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Pássaro do bico de ferro
Pássaro do bico de ferro
Pássaro do bico de ferro
E-book100 páginas1 hora

Pássaro do bico de ferro

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Sobre este e-book

Por que um livro com um personagem com tantas idas e vindas? Veio-me a ideia de criar um personagem de acordo com algumas experiências já vividas, por tantas crianças e jovens. Experiências estas, também vividas por mim mesmo, sendo a maior parte desta obra, voltada para uma realidade em que estas mesmas crianças e jovens ainda vivem no seu dia a dia. Tudo para reforçar aos possíveis leitores, uma noção de um universo onde tudo ainda pode acontecer basta acreditar.
Na estória o personagem é criado em uma situação de necessidade financeira, mas foi feito com muito carinho para qualquer público, pois a estória mostra dificuldades reais com desfecho que dá exemplos a qualquer nível de leitor, com linguagem simples e bastante clara.
Não são personagens totalmente fictícios, muitos foram citados de experiências reais, embora tenha sido tomado todo o cuidado para não rotular a estória com dramas ou direcionar o leitor para um daltônico sentimento de compaixão, sendo uma estória de lutas ocasionadas pelo próprio tempo, com desfecho não esperado pelo personagem que só tinha a viver aquele momento criando suas próprias expectativas.
Mostrando assim que a vida realmente é uma aventura. Não importando o campo de atuação, nós só cumprimos o roteiro torcendo para que o autor deste, tenha nos colocado como protagonista principal, e não meros coadjuvantes. Mesmo sabendo que assim como a vida, todos os atores de uma peça deveria ter o mesmo valor, embora não seja assim.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento16 de dez. de 2020
ISBN9786558590996
Pássaro do bico de ferro

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    Pássaro do bico de ferro - Luiz Carlos da Silva

    AUTOR

    CAPÍTULO-1

    MORADIA

    Vamos de volta ao ano de 1970. Até então, dia bem bonito de uma linda manhã da primavera. Ainda havia orvalho, pois chegamos cedo à cidade por volta das 7h. Desembarcamos de um táxi de cor amarela, mais precisamente um Ford Corcel com calotas arredondadas, em volta destas, um círculo branco, fazendo assim com que eu me sentisse ainda mais importante.

    O local era uma ruazinha de terra ao lado de um terreno baldio, formado em mato que teríamos que atravessar para chegarmos. Do outro lado não existia rua. Depois do terreno, pude avistar outro, à frente, e, lá, algumas cabeças se movimentando, esperando-nos em alvoroço. Era o que podia se ver porque o mato não permitia mais. A rua em que nos encontrávamos era estreita e só não levantava poeira, devido ao orvalho que ainda teimava em cair, deixando um cheiro gostoso de terra molhada. Com um pouco de dificuldade atravessamos o matagal.

    Minha avó era uma senhora de estatura bem pequena, medindo no máximo um metro e sessenta centímetros de altura, morena, franzina, com rugas na testa e semblante fechado. Demonstrava assim uma aparência frágil, mas era determinada e muito guerreira.

    Atrás dela vinham minhas duas tias, jovens morenas com quase todas as características da mãe delas, com a diferença da jovialidade que esbanjavam, aos seus 16 e 19 anos, a pouca experiência com o diferente, e grande curiosidade em descobrir tudo. Em seguida eu e meu irmão, juntamente com minha prima - filha de minha tia mais velha - casada e recém-separada de meu tio, um sujeito típico da época, trabalhador rural, bruto a tal ponto que, mesmo minha tia, com toda sua simplicidade, não conseguiu aguentá-lo. Bom, pelo menos ele ficou para trás.

    Ao todo, esta matriarca conduzia uma família, formada por duas mulheres e três crianças, sendo uma com seus 16 anos. À época, poderia ser considerada também uma criança, pois ela não tinha intimidade nenhuma com as adversidades da vida. Desembarcamos nesta ruazinha lateral, em uma cidade do Triângulo Mineiro, bonita e próspera cidade mineira para mim! Uma cidade qualquer, mas a cidade, pois nos meus sete anos de vida não tinha conhecido nenhuma delas.

    Assim que atravessamos o mato, fomos recebidos pelo pessoal que nos esperava, então, conheci outra tia, baixinha e bem mais clara do que as outras, olhos claros esverdeados, parecia nem ser filha de minha avó.

    Ela tinha a fala suave e o sorriso fácil. A primeira impressão que tive foi que se tratava de uma pessoa agradável e de grande coração, ela que nos recepcionou. Depois, observando melhor em volta, passei a estudar mais detalhadamente a moradia, mas ainda não sabia que passaria ali um bom tempo. A casinha era simples e com um cômodo só, toda feita de adobe. Para quem não conhece, tijolo todo feito de terra vermelha que a gente cava do chão, molha e coloca-se o barro numa forminha de madeira, e, em seguida põe para secar.

    No barraco mal cabiam três pessoas se quisessem ficar à vontade. O piso não existia por ser de terra e devido ser molhado, todos os dias, a terra ficava úmida, depois seca e bastante dura. Não é que não estivéssemos acostumados a morar assim porque, na roça, também era do mesmo jeito, porém mais espaçoso e com as camas de pau a pique, dando assim mais conforto.

    A frente do barraco tinha um poço, todo gramado em volta, de onde era tirada a água com carretilha e corda, clara e límpida a qual podíamos vê-la bem pertinho e da boca do poço, apesar das tábuas que o tapavam. As bordas do poço eram cheias de samambaias, planta que até hoje as pessoas usam muito em casa, pois ela é muito bonita, sendo esta de folhagens bem diferenciadas, tornando-a uma planta bem especial.

    Na maioria das casas dos brasileiros, no jardim, existe uma ou mais samambaias, de folhas repicadas, curtinhas ou não, mas sempre formando um contraste bem diferenciado uma das outras. Mas voltando ao poço, neste, de vez em quando, aparecia uma perereca, ou sapinho, como nós chamávamos as rãs que apareciam de lá de dentro, às vezes, umas maiores ou menores, com suas manchas e desenhos, que mais pareciam pinturas feitas por artistas bem talentosos, cada uma mais bonita que a outra, o que para nós era uma festa.

    Minha tia não permitia que as matássemos porque elas serviam para manter a água limpa. E assim, olhando para os lados, a gente podia ver que apesar da casinha ser bem pequena, o quintal não perdia em nada para uma formosa chácara, media o tamanho de quatro a cinco lotes (trinta metros por outros trinta), quase todo gramado, vendo que a única coisa que tinha naquele imenso quintal era somente alguns pés de bananeira, estas, recém-plantadas em valas arredondadas cheias de esterco e que estavam começando a brotar.

    A cerca só tinha um fio de arame e, pela vizinhança, notava-se que não importava muito, pois a não ser uma única chácara ao lado, que tinha cara de chácara, em volta só se via grama e pés de assa peixe, uma planta típica daquele local. A vizinha chácara, esta sim, valia a pena! Era toda plantada com pés de laranja, limão, muito mamão e imensos pés de abacate, só que também toda cercada de arame farpado, um fio bem pertinho do outro, e seria uma aventura atravessá-la.

    Ruim para nós! Olhando mais longe, avistavam-se somente os telhados de algumas casas em meio ao mato, o resto era grama e assa peixe se misturando com algumas moitas de espinheiros típicos também daquele pequeno pedaço de mundo que eu acabara de conhecer.

    CAPÍTULO-2

    A FAZENDA

    Esta minha tia morava neste barraco, era casada com um sujeito negro forte, de sorriso agradável, apesar de gostar muito de uma branquinha, às vezes, até exagerava um pouco. Mas

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