Didática da Educação Física
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Sobre este e-book
Neste livro busca-se entender essa organização e sistematização do processo para se tornar um professor de Educação Física com uma boa didática para ministrar aulas. En-quanto disciplina, tornou-se obrigatória nos cursos de licenciatura e consensualmente divi-diu-se em "geral" e "específica". Essa última atende especificamente as características que cada uma das disciplinas que compõe o currículo escolar e impõe características peculiares no processo de ensiná-las.
De maneira geral a didática deve ser entendida na sua amplitude e na sua especifi-cidade. Optou-se por uma análise e discussão enfocando ambas, porém, buscou-se uma ên-fase maior no que diz respeito à didática específica da Educação Física.
Em vários estudos na Educação Física prevalece uma confusão em relação à discipli-na, pois muitas vezes o título diz didática da área, contudo, percebe-se que tal estudo versa mais sobre uma "metodologia de ensino" e/ou uma "técnica de ensino", itens que fazem parte da didática enquanto disciplina, contudo não enfocam de forma mais ampla a organiza-ção e sistematização do processo.
No estudo procurou-se analisar as questões administrativas e pontuais do processo de ensino da Educação Física, buscando a compreensão do impacto real na prática sobre as abordagens de ensino ao ministrar uma aula; os passos e processos para a elaboração do planejamento do ensino desde a dimensão das políticas públicas até o planejamento de en-sino do professor a ser desenvolvido na escola; a estrutura e a forma de elaboração de proje-tos de ação em Educação Física que poderão estar integrados ao projeto pedagógico da esco-la; e por fim, uma discussão analítica sobre a quais deverão ser as atitudes do professor na "quadra de aula", enfocando a organização do espaço pedagógico, a administração da quadra de aula, o registro das atividades e a relação professor aluno em uma aula de Educação Física.
Luiz Antônio Silva Campos
Professor de Educação Física licenciado, em 1980, pelas Faculdades Integradas de Uberaba; Pedagogo licenciado, em 1982, pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ituverava; aperfeiçoamento em Técnico de Handebol e Voleibol; especialização em Treinamento Esportivo; Mestre em Educação (Ciências e Práticas Educativas) pela Universidade de Franca (Unifran), ano de 1999; Doutor em Educação Física (Pedagogia do movimento) pela Universidade de Campinas (Unicamp), ano 2004. Atualmente, é professor adjunto no curso de Educação Física na Universidade Federal do Triângulo Mineiro - UFTM – Uberaba e ministra as disciplinas: Didática Geral e da Educação Física, Fundamento das Lutas, Estágio supervisionado II – esportes e TCCs. Coordena o NEPEFEL (Núcleo de Estudos Pedagógicos: Educação Física, Esportes e Lutas) e procura abranger um campo mais amplo de pesquisa nas questões da Educação Física. Publicações de livros: participação em Educação Física Escolar: do berçário ao ensino médio, Editora Lucerna (2003) e publicação individual: Voleibol "da" Escola, (2006) e Metodologia do ensino das lutas na educação física escolar (2014), pela Fontoura Editora.
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Didática da Educação Física - Luiz Antônio Silva Campos
Capítulo 1.
QUESTÕES TEÓRICAS DA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR
1.1 Introdução
Dissertar sobre a didática da Educação Física não é uma questão simples, pois, ao longo da evolução histórica da Educação Física brasileira, essa disciplina foi apresentada e discutida sobre vários enfoques. Porém, analisando esse termo a partir dos conceitos estabelecidos pela ciência pedagógica da área da educação, é possível perceber que didática se sintetiza nos conceitos de organização e sistematização do processo ensino-aprendizagem.
Neste estudo, será analisada e discutida a didática da Educação Física Escolar sobre o enfoque da disciplina expressada nos conceitos específicos relativos à área, nas questões do planejamento educacional, na elaboração de projetos e nas questões da quadra de aula, destacando os elementos dos campos de intervenção da Educação Física que se constituem a partir dos conhecimentos necessários à docência; definindo os fundamentos necessários para a organização do processo de ensino-aprendizagem na ação docente; fazer uma bricolagem
dos principais trabalhos desenvolvidos que tiveram por temática a didática da Educação Física na escola, por fim, analisando o contexto da aula, sobretudo a relação entre o professor e aluno na prática da disciplina.
É muito importante para uma ampla interpretação do leitor a delimitação clara do período que se iniciou o estudo para propiciar-lhe uma leitura crítica, contextualizada, permitindo-lhe prospectar elementos conceituais adiante de seu tempo. Dessa forma, o recorte cronológico para este estudo deverá estar compreendido entre o início da década de 1980 até o final da primeira década do século XXI.
As análises se iniciam a partir do ano de 1981, quando foi publicada a obra de Alfredo Gomes Faria Júnior, intitulada: Didática da Educação Física: Formulação de Objetivos, que do ponto de vista desta autoria, é um marco no estudo da didática na área de conhecimento Educação Física, podendo afirmar que após a edição desse livro, não houve outra edição que abordasse a didática da Educação Física Escolar por esse enfoque de planejamento e de ação docente.
Do estudo de Faria Júnior, (1981), pode-se depreender que o autor faz uma extensa explicação dos conceitos da didática geral, passando pela explicação do porque a didática especial da Educação Física; discute a educação brasileira; apresenta instrumentos lógicos para a formulação de objetivos no contexto da Educação Física Escolar. Sua obra é o início claro de que seria, naquela época, necessário uma organização e sistematização do ensino da Educação Física Escolar, destacando a necessidade de que, esse início, fosse precedido por um planejamento claro das intenções das ações docentes dessa disciplina na formação integral do aluno na escola. Denota, nas entrelinhas, que o professor de Educação Física ao entrar na escola deve respeitar os princípios claros da ordem educativa e administrativa para que o ensino se processe de forma racional e contextualizado, atendendo a demanda do aluno e da sua comunidade escolar.
Porém, o estudo de Faria Júnior (1981) foi suplantado por outros estudos encetados nessa área do conhecimento partindo de outras temáticas, fundamentalmente aquelas temáticas que discutem a epistemologia da Educação Física Escolar em uma abordagem mais conceitual e menos operacional. Em alguns estudos percebe-se uma busca da compreensão do ser humano e a sua cultura corporal de movimento; outras discutem a questão da Educação Física ser uma prática social ou um campo científico de estudo; há aqueles estudos mais diretamente ligados às questões biológicas do ser humano; há vários estudos que apresentam características mais operacionais que sugerem o como fazer
de 1001 formas, mas, esses estudos são defasados nas questões do por que fazer
interagindo com o como fazer
.
Há insistentes discussões das questões históricas da Educação Física brasileira precedente fundamental para a classificação de abordagens de ensino, ou concepções de ensino (como alguns chamam), sem que se apresente uma aplicação plausível do porquê um professor deve saber em que concepção de ensino deverá basear sua docência, já que estes estudos são mais voltados para uma identificação de tendências históricas. Se adentrar pelo tema esporte (coletivo, principalmente, e individuais, secundariamente), a discussão será longa e o resultado será sempre a apresentação de uma fórmula adequada e reducionista do como fazer
para ensinar o esporte.
A partir dos argumentos destacados acima, pode-se depreender o seguinte: todos esses estudos caracterizados como instrumentos pedagógicos
para uma compreensão melhor da docência na
e para
a Educação Física Escolar fazem parte da história e da evolução da disciplina e certamente são bem-vindos, alguns foram fundamentais em seus períodos de edição e já foram descartados e outros persistiram como orientadores dessa prática docente. Alguns desses trabalhos foram aqueles que engessaram o professor em formação e o professor em serviço na sua capacidade de refletir e produzir antes, durante e depois de sua ação pedagógica. Esses trabalhos, com certeza, foram os mais inadequados. Em muitos casos, comprovados por vários estudos, inclusive por essa autoria em dissertação e tese de doutorado, ficou evidente depois de pesquisas que o professor em formação e em serviço aprende e leva conhecimento muito mais pela oralidade que propriamente por estudos e pesquisas, ou seja, o desenvolvimento da Educação Física Escolar é passado de boca em boca
e isso resulta em um quadro preocupante: o professor é um mero aplicador de atividades físicas e esportivas e as atividades desenvolvidas na Educação Física Escolar, na maioria das escolas brasileiras, acabam tendo um fim em si mesmas, não acrescentando ao aluno e à sua formação nem um elemento que possa integrar as suas ações cidadãs no futuro. Há também uma consolidação da formação no bacharelado, enfatizando muito a área da biodinâmica e quase nada de formação pedagógica. Porém, afinal, o graduando ainda é chamado de professor de educação física
.
Além dessas questões referentes à ação docente do professor, que dificultam uma evolução coerente com a importância da Educação Física Escolar na formação integral do aluno, tem o fato de que os alunos, atualmente, mudaram demasiadamente o seu comportamento na escola, apresentando as seguintes características: não se envolvem com as atividades físicas na escola; são mais propensos à indisciplina e à violência (fato constado na mídia atualmente); há também uma crescente oferta de atividades esportivas e do fitness fora da escola que trazem resultados mais imediatos e uma oferta mais frequente do que a escola pode oferecer; e a concepção negativa
que os pais e a própria escola tem da Educação Física Escolar, classificando professores de professor rola bola
, professor sombra
(sempre procura uma sombra no momento da aula) e professor jornal
(porque vai ler jornal no momento da aula), o professor rede social na internet (Facebook e WhatsApp), desconsiderando que a Educação Física é uma matéria que impõe uma disciplina
severa por ser desenvolvida por meio de atividades terminantemente práticas e aplicáveis na vida do aluno.
A questão problema, e que ao mesmo tempo deverá nortear este estudo, é que uma parcela significativa dos professores de Educação Física Escolar no Brasil não planeja suas atividades; não registram os acontecimentos das suas ações docentes; não têm um instrumento claro para avaliação de seu trabalho prático e, definitivamente, fazer feedback de suas ações docente está fora de questão. Para muitos, Educação Física é a disciplina menos complicada do contexto educacional, pois não se tem que corrigir provas, não se tem que aplicar avaliações, é menos envolvente com a vida do aluno e outras questões impróprias para se dizer aqui.
O objetivo primordial deste estudo é estabelecer e delimitar o conceito claro do que vem a ser a didática da Educação Física Escolar e, para isso, será necessário fazer uma bricolagem
de todos os trabalhos apresentados, decorrentes da temática didática da Educação Física e de outras questões relacionadas ao planejamento educacional nos seus vários estágios, desde a elaboração, execução, reavaliação o feedback educacional.
Não se tem a pretensão de fazer críticas que desmereçam os conhecimentos produzidos nesse contexto para que percam o valor com o qual se apresentaram, porém é fato que nos processos de educação é necessário um constante olhar e uma constante revisão de conceitos, paradigmas, e conhecimentos específicos, pois assim, a prática docente estará mais adequada para a promoção da evolução do ser humano e do mundo.
Portanto, se pretende neste estudo apresentar elementos teóricos e operacionais aplicados que darão subsídios para que qualquer professor de Educação Física, em formação profissional e/ou docente atuante, possa estruturar, com metas claras, seu trabalho docente, possibilitando avaliações futuras e a renovação constante de seus trabalhos.
1.2 Que educação física deve ser ensinada na educação básica?
Sempre que esta pergunta é feita as respostas são variadas e nunca se chega a uma resposta específica consensual. Alguns dizem que a escola é o celeiro
formador de atletas do futuro e a Educação Física é o mecanismo formador; outros defendem a teoria que na escola a Educação Física se presta à vazão da tensão do aluno e para melhoria da produção em sala de aula; os que trabalham nas séries iniciais afirmam que a Educação Física é prática da psicomotricidade e da recreação como alternativa para melhorar o processo aprendizagem cognitiva do aluno; e, os mais preguiçosos dizem que Educação Física é um momento de rolar a bola
e deixar o aluno brincar
. Essa é inaceitável, mas, acontece. Há ainda o professor bom samaritano
que serve para conter alunos de várias salas de aula para que os professores das outras disciplinas se reúnam para conselho de classe, reuniões pedagógicas etc., enquanto ele está vigiando
alunos. É certo que em várias escolas do Brasil a Educação Física ainda busca compreender o seu real papel na formação do aluno.
Há muitos estudiosos que entendem que a Educação Física na escola deve objetivar o desenvolvimento de conhecimentos da área que estão representados pela cultura de movimento historicamente acumulado no desenvolvimento da humanidade. Essa cultura de movimento está relacionada com o contexto humano, social e localizada naquela própria cultura, muitas vezes, do meio social do aluno. Portanto, essa cultura de movimento é localizada regionalmente e deverá ser a primeira analisada, respeitada e trabalhada na escola desse aluno.
Mas para trabalhar essa cultura de movimentos o professor deve levar em conta a questão do desenvolvimento humano, ou seja, as várias fases do desenvolvimento do ser humano, fundamentalmente o desenvolvimento motor e ter em mente que, dependendo da faixa etária, obrigatoriamente na escola deverá fazer uma transformação didática
para adequar a prática a esse aluno em desenvolvimento.
Um caso que, obrigatoriamente na escola, deverá sofrer uma transformação didática
é a prática do esporte, pois, normalmente, as regras esportivas são internacionais e visam campeonatos de alto nível e a função formativa da escola vai muito além de preparar um campeão. Na escassez de recursos, a transformação didática do movimento é fundamental para o bom desenvolvimento de uma aula de Educação Física.
Outra questão que se discute, mas não se chega a consenso nenhum, é o fato de se ensinar as teorias
da Educação Física para o aluno na Educação Básica. Nesse processo, o aluno deveria trazer um caderno de anotações, haveria a aplicação de provas escritas, discussões de textos de temas relativos à área, etc. Para que ocorresse esse processo, a carga horária da disciplina nos currículos deveria ser maior, além disso, é cultural entre os alunos que Educação Física é sinônimo de recreação, jogo, esporte, lutas e outros. Reverter esse consenso culturalmente aceito é muito difícil e desnecessário que causaria uma grande descaracterização da Educação Física Escolar.
O ensino da teoria nas aulas é parte de sua prática. Uma ação motora em um jogo requer uma tomada de decisão do aluno que, antes de tomá-la, deverá recorrer processos mentais complexos para efetivar a ação. Toda a prática de movimento, mesmo que já automatizada, requer estratégias definidas e próprias para a ação.
É possível discutir teoricamente questões da moral e da ética nas práticas da Educação Física Escolar, pautadas no próprio comportamento de alunos e seus companheiros nas atividades físicas e esportivas, trazendo temas transversais para serem discutidos e vividos em uma aula. Para que isso ocorra, basta o professor considerar no planejamento de ensino esses momentos de discussões e poderá expressá-los de várias formas junto com os alunos: nas próprias atividades, em uma apresentação cênica; exposição de pôster; confecção de caderno e/ou portfólio etc. Para isso, é necessário simplesmente conversar com os alunos e buscar alternativas de teorizar as aulas. O importante é que, até na expressão teórica das aulas, as atividades detenham características da prática.
Outra pergunta que norteia este estudo é a seguinte: o que é ser professor? O papel do professor na escola tem sido distorcido ao longo da história da educação brasileira porque há cinquenta anos, por exemplo, o professor tinha uma função bem definida na escola: ensinar o conhecimento acumulado da humanidade e, em algumas escolas, ensinar um ofício para vida. Esse contexto, bem definido, criava um ambiente de respeito ao conhecimento e ao professor. Porém, com o passar dos tempos foi se agregando à escola outras responsabilidades, sobretudo de cunho social