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Mimoso: Comunidade tradicional do Pantanal Mato-Grossense - Diversidade de Saberes
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Mimoso: Comunidade tradicional do Pantanal Mato-Grossense - Diversidade de Saberes
E-book252 páginas2 horas

Mimoso: Comunidade tradicional do Pantanal Mato-Grossense - Diversidade de Saberes

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Sobre este e-book

A Comunidade Tradicional de Mimoso está localizada ao norte do Pantanal brasileiro, no município de Santo Antônio de Leverger-MT. Seus moradores apresentam características peculiares e um modo de vida adaptado aos ciclos de cheias, vazantes e secas que influenciam nas relações sociais e formas de manejo da natureza. São famílias que, apesar da diversidade cultural, apresentam dificuldades de inserção nos circuitos produtivos, entre eles o turismo.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento14 de mai. de 2021
ISBN9786525001906
Mimoso: Comunidade tradicional do Pantanal Mato-Grossense - Diversidade de Saberes

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    Mimoso - Onelia Carmem Rossetto

    Onelia.jpg1.1.12.1.1

    COMITÊ CIENTÍFICO DA COLEÇÃO CIÊNCIAS SOCIAIS

    dedicatoria

    APRESENTAÇÃO

    A Comunidade Tradicional de Mimoso está localizada ao norte do Pantanal brasileiro, extensa área alagável com 138.183 km², localizada no centro da América do Sul. É um grupo social que ocupa o Pantanal desde o século XIX. Os mimoseanos apresentam características peculiares e um modo de vida adaptado aos ciclos de cheias, vazantes e secas que integram os aspectos de sua cultura material e imaterial.

    Mimoso está localizado no Município de Santo Antônio de Leverger, que tem 61% da sua área dentro do Pantanal. Portanto, seus territórios ficam alagados durante vários meses anuais e os moradores adéquam às formas de manejo da roça, do gado e da pesca ao fluxo das águas. O povoado foi formado por uma família que requereu terras de sesmarias, sendo esta constituída pelos antepassados de Candido Mariano da Silva Rondon, que nasceu em Mimoso, seguiu carreira militar e adotou o sobrenome Rondon, tornando-se, assim, conhecido. Após a Proclamação da República no Brasil, dedicou-se à instalação das linhas telegráficas no Mato Grosso e Rondônia, além de criar o Serviço de Proteção ao Índio (SPI), conduzir os trabalhos para a elaboração da Carta de Mato Grosso e realizar outros projetos relacionados à definição e manutenção das Fronteiras e dos Limites do Brasil.

    Foi Cândido Mariano da Silva que se empenhou em recadastrar as terras da Sesmaria de Mimoso e, mais tarde, dividi-las entre seus familiares. Assim, cerca de 95% dos moradores de Mimoso se consideram parentes de Rondon, o que justifica a existência nos arquivos privados mimoseanos de correspondências pessoais (telegramas e cartas), fotografias e documentos oficiais que remetem à realidade do Pantanal Norte na primeira metade do século XX.

    Os moradores de Mimoso vivem da pecuária extensiva tradicional do Pantanal, do cultivo de pequenas roças, da pesca profissional artesanal e da venda da força de trabalho nas grandes fazendas localizadas no entorno. São famílias que, apesar da diversidade cultural, apresentam dificuldades de inserção nos circuitos produtivos, entre eles o turismo. Contudo, observa-se que a modernidade se instala, trazendo conflitos entre o modo de vida tradicional e as benesses resultantes das vias de comunicação, da internet e das novas necessidades oriundas do mundo globalizado.

    As transformações no modo de vida podem resultar em impactos no Bioma Pantanal e a população tradicional de Mimoso, antes considerada agente de sustentabilidade socioambiental em razão das práticas conservacionistas e preservacionistas tradicionais, passa a ser considerada somente mais um grupo de atores inseridos no mundo globalizado e a serviço do capital. Diante desse cenário, o Projeto Educação Socioambiental, Patrimonial e Turística em Comunidades Tradicionais do Pantanal Mato-grossense: Mimoso (Santo Antônio de Leverger) e Capão Verde (Poconé) apresentou como principal objetivo a ampliação dos saberes dos moradores de Mimoso (Santo Antônio de Leverger) e de Capão Verde (Poconé), recuperando aspectos da cultura material e imaterial e apoiando a organização comunitária, por meio da legitimação da Sala de Memória Rondon e Familiares, tendo como eixo central a Educação Ambiental, Patrimonial e Turística.

    Assim, buscamos, por meio da pesquisa-ação: a) inventariar o conhecimento relacionado aos acervos documentais e aos usos tradicionais locais e potenciais associados à sociobiodiversidade; b) contribuir para organização comunitária e respectiva autogestão; c) sensibilizar os participantes em relação à preservação e conservação socioambiental. Tal processo resultou na intensa troca de saberes entre a população e os pesquisadores e na produção de conhecimentos, alguns registrados na presente coletânea.

    O Projeto foi desenvolvido pelos pesquisadores que integravam os grupos de Pesquisas Interfaces: História, Museologia e Ciências Afins (HIS/ICHS/CUR) e Geca – Geografia Agrária e Conservação da Biodiversidade (Geca/GEO/IGHD), ambos da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). Contou também com o apoio do Programa de Pós-Graduação em Geografia (PPGEO/UFMT) e do Programa de Educação Tutorial (PET/Geografia). A gestão financeira foi realizada pela Fundação Uniselva (UFMT) e a infraestrutura nas comunidades foi apoiada pelo Governo do Estado de Mato Grosso por meio da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico – Turismo e da Assessoria de Relações Internacionais. Os aportes financeiros originaram-se da Embaixada da Nova Zelândia no Brasil via Head of Mission Fund 2015.

    Em síntese, foi um projeto construído por muitas mãos, entretanto, sem ter a pretensão de exaurir a pluralidade de questões que envolvem as comunidades tradicionais, especialmente a Comunidade de Mimoso, mesmo porque tal tarefa é impossível diante da multiplicidade de espaços e tempos que convivem e transformam a cultura material e imaterial, as formas de manejo e o cotidiano da vida dos mimoseanos que já partiram e retornaram, ou que nunca saíram e acompanham com preocupação as mudanças e seus reflexos no viver cotidiano. Quiçá a modernidade se instale com melhoria da qualidade de vida, com a preservação da memória, do patrimônio e do ambiente pantaneiro!

    Boa leitura!

    PREFÁCIO

    Esta coletânea traz em suas páginas parte das lições apreendidas durante a realização do Projeto Educação Socioambiental, Patrimonial e Turística em Comunidades Tradicionais do Pantanal Mato-grossense: Mimoso (Santo Antônio de Leverger) e Capão Verde (Poconé).

    O projeto contempla as duas comunidades tradicionais, mas na presente obra abordamos a Comunidade de Mimoso. Tal fato se justifica devido ao fato de os grupos de pesquisas Interfaces: História, Museologia e Ciências Afins (HIS/ICHS/CUR-UFMT) e Geca – Geografia Agrária e Conservação da Biodiversidade (Geca/GEO/IGHD-UFMT) atuarem na Comunidade, fato que possibilitou o aprimoramento dos dados e resultados ora apresentados.

    No primeiro artigo, intitulado Ecomuseologia e Educação Patrimonial em Mimoso, os autores Jocenaide Maria Rossetto Silva e Antônio Luís Lucas de Amorim apresentam parte da pesquisa realizada entre 2011 e 2018, que teve como principal objetivo fundamentar diretrizes para a elaboração de programas e projetos a serem desenvolvidos pela Sala de Memória Rondon e Familiares no campo da Museologia Social.

    Os resultados demostram que as metodologias educativas de inventário sócio-econômico-histórico e cultural possuem significativo valor, possibilitando a execução de projetos interdisciplinares e transdisciplinares categorizados como Museu de Percurso, Ecomuseu e Museu Comunitário. Os autores ressaltam que a utilização responsável do Patrimônio nas ações museais contribui para as práticas de sustentabilidade ambiental, histórica, cultural e turística, e que o conhecimento alcançado poderá desdobrar-se em difusão das metodologias e propostas semelhantes.

    Na sequência, Natália Rossetto da Silva Melo e Tereza Cristina Cardoso de Souza Higa apresentam a temática O Memorial Rondon e as Perspectivas para o Turismo de Base Comunitária em Mimoso. Esse artigo integra a dissertação de mestrado da primeira autora, defendida junto ao Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Federal de Mato Grosso (PPGEO/IGHD/UFMT). A pesquisa foi realizada em todas as fases do projeto desenvolvido em Mimoso e teve como objetivo a identificação das potencialidades turísticas por meio das perspectivas da comunidade. Tais informações, aliadas à criteriosa análise da documentação produzida pelas instituições que tratam das políticas públicas para o setor e associada à literatura específica, resultaram na dissertação e neste livro que ressalta a importância dos mimoseanos como atores sociais responsáveis pelos destinos das potencialidades turísticas locais.

    O terceiro artigo é de autoria de Giseli Dalla-Nora e apresenta como título Formação para o Turismo na Comunidade Pantaneira de Mimoso: Reflexões sobre o Processo, seu enfoque situa-se em ponderações sobre as oficinas realizadas e suas contribuições para os processos formativos dos atores locais. Os aportes conclusivos indicam como essencial o fortalecimento da identidade local para que os benefícios do desenvolvimento de atividades turísticas sejam superiores aos impactos negativos oriundos dela.

    O artigo subsequente, O Memorial Rondon e sua Relação com a Reserva da Biosfera do Pantanal e as Unidades de Conservação do Entorno, de autoria de Nely Tocantins, demonstra a importância do Memorial Rondon, bem como das Unidades de Conservação na categoria de Estrada Parque e Parque Estadual, localizados na Zona de Transição da Reserva da Biosfera do Pantanal, título reconhecido pela Unesco desde 2000 e ainda não utilizado apropriadamente pela comunidade local. A autora ressalta que o Memorial Rondon poderia incorporar essas informações e titulações como oportunidade de discussões e empoderamento da comunidade, contribuindo para a gestão e conservação das áreas protegidas localizadas em seus territórios.

    Louis Anthoniel Joseph e Onelia Carmem Rossetto apresentam o artigo Agricultura Familiar no Distrito de Mimoso – Município de Santo Antônio de Leverger-MT, parte integrante da dissertação de mestrado desenvolvida junto ao Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Federal do Mato Grosso (PPGEO/IGHD/UFMT). A pesquisa demonstra que a agricultura familiar em Mimoso representa um dos principais componentes da base econômica e desenvolve papel crucial, tanto no que diz respeito à subsistência, quanto em questões sociais e econômicas.

    A temática Pequenas Centrais Hidrelétricas – PCHs no Pantanal Brasileiro: Impactos Socioambientais na Voz das Comunidades Tradicionais de Mimoso, Varginha e Mutum – Mato Grosso é apresentada por Onelia Carmem Rossetto, registrando a voz das referidas comunidades tradicionais sobre as transformações socioambientais resultantes da construção da PCH e suas expectativas em relação aos cenários futuros, aliando a análise científica aos depoimentos dos atores sociais pesquisados. Ademais, descreve a atuação dos mediadores sociais na resolução da problemática vivenciada pelas comunidades.

    Na sequência, Cleusa Aparecida Gonçalves Pereira Zamparoni escreve sobre a Dinâmica da Distribuição das Chuvas e Uso do Solo na Comunidade Pantaneira de Mimoso/MT – 2000 a 2018 com o objetivo de caracterizar a evolução dinâmica das chuvas no período de 1998 a 2018 relacionada às mudanças de uso do solo. Os resultados apontam para uma diminuição das áreas vegetadas e um acréscimo nas classes da agricultura e pastagens; como correlato, a transformação no uso da terra onde a vegetação florestal é substituída por outras formas de ocupação espacial que pode interferir no comportamento das variáveis climáticas locais.

    O Conceito de Território e o Ensino de Geografia nas Comunidades Tradicionais é discutido por Patrícia Christan, que busca analisar a concepção de multiterritorialidade como um caminho teórico para se compreender as ações territorializadoras promovidas pelos diferentes agentes e sujeitos no âmbito das comunidades tradicionais, bem como ressaltar a importância da territorialização, da identidade e do sentimento de pertencimento desses sujeitos como referências para as práticas educativas.

    Enfim, considera-se que as pesquisas e os artigos aqui apresentados são parte do esforço de um grupo de docentes pesquisadores, estudantes, gestores da Sala de Memória Rondon e Familiares e dos moradores da Comunidade de Mimoso que se dedicam a construir no presente as condições necessárias para recepcionar as políticas públicas para o Pantanal de forma reflexiva e crítica, visando contribuir para o uso sustentável dos elementos naturais e culturais das comunidades tradicionais, povos indígenas e outros que procederam de outras partes do mundo e originaram o povo pantaneiro.

    Cuiabá, outubro de 2020.

    Jocenaide Maria Rossetto Silva & Onelia Carmem Rossetto

    Sumário

    Capítulo 1

    ECOMUSEOLOGIA E EDUCAÇÃO PATRIMONIAL EM

    MIMOSO 17

    Jocenaide Maria Rossetto Silva

    Antônio Luís Lucas de Amorim

    Capítulo 2

    O MEMORIAL RONDON E AS PERSPECTIVAS PARA O TURISMO

    DE BASE COMUNITÁRIA EM MIMOSO 39

    Natália Rossetto da Silva Melo

    Tereza Cristina Cardoso de Souza Higa

    Capítulo 3

    FORMAÇÃO PARA O TURISMO NA COMUNIDADE PANTANEIRA DE MIMOSO: REFLEXÕES SOBRE O PROCESSO 63

    Giseli Dalla-Nora

    Capítulo 4

    O MEMORIAL RONDON E SUA RELAÇÃO COM A RESERVA DA BIOSFERA DO PANTANAL E AS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO

    DO ENTORNO 73

    Nely Tocantins

    Capítulo 5

    AGRICULTURA FAMILIAR NO DISTRITO DE MIMOSO – MUNICÍPIO DE SANTO ANTÔNIO DE LEVERGER-MT 95

    Louis Anthoniel Joseph

    Onelia Carmem Rossetto

    Capítulo 6

    PEQUENAS CENTRAIS HIDRELÉTRICAS - PCHS NO PANTANAL BRASILEIRO: IMPACTOS SOCIOAMBIENTAIS NA VOZ DAS COMUNIDADES TRADICIONAIS DE MIMOSO, VARGINHA E MUTUM – MATO GROSSO 125

    Onelia Carmem Rossetto

    Capítulo 7

    DINÂMICA DA DISTRIBUIÇÃO DAS CHUVAS E USO DO SOLO NA COMUNIDADE PANTANEIRA DE MIMOSO/MT – 2000 a 2018 147

    Cleusa Aparecida Gonçalves Pereira Zamparoni

    Capítulo 8

    O CONCEITO DE TERRITÓRIO E O ENSINO DE GEOGRAFIA NAS COMUNIDADES TRADICIONAIS: UMA REFLEXÃO A PARTIR DO PROJETO DE EXTENSÃO EDUCAÇÃO SOCIOAMBIENTAL, PATRIMONIAL E TURÍSTICA EM COMUNIDADES TRADICIONAIS DO PANTANAL MATO-GROSSENSE 173

    Patrícia Christan

    Sobre os Autores 189

    Capítulo 1

    ECOMUSEOLOGIA E EDUCAÇÃO PATRIMONIAL EM MIMOSO

    Jocenaide Maria Rossetto Silva

    Antônio Luís Lucas de Amorim

    INTRODUÇÃO

    A problemática da pesquisa situa-se em Mimoso, um distrito do município de Santo Antônio de Leverger, localizado no Alto Pantanal brasileiro, que foi caracterizado pelos pesquisadores Rossetto¹ e Melo² como Comunidade Tradicional. A população

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