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Consciência Linguística na Escola: Experiências e Vivências na Sala de Aula e na Formação de Professores
Consciência Linguística na Escola: Experiências e Vivências na Sala de Aula e na Formação de Professores
Consciência Linguística na Escola: Experiências e Vivências na Sala de Aula e na Formação de Professores
E-book367 páginas3 horas

Consciência Linguística na Escola: Experiências e Vivências na Sala de Aula e na Formação de Professores

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Sobre este e-book

O livro Consciência linguística na escola: experiências e vivências na sala de aula e na formação de professores traz relatos de experiências, resultados de pesquisas e reflexões acerca de como desenvolver e aplicar essa temática dentro dos anos iniciais escolares. De modo original e preenchendo parte de uma lacuna existente na formação de professores alfabetizadores, o livro reúne explicações acessíveis de conceitos e fundamentos linguísticos, com o objetivo principal de contribuir para que haja uma base mais consistente no trabalho com a linguagem em sala de aula. De forma complementar, transpõe esses fundamentos em inúmeras sugestões de atividades para sua aplicação no dia a dia escolar, com a apresentação de jogos, leituras e atividades lúdicas que contribuem para esse momento fundamental da aprendizagem infantil. Para isso, os capítulos foram organizados de modo a conduzir o leitor aos vários segmentos escolares, desde a educação infantil até a alfabetização de jovens e adultos. Os 15 autores desta obra são ligados à área da Educação, participantes da equipe ou de eventos promovidos pelo Programa de Extensão Aletra - Grupo de Estudos em Alfabetização e Linguagem, que desenvolve suas atividades desde 2007. A ideia do livro surgiu em função dos participantes das formações realizadas pelo Aletra se mostrarem interessados na temática, querendo aprofundar-se nos conceitos trazidos nos cursos e oficinas, perguntando sobre em que local poderiam encontrar mais explicações de tais assuntos. Com a dificuldade de recomendar obras que reunissem essas bases teóricas de modo acessível e vinculadas, diretamente, ao trabalho a ser desenvolvido pelo professor, nasceu este livro que traz as pesquisas transformadas em ações para a sala de aula, proposta deste grupo de estudos em linguagem e alfabetização.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento20 de abr. de 2021
ISBN9786558206002
Consciência Linguística na Escola: Experiências e Vivências na Sala de Aula e na Formação de Professores

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    Pré-visualização do livro

    Consciência Linguística na Escola - Ana Paula Rigatti Scherer

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    COMITÊ CIENTÍFICO DA COLEÇÃO EDUCAÇÃO, TECNOLOGIAS E TRANSDISCIPLINARIDADE

    O ALETRA, com esta obra, homenageia a todos os participantes que nos acompanham ao longo do período de existência desse grupo apaixonado pelo que faz. Foram vocês que nos incitaram a acreditar que vale a pena seguir investindo nas formações e no aprofundamento cada vez maior nos estudos, conhecimentos e tecnologias que temos procurado ofertar. Dá-nos esperança ver quem coloca em prática aquilo que reflete e aprende conosco e depois nos relata: a minha turma está escrevendo e lendo! Todos os esforços se justificam pelo grande valor que reside na alfabetização de nossas crianças, com esse elo feito por cada um de vocês. Nosso reconhecimento aos professores que buscam ampliar seu conhecimento em favor do desenvolvimento de todas as crianças. Grande parte do que temos estudado e conversado agora está aqui, finalmente cristalizado num livro para servir de base às suas leituras. Certamente virá muito mais, pois, o conhecimento vive se renovando e nossa vontade de estudar e compartilhar, também!

    APRESENTAÇÃO 

    Você gosta de histórias? Pois aí vai uma – em certa medida ciência, em certa medida emoção.

    Em um certo dia de 2007, há 13 anos, durante um encontro que contou com a participação de alunos e professores reunidos para discutir estudos linguísticos em suas diferentes correntes e concepções, uma dessas discussões girou em torno das relações entre consciência e linguagem, trazendo à tona a expressão consciência linguística e, naturalmente, a aprendizagem da leitura e da escrita.

    Quem eram esses estudantes interessados nesse tópico? Fonoaudiólogos estudiosos da aquisição da linguagem, com olhar para a Psicolinguística, para a Psicologia e para a Pedagogia ... Enfim, seres de conexão, gerados e geradores de interfaces, direcionados para o aprendizado e o bem-estar das crianças, voltados para a harmonia dos saberes, convictos de que o conhecimento e a felicidade ocorrem em comunhão.

    Percebe o leitor de quem fala aqui do seu lugar de narradora?

    Nesse momento, elevaram-se vozes convergentes e vozes discordantes em torno das concepções teóricas e da relevância do tema para a alfabetização. E esses jovens fonoaudiólogos/psicolinguistas ocuparam o cenário aberto há muito e ainda não tomado.

    Palavras aqui... palavras ali... debates acalorados ... discussões fortes... Ciência e emoção... conhecimento e convicção... pesquisa e ensino... teoria e prática... universidade e escola... belíssimos e produtivos cruzamentos!

    Digamos que esse foi o primeiro capítulo da história que está sendo contada – cheio de ideias novas, sonhos e interrogações!

    Mas vamos ao segundo.

    Encerrado esse momento, todos foram saindo e se dirigindo aos seus afazeres. Na verdade, todos não! Aqueles jovens estudantes que hastearam a bandeira da consciência linguística e sua importância na alfabetização mantiveram-se agrupados e se dirigiram a esta narradora: Temos de fazer algo!. Ao que ela respondeu: Sim, vamos combinar um dia para conversar.... E eles, de pronto, devolveram: Agora, pois estamos já aqui!.

    E, nesse espírito, aquele grupo sentou-se em volta de uma mesa e... Conversa vai, conversa vem... tomou a decisão de fundar um grupo de trabalho em torno de suas aspirações.

    Então esta narradora percebeu que aquela energia não poderia ser desconhecida e bloqueada em sua evidente produtividade.

    Outras reuniões vieram e o grupo foi fundado inicialmente com a coordenação desta narradora, hoje, com a de Ana Paula Rigatti Scherer e da outra autora deste livro, Clarice Lehnen Wolff, com o nome de Aletra - RS, funcionando aos sábados, com oficinas a professores alfabetizadores. E assim foi...

    Em 2016, teve início o terceiro capítulo desta história. Aqueles jovens, já egressos de seus cursos de pós-graduação, iniciaram suas atividades profissionais em escolas, universidades...

    E o Aletra - RS? O que o leitor pensa ter acontecido: ações se multiplicaram, espaços se abriram assumindo a interação de conhecimentos, convicções, formações, áreas, disciplinas, instituições, âmbitos, regiões, locais... em ritmo de valorização dos movimentos próprios do ir, vir, voltar, refazer, reconstituir... mas sempre do incondicional avançar!

    Como isso vem sendo feito?

    Polissêmicos olhares sobre o objeto de estudo vêm marcando seu caminho – para o uso da língua assim como para o seu código; para o texto e o discurso assim como para as unidades que os constituem – fonemas, morfemas, palavras, sentenças; para as narrativas assim como para as descrições, exposições e argumentações; para a realidade imaginária assim como para a realidade empírica.

    Essa perspectiva, naturalmente, vem gerando abrangência nas áreas de estudo, nas concepções teóricas, nos caminhos metodológicos de ensino, pesquisa e extensão.

    Isso significa não ter definição própria?

    Certamente não, dada a dimensão científico-pedagógica do Programa de Extensão Aletra/UFRGS, que se propõe estimular a conexão com a comunidade acadêmica e a comunidade escolar.

    Qual sua feição então?

    Caso o leitor deseje vê-la em seus contornos mais nítidos, leia o livro que aqui se inicia em sua apresentação e participe do Aletra, colaborando para a construção desse novo capítulo de sua história que já está em andamento – a publicação de estudos sobre o trabalho com consciência linguística  no ambiente escolar na direção de um feliz aprendizado da leitura e da escrita.

    Gostou da história? Ajude a escrever a próxima deste capítulo do Aletra.

    Vera Wannmacher Pereira 

    Docente titular do Programa de Pós-Graduação em

    Letras da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul

    SUMÁRIO

    Sumário

    INTRODUÇÃO 15

    PARTE I

    NA FORMAÇÃO

    DOS PROFESSORES

    1

    PROGRAMA ALETRA-RS:

    REGISTROS DE UMA EXPERIÊNCIA

    NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES

    27

    Ana Paula Rigatti Scherer 

    Clarice Lehnen Wolff 

    Sabrina Nuñes Gonçalves 

    2

    CONSCIÊNCIA LINGUÍSTICA

    E ALFABETIZAÇÃO 41

    Aline Lorandi

    PARTE II

    NA EDUCAÇÃO INFANTIL

    E ENSINO FUNDAMENTAL

    3

    METALINGUAGEM E ALFABETIZAÇÃO:

    A IMPORTÂNCIA DA PRÉ-LEITURA

    63

    Grasiela Kieling Bublitz

    4

    CONSCIÊNCIA FONOLÓGICA E PROJETO DIDÁTICO NA ALFABETIZAÇÃO 77

    Laura Bagatini

    5

    COMO TRABALHAR A CONSCIÊNCIA FONOLÓGICA NA ALFABETIZAÇÃO?

    99

    Ana Paula Rigatti-Scherer

    Clarice Lehnen Wolff

    6

    CONSCIÊNCIA FONOLÓGICA NO ENSINO DA LEITURA E DA ESCRITA 119

    Norma Suely Campos Ramos

    7

    NO PERCURSO DAS NARRATIVAS... 137

    Marília Marques Lopes

    Cláudia Belmonte Rahal

    8

    ALFABETIZAÇÃO MATEMÁTICA: LETRAMENTO E NUMERAMENTO 147

    Jussara Bernardi

    PARTE III

    EM CONTEXTOS ESPECIAIS

    9

    CONSCIÊNCIA FONOLÓGICA E AS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM 165

    Gabriela Castro Menezes de Freitas

    10

    CONSCIÊNCIA FONOLÓGICA E EXPLICITAÇÃO DO PRINCÍPIO ALFABÉTICO NA ALFABETIZAÇÃO DE ALUNOS COM NECESSIDADES ESPECIAIS

    181

    Ana Paula Rigatti-Scherer

    11

    CONSCIÊNCIA FONOARTICULATÓRIA: BOQUINHAS EM 3D COMO RECURSO PEDAGÓGICO

    193

    Érica Klein Menchik

    12

    CONSCIÊNCIA FONOLÓGICA E ALFABETIZAÇÃO DE ADULTOS: RELATOS DE UMA EXPERIÊNCIA

    207

    Daiane Martins Bocasanta

    PARTE IV

    NA EXPERIÊNCIA E NA PRÁTICA

    13

    JOGOS PARA CONSCIÊNCIA FONOLÓGICA 223

    Liliana Fraga dos Santos Madril

    14

    OFICINA DE APRENDIZAGEM QUAL É O SOM?: LUDICIDADE E LINGUAGEM EM JOGO 243

    Clarice Lehnen Wolff

    Fernanda Lanhi da Silva

    Tâmis Bastarrica Görbing

    Virgínia Dornelles Baum

    SOBRE OS AUTORES 263

    ÍNDICE REMISSIVO 267

    INTRODUÇÃO

    O livro Consciência Linguística na escola: Experiências e vivências na sala de aula e na formação de professores é resultado de mais de dez anos de trabalho do ALETRA - Grupo de Estudos em Linguagem e Alfabetização. Algumas das palestras e oficinas desenvolvidas durante esse período foram transformadas em capítulos desta obra, organizada em quatro partes: formação de professores; Educação Infantil e Ensino Fundamental; contextos especiais; experiência e prática. Os textos aqui compartilhados resultam de estudos, de pesquisas e de práticas das autoras. Buscam destacar e reunir pontos importantes da literatura acadêmica da área da linguagem, normalmente, com um perfil mais formal e específico, de modo a tornar os conteúdos mais acessíveis para a sua aplicação na sala de aula. Os professores que buscam os eventos do ALETRA relatam a sua preocupação com uma formação deficitária na área da linguagem em seus cursos acadêmicos. Disso resulta que chegam à sala de aula e encontram dificuldades para compreender o que realmente as crianças expressam nas suas tentativas de leitura e de escrita, e para saberem como podem intervir para auxiliá-las a avançarem em um processo de alfabetização consistente. Além disso, referem também falhas no conhecimento de conteúdos de linguagem para darem conta do ensino dos aspectos de ortografia, de escrita da frase, de produção textual, de aspectos de compreensão leitora. Observou-se, pelos relatos dos participantes, que estes pontos de ensino estavam sendo até mesmo negligenciados no ambiente escolar, como se tivessem perdido sua importância, em nome de uma escrita pouco lapidada e irrefletida na sua forma e sentido. Após as formações teórico-práticas, os professores comentam ter redescoberto no ALETRA que esses aspectos do ensino possuem grande importância e precisam ser resgatados e trabalhados nas suas devidas possibilidades e em profundidade para o desenvolvimento e a consolidação de bons escritores e leitores. Parte desses fundamentos pode ser encontrada neste livro.

    Na primeira parte, dois capítulos abordam de modo mais amplo a formação do professor. O capítulo 1 apresenta um breve histórico e a proposta do ALETRA, bem como os resultados de uma pesquisa realizada pela bolsista de extensão Sabrina Nuñes Gonçalves, relatada junto com duas das fundadoras do grupo, fonoaudiólogas Ana Paula Rigatti Scherer e Clarice Lehnen Wolff. Neste capítulo vemos que o ALETRA surgiu em 2007, em meio a um cenário bastante desfavorável à alfabetização, com índices oficiais que mostravam crescente analfabetismo funcional entre os estudantes, bem como precário desenvolvimento na capacidade de interpretação e assimilação da leitura de textos. São apresentadas, então, as análises e explicações dadas por alguns autores sobre as razões que estão por trás da baixa qualidade da alfabetização no Brasil, com ênfase às lacunas no ensino da linguagem. É destacado o pouco conhecimento que existe por parte de quem ensina sobre o Sistema de Escrita Alfabético, objeto do processo de alfabetização, e sobre o que é consciência linguística, especialmente a fonológica, mais demandada neste primeiro momento da alfabetização, no qual as crianças precisam compreender as relações entre fonemas e grafemas. Diante desses conceitos importantes para o desenvolvimento da alfabetização, muitas vezes abordados nas formações do ALETRA, foi realizada pesquisa via google forms com os participantes dos eventos do período de 2016 e 2017, a fim de verificar qualitativamente e quantitativamente os impactos das atividades propostas por este Programa de Extensão em sua área profissional. Nesse levantamento, foi possível confirmar o quão pouco a consciência fonológica é tema de estudo na formação acadêmica dos professores. Apenas 9% dos participantes relataram aprofundamento deste tema em sua formação de graduação ou pós-graduação; a maior parte só ouviu falar do assunto de modo superficial ou mesmo nunca ouviu nada sobre isso. No entanto, após estudarem e compreenderem do que se trata a consciência fonológica, 87% passaram a considerá-la fundamental no processo de alfabetização. Outro dado muito interessante trazido na pesquisa é sobre a importância da interlocução do professor com o fonoaudiólogo, sendo que 83,7% dos entrevistados classificam como ‘muito importante’ esta troca de conhecimentos entre as áreas. Esses e outros resultados, devidamente analisados, corroboram a importância de existir um espaço para estudo e aprofundamento de conhecimentos sobre a linguagem e a consciência fonológica na alfabetização, o que contempla e promove a interação tanto de professores experientes, como de estudantes de Pedagogia e de Fonoaudiologia.

    O capítulo 2, de autoria de Aline Lorandi, doutora em Letras, embasa e explica a fundamental relação entre a alfabetização e o desenvolvimento da consciência linguística, em seus diferentes níveis (fonológico, morfológico, sintático, semântico, textual). Para isso, inicia abordando como se deu a adaptação do cérebro para que o ser humano pudesse aprender a ler. Esse entendimento possibilita a compreensão do mecanismo cerebral que está implicado no processo de leitura, que deve ser levado em conta no ensino. A autora ilustra este assunto a princípio denso com exemplos leves e divertidos sobre o que consiste a consciência linguística, e por que devemos ‘enxergar’ como esta está se desenvolvendo numa criança em alfabetização. Apoiando-se no modelo de Redescrição Representacional, mostra que, ao deparar-se com a forma da linguagem, a criança vai gradualmente analisando o conhecimento, acessando-o conscientemente, até conseguir expressar verbalmente o que sabe. A autora propõe atividades práticas para a verificação dos diferentes níveis de consciência, para auxiliar o professor. Essa análise permite identificar diferentes momentos de possibilidade de aprendizagem da criança, e, com isso, encontrar formas de intervenção mais adequadas ao desenvolvimento infantil. Por fim, explica como o conceito de alfabetização e de leitura e escrita ancoram-se nas habilidades de consciência linguística.

    Na segunda parte do livro, seis capítulos abordam a consciência linguística na Educação Infantil e no Ensino Fundamental. O capítulo 3 é de autoria da doutora em Letras Grasiela Kieling Bublitz e aborda a importância da pré-leitura. Por que pré-leitura? Porque diversas habilidades de metalinguagem necessitam ser ativadas para desencadear o processo de alfabetização, juntamente com o desenvolvimento do letramento, que envolve práticas que situam a criança no uso e na função da escrita a que está exposta. São estes, portanto, dois processos complementares. A autora traz reflexões e conceitos acerca da linguagem, referentes a esse período que antecede o processo de aprendizagem de leitura e escrita em si. Apresenta sugestões de inúmeras atividades lúdicas, que tanto podem beneficiar o preparo do aluno na pré-escola, como podem contribuir para o momento formal de alfabetização, abrangendo os diferentes níveis de consciência linguística. O capítulo é ilustrado com as imagens dos jogos criados pelas alunas da professora Grasiela no curso de Pedagogia da Univates. São recursos de fácil elaboração e preparados com materiais simples e acessíveis para o trabalho com os objetivos da alfabetização. Para que os jogos sejam bem compreendidos e utilizados em sala de aula, a autora os embasa articulando os conceitos de metalinguagem, consciência fonológica, e sistema de escrita. Destaca, ainda, que o primeiro passo a ser dado para a alfabetização é levar a criança a compreender o Princípio Alfabético de Escrita, para, então, garantir a fluência em leitura e a compreensão daquilo que é lido.

    O capítulo 4 é escrito por Laura Bagatini de Almeida, pedagoga e pós-graduada em Psicopedagogia, que apresenta sua pesquisa de conclusão do curso de Pedagogia, destacando a consciência fonológica inserida no projeto didático na alfabetização. Inicia destacando a importante contribuição do desenvolvimento da consciência fonológica para o processo de alfabetização, já que a aprendizagem do sistema de escrita alfabética demanda que a criança analise os sons da fala. No seu estágio curricular de Pedagogia, em uma escola pública em condição de vulnerabilidade, adotou no projeto didático a inserção de atividades para o desenvolvimento da consciência fonológica, nos seus níveis silábico, intrassilábico e fonêmico. A autora descreve minuciosamente o planejamento das atividades. Essas contemplaram as habilidades e competências da etapa de ensino em questão, com a elaboração de sequências didáticas inspiradas em livros de literatura infantil, escolhidos a partir de uma temática que permitisse explorar os conteúdos previstos para cada semana do projeto, partindo das necessidades e curiosidades do grupo de primeiro ano. A partir disso, confeccionou os recursos didáticos de forma artesanal e conectada com os temas e livros estudados com a turma, sempre primando pelo caráter lúdico, mais atrativo para os alunos. Neste capítulo, Laura analisa as estratégias exitosas e sistematizadas utilizadas com essa turma, que iniciou o ano letivo com 22 alunos avaliados em nível de escrita pré-silábico e 4 em nível silábico com valor sonoro, de acordo com a classificação de Ferreiro e Teberosky. Em julho, na conclusão do estágio, o grupo havia avançado na aquisição da escrita, tendo 15 crianças avaliadas na hipótese silábica e fazendo uso do valor sonoro, 6 escrevendo de forma silábico-alfabética e 4 tendo atingido o nível alfabético.

    O capítulo 5 tem dupla autoria: as fonoaudiólogas e doutoras em Letras, Ana Paula Rigatti Scherer e Clarice Lehnen Wolff abordam de forma bastante acessível e prática o trabalho com a consciência fonológica na alfabetização. Iniciam contextualizando o panorama de fraco desempenho em alfabetização no país e a necessidade de mais áreas de estudos unirem-se com a da Educação, a fim de contribuírem com mais pesquisas e referenciais sobre o desenvolvimento da linguagem oral e escrita. Como a alfabetização é a porta de entrada da vida escolar e do ensino formal da leitura e da escrita, ela é fundamental na transformação da vida de nossas crianças. Assim, as autoras defendem que é necessário que a escola esteja a par de todo o aparato teórico que envolve esse processo de aprendizagem de linguagem, desde conhecimentos da área da linguística, que explicam o funcionamento da língua e seus componentes; da metalinguagem, que permite a reflexão sobre a língua em seus diferentes níveis; dos fundamentos do sistema de escrita alfabético; até os conhecimentos advindos da neurociência, que darão suporte para o entendimento de como esse processo ocorre em nível cerebral, envolvendo também funções cognitivas como a atenção e a memória. No capitulo são reunidos conceitos linguísticos fundamentais para embasar o processo de alfabetização, bem como sugestões de atividades para a sala de aula, potencializando a teoria com a prática. Apresentam também as fases de desenvolvimento da escrita propostas por Linnea Ehri, que mudam o foco do olhar de análise da produção da criança para sua aproximação com a representação dos sons da fala, o que é bastante importante para a intervenção escolar.

    O capítulo 6, de autoria de Norma Ramos, doutora em Letras, explicita a relação entre a consciência fonológica e o ensino da leitura e da escrita. Inicia trazendo a importância da trajetória gradativa do desenvolvimento da cognição da criança, com base em Jean Piaget, desde seus primeiros meses de vida, quando ela começa a construir conhecimento. Estes aspectos estão na base das futuras aprendizagens, tais como propriocepção do corpo, noções de espaço, de tempo, de causa e de percepção do objeto. Nessa evolução, o período das operações concretas é crucial para o momento da alfabetização, destacando-se que nessa fase a criança passa a ter capacidade para refletir sobre seus processos de pensamento, a chamada metacognição. Norma toma a consciência linguística como

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