Ciclo do cavalo
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Sobre este e-book
O escritor e crítico Fernando Pinto do Amaral prefere eleger como "verdadeiramente singular" em Ramos Rosa "a atmosfera muito espacial que a sua poesia, ou melhor, os seus ciclos de poemas, são capazes de criar". Atmosfera essa que resulta de uma "conjugação precisa de palavras": "Isso vê-se muito bem em O Ciclo do Cavalo, de que gosto particularmente, e em Gravitações, onde se sente que há como que uma força cósmica que atrai e repele as palavras e a própria natureza".
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Ciclo do cavalo - António Ramos Rosa
O cavalo diamante, o que se apaga
na mancha mais escura — ainda possível.
Neutro vagar, pausa de ser tão material,
fronte de terra, insuflada aurora.
Lapidar como a lâmpada na mancha
mínima, rasgado pelo gosto da terra,
gesto do peso que eleva e forte
como a terra de longe e em torno a cor de tudo.
Lapidar entre arestas e curvas,
forma de água em peito,
língua do sabor da terra inteira,
fértil da aridez de pedra,
o corpo sonoro isolado nas relvas,
fúria parada,
a mão cobre-o todo, terra plácida.
Já alguém viu o cavalo? Vou aprendê-lo
no jogo das palavras musculares.
Alento alto, volume de vontade,
força do ar nas ventas, dia claro.
Aqui a pata pesa só a mancha
do cavalo em liberdade lenta
para que o cavalo perca todo o halo
para que a mão seja fiel ao olhar lento
e o perfil em cinza azul aceso
de clareira de inverno. Bafo, o tempo
do cavalo é terra repisada
e sem véus, de vértebras desenhadas,
lê o cavalo na mancha, alerta,
na solidão da planície e uma montanha.
O cavalo decide antes ainda
da decisão, na planície.
Cavalo azul, não, mas forma
do meu bafo que lhe respira o ardor.
Eu sou cavalo no cavalo
porque a palavra o diz inteiro
e vejo que ela cava, é terra e pedra
e músculo a músculo retenho a força dele.
Com a paciência do campo e o amor do olhar
a precisão do cavalo é maior que o caminho
e tem em si todo o hálito da casa.
Cavalo de folha sobre folha,
cavalo de jogar e ler, escrever terra
em que estás plantado em teu tamanho,
força de todo o corpo aberto ao ar.
Cavalo de terra pronto a ser montado
mas volte sempre ao lugar do diamante
na paisagem incrustado, alento aceso
de um animal ali no centro em qualquer campo.
Os membros apagados, fulva mancha,
dissipa-se o vapor da relva
e das narinas, inteiro, alerta
o fogo sai para as casas