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A Cidade, as Crianças e os Animais
A Cidade, as Crianças e os Animais
A Cidade, as Crianças e os Animais
E-book283 páginas3 horas

A Cidade, as Crianças e os Animais

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Sobre este e-book

A obra A cidade, as crianças e os animais reúne distintos pontos de vista, miragens singulares e composições plurais que, no entanto, aproximam-se por paradigmas que valorizam e destacam vidas de todos os jeitos: poéticas, infantis, urbanas, rurais, imaginárias, cotidianas e animais! O conjunto de ensaios, experiências e pesquisas aqui reunidos evidencia o caráter interdisciplinar do conhecimento, pois Arte, Antropologia, Sociologia, Pedagogia, Geografia, Biologia, Literatura e Meio Ambiente dialogam e compõem ao mesmo tempo fatia e totalidade, como se fosse um mural construído a várias mãos: pequenos ladrilhos amalgamados por digitais distintas, mas propósitos semelhantes.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento26 de jun. de 2019
ISBN9788547313951
A Cidade, as Crianças e os Animais

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    A Cidade, as Crianças e os Animais - Vânia Alves Martins Chaigar

    Editora Appris Ltda.

    1ª Edição - Copyright© 2018 do autor

    Direitos de Edição Reservados à Editora Appris Ltda.

    Nenhuma parte desta obra poderá ser utilizada indevidamente, sem estar de acordo com a Lei nº 9.610/98.

    Se incorreções forem encontradas, serão de exclusiva responsabilidade de seus organizadores.

    Foi feito o Depósito Legal na Fundação Biblioteca Nacional, de acordo com as Leis nºs 10.994, de 14/12/2004 e 12.192, de 14/01/2010.

    COMITÊ CIENTÍFICO DA COLEÇÃO EDUCAÇÃO, TECNOLOGIAS E TRANSDISCIPLINARIDADE

    Aos animais não humanos que nos ensinam a repararmos uns nos outros; aos animais humanos

    que nos ensinam a reparar naqueles não humanos.

    Às pessoas que se empenham

    com os que necessitam de cuidado e afeto.

    Agradecimento ao Programa de Extensão

    Universitária – Proext/2016 –, pelo financiamento

    desta obra, e porque são os recursos públicos que garantem programas e projetos na educação brasileira, que nos permitem investir em nossos quefazeres e sonhar com outros cenários mais justos e democráticos.

    APRESENTAÇÃO

    Uma obra inscrita no coração

    A cidade, as crianças e os animais é um desses livros nascidos no coração. Cada um dos temas é bastante caro aos organizadores, que têm em comum a paixão pelos animais. Cada qual carrega experiências originadas da relação, sobretudo com cães e gatos, de convivências e aprendizados que as linguagens do afeto vão construindo e dando vazão a outras tantas que se aproximam de distintas racionalidades. Olhares de cuidado estendem-se para além de nossos quintais, e nos sentimos privilegiados por diálogos colhidos sob a forma de lambidas, ronronares e abanos desses seres que compõem a nossa família multiespécie.

    A obra tem muitas histórias e memórias para contar. Do ponto de vista do Chronos, dos ponteiros de relógios, ela nasceu em 2013, de uma parceria querida com a professora Marita Redin, da Universidade do Vale do Rio dos Sinos, em São Leopoldo. A professora, durante alguns anos, investiu em um trabalho intitulado A cidade e as crianças, junto a estudantes de Pedagogia. Esse material foi organizado e teve parte dele analisado e transformado num pequeno ensaio¹. O estudo citado evidenciou que crianças de várias idades apresentavam que um dos critérios de qualidade da cidade estava diretamente relacionado ao tratamento e cuidado conferido a animais não humanos (CHAIGAR; REDIN, 2013).

    Em trabalhos na formação de professores, especialmente em cursos de licenciaturas, aos poucos, o tema ganhava corporeidade e em conversas com outros defensores e/ou estudiosos dos animais não humanos, participação em eventos e leitura de obras afins surgia a disciplina A cidade, as crianças e os animais, no Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal do Rio Grande - FURG, no ano de 2014.

    Desde a sua proposição, contou com a colaboração de muitos colegas e amigos que, tendo em comum o amor pelos animais não humanos e trajetórias de engajamento a seu favor, contribuíram com referenciais teóricos, literários, fílmicos etc., e compôs um misto de epistemologia e poética, ciência e arte, deixando-a com possibilidades exploratórias muito amplas, difíceis de serem encerradas em um semestre apenas. A experiência logo se desdobraria em A cidade, as crianças e os animais I e II e reuniu várias instituições e pessoas envolvidas em ações na cidade, desvelando porções não visibilizadas do espaço local.

    Paralelo a essa experiência, estenderíamos nossos olhares às tantas cidades contidas na cidade que compõem os universos sociais dos citadinos, e dois projetos (ambos na Furg) alinhariam ações em sua direção. O primeiro em 2014, para um edital da Popularização da Ciência e Tecnologia – com a proposta Os saberes in-visíveis da cidade: a des-colonialidade da ciência e a popularização do conhecimento, que iria agregar pesquisadores/as de diferentes áreas e potencializar conhecimentos sobre a cidade (educação, arte, cultura e meio ambiente) amparados em referenciais do paradigma emergente. O segundo viria do Proext/2016 Cultura, Estética e Formação: redes de saberes, incompletudes e territorialidades, que ampliaria as possibilidades de parcerias bem como de financiamento de ações, como a produção da obra, que ora estamos apresentando.

    Já do ponto de vista do tempo de Kairós, provavelmente a obra represente um desejo, uma utopia: a de que nos demos o direito de aprender com as crianças e os animais, que recuperemos com eles fatias de nossa perdida humanidade e sejamos capazes de inventar tudo de novo, produzindo vidas na cidade em que distinções de credos, raças, gêneros, espécies constituam a verdadeira riqueza que deixaremos como legado aos que ainda virão.

    A obra A cidade, as crianças e os animais reúne distintos pontos de vista, miragens singulares, composições plurais que, no entanto, aproximam-se por paradigmas que valorizam e destacam vidas de todos os jeitos: poéticas, infantis, urbanas, rurais, imaginárias, cotidianas e animais! O conjunto de ensaios, experiências e pesquisas aqui reunidos evidenciam o caráter interdisciplinar do conhecimento, pois Arte, Antropologia, Sociologia, Pedagogia, Geografia, Biologia, Literatura e meio ambiente dialogam e compõem ao mesmo tempo fatia e totalidade, como se fora um mural construído a várias mãos: pequenos ladrilhos amalgamados por digitais distintas, mas propósitos semelhantes.

    A coletânea contou com a colaboração de professores pesquisadores de vários campos e universidades brasileiras: Universidade Federal do Rio Grande (Furg) Universidade Federal de Pelotas, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Universidade do Vale do Rio dos Sinos, Universidade Federal de Santa Catarina, Universidade Federal do Tocantins, Universidade Federal de Juiz de Fora, Universidade Federal Fluminense, Universidade Estadual do Norte Fluminense, Universidade Federal de Itajubá e Universidade Estadual Paulista.

    Na sequência, apresentamos sínteses desses trabalhos segundo o sumário e deixamos registrado também nossos agradecimentos pela parceria de cada colega nesta empreitada.

    Nelson narra uma casa, ente vivo e produtor de subjetividades. Nas pistas de Gilles Deleuze e Félix Guattari, provoca incursões singulares de cores, luzes e percepções multissensoriais. O texto condensa trechos do livro Tão grande quase nada e discorre sobre um projeto de autoria coletiva que passou pala restauração de uma velha casa no bairro Cidade Baixa, na cidade de Porto Alegre, RS. Um dos objetivos era que a casa pudesse aspirar para o seu interior encontros promotores de criatividade para que, no fluxo das expirações, pudesse irradiar tudo que havia antes energizado. Uma casa viva como obra de arte, como a própria vida. Um rizoma potencializador de encontros e desencontros, lugar de todo o tipo de gente e produtor de afetos e novidades. Poético, Nelson nos conta essa história de muitos personagens. Essa casa, em meio à urbe, trouxe aos seus habitantes múltiplas formas de experienciar o ser família e um redimensionamento do tempo, tempo para a grande festa de ser um na multidão, conforme suas palavras no texto aqui exposto. O autor enuncia metáforas, memórias e paisagens. Conheça esse lugar de onde se pode olhar a cidade, as plantas, os objetos e os animais como um assovio nos olhos que desperta cada palavra.

    Carolina traz o recorte de uma pesquisa em construção no doutorado em Educação na cidade de Pelotas, RS, em que investiga a relação que bebês na educação infantil estabelecem com a natureza e defende que lugar de bebê é na cidade, vivendo o mundo. Para a autora, o fato de os bebês serem percebidos como seres frágeis ou ainda, como pacotes biológicos, com necessidades de acentuada proteção, os afasta ainda mais das relações cotidianas da cidade e da natureza. Nesse sentido, destaca a polaridade conferida ao binômio cidade-natureza e à falta de reconhecimento de elementos do humano que bebês carregam consigo desde sempre. Nessa lógica, criam-se locais especializados destinados a bebês, como playgrounds e escolas artificiais, higienistas e pouco favoráveis à criação, contrariando perspectivas de integração dos pequenos na cidade. A questão está atrelada também à mercantilização do espaço que captura necessidades, como de lugares para crianças e bebês, e os vende evidenciando a natureza como símbolo de status. A autora defende uma natureza para ser experimentada ao invés de ser simplesmente contemplada e que está nas nuvens, nas formiguinhas, nas folhas no chão, nos cães e gatos.

    Jader Janer apresenta descobertas de uma pesquisa sobre cartografia com as crianças na cidade de Juiz de Fora, MG. Transcorreu a partir de vivências, desenhos e narrativas de pequenos de 6 anos de idade em excursões para observações no entorno da escola, visando à construção de mapas. Nessas saídas, nada escapa aos pequenos, como as formigas que também saem para passear. O conceito de vivência é destacado a partir do psicólogo Lev Vigotsky, pois possibilita a compreensão que o olhar e a experimentação das crianças são as bases de enraizamento das capacidades mais tarde individualizadas e singularizadas em cada um de nós, conforme o autor destaca no capítulo. O pesquisador traz em seu estudo elementos sobre os sentidos e a escala segundo o arquiteto Jan Gehel, bem como os sentidos que são comuns a todos os humanos na perspectiva do geógrafo Yi-FuTuan. No caso das crianças, o autor afirma que empreendem um tipo de ineditismo em cada incursão espacial denominada de espaço desacostumado no qual cabem as descobertas e criações de infâncias que ressignificam e ampliam sentidos anteriores. Por exemplo, a sombra de uma grande árvore permite aos pés verem as pedras como uma criança confidenciou a Jader Janer que, generosamente, a compartilhou conosco.

    Denise, Luiz Augusto e Márcia Cristina apresentam um ensaio sobre duas experiências docentes no curso licenciatura em Pedagogia, na Universidade Federal do Tocantins, em Palmas, TO. A primeira ocorre na Disciplina Integrante: Introdução ao ensino dos Animais e busca aprofundar questões relacionadas à zoologia e desmistificar o caráter utilitarista e antropocêntrico, não raro apresentado a crianças e jovens nos anos iniciais do ensino fundamental. Na disciplina são organizadas atividades de modo a envolver discentes com a fauna local e, em especial, com artrópodes. Depoimentos de estudantes surpreendem o professor, na medida em que explicitam descobertas e, ao mesmo tempo, estranhamentos em relação à zoologia regional e local. A segunda captura o sentido atribuído à experiência por Jorge Larrosa, reconhecendo-a como aquilo que me passa, e propõe a discentes da disciplina Teoria dos Jogos e Recreação memoriais sobre infâncias, jogos e brincadeiras. Memórias de crianças migrantes e tempos-espaços no campo, em fazendas ou sítios, e convívios com avós, primos, tios, subir em árvores, construir brinquedos, brincar com animais ou, noutros contextos, desbravar a cidade de bicicleta, apontam o potencial da memória na formação de professores, na medida em que trazem à tona porções de si e ressignificações sobre o ato de ensinar e aprender e ser – gente/professor/a.

    Janaína Roberta e Dalva Maria apresentam um projeto envolvendo professoras e alunos de uma escola de ensino fundamental do interior de São Paulo. Os dados analisados foram livros produzidos no âmbito do projeto escolar sobre a fauna. A pesquisa observa diferentes tipos de linguagens utilizadas pelas professoras nos referidos livros, a saber: científica, artística e mista. A influência dos processos educativo e cultural acerca da compreensão dos valores atribuídos aos animais não humanos passa pelos diferentes tipos de linguagens mencionados. Ao entrecruzar as análises com autores como Lev Vygotsky, Jean Piaget e João Francisco Duarte Júnior, as autoras discutem a construção do conhecimento antropocêntrico e a necessidade de uma Educação Ambiental capaz de promover valores de cuidado entre os humanos e os demais animais, não humanos. Pesa aí a necessidade de os professores questionarem seus valores pessoais com relação às outras espécies constituintes da natureza, sob pena de não conseguirem questionar e revisar com os educandos os valores deles. A importância disso está na necessidade de despertar a consciência crítica e sensível para a mudança de atitudes frente às implicações dos conhecimentos científicos com relação aos problemas ambientais.

    Karine, Humberto e Ottoni descrevem as experiências do projeto bicho que te quero arte que te quero livre desenvolvido na Escola Municipal de Ensino Fundamental Porto Seguro, na cidade do Rio Grande, RS. Os dados produzidos contemplam a produção dos estudantes a partir de uma proposta interdisciplinar envolvendo a Produção Textual e a Educação Artística. Para promover discussões sobre os direitos animais, foram utilizados referenciais diversos como, por exemplo, histórias em quadrinhos, O Pequeno Príncipe de Saint Exupéry e a leitura de imagens. Motivou-se a produção de cartazes sobre direitos animais que foram distribuídos durante a Passeata Ecológica da escola. Exposições e atividades extraclasse proporcionaram a participação dos alunos no programa de rádio Momento Animal. Fundamentado nas três ecologias de Félix Guattari (1990) e na complexidade de Edgar Morin (2011), o projeto contempla uma dimensão ética e ativa, com ações efetivas no cuidado com as demais espécies, como poderá ser verificado com a história da Polaca.

    Vera analisa a possibilidade de a poesia infantojuvenil ser uma proposta alternativa para a Educação Estético-Ambiental. Cogita: como estimular leitores infantis ao prazer de aprender/ler/refletir por meio do potencial poético presente nos poemas que tratam da temática ecológica e ambiental? A partir dos aspectos ecológicos estabelecidos nos poemas, é possível verificar valores éticos que fundam as cidades e os demais ambientes construídos pelo humano. Pela arte literária, os/as professores/as podem proporcionar às crianças vivências estéticas, posto terem diante de si um espaço para a descoberta do mundo que a poesia pode proporcionar. Ao sentir-se parte da natureza, a criança liberta a sua dimensão criativa e ética para perceber o mundo. Desse exercício, estabelece-se o vínculo entre a estética e a educação ambiental ao apontar desafios compartilhados por ambas. Essa ideia corrobora com o propósito da leitura da literatura que, ao passar da simples fruição, oferece um caminho de reflexão suscitado pelo encantamento e a magia que o texto poético proporciona, inclusive ao mundo adulto. Para a autora, educar e sensibilizar, por meio da poesia, é um caminho rumo à formação de sujeitos pensantes, sensíveis, críticos e criativos com relação à própria vida, à cidade em que habitam, ao meio ambiente que os cerca.

    Washington, em estudo realizado em cidades e comunidades costeiras do litoral Sul brasileiro, procura evidenciar a articulação entre diferentes iniciativas e atividades pedagógicas, focadas – especialmente a partir das crianças – nas interações das comunidades costeiras com as aves, demonstrando que elas têm, na integração entre a arte e a ciência, não apenas informações, aspectos lúdicos e ilustrativos, mas também elementos detentores de grande impacto simbólico e concreto, que podem servir de inspiração para diferentes programas de Educação Ambiental com vistas à melhoria nas relações entre a cidade, as crianças e os animais. O pesquisador leva em conta que nessas localidades a fauna marinha assume papéis diversos junto às populações: seja como recurso biológico e econômico ou simbólico. No aspecto simbólico, inclui-se a fauna carismática (aves, tartarugas, baleias etc.), que desperta forte apelo emocional entre as pessoas que tendem a defendê-la, independentemente de maiores convicções ecológicas. Nessas regiões, há vários anos, vem sendo realizados diversos projetos de Educação Ambiental. Entre eles, encontra-se o do mestre artesão Eloir Antonio Rodrigues da Silva, morador de Mostardas, RS, que produz esculturas em miniaturas de aves encontradas no Parque Nacional da Lagoa do Peixe. O trabalho exemplifica a relação entre ciência e arte, engajamento e ética contida na Educação Ambiental.

    Andrea e Mirila Greyce narram pesquisa netnográfica junto a grupos de protetores/doadores de gatos de rua e processos de adoção na cidade do

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