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O Significado da Comuna de Paris
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O Significado da Comuna de Paris
E-book66 páginas48 minutos

O Significado da Comuna de Paris

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Sobre este e-book

Henri Lefebvre e a Internacional Situacionista buscam, a partir de suas concepções, interpretar a Comuna de Paris. A Comuna foi uma “festa”, afirmam eles. Assim, a partir da crítica da vida cotidiana, eles analisam a experiência comunarda. Nildo Viana realiza uma análise crítica das duas interpretações, extremamente semelhantes. Marcus Vinicius Conceição, por sua vez, aborda a questão do plágio e polêmica entre o sociólogo e os situacionistas. Os textos trazem elementos analíticos da Comuna de Paris, análise das interpretações sobre essa experiência revolucionária, análise das posições e polêmica entre Lefebvre e situacionistas.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento11 de fev. de 2021
ISBN9786588258262
O Significado da Comuna de Paris
Autor

Nildo Viana

Professor da Faculdade de Ciências Sociais e Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Federal de Goiás; Doutor em Sociologia pela UnB; Autor de diversos livros, entre os quais: O Capitalismo na era da Acumulação Integral; Quadrinhos e Crítica Social; As Esferas Sociais; Cinema e Mensagem; Manifesto Autogestionário; A Mercantilização das Relações Sociais; A Teoria das Classes Sociais em Karl Marx; Hegemonia Burguesa e Renovações Hegemônicas; O Modo de Pensar Burguês; Universo Psíquico e Reprodução do Capital.

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    O Significado da Comuna de Paris - Nildo Viana

    A COMUNA E A CONTESTAÇÃO

    Nildo Viana

    Os textos aqui reunidos apontam para uma reflexão sobre a Comuna de Paris a partir da perspectiva da cultura contestadora que existia na França antes da rebelião de Maio de 1968. Essa cultura contestadora abarcava tanto o crítico-reprodutivismo da Escola de Frankfurt, tal como se observa em Herbert Marcuse, quanto a sociologia crítica de Henri Lefebvre, até chegar à Internacional Situacionista, uma de suas expressões mais radicais.

    No presente livro se apresenta um breve texto da Internacional Situacionista e outro de Henri Lefebvre, tematizando a revolução comunarda de 1871. Além destes dois textos, temos a contribuição de Marcus Vinicius Conceição que faz um balanço comparativo entre ambos os textos, além de discutir brevemente a acusação de plágio que os situacionistas fizeram a Henri Lefebvre. O nosso objetivo aqui não é apresentar os textos, pois isso é realizado por Conceição, e sim realizar uma breve reflexão sobre a relação entre a cultura contestadora da França dos anos 1960 e a interpretação da Comuna de Paris pela Internacional Situacionista e por Henri Lefebvre.

    O primeiro ponto a destacar é que os dois textos são importantes no momento histórico em que emergem. A importância histórica dos dois textos se revela pelo contexto histórico em que são escritos e publicados. Sem dúvida, são textos breves e que não conseguem superar o pequeno texto de Marx sobre a Comuna¹. Porém, por sua perspectiva revolucionária, vão além do texto de Korsch² e de alguns anarquistas³. No entanto, o que nos interessa aqui é o seu significado no momento histórico em que os dois textos foram produzidos. Era um momento de estabilidade do regime de acumulação conjugado, o que gerava também uma estabilidade política, bem como ideologias que pregavam o fim das revoluções, a ideia de sociedade de consumo, a concepção da integração da classe operária ao capitalismo, etc. Nesse contexto, o paradigma hegemônico era o reprodutivista, através das ideologias estruturalistas, funcionalistas, sistêmicas e na qual o círculo linguístico vicioso girava em torno dos construtos hegemônicos: sistemas, funções, reprodução, modelo, entre outros semelhantes. O paradigma reprodutivistas se fundamentava na recusa da história e na ilusão do progresso infinito do capitalismo⁴.

    Nesse contexto, a cultura contestadora era a única forma de se pensar fora desse círculo vicioso hegemônico. Porém, os representantes da cultura contestadora não escapavam totalmente do paradigma reprodutivista. Os crítico-reprodutivistas são o exemplo mais claro disso, tal como se vê nas obras de Marcuse e outros⁵. No entanto, havia alguns que avançavam mais na consciência de sua época e na crítica do reprodutivismo. Esse é o caso de Henri Lefebvre, com todas as suas limitações, e da Internacional Situacionista, com todas as suas ambiguidades⁶. Os dois textos sobre a Comuna de Paris confirmam isso.

    Assim, ao recordarem um evento histórico que significou uma revolução proletária, embora inacabada, e colocou a transformação radical e total das relações sociais como possibilidade histórica, esses textos destoam e abrem uma brecha de contestação cultural no interior de uma cultura conservadora e conformista. Esses textos aparecem como um riscar de fósforo que gera uma fagulha de luz em meio à mais tenebrosa escuridão. Numa época em que a ideia de revolução foi abandonada e só se pensava em reprodução, esses dois textos sobre a Comuna de Paris já significam algo importante e, mais ainda, quando apontam para o seu real significado.

    O texto da Internacional Situacionista, além do significado histórico revelado por seu contexto de escrita e lançamento, aponta para uma redescoberta da Comuna de Paris e seu significado revolucionário, um ensaio de abolição do aparato estatal, de transformação das relações sociais, do cotidiano, entre outros processos.

    O texto de Henri Lefebvre, além do mesmo significado histórico, por sua vez, também resgata alguns elementos da Comuna, o seu aspecto revolucionário, o seu elemento transformador do cotidiano, a sua novidade histórica.

    Contudo, é necessário realizar a crítica da cultura contestadora dessa época e apontar os seus limites. E um dos limites se revela no vínculo com o leninismo, no caso

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