Férias Perigosas
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Sobre este e-book
Um grupo de meninos se vê inesperadamente envolvido em uma perigosa aventura que os transforma nos heróis da cidade. Com seus estilingues e trabucos eles aprontam uma grande confusão e conseguem capturar os falsários que estavam dando golpes na região. A história, fruto da imaginação de um autor de apenas doze anos, é contada com simplicidade, mas é capaz de prender a atenção mesmo dos adultos.
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Férias Perigosas - Alexandre Reis Graeml
CAPÍTULO I
O PRIMEIRO ENCONTRO
Em Jardim costumávamos brincar de muitas coisas, mas com a chegada do Zeca na vila, aprendemos novas brincadeiras.
O pai dele vinha transferido de Campo Grande, onde era prova de coragem, entre os garotos, a rabeira
.
Logo nos tornamos mestres nessa proeza e já fazíamos competições para ver quem agüentava mais tempo agarrado na carroceria de um caminhão.
Os motoristas da CER 3 estavam acostumados com as nossas maroteiras e dirigiam os caminhões bem devagar, quando nos viam dependurados. Depois davam uma buzinadinha, dizendo que iam acelerar. Então todos saltavam.
Uma vez D. Clotide nos viu. Desde então, ficou proibida a nossa brincadeira predileta, por ser muito perigosa. Mesmo assim, quando não tinha ninguém por perto, aproveitávamos as oportunidades que surgiam.
Foi numa dessas que pegamos uma rabeira num caminhão desconhecido. Ele estava em frente ao armazém do Bernardino.
Eu, Adalberto e Maurício, que andávamos pelas vizinhanças, não pensamos duas vezes.
Enquanto o motorista não vinha, resolvemos olhar qual era a carga. Subimos, trepando num dos pneus e demos uma espiadinha. Lá estava uma bruta caixa, quase do meu tamanho, encostada na janelinha que dava para a cabine.
Descemos e nos sentamos, na porta do armazém para esperar o motorista.
Eram três homens. Pararam diante do veículo e trocaram algumas palavras confusas, que não conseguíamos decifrar. Entraram na cabine. O caminhão começou a tremer, o motor estava ligado.
Fomos por trás, de mansinho, e nos dependuramos na rabeira do bicho
.
Deram a partida e nós ali, firmes. Mais duas quadras entramos na estrada principal. Nossas mãos já estavam doidas e a buzina ainda não tinha tocado para saltarmos. A velocidade aumentava.
Acho que não nos viram, aquela caixa tapa o espelho retrovisor.
Adalberto subiu na carroceria e nós o seguimos.
O caminhão atravessou a ponte do rio Miranda.
Maurício correu para perto da cabine, subiu na caixa e bateu no capô.
– O que foi isso? Ouviu se de dentro da cabine. Mas como ninguém respondeu, acho que se esqueceram do barulho das batidas.
Maurício já ia dar outra pancada, quando viu por uma fresta da janela, que estava quase totalmente tapada pela caixa, que no colo de um dos homens havia uma maleta cheia de notas de Cr$ 1.000,00. Mas isso não foi nada, o pior foi quando viu, na tampa da maleta, dois revólveres presos por elásticos. Levou o maior susto!
Voltou tremendo e falou num cochicho:
– São assaltantes!
Entramos em pânico, tivemos vontade de saltar, mas não pudemos. O caminhão ia muito depressa.
Passamos por Guia Lopes e mais uns 2 minutos entramos por um desvio da estrada.
O tempo parecia correr rápido e nós, encolhidos num canto da carroceria, morríamos de medo.
Logo o caminhão parou e o homem da maleta desceu da cabine para abrir uma velha porteira toda podre.
Adalberto pulou do caminhão, no momento em que o bandido conseguia desaferrolhar um cadeado bastante enferrujado, único sustento daquela porteira semi-caída.
– Venham comigo! Sussurrou ele baixinho. Mas não deu tempo, o homem se virou e Adalberto teve que pular para trás de uma moita.
O bandido ficou olhando com um ar pensativo para o lado daquele arbusto, enquanto que o Adalberto, lá trás, tremia de medo. Pensei que ele o tivesse descoberto.
O homem voltou para a cabine, debruçou-se sobre a porta e falou algo para os outros dois.
Alguns segundos depois ele voltou. Trazia um facão na mão e a passos rápidos aproximou-se da moita. Gelei. Maurício queria chorar. Mas o ladrão não tinha descoberto o Adalberto. O que queria era um galho para apagar as marcas que os pneus deixaram ao entrar na chácara.
Apagou os rastros e fechou novamente a porteira, depois de deixar o caminhão passar.
Estávamos numa chácara abandonada, onde o mato cobria todo o espaço livre e tornava a varanda da casa inteirinha.
Paramos de novo e os homens entraram no casebre.
Era uma casa pequena, cujas paredes nunca haviam visto tinta e caíam aos pedaços. As telhas, cheias de musgos e limo eram escuras. A porta rangia ao abrir e fechar e as janelas tinham seus vidros quebrados. Os bandidos não se importavam com essa desarrumação.
Pulamos do caminhão e nos escondemos no alto de uma mangueira, de onde podíamos observar bem os bandidos.
Estávamos assustados e queríamos fugir, mas algo nos segurava lá. Em nossas cabeças tínhamos sonhos de pegar os bandidos. Pensávamos em grande recompensas, na fama que adquiriríamos entre as crianças se os conseguíssemos capturar.
Os bandidos saíram novamente da casa e começaram a falar sobre o descarregamento da carga.
Nós, de olhos arregalados, assistíamos a tudo.
Chegaram logo a um acordo e começaram o desembarque. Iam empurrando a caixa, em cima de algumas toras, até chegar à porta da casa. Mas a caixa era muito grande e não passava pela entrada. O jeito foi alargá-la.
Puseram tudo para dentro e começamos a ouvir o