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Educação física: como planejar as aulas na educação básica
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Educação física: como planejar as aulas na educação básica
E-book357 páginas3 horas

Educação física: como planejar as aulas na educação básica

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Sobre este e-book

Em sua terceira edição, este livro objetiva aguçar uma análise crítica do ensino da Educação Física Escolar na Educação Básica, enfatizando a relevância do planejamento de ensino e das aulas com base nos princípios da educação integral que visam ao desenvolvimento pleno dos seres humanos. O cerne deste livro é a Educação Física Escolar, abordada por autores docentes no Ensino Superior que, desde a primeira edição em 2007, uniram-se com o intuito de contribuir com suas pesquisas para a formação inicial e continuada de professores. Graças a um trabalho exitoso, a obra tornou-se referência em concursos públicos para o magistério.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento1 de abr. de 2024
ISBN9788574965130
Educação física: como planejar as aulas na educação básica

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    Educação física - Marta Scarpato

    Livro, Educação física - como planejar as aulas na educação básica. Organizadores, Marta Scarpato, Márcia Zendron de Campos. Editora Autores Associados.EDUCAÇÃO FÍSICA. COMO PLANEJAR AS AULAS NA EDUCAÇÃO BÁSICA

    Coleção Educação Física e Esportes

    Esta coleção busca, assim como a maioria dos profissionais de educação física, unir teoria e prática em relação aos esportes e às ciências do desporto. Aborda de forma crítica os assuntos e divulga os estudos mais atuais. São livros acadêmicos que contribuem de forma envolvente para a ação e compreensão no dia a dia dos profissionais de esportes.

    Conheça mais obras desta coleção, e os mais relevantes autores da área, no nosso site:

    www.autoresassociados.com.br

    Livro, Educação física - como planejar as aulas na educação básica. Organizadores, Marta Scarpato, Márcia Zendron de Campos. Editora Autores Associados.

    Copyright © 2024 by Editora Autores Associados Ltda.

    Todos os direitos desta edição reservados à Editora Autores Associados Ltda.

    Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

    (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

    Educação física [livro eletrônico] : como planejar as aulas na educação básica / Marta Scarpato, Márcia Zendron de Campos (organizadoras). -- 3. ed. -- Campinas, SP : Editora Autores Associados, 2024. -- (Coleção educação física e esportes)

    ePUB

    Vários autores.

    Bibliografia.

    ISBN 978-85-7496-513-0

    1. Educação física - Estudo e ensino 2. Planos de aula 3. Prática de ensino 4. Professores - Formação profissional I. Scarpato, Marta. II. Campos, Márcia Zendron de. III. Série.

    24-196577 CDD-613.7

    Índices para catálogo sistemático:

    1. Educação física 613.7

    Eliane de Freitas Leite - Bibliotecária - CRB 8/8415

    Conversão ePUB – Bookwire

    março de 2024

    [versão impressa: 3. ed. 2024, ISBN 978-85-7496-483-6]

    A primeira e a segunda edições deste livro foram publicadas pela editora Avercamp.

    EDITORA AUTORES ASSOCIADOS LTDA.

    Uma editora educativa a serviço da cultura brasileira

    Av. Albino J. B. de Oliveira, 901

    Barão Geraldo | CEP 13084-008 | Campinas – SP

    Telefone: +55 (19) 3789-9000

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    Catálogo on-line: www.autoresassociados.com.br

    Conselho Editorial Prof. Casemiro dos Reis Filho

    Bernardete A. Gatti

    Carlos Roberto Jamil Cury

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    Flávio Baldy dos Reis

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    Sobre os Autores

    FERNANDA RAMIREZ — Doutora em Ciência do Desporto e mestre em Pedagogia do Movimento pela Universidade Estadual de Campinas. Professora universitária em cursos de graduação, extensão e pós-graduação nas áreas de Pedagogia e Psicologia do Esporte.

    LUCIANA LOMAKINE — Formada em Educação Física, pós-graduada em Dança-Educação e Mestra em Artes Corporais. Foi professora universitária durante 26 anos. Atualmente, é Eutonista, focalizadora de Danças Circulares e professora de Educação Física Escolar da rede municipal de Santo André, ensino infantil e fundamental I.

    LUIZ SANCHES NETO — Professor da Universidade Federal do Ceará, no Instituto de Educação Física e Esportes. Bacharel e Licenciado em Educação Física (USP), Mestre e Doutor em Educação Física Escolar (Unesp), atualmente realiza Pós-Doutorado em Educação. Foi pesquisador visitante na Université de Montreal, Canadá, professor da rede municipal e coautor do currículo de Educação Física da rede estadual paulista. Membro do grupo autônomo de Professores-Pesquisadores de Educação Física Escolar, NEPEF-FPCT, SINC, AERA e ISATT.

    LUCIANA VENÂNCIO — Professora da Universidade Federal do Ceará, no Instituto de Educação Física e Esportes. Licenciada em Educação Física (Unesp), Especialista em Educação Física Escolar (UNICAMP), Mestre em Educação Física Escolar e Doutora em Educação (Unesp). Atualmente realiza estágio de Pós-Doutorado em Educação na Universidade Federal de Sergipe sob supervisão do Prof. Dr. Bernard Charlot. Foi professora de Educação Física na rede municipal de São Paulo por 18 anos e coautora do currículo da rede estadual. Participa do grupo autônomo de Professores-Pesquisadores de Educação Física Escolar, ISATT e Repères.

    MÁRCIA ZENDRON DE CAMPOS — Professora Titular e Coordenadora do Curso de Educação Física — Unip; Doutora em Educação: Currículo e Formação de Professores — PUC-SP; Mestre em Educação Física — Unicamp/ Campinas; Especialista em Educação Física Escolar — Licenciada Em Educação Física — Fefisa/Santo André.

    MARTA SCARPATO — Doutora em Educação pela PUC-SP; Mestra em Educação Física pela UNICAMP. Pedagoga pela PUC-SP; Professora convidada na pós-graduação lato sensu da PUC-SP e professora titular na Universidade Paulista; Avaliadora do INEP/MEC; Líder do grupo de pesquisa do CNPQ: Formação, Atuação Docente e Educação Física; Coordenadora da Coleção Didática na prática da Editora Avercamp.

    PRISCILLA FERRONATO — Doutora em Ciências pela Escola de Educação Física e Esportes da Universidade de São Paulo. Professora e Coordenadora do Curso de Educação Física na Universidade Paulista. Membro do Grupo de Estudos da Ação e Intervenção Motora na Universidade de São Paulo. Estagio Sanduíche na Universidade de Umea-Suécia (CAPES-1592412-2). Pesquisadora responsável pelo projeto de pesquisa Emergência e o desenvolvimento da ação manipulativa de apertar em bebês de 1 a 3 meses de idade (FAPESP 2015/50530-1).

    SANDRA ZOTOVICI — Doutora em Educação Física pelo Programa de Pós-Graduação Associado em Educação Física UEM/UEL (2015). Integrante do Grupo de Pesquisa Construções Socioculturais da Tríplice Fronteira (Brasil, Paraguai e Argentina), que tem por líder a Profa. Dra. Diana Araujo Pereira, da Universidade Federal da Integração Latino-Americana. Mestre em Educação Física pela Universidade Estadual de Campinas (2001); Especialista em Educação Física Escolar (1996) pela Faculdade de Educação Física de Santo André (FEFISA) e Graduada em Educação Física (Licenciatura Plena — 1991). CREF PR — PR 000867-G (ativo).

    WILIAM SOARES DE FREITAS — Mestre em educação física – UNIMEP; Coordenador da pós graduação em lutas e artes marciais – USCS; Docente da disciplina Lutas e Jogos, Brincadeiras e Brinquedos – UNIANHANGUERA; Diretor-presidente associação de judô gulô, faixa preta de judô 5º dan – SBC.

    Apresentação

    – 3ª edição –

    Em sua terceira edição, este livro tem o intuito de aguçar uma análise crítica do ensino da Educação Física Escolar na Educação Básica, enfatizando a relevância do planejamento de ensino e das aulas com base nos princípios da educação integral que visam ao desenvolvimento pleno dos seres humanos.

    Fundamentado nas metas educacionais da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei n. 9.394/1996) e nas Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais da Educação Básica (2013), esta terceira edição mantém propostas anteriores à homologação da Base Nacional Comum Curricular (BNCC 2018), porém enriquecidas com reflexões contemporâneas alinhadas a esse documento.

    O cerne deste livro é a Educação Física Escolar, abordada por autores que são docentes no Ensino Superior e que, desde a primeira edição em 2007, uniram-se com o intuito de contribuir com suas pesquisas para a formação inicial e continuada dos professores. Graças a um trabalho exitoso, a obra tornou-se referência em concursos públicos para o magistério.

    Os capítulos reunidos apresentam o planejamento de ensino em suas diversas etapas, abordando temas e conteúdos do componente curricular da Educação Física, aplicáveis aos diferentes níveis de ensino na Educação Básica: Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio.

    Como um componente curricular, a Educação Física deve firmar seu espaço na área das Linguagens, conforme previsto na legislação educacional, propiciando um processo de ensino-aprendizagem que busque romper com abordagens tradicionais e reducionistas de atividades físicas ou esportes que primam por educar o ter corpo, para valorizar e compreender o ser corpo. O que está em sintonia com a perspectiva de educação integral, inserida na cultura de movimento com suas diversas manifestações.

    Nas edições anteriores, tivemos o privilégio de ter a obra prefaciada por João Batista Freire, cujo posicionamento sempre crítico, sensível e contundente ressalta o novo papel e espaço da Educação Física na escola do século XXI.

    Assim sendo, nossa expectativa é fomentar novas reflexões e contribuir com a formação pedagógica dos professores, incentivando cada vez mais o engajamento e a consciência dos seus papéis como agentes de transformação social na busca por uma educação crítica e humanista.

    Márcia Zendron e Marta Scarpato

    Organizadoras

    Prefácio

    No prefácio da primeira edição deste livro, eu comentava sobre as ameaças que a sociedade humana criou ao longo dos séculos – e agora, mais evidentes que nunca – tais como a poluição das águas, o transporte público, o aquecimento global e outros. Queremos um mundo melhor, mas não temos uma escola que nos ensine a como fazer um mundo melhor. O sistema de ensino, em todo o mundo, repete-se, e insiste na sua medieval arquitetura de salas e carteiras, na metodologia de transmitir conhecimentos disciplinares, não importando se possuem significado para os alunos e para a sociedade. De maneira geral, temos uma escola que diz ensinar as ciências, e uma ciência que não guarda compromissos com a sociedade, negando-se a colocar como prioridade os grandes temas da humanidade.

    A escola precisaria de mudanças, mas não apenas as de ordem conjuntural, geralmente burocráticas, que cada autoridade nomeada para gerir o ensino em nosso país produz para justificar seu cargo. Os espaços de ensino estão obsoletos. As crianças e os jovens precisam sair dos espaços sufocantes das salas de aula e do aprisionamento de suas limitadas carteiras. Onde está provado que esse é o melhor ambiente para aprender aquilo que o mundo precisa que nossos jovens aprendam? Sei que também não está provado o contrário, mas séculos de fracasso escolar indicam que é provável que esse não seja o melhor ambiente, e que algo tem que mudar. Pode não constituir prova suficiente, mas as pessoas, depois de passarem milhares de horas dentro de sala de aula, pouco sabem sobre matemática, português, geografia ou química, por exemplo.

    Aos poucos, perdendo a timidez, a Educação Física sugere novas metodologias. Um bom exemplo é este livro, entre dezenas de outros que apontam para novas possibilidades, de ambientes e de pedagogia. No entanto, mesmo mostrando uma riqueza de alternativas nunca antes demonstrada, a Educação Física parece mais ameaçada que nunca. E ameaçada justamente por aqueles que deveriam ser capazes de perceber as alternativas ao modelo obsoleto do sistema de ensino, como de promovê-las.

    Foi um caminho árduo o que percorreu a Educação Física até sentir-se com consistência para sugerir ao modelo de ensino outras perspectivas que não as tradicionais. De modo geral, o que a Educação Física diz é que é possível ensinar de outra maneira, num outro espaço, num ambiente lúdico. E que, aquilo que temos que aprender tem que ser mais que algumas técnicas de escrever e fazer contas. Ainda de maneira insipiente, a Educação Física sugere que há um conhecimento ainda sem nome para aprender, um conhecimento de base, mais afim com a vida fora da escola, e mais de acordo com uma escola viva.

    É possível que a Educação Física esteja superando sua fase inicial, obsessivamente médica e corporativista. Mais uma vez uso como exemplo desse avanço este livro, cujos textos indicam um amadurecimento pedagógico que pode dispensar os argumentos de corporação. Talvez porque com o passar do tempo os argumentos médicos e corporativistas não resultaram em garantias perenes, até porque as ameaças de extinção que afligem a Educação Física persistem. A mais recente data de 2016, quando governo brasileiro, através de seu Ministério da Educação, decidiu que essa disciplina não mais constaria como obrigatória no currículo do Ensino Médio. O governo sequer deu-se o trabalho de justificar tal decisão, deixando no ar a ideia de que considerava a Educação Física uma disciplina supérflua, perda de um precioso tempo que melhor poderia ser empregado na preparação de mão de obra especializada para suprir o mercado de trabalho. O desapreço do governo pela formação cultural dos jovens brasileiros estendeu-se a outras disciplinas, menos afortunadas que a Educação Física, porque, no caso desta, e de Artes, ele recuou e as disciplinas voltaram ao currículo do Ensino Médio. A pressão funcionou; o governo, sem argumentos sólidos para justificar sua decisão, cedeu, e a Educação Física safou-se mais uma vez. Porém, até quando?

    Será ameaçada até o dia em que puder provar o que ensina, embora tenha mostrado como ensina. Estranho isso; a Educação Física parece uma disciplina com metodologia melhor definida que os conteúdos. Para ela é muito difícil afirmar com segurança o que ensina. As disciplinas de sala de aula, embora confinadas ao meio metro de carteira por aluno, afirmam isso sem vacilar. A Matemática diz que ensina matemática, o Português que ensina português, a Geografia que ensina geografia, a Física que ensina física, a Química que ensina química e a Educação Física que ensina... Se, a exemplo das disciplinas mencionadas, a Educação Física tivesse um campo próprio de conhecimentos que lhe servisse de base, mesmo sem dispensar o concurso de outras, ela ensinaria aquilo que é. Por exemplo, se tivesse desenvolvido como base de conhecimentos a motricidade, certamente teríamos na escola uma disciplina chamada Motricidade. Se esse campo de estudos fosse o jogo, a disciplina teria o nome de Jogo, se esse campo fosse o desporto, a disciplina correspondente seria o Desporto, e assim por diante. Jamais poderíamos dizer que Educação Física ensina educação física. A falta de consistência teórica e de um campo próprio de estudos, facilita a fragilidade da disciplina. Ela pretende ensinar um pouco de tudo e perde-se ao não saber exatamente o que ensina.

    Essa falta de definição é o lado frágil da Educação Física. Por outro lado, junto com Artes, ela se ocupa da sensibilidade, da motricidade, do lúdico, da estética, das emoções. E por isso mesmo, por cuidar de coisas que dizem respeito ao corpo, ela sofre preconceitos no ambiente escolar, pois que a Educação Física não foi criada para cuidar das pessoas, como anda a pretender, mas apenas do corpo delas. Das pessoas cuidam as demais disciplinas, dentro das celas de meio metro quadrado reservadas à educação do espírito, da alma, da mente, da razão. Para a tradição escolar, as pessoas possuem um corpo, e não é ele que tem que ser educado; tem apenas que ser cuidado para que não pratique indisciplinas, não adoeça, e não prejudique esse ser incorpóreo de nossa tradição ocidental em seu desenvolvimento rumo à transcendência. Para emancipar-se, a Educação Física terá que dizer, com segurança, que não temos um corpo; somos um corpo.

    Apesar do evidente preconceito com que a escola trata a Educação Física, ela, junto com Artes, é a única disciplina que escapa ao controle da arquitetura escolar medieval de prédios, salas e carteiras. No espaço restrito e reservado de aprendizagem dentro de sala de aula, as disciplinas ocupam-se de tarefas, de trabalho, da manutenção da vida. De meu ponto de vista, ocupam-se apenas de um aspecto da vida, aquele responsável pela preparação do aparato que mantém a vida viva, que é capaz de fazer crescer o conhecimento que pode dar conta disso, etc. Mas há um outro aspecto, igualmente importante, que à escola nunca interessou. Refiro-me à dimensão lúdica, aquela que, quando mobilizada, conduz-nos a ações que não parecem ser úteis, que não produzem, que não atendem a compromissos externos a nós. Porém, tão poderosa, que nos arrebata. E quanto isso ocorre, jogamos. Ao fazermos isso, entregando-nos ao lúdico, manifestamos o jogo de múltiplas maneiras, deixando claro que este pode ser qualquer coisa que façamos desinteressadamente, gratuitamente, descompromissadamente. É uma espécie de fazer por fazer. Constitui, até onde compreendo esse fenômeno, o campo privilegiado de estudos e aplicações pedagógicas do que chamo de Motricidade, e a tradição chama de Educação Física. Porém, a Educação Física interessa-se também pela outra face do lúdico. Ela inclui em seu campo de atuação o trabalho, na forma de estudos e aplicação dos exercícios motores, aquelas rotinas de tarefas responsáveis pelo desenvolvimento e manutenção de capacidades como força, agilidade, flexibilidade, velocidade, sensações, etc. A diferença entre o exercício e o jogo é o caráter descompromissado do segundo e o compromisso de tarefas do primeiro. Ainda quanto ao lúdico, em sua configuração atual interessam à Educação Física, sobremaneira, manifestações de jogo tais como o esporte, as brincadeiras, as danças, o circo, as lutas e as ginásticas, embora outras manifestações possam vir a ser incluídas a qualquer tempo, e no bojo das experiências de seus profissionais.

    Deixo os parágrafos finais deste prefácio para mais alguns comentários sobre o lúdico, e sugerindo que ele seja o argumento central de uma pedagogia que viabilize a prática educacional da Motricidade ou da Educação Física. E também, porque não, para enriquecer suas justificativas perante novos ataques que venham a sofrer daqui por diante.

    É notável a entrega das crianças ao jogo, tornando-o, como disse Arnold Gehlen, ...o conteúdo essencial de sua existência.¹ Spencer² sugeriu a presença de um superávit de força, um tanto a mais de energia liberado somente quando a pessoa está envolvida no jogo. O fato é que, especialmente nas crianças, observa-se uma entrega absoluta, durante o jogo, a ações, aparentemente, estafantes, sem que demonstrem cansaço. Podem jogar durante horas rindo, cantando, correndo, dançando sem serem abatidas pelo esgotamento. Consideradas as proporções de desgaste produzido pelo tempo de vida, podemos estender essa afirmação a todas as idades. Ou seja, o lúdico libera um tanto de energia que não se observa quando das tarefas obrigatórias. O jogo não é obrigado, é voluntário, é gratuito, é de graça. Jogar é viver em estado de graça, quando a energia parece inesgotável. É energia para apenas viver. Jogar (ou entregar-se ao lúdico) é usufruir da vida, não um esforçar-se para mantê-la. É exatamente nesse universo do descompromisso com qualquer outra coisa que não seja viver, que atuam a Educação Física ou a Motricidade. Em nenhum outro momento nossos alunos estarão mais dispostos a entregar-se às ações do que quando jogam, do que quando são tomados pelo lúdico. Em nenhum outro momento a vida parecerá valer mais a pena. Acrescento que, em nenhum outro ambiente, nossas crianças e jovens estarão mais disponíveis para aprender. Não deve existir justificativa maior que essa para o grande apego dos alunos às disciplinas de Artes e Educação Física; é quando eles podem, verdadeiramente, viver, e, ao seu modo, eles sabem disso. Nas atuais circunstâncias de nosso sistema educacional, arrisco dizer que, de maneira geral, professores de Artes e de Educação Física podem ser mais decisivos no encaminhamento de seus alunos para a vida que os de outras disciplinas.

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