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Marx e os Movimentos Sociais
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Marx e os Movimentos Sociais
E-book76 páginas55 minutos

Marx e os Movimentos Sociais

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Sobre este e-book

O que Marx tem a dizer sobre movimentos sociais? Segundo alguns, nada. Para outros, teria apenas uma contribuição para a discussão sobre o movimento operário ou então limitada ao século 19. Um conjunto de intérpretes atribui a ele certas considerações sobre os movimentos sociais que seria sua suposta contribuição. A perspectiva da presente obra é distinta: Marx oferece diversas contribuições para uma teoria dos movimentos sociais, desde a metodológica, passando pela teoria da história e do capitalismo, até chegar a alguns apontamentos mais diretos sobre grupos sociais que são base de movimentos sociais. A conclusão é a de que Marx oferece uma inestimável contribuição para a teoria dos movimentos sociais e precisa ser resgatada para fazer avançar tal teoria.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento23 de jul. de 2020
ISBN9786588258002
Marx e os Movimentos Sociais
Autor

Nildo Viana

Professor da Faculdade de Ciências Sociais e Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Federal de Goiás; Doutor em Sociologia pela UnB; Autor de diversos livros, entre os quais: O Capitalismo na era da Acumulação Integral; Quadrinhos e Crítica Social; As Esferas Sociais; Cinema e Mensagem; Manifesto Autogestionário; A Mercantilização das Relações Sociais; A Teoria das Classes Sociais em Karl Marx; Hegemonia Burguesa e Renovações Hegemônicas; O Modo de Pensar Burguês; Universo Psíquico e Reprodução do Capital.

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    Marx e os Movimentos Sociais - Nildo Viana

    KARL MARX E A TEORIA DOS MOVIMENTOS SOCIAIS

    Rubens Vinícius da Silva

    Nildo Viana é, sem dúvida, o grande teórico marxista brasileiro. Sua volumosa obra, marcada pelo caráter adisciplinar, o que revela a crítica e recusa da divisão social do trabalho intelectual aliada à defesa da perspectiva autogestionária, compreende um arcabouço teórico de grande envergadura e complexidade conceitual, tendo como fio condutor a crítica das ideologias e a necessidade de atualização e resgate do conteúdo autêntico da obra de Marx, isto é, a perspectiva do proletariado revolucionário¹.

    Dissemos que Nildo Viana é incontestavelmente o maior representante vivo do marxismo no Brasil e tal constatação se reforça ainda mais partindo do pressuposto segundo o qual a intepretação dominante do marxismo é a bolchevique, caracterizada pela deformação de seu conteúdo original e transformação da expressão teórica do movimento revolucionário do proletariado em expressão ideológica da burocracia radicalizada. A interpretação dominante do marxismo é a bolchevista: prova disso é a maneira como a produção sociológica aborda a relação entre o pensamento de Karl Marx e suas possíveis contribuições para a explicação dos movimentos sociais.

    O presente trabalho deve ser lido como um aprofundamento de diversas questões já exploradas em outras produções, em especial o seu livro Os Movimentos Sociais². Ademais, a obra mencionada constitui-se como referência obrigatória para o estudo da teoria dos movimentos sociais, cujos elementos essenciais foram desdobrados em artigos específicos, nos quais o autor aborda a distinção entre movimentos sociais e movimentos de classe³, os objetivos dos movimentos sociais⁴, as abordagens sociológicas dos movimentos sociais⁵, as relações entre Estado e movimentos sociais⁶, bem como a relação entre os movimentos sociais e os partidos políticos⁷, etc.

    O livro que o leitor tem em mãos busca responder a dois questionamentos. O primeiro deles é avaliar a possível contribuição de Marx para analisar e compreender os movimentos sociais. A segunda questão, decorrente e inseparável da primeira, é verificar se efetivamente a obra de Marx contribui para a análise dos movimentos sociais. Para muitos, uma vez que estamos diante de um pensador considerado clássico e cuja obra é até hoje muito influente no seio da sociologia (além de ser referência em outras ciências humanas, bem como nos cursos de filosofia e em menor grau, das ciências naturais), sua obra certamente guarda relação e contribui com a análise dos movimentos sociais. Já outros delimitam sua contribuição a um período histórico determinado, o século 19, época na qual os movimentos sociais eram embrionários e que o movimento operário ocupava o centro das análises e dos conflitos sociais.

    Assim, é com fins didáticos que Viana identifica três posições básicas no interior da produção sociológica dedicada a esta problemática: a) os contribucionistas, autores de diversos países e distintas concepções acerca dos movimentos sociais e que consideram que a contribuição de Marx é atual e fundamental ou contribui minimamente para explicá-los; b) os relativistas, intelectuais que circunscrevem a contribuição de Marx a um determinado período histórico, restrito em geral ao movimento operário; c) os negativistas, isto é, aqueles escritores que negam a contribuição de Marx. O autor adverte que as duas últimas posições estão intimamente relacionadas, uma vez que muitos autores que antes circunscreviam a contribuição de Marx ao século 19 foram paulatinamente negando tal contribuição.

    Tais posições são sinteticamente apresentadas e criticadas em seus fundamentos. No caso dos contribucionistas, Viana parte dos trabalhos de Ilse Scherer-Warren e Maria da Glória Gohn, percebendo seus limites. Dentre eles, ressalta a imprecisão e amplitude na definição de movimentos sociais, a transferência mecânica da análise que Marx realizou do movimento operário para o estudo dos movimentos sociais e também a reprodução da intepretação do pensamento de Marx segundo o bolchevismo, com base em citações descontextualizadas e falta de compreensão da obra do fundador do marxismo. Esclarece o autor que há também os autores contribucionistas (tais como Jordi Borja, Manuel Castells, Jean Lojkine, então influenciados pela interpretação bolchevista do marxismo) cujo resgate do pensamento de Marx é feito a partir de extratos que servem como contribuição indireta na análise e explicação de determinados movimentos sociais, como é o caso dos movimentos sociais urbanos, movimentos sociais rurais e os movimentos sociais populares.

    Os relativistas e negativistas reproduzem a ideologia (no sentido marxista do termo, ou seja, um sistema de pensamento ilusório) da sociedade pós-moderna ou pós-industrial a partir de teses como a perda da centralidade do trabalho, ênfase na cultura, descarte da totalidade concreta e no predomínio do trabalho imaterial no capitalismo contemporâneo. Tal adesão ideológica gera um modo de pensar antagônico ao expresso pela teoria marxista, manifestando uma divergência mais profunda: para os

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