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Deriva nas ruínas
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E-book119 páginas32 minutos

Deriva nas ruínas

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Sobre este e-book

Delírios visuais que transformam a paisagem da cidade, flagrantes do cotidiano e sensações inexplicáveis. Para traduzir sua inquietação ao olhar o mundo, Arthur Buendía se vale da fragmentação, do jogo de referências e da palavra coloquial. É assim que o poeta estreia em Deriva nas Ruínas, um volume de poemas em que a metalinguagem sai revigorada.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento25 de ago. de 2016
ISBN9788594650276
Deriva nas ruínas

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    Deriva nas ruínas - Arthur Buendía

    PROFANA

    CAVALO

    ¹

    Montadura: Para casa, um caminho subitamente íngreme; vi como descíamos a escada e, de certo modo, estávamos sentados debaixo da terra. O espaço pisca-nos o olho: ora, diz lá, o que terá acontecido em mim? É sempre qualquer coisa como um aceno ambíguo que vem do nirvana; a morte como zona à volta do transe. Toda imagem é em si um sono. No estábulo:

    Espíritos a pairar (como que estilizamos) atrás do ombro direito. Sensação de frescura nesse ombro. Tenho a sensação de que há mais quatro nessa sala, além de mim

    Aqui num mundo escondido geme um búzio perdido  – e eu troto.

    Tudo isso é um abril desenterrado e ilhas de se comer ontem e hoje agora e vontade de cavá-los, cavá-los com maleita renovada. Ó terra que a si própria se devora! Ó pulsos galopantes, ó cavalos!

    Passa esse vórtice  – focinho, narinas, babas e relinchos  – e percebe que ele turbilhonantemente gira para trás: o que hoje se prova, outrora era apenas imaginado; um só pensamento preenche a imensidão & toda fração de Tempo menor que um pulsar de artéria equivale a Seis Mil Anos.

    Este Anjo tornado agora demônio é meu amigo do peito. Manual de equitação: Lemos a Bíblia juntos em seu sentido infernal ou diabólico, que o mundo há de ter, se trilhar o caminho correto. Todas as novidades estão no Inferno. Então, xamãs de todo o mundo, espalhem-se!  A Crina eriçada, batucam os cascos.

    Diz o Centauro: Eu sou tecno pagão / a serpente o gavião o jaguar me veem como seu duplo.

    Refrão: Vamos reler.

    O ritmo poético é o duplo do ritmo cósmico. Trote. O ritmo é um ímã. Galopes.  O ritmo é um rito. Galope.

    Agora entre o meu ser e o ser alheio a linha de fronteira se rompeu a linha de fronteira se rompeu CÂMARA DE ECOS CÂMARA DE ECOS CÂMARA DE ECOS

    Oh! Então inclina tu também a fronte ante o mármore em ruínas dos ancestrais. Centauro claudicante. Somos traficantes de memórias desterradas & nada mais.

    Dedico este livro

    À memória de Jorge de Lima & Roberto Piva

    Esses Traficantes de Memórias Desterradas

    a Jhon Napoleúnico, irmão dos relógios sem ponteiros,

    Tiago Penna, meu mestre LogoPhático

    & Nilton Resende, meu mestre nos Mistérios & Literatura.

    Agradeço a:

    Nilton Resende, Guilherme Ramos,

    Maria de Fátima & Lara Rani.

    I. PRÓLOGO, OU ARQUITETURAS DA FOME  – PERSISTE NA MEMÓRIA, CONTRA TODA DILUIÇÃO, A AURA.

    A verdadeira imagem do passado perpassa, veloz. O passado só se deixa fixar como imagem que relampeja irreversivelmente, no momento em que é reconhecido.

    E nenhum rosto é tão surrealista quanto

    o rosto verdadeiro de uma cidade.

    -Walter Benjamin

    MANIFESTO OU ESTILHAÇOS – A CAUDA

    diálogos através de Imagens/ sorriso indecifrável/ os Corpos só sabem falar sobre Paixões/ serpentes se enroscando em cetros de prata/ estrela vaginoriginária explode o céu adamantium/ poeta arando o Infinito/ no cerne do centro do cerne/ corpo de sol viscoso & mamilo entalhado/ ninfa de seios cacho-de-lichia/ costas de Serafim androgenizado/ o espelho convoca a comunhão entre Corpo & Espírito/ a noite convida um cio de estrelas

    *            *          *

    DERIVA COM WALTER BENJAMIN

    NO CENTRO HISTÓRICO

    Todas as tuas velhas cicatrizes

    Terra

    foram o charme

    de tua figura de guerra

    -Jean Cocteau

    bailarinos de peitos & paus

    rodopiam androginia

                            sobre o próprio sangue rendido

                na esquina

                                Jaraguá treva na avenida

      Pantera andeja

            com olhos de búzios

                  & químicos-arsênico lançados em

                                                  sua pele movediça

                      o espírito indígena em guerrilha urbana

                                  contra o vício de braskêmico

    - flechas penetrando ogivas >

                a História fora do Tempo.

    suspensas por fios etéreos

    arquiteturas da entropia

                      carnavais sangrados

    em muros que figuras habitam & casarões

                    guardando vórtices de mobília.

    rastro no tempo em ruínas

                antigo vento regressado / cheira ao século Morto.

    BEBEDOURO DE IMAGENS

    mais um sinal abortado

                sobre o bento asfalto do bebedouro de Imagens

    lendas de um coração enterrado

              na rosa dos ventos /¢entro do corpo do bairro

    lucena emaranhados de medo /rolando, o sangue

                          em córregos baixos

    piazza sotto l’ombra di de Chirico

      veia aorta guiada por galeria de hospícios

                                    & fetos enterrados sob sonhos

    TRAC trilhos trem mascando o mormaço espesso

              rangendo o dia a pino

                      assinalando os passos do tempo

                                sobre ossos do futuro

                                                            Impreciso/Aceno

    MEU CORAÇÃO EU JACINTO

    bairro-despacho

              na encruzilhada da cidade

                                          o coração

    dos quatro-cantos pulsa

                  o sangue lúmpen pra capital do estado.

          mormaço pesa etéreos mastodontes adormecidos.

    na artéria do sacrifício feiras de clamores

       

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