do espaço de tempo entre dois sabbaths. Os nomes dos dias da semana foram dados pelos caldeus, mas foram os hebreus que designaram os dias da semana, através dos números, exceto o sábado.

    O termo hebraico usado para dia é yom. Ele seria o oposto à noite; data; tempo; etapa; época (duração de vida).

    Duração absoluta ou em relação a um limite; periodicidade, presente, passado e futuro. O dia começava com o pôr-do-sol, ou com o aparecimento da primeira estrela. Um dia estendia-se de uma noite para o período seguinte com a luz; isto significa que abrangia partes de dois dias no sentido moderno. É por esta razão que os estudiosos costumavam usar uma data dupla, 6/7 de junho, ou seja, o dia que começa na noite do sexto dia terminava ao pôr-do-sol do sétimo.

    O calendário (dia) israelita, ao longo de sua história sofreu diversas influências. Em Israel, durante longo tempo, contou-se o dia de manhã a manhã. A indicação para um dia de 24 horas era

    dia e noite, como nos casos de Dt 28.66-67; 1 Sm 30.12; Is 28.19; Jr 33.20. Isso sugere que o dia era contado a partir da manhã, e foi uma manhã quando, com a criação da luz, começou a distinção do dia e da noite, e do tempo (Gn 1.3-5, 14, 16, 18). O dia era dividido de maneira imprecisa segundo os fenômenos naturais: a 19

    manhã e a tarde (Ex 18.13), o meio-dia (Gn 43.16.25), a aurora (Gn 19.15), o pôr-do-sol (Gn 15.12-17), a brisa que soprava antes do nascer do sol (Ct 2.17), a brisa da tarde (Gn 3.8), o maior calor do dia (Gn 18.1). Os hebreus, ao invés de designar as horas do dia, como foi feito mais tarde, dividiram o dia em manhã, meio-dia e tarde; sendo que a manhã era até as 10 horas, o calor do dia até as 2 horas da tarde (Gn 18.1); a viração do dia acontecia às 6

    horas da tarde (Gn 3.8). O nosso dia de 24 horas, divididas em 60 minutos, e esses em 60 segundos, originou-se com o sistema sexagesimal dos sumerianos, que habitavam o vale do Eufrates, antes dos semitas amorreus.

    Foi depois do exílio que os judeus dividiram o dia em 12

    horas, desde o nascer até o pôr-do-sol. As horas são determinadas entre a aurora e o pôr-do-sol (Gn 1.5,16,18) e o dia é usado para indicar a aurora (Js 6.15). As nações sempre acharam difícil determinar exatamente quando o dia deve começar; algumas diziam que era de madrugada, outras ao meio-dia. Em Israel o costume era fazer com que o dia terminasse e começasse um outro, no momento em que o sol se punha. A divisão do dia em horas era recente em Israel, pois a própria palavra não é encontrada no Antigo Testamento, exceto no Livro de Daniel, onde é interpretado como momento. Nos registros da história mais antiga do homem, a palavra dia veio a associar-se com dias especiais consagrados por pertencerem a Iavé (Gn 2.3; Ex 20.8-11, 12, 14, 16; Lv 29.31).

    No conceito veterotestamentário, os dias também eram designados para o julgamento do pecado em nações ou indivíduos (Is 2.12; 13.9-11; Sf 1.14-18), também tinham fins de salvação, defesa ou restauração dos escolhidos de Deus (Gn 7.10-13; Mq 2.12). A noite era dividida em três vigílias: talvez, a primeira (Lm 2.19), a da meia-noite (Jz 7.19), a última ou a da manhã (Ex 14.24). Não se conhece termo que indique as divisões menores do tempo. Entretanto, os israelitas tinham meios para conhecer as horas do dia. A escadaria de Acaz, que devido à oração de Isaías recua dez degraus (2 Rs 20.9-11), mostra isso. Um dos aspectos que os estudiosos abordam sobre a questão dia, é o tempo do dia da criação. Algumas teorias têm sido 20

    desenvolvidas por estudiosos cristãos sobre este assunto, para procurar harmonizar a narrativa bíblica. Entre elas está a teoria da criação progressiva. Nesta teoria os dias representam períodos em um lapso indefinido nos quais Deus realizou sua obra criadora. Esta teoria procura

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