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Sex & The Kitchen
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E-book65 páginas44 minutos

Sex & The Kitchen

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Sobre este e-book

Depois do grande sucesso teatral, Patrizia Caiffa conduz seus leitores ao mundo de ‘Sex & The Kitchen’. Três histórias extraídas de igual número de peças que narram situações completamente distintas entre elas, três histórias vistas por duas óticas: o sexo e a gula. O amor pela cozinha, ou a busca deste através dela. Um tema que liga a protagonista sonhadora de ‘o véu da noiva e o abecedário’ na sua controversa Sicília, aos excêntricos amantes de ‘eu posso...’, assim como ao apaixonado guerreiro culinário de ‘escuro como a dor’. Protagonistas involuntários de uma relação –  do erotismo com a culinária – que ultrapassa tempo e lugar. As histórias são acompanhadas por roteiros teatrais enriquecidos por esplêndidas fotos e ilustrações da autoria de Luigi Pagano.

IdiomaPortuguês
Data de lançamento3 de set. de 2020
ISBN9781071564912
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    Sex & The Kitchen - Patrizia Caiffa

    Patrizia Caiffa

    Sex & the kitchen

    Histórias e pr-atos únicos

    O VÉU DA NOIVA E O ABECEDÁRIO

    (Pataniscas de flores de Sabugueiro e acácia)

    Pensava em saborear, comendo-as, até mesmo o seu perfume delicado.

    Pensava em descobrir o prazer secreto encrustado na farinha.

    Pensava em me saciar, mais e mais, até não mais poder.

    Ufa! Que calor neste quarto! Ai, nunca mais chove este ano, não aguento. E este livro já li milhões de vezes, é chato.

    E o que tem dentro? Flores secas? Ah... me esquecia! Pequerruchas! Como vão vocês? Bem? Eu também estou muito bem, de pé. Faz tanto tempo, né? Estão lindas, um pouco mais velhas. Eu também às vezes me sinto velha. Olha, sabiam que aqui se come flores? Vocês estavam em perigo também, sabiam?

    Fazem saladas com pétalas de rosas e violetas. Verdade! Mas não é para vocês isto. Mas as pataniscas de salgueiro e acácia, sim. Juro por Deus que é verdade! Fiquem atentas meninas, fiquem atentas que daqui a pouco comem até vocês...

    Era maio, o mês das noivas. Nasci na ilha, em Canicattini Bagni. Uma pequena cidade onde tudo é branco, arrumado e lindo. Me chamaram Maria Celeste.

    E é quente! Aqui é mais África que Europa. O dia de festa mais lindo é a Páscoa, quando as imagens do Cristo Ressuscitado e da Nossa Senhora das Dores se encontram para fazerem um duo: estão contentes por causa da ressurreição e se abraçam. Trazem a paz! Que espetáculo! Ondulam sobre as cabeças dos homens afanados, de um lado a outro, cambaleiam, parecem enlouquecidos de tanta alegria!

    É neste período que começam a florescer, num esplendor perfumado de branco, as árvores do salgueiro e da acácia, ao longo das estradas e estradinhas no campo.

    A guerra tinha acabado já há algum tempo, mas ainda havia pobreza, tanto que, quem podia, ia embora para o Novo Mundo: a América. Quantos partiram, coitados! Alguns fizeram fortuna, outros sofreram as penas dos emigrantes. Os campos se esvaziaram, mas nós, ficamos.

    Me inebriava com o perfume e a beleza daquelas vielas floridas enquanto passeava com as amigas chatas de sempre da aldeia.

    - Sabiam que a Rosaria pôs os cornos no marido com o ferroviário? Dois fedelhos foram dar com os dois fornicando dentro do vagão do trem.  Safados, passaram uma vergonha!   

    - E que a filha do Mario, feia que dói, foi mordida pelo cão do Gino? Ficou com tanto medo, pobrezinha, mas era o cão que tinha que ter ... ha ha ha!

    - E sabiam que tia Rosa morreu, aquela velha que vivia sozinha naquela casa bonita... quer ver que agora os herdeiros começam a brigar por ela?

    Claro.

    Fofoca e tagarelice, tagarelice e fofoca. Que chatice! Há vinte anos que estou cansada desta vida pacata, tudo sempre o mesmo. Eu também sonhava com o príncipe encantado, um homem belo, muito belo, como o Amedeo Nazzari: Eu o vi a primeira vez que fui ao cinema na cidade: como se chamava aquele filme, daquele diretor famoso que me fez chorar tanto? Ah, lembrei. As noites de Cabiria. Amadeo era mau naquele filme, mau mesmo, mas que charme e que olhar sedutor!

    Eis qual era o meu sonho especial: se materializava na minha frente: um marido alto, cabelos escuros e bigodes à francesa, costas largas e belo físico. Exatamente como Amedeo. Culto, amável. Gentil de coração e de alma sensível. Depois sonhava com o casamento e o vestido branco, duas crianças a alegrar nossos dias. Sonhos comuns, eu sei, mas o meu tinha um detalhe à mais, um detalhe diferente.

    Naquele dia, colhi flores de salgueiro e flores de acácia, como em toda primavera. Em casa, disse à minha mãe que

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