Aposta segura
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Sobre este e-book
Todos faziam o que Jefferson King mandava. Salvo a população de certa localidade irlandesa que tinha "comprado" para a sua última produção. E quando o magnata cinematográfico chegou à localidade, descobriu porque se tinham virado todos contra ele: tinha engravidado uma conterrânea.
Parecia que andava a evitar as chamadas de Maura Donohue, embora não fosse assim. De facto, não conseguia esquecer a noite de paixão que tinham partilhado.
Estava disposto a organizar um casamento digno de uma rainha para a futura mamã. Mas Maura não queria um casamento sem amor… e Jefferson não pensava ceder nesse ponto.
Maureen Child
I'm a romance writer who believes in happily ever after and the chance to achieve your dreams through hard work, perseverance, and belief in oneself. I'm also a busy mom, wife, employee, and brand new author for Harlequin Desire, so I understand life's complications and the struggle to keep those dreams alive in the midst of chaos. I hope you'll join me as I explore the many experiences of my own journey through the valley of homework, dirty dishes, demanding characters, and the ticking clock. Check out the blog every Monday for fun, updates, and other cool stuff.
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Aposta segura - Maureen Child
Onze
Capítulo Um
Achas-me encantador – disse Jefferson King, com um sorriso de satisfação. – Tenho a certeza.
Encantador, eh? – Maura Donohue esticou-se máximo que pôde, embora não fosse demasiado. – Achas mesmo que é assim tão fácil convencer-me?
Fácil? – repetiu ele, rindo. – Conhecemo-nos há numa semana e posso dizer com toda a certeza que contigo nada é fácil.
Ah, olha, ao menos és agradável.
Tinha gostado que dissesse disso, Jefferson percebeu-o. Nenhuma outra mulher veria como um elogio que um homem a achasse difícil, mas Maura Donohue era uma entre um milhão.
Soubera-o assim que a conhecera.
Na Irlanda, enquanto procurava localizações para um filme dos estúdios King, Jefferson tinha encontrado a quinta de Maura em County Mayo e decidira logo que era precisamente o que pretendia.
Naturalmente, convencer Maura para que lha alugasse era algo completamente diferente.
Sabes uma coisa? – começou a dizer, apoian do um ombro na parede branca do estábulo. – A maioria das pessoas daria saltos de alegria perante a oportunidade de ganhar dinheiro fácil.
Ela atirou a sua longa melena escura para trás, olhando-o com uns enormes olhos azuis.
Outra vez a usares a palavra «fácil» quando já admitiste que eu não facilito a vida a ninguém.
Jefferson suspirou, abanando a cabeça. Aquela mulher tinha resposta para tudo, mas a verdade era que o intrigava e estava a divertir-se com ela. Como chefe dos estúdios cinematográficos King, Jefferson estava acostumado a que todos lhe obedecessem sem mais e quando chegou à povoação de Craic, disposto a pagar um dinheirão para usar as quintas e as lojas no seu filme, todos se dispuseram a assinar o que fizesse falta.
Ao contrário de Maura.
Há dias que se deslocava à quinta Donohue para tentar convencer a sua obstinada proprietária. Tinha-a elogiado, lisonjeado, tentado com promessas de montanhas de dinheiro que não deveria recusar e, em geral, tentava mostrar-se irresistível, como era seu costume.
Mas Maura conseguira resistir.
Estás no meu caminho – disse-lhe.
Desculpa – Jefferson deu um passo atrás para que pudesse passar ao seu lado com um fardo de palha. O instinto dizia-lhe que lhe tirasse o peso dos braços, mas estava certo de que Maura não aceitaria a sua ajuda.
Era uma mulher muito independente, de talento rápido, língua afiada... e um corpo em que ele perdia demasiado tempo a pensar. O seu longo cabelo escuro caía-lhe em suaves ondas até ao meio das costas e Jefferson estava desejoso de tocá-lo para ver se era tão suave como parecia. Tinha um queixo orgulhoso que tendia a levantar quando queria deixar algo bem claro e um par de olhos azuis-escuros rodeados de longas pestanas pretas.
Envergava umas calças de ganga velhas e uma grossa camisola de lã que lhe ocultava as curvas, mas o Inverno na Irlanda era frio e húmido, de maneira que era lógico. Mesmo assim, Jefferson esperava que o convidasse a entrar em sua casa para tomar um chá porque de certeza que então tiraria a grossa camisola e poderia ver o que se ocultava por baixo.
Mas, de momento, a discussão prosseguiu fora do estábulo. O forte vento golpeou-lhe a cara, ferindo os seus olhos, como quem o desafia a atrever-se com o campo irlandês. Doíam-lhe os ouvidos e o blusão que vestia não constituía agasalho suficiente para aquele sítio. Deveria ir à povoação comprar algo mais grosso, pensou. Além disso, não calharia mal tornar-se amigo dos comerciantes locais. Queria ter todos do seu lado na diminuta povoação de Craic para ver se assim podia convencer Maura para lhe alugar a quinta.
Aonde vamos? – perguntou-lhe, tentando fazer-se ouvir sobre o ruído do vento.
Não vamos a sítio nenhum – respondeu ela.
Eu vou aos pastos lá de cima para dar ração às minhas ovelhas.
Posso ajudar-te.
Maura voltou-se para examinar os seus caros sapatos italianos.
Com esses sapatos? Vão-se estragar num prado cheio de lama.
Por que não me deixas ser eu a preocupar-me com os meus sapatos? Alçando o queixo obstinado, Maura replicou:
Diz isso um homem que não precisa de se preocupar com o preço de uns sapatos.
Ah, estou a ver, não gostas de ricos – disse
Jefferson, divertido. – Ou é só de mim? Maura sorriu também.
É uma pergunta interessante.
Jefferson teve de rir. As mulheres a que estava acostumado eram menos directas. E mais dispostas a concordar com ele em tudo. E não eram só as mulheres, pensou. Eram todos em Hollywood.
Não só porque pertencia a uma família proeminente, mas também por ser o chefe de um estúdio cinematográfico onde os sonhos se podiam tornar realidade ou serem desfeitos pelo capricho de um executivo. Demasiada gente tentava ganhar a sua simpatia e era refrescante encontrar alguém a quem isso não parecia importar minimamente.
Maura fechou a porta da sua velha carrinha e apoiou-se nela, cruzando os braços.
Porque continuas a insistir, Jefferson King?
É o desafio de me convenceres que te traz por cá? Não estás acostumado a que te digam que não?
Não o ouço com frequência, na verdade.
Já imaginava. Um homem como tu, com esses sapatos caros e a carteira cheia... provavelmente és bem recebido em todas as partes, não és?
Tens alguma coisa contra as carteiras cheias?
Só quando mas passam pelo nariz.
– Eu não ta estou a passar pelo nariz, singelamente ofereço-ta – corrigiu Jefferson. – Estou a oferecer-te uma pequena fortuna pelo aluguer da tua quinta durante umas semanas. Porque te parece um insulto?
– Não é um insulto – sorriu Maura. – Mas a tua determinação de convencer-me é muito curiosa.
Como disseste dantes, adoro desafios.
Todos os King gostavam de desafios e Maura Donohue era o mais interessante com que se tinha deparado em muito tempo.
Então, temos alguma coisa em comum.
Por que não me deixas ir contigo aos pastos? Assim podes mostrar-me o resto da quinta.
Ela estudou-o durante uns segundos, em silêncio, enquanto o vento os golpeava aos dois.
Porque queres vir comigo?
Na verdade, não tenho nada melhor para fazer. Por que não queres que vá contigo?
Porque não preciso de ajuda.
Pareces muito segura de ti própria.
– E sou – assegurou-lhe ela.
Então porque te incomoda que vá contigo? A não ser que te preocupe ser seduzida pelo meu carisma letal...
Maura soltou uma gargalhada. Uma gargalhada tão divertida, tão feminina que tocou algo dentro de Jefferson.
És um homem divertido, Jefferson King.
Não estava a tentar sê-lo.
E isso torna-te ainda mais divertido, não percebes?
Enquanto se embrulhava no blusão, Jefferson pensou que Maura estava a tentar convencer-se a si própria de que não a afectava... porque a afectava, tinha a certeza. Não era tão distante como fora no primeiro dia que chegou à quinta Donohue. Nesse dia quase esperara que sacasse uma espingarda para o expulsar dali corrido a chumbo.
Não era exactamente a viva imagem da hospitalidade irlandesa. Felizmente, ele sempre fora o mais paciente da família.
Olha o meu ponto de vista: enquanto me mostras a quinta podes explicar-me por que não ma queres alugar por uma exorbitante quantidade de dinheiro.
Ela inclinou a cabeça para o estudar, o vento agitando-lhe loucamente o cabelo escuro.
Muito bem. Se quiseres vir, vem.
Ah, que convite tão fino – troçou Jefferson.
Como sempre.
Se queres algo fino, devias ir a Kerry, ao castelo Dromyland. Lá têm bons empregados, uma comida estupenda e uns jardins bem cuidados para que os sapatos dos clientes não se estraguem.
Não estou interessado em coisas finas – asse gurou ele. – É por isso que estou aqui. Maura riu de novo.
Sabes replicar, reconheço.
Obrigado.
Mas se não te importas... – disse Maura então – eu conduzo a minha própria carrinha.
O quê? – Jefferson percebeu então que estava a ponto de entrar pela porta do condutor em vez de pela do passageiro. – Imagino que saberás que os irlandeses têm o volante no lado errado.
É uma questão de perspectiva, imagino. O lado direito ou o esquerdo, tanto faz. Os dois são meus.
Jefferson apoiou um braço na porta da carrinha.
Acredites ou não, eu estou do teu lado.
Nada disso. Eu acho que tu estás sempre do teu próprio lado.
Maura subiu de um salto e arrancou a carrinha enquanto Jefferson teve de correr para o outro lado. Caso não o fizesse, tinha a certeza que Maura Donohue era capaz de o deixar ali plantado. Era uma mulher que não falava a brincar.
E linda. E tão teimosa como verdes eram as colinas por ali.
Ver o americano alto afundar os sapatos num prado cheio de bosta de ovelha era uma cena divertida, pensou Maura. Mas mesmo ali, claramente fora do seu elemento, Jefferson King caminhava como se fosse o proprietário da quinta; os abas do seu blusão cinzento abanando-se qual sudário de um fantasma; o seu cabelo preto movido pelo vento como se os espíritos estivessem a passar por ele os frios dedos. E, no entanto, ali estava, levando sacos de ração para as suas ovelhas.
Ao vê-los, as ovelhas pretas e brancas correram para eles, como se estivessem famintas. Bichos gananciosos, pensou Maura, sorrindo quando os animais empurraram Jefferson na pressa de comer.
Mas devia ser justa: ele não tinha a atitude das pessoas da cidade, que costumavam encarar as ovelhas como se fossem tigres esfaimados, perguntando-se se as pobres criaturas os iam atacar com os seus dentes afiados. Para ser um americano rico, parecia estar em casa, embora, por alguma razão, se negasse a usar botas em vez daqueles sapatos bicudos, sem dúvida horrivelmente caros.
Ele riu quando o empurrão