Por amor a um homem
De Anne Mather
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Sobre este e-book
Aquele homem parecia sincero quando se ofereceu para a ajudar, a ela e à sua filha. Mas Rachel não estava prepa¬rada para que Gabriel fizesse surgir certas emoções que ela escondia há tanto tempo. Poderia permitir-se abrir o seu coração a Gabriel, ou talvez ele estivesse apenas interessado em ter uma simples aventura com ela?
Anne Mather
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Por amor a um homem - Anne Mather
Editado por Harlequin Ibérica.
Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.
Núñez de Balboa, 56
28001 Madrid
© 2001 Anne Mather
© 2019 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.
Por amor a um homem, n.º 651 - maio 2020
Título original: A Rich Man’s Touch
Publicado originalmente por Harlequin Enterprises, Ltd
Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial.
Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.
Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.
® Harlequin, Sabrina e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.
® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença.
As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.
Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited.
Todos os direitos estão reservados.
I.S.B.N.: 978-84-1348-306-1
Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.
Sumário
Créditos
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Epílogo
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Capítulo 1
– Ei, aquele na mesa da janela não é o Gabriel Webb? – perguntou Stephanie com surpresa. – Mas o que é que ele veio fazer aqui? Caridade?
Rachel, que estava a tirar do forno a bandeja de biscoitos, virou-se, indignada.
– Caridade? O que queres dizer com isso?
– Ora, não te ofendas. É que esse homem nunca se dignou a entrar aqui – disse Stephanie ao mesmo tempo que punha o avental. – O Café da Rachel pode ser muito badalado, mas nunca foi atracção para gente fina.
– Se calhar ele ouviu dizer que eu sirvo o melhor pequeno-almoço da cidade – retorquiu Rachel, recusando-se a admitir que passara os últimos vinte minutos às voltas com a mesma pergunta.
Stephanie olhou de esguelha para a amiga.
– É estranho, não é? Kingsbridge é uma cidade pequena, mas tem óptimos hotéis, e toda a gente sabe que os executivos do Laboratório Web se costumam hospedar aqui. – Olhou disfarçadamente por cima do ombro. – Ele disse alguma coisa?
– Não sei. Foi a Patsy que o atendeu.
– E o que é que ele pediu?
– Uma chávena de chá.
– Só isso?
– Só isso – repetiu Rachel, esforçando-se para conter a irritação. – Não seria bom começar a preparar a lasanha? Já está quase na hora do almoço e nós aqui, na conversa.
Stephanie ergueu as mãos, defendendo-se.
– Está bem. Eu sei que estás zangada, e com razão. Mas encontrei-me com a senhora Austen na Avenida Central. Ela foi visitar o Mark e a Liz à Austrália e fez um relatório completo da viagem. Não tive como fugir. – Virou-se para pegar nos pratos que estavam no armário. – Parece que os dois compraram uma linda casa num subúrbio de Sidney. – Olhou de relance para Rachel enquanto abria as embalagens de massa. – É chique, não é?
– O quê? Ah, sim.
Rachel já estava informada de que Gabriel Webb voltara a Kingsbridge. E querendo mostrar-se indiferente, não lhe saia da cabeça uma suspeita: será que a tinha ido procurar por causa do filho? Contraiu os lábios, tentando conter o nervosismo. Ora, que ideia ridícula! Andrew estava a morar em Londres, há mais de um ano que ela não o via. Ainda bem, pensou com tristeza. Se a intenção de Gabriel Webb era mandá-la ficar longe do seu precioso filho, tinha perdido a viagem.
– Já foi há algum tempo? – perguntou Stephanie sem interromper o que estava a fazer.
Rachel sabia perfeitamente do que a outra estava a falar, mas preferiu evitar o assunto.
– Uns cinco anos, acho. O Mark e a Liz emigraram mais ou menos quando a Hannah nasceu. A senhora Austen contou-te se eles já têm filhos?
Stephanie ergueu a cabeça.
– Sabes muito bem que eu não estou a falar de Mark Austen. O que tens? Por acaso estás com medo desse homem?
– Medo? De Gabriel Webb? – Rachel sentiu o rosto a arder. – Claro que não! É apenas mais um freguês! Só porque eu e o filho dele saímos algumas vezes…
– Até parece que foi um caso passageiro – protestou Stephanie, espalhando a mozzarela na massa. – Toda a gente tinha a certeza de que ia acabar em casamento. Até o paizinho se meter, é claro.
– Não foi o… – Rachel interrompeu-se. Era melhor que continuassem a atribuir o fim do namoro à interferência de Gabriel Webb. Antes isso do que admitir que Andrew tinha sido o único responsável pelo rompimento. Melhor para ela e para Hannah, pensou com amargura. De maneira nenhuma tornaria a envolver a filha numa situação como aquela. – Escuta, não economizes no molho – desconversou ao perceber que Stephanie aguardava ansiosa a conclusão da frase. – Ah, Patsy – Rachel voltou-se aliviada para a adolescente que acabava de limpar as mesas, – fazes o favor de levar estes pratos para a cozinha. E depois pergunta àquele… Cavalheiro se ele deseja mais alguma coisa.
– Ok.
Patsy não podia ter aparecido em melhor altura. Rachel esperava que a interrupção pusesse fim à bisbilhotice de Stephanie. Olhou com relutância em direcção à mesa, tirou a pequena lousa da parede e começou a escrever o cardápio do dia. Nem notou quando Gabriel Webb se aproximou do balcão.
– A conta, por favor.
Ela estremeceu. Era a primeira vez que o via pessoalmente. Reconhecera-o pelas fotografias frequentemente publicadas na imprensa. Apesar dos meses de namoro, Andrew não a tinha apresentado à família. Rachel sentiu a boca secar instantaneamente. Gabriel tinha a voz grave e sensual do filho. E era muito mais jovem do que ela imaginava. Quarenta e poucos anos, talvez, embora a aparência não fosse das melhores. Os cabelos pretos, mais curtos que os do filho, estavam salpicados de fios grisalhos, e os olhos quase que se perdiam nas olheiras profundas. Talvez estivesse doente, cogitou, mas arrependeu-se de imediato. Não tinha nada a ver com isso. Não era por causa da palidez ou da roupa folgada, que sugeria uma súbita perda de peso, que aquele homem conquistaria a sua compaixão. Teve vontade de dizer que era uma cortesia da casa e pedir-lhe que desaparecesse dali, mas sabia que Stephanie a estava a observar com atenção, era preciso demonstrar total controlo da situação.
– Hum… Uma libra e 95 centavos.
– Uma libra e 95 centavos? – repetiu Gabriel Webb. Tirou do bolso uma nota de cinco libras esterlinas e depositou-a no balcão. Agradeceu e virou-se para sair.
– Espere! – Rachel não precisava da esmola daquele homem. Abriu a caixa registadora. – O troco. O senhor esqueceu-se do troco.
– Pode ficar com ele – disse o homem com indiferença, e dirigiu-se para a porta.
Ela contornou o balcão e correu atrás dele.
– O serviço já está incluído – disse com firmeza, oferecendo-lhe o troco. – Se quiser deixar gorjeta, entregue-a directamente à empregada.
Ele exalou um suspiro resignado.
– É mesmo necessário? – murmurou pegando nas moedas. – Eu sei que não simpatiza comigo, Rachel, mas não imaginei que fosse capaz de prejudicar os empregados por causa disso.
Ela recuou um passo.
– Ora, que tolice! – disse logo que conseguiu superar o espanto. – Eu nem sequer o conheço, senhor Webb.
Gabriel Webb baixou os olhos.
– Não conhece mesmo. Podia pelo menos conceder-me o benefício da dúvida. Eu não tive a intenção de a ofender. – Encolheu os ombros. – Desculpe.
Involuntariamente, Rachel retrocedeu mais um passo. Havia alguma coisa naquele homem que a incomodava, mas o quê? Uma espécie de empatia que a deixava em pânico. Que reacção mais estranha! Era bem verdade que a aparência daquele homem não correspondia ao que ela imaginava, mas será que isso explicava o seu mal-estar? Seria a semelhança com o filho? Não. Os dois eram altos, tinham cabelos escuros e o mesmo tom de pele herdado dos antepassados mediterrânicos, mas era difícil associar aquele rosto tão pálido à fisionomia de Andrew. Além do mais, Gabriel Webb tinha a expressão muito mais severa, uma beleza menos convencional. E visivelmente devastada, notou. Uma doença, talvez? Ela não sabia dizer.
– Foi um prazer finalmente conhecê-la – arrematou ele. E, abrindo a porta, levantou a gola do sobretudo e mergulhou na aragem fria da manhã de Primavera. Estava a fazer mais frio do que de costume no mês de Abril, mas não tanto para se usar um agasalho tão pesado. Cedendo à curiosidade, Rachel foi até à janela e afastou um pouco a cortina. Ao vê-lo desaparecer no fim da rua, respirou fundo.
– Que homem! – O tom sardónico de Stephanie indicava que o interesse de Rachel não passara despercebido. – O que foi que ele disse?
– Nada de importante – respondeu ela. Sabia que o rosto vermelho a denunciava. Por mais que quisesse encerrar o assunto, não conseguiu evitar um comentário. – Ele não parece nada bem…
Stephanie arqueou as sobrancelhas e contornou o balcão.
– Estás a falar a sério?
Rachel olhou novamente para a rua.
– Só pensei que… Sei lá… Talvez ele esteja doente. Tão pálido, com o rosto tão chupado…
– Bem, é de partir o coração! Só falta dizer que ficaste com pena dele. Abatido, ora essa! O homem deve estar a sair de uma boa noitada. Essa gente não faz outra coisa na vida.
– Como é que tu sabes o que eles fazem ou deixam de fazer? – retorquiu Rachel e respirou aliviada ao ver alguns fregueses entrarem na cafetaria. Era a desculpa que lhe convinha para fugir daquela conversa. Com o corre-corre do almoço e um pouco de sorte, Stephanie acabaria por esquecer Gabriel Webb.
Rachel estava prestes a fechar a cafetaria quando a sua mãe chegou com Hannah. Às vezes a senhora Redfern preferia ir às compras só depois de ir buscar a neta à escola, assim podiam dar um pulo ao Café. Rachel alegrou-se com a chegada das duas. Embora Stephanie não tivesse voltado a tocar no assunto, a tarde esteve carregada de tensão. Era um alívio saber que estava quase na hora de fechar.
– Olá, minha querida – disse, curvando-se para abraçar a filha.
O rosto da menina iluminou-se.
– Olá, mamã. – Hannah segurou-lhe o braço. – Posso beber um refrigerante? Por favor… Posso?
– Está bem. Mas só hoje – Rachel sorriu, contornando a cadeira de rodas da filha e empurrando-a até à mesa mais próxima. Virou-se para a senhora Redfern. – E para ti, mãe, o cházinho de sempre?
– Isso mesmo – aceitou a senhora Redfern, sentando-se ao lado da neta. Não demorou a sentir a tensão no ar. – Aconteceu alguma coisa?
– Não! – respondeu Rachel com certa precipitação. – A sair, um chá e um refrigerante! – desconversou, voltando para o balcão.
– Deixa que eu sirvo-as – ofereceu-se Stephanie um tanto sem graça. – Faço questão de atender a minha freguesa favorita. – Acenou para Hannah. – Ei, boneca! A escola correu bem hoje?
– Correu. Ganhei uma estrela – contou a menina, orgulhosa. – Quer ver?
– Claro! Só um instante. – Stephanie preparou a bandeja e levou-a para a mesa. – Bem, mas que menina inteligente! – exclamou, aproximando-se para admirar o broche dourado que a menina ostentava na gola do casaco. – Qual foi o motivo da condecoração? Muita conversa na sala de aula?
– Não – riu-se. – É que a professora fez um ditado e eu acertei as vinte palavras!
– A sério! – Stephanie admirou-se. – Mas isso merece uma comemoração. Que tal um banana-split? Acho que ainda temos um pouco de gelado no congelador.
– Boa! E pode ser com um pouco de chocolate granulado também?
Depois de preparar o banana-split e de servir uma fatia de torta de baunilha à senhora Redfern, Stephanie foi-se embora. Rachel trancou a porta, fechou as cortinas e voltou para a mesa.
– Pareces cansada, Rachel – comentou a sua mãe. – Estás a trabalhar demais. Devias tirar uns dias de folga.
– Eu tenho folga todos os domingos – resmungou Rachel, bebendo o chá. Sorriu para Hannah e voltou-se novamente