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O Relógio do Comandante
O Relógio do Comandante
O Relógio do Comandante
E-book96 páginas1 hora

O Relógio do Comandante

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Sobre este e-book

“O Relógio do Comandante” e suas outras histórias dispensam maiores apresentações porque sua forma induz de pronto a uma agradável intimidade, descortinando o verbo e partindo para o que realmente importa, ao revelar as imperfeições da vida como ela é.Cada crônica é um convite à descoberta de novas linguagens, tanto na forma de contar como através da viagem que nos leva a encontrar personagens de carne e osso, repletos de sentimentos e certa dose de maledicência, algo que pode estar inevitavelmente no DNA de todos, inclusive no surpreendente DNA dos seres ficcionais.
IdiomaPortuguês
EditoraLitteris
Data de lançamento23 de fev. de 2021
ISBN9786555730326
O Relógio do Comandante
Autor

José Ribamar Garcia

Nasceu em Teresina, Piauí. Inserido no contexto literário e preocupado com o curso que este País toma a cada dia, ele jogou todas as suas fichas em uma obra que traduz sem pudor muito do que está gravado em suas páginas. Filhos da Mãe Gentil é o seu décimo livro. Ribamar mora no Rio de Janeiro, é casado e pai de quatro filhos.

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    O Relógio do Comandante - José Ribamar Garcia

    capa_interna.jpg

    Copyright© 2019 by José Ribamar Garcia

    Direitos em Língua Portuguesa reservados ao autor através da

    LITTERIS®EDITORA.

    ISBN: 978-65-5573-032-6 (versão digital)

    ISBN: 978-85-374-0477-5 (versão impressa)

    Capa - Fotolia: Time passing - De Stillfx

    Conversão: Cevolela Editions

    Editoração: Litteris Editora

    CIP - Brasil. Catalogação-na-fonte

    Sindicato Nacional dos Editores de Livros, RJ.

    litteris

    LITTERIS® EDITORA 

    CNPJ 32.067.910/0001-88 - Insc. Estadual 83.581.948

    Av. Marechal Floriano, 143 sala 805 - Centro

    20080-005 - Rio de Janeiro - RJ

    Tel: (21)2223-0030/ 2263-3141

    E-mail: litteris@litteris.com.br

    www.litteris.com.br

    www.litteriseditora.com.br

    www.livrarialitteris.com.br

    Sumário

    Capa

    PARTE I - CRÔNICAS E REMINISCÊNCIAS

    O Relógio do Comandante

    São Julião

    Parque da Serra da Capivara

    A Cruz dos Milagres - I

    A Cruz dos Milagres - II

    Datilografia

    Fragmentos

    Lima Barreto e os Amigos Piaienses

    Aquela Casa

    Largo do Machado

    Cine Azteca

    O Campeão

    Experiência com o Magistério

    Nas Águas do Sucuri

    Domingo com o Gabriel

    O Galo do Senador

    Presa Fácil

    A Princesa

    Linguagem Parlamentar

    De Neto para Avô

    Vendagem de Livro

    Tainha à Caíçara

    Os Cracudos

    Deputado não se Mata

    Este não se Matou

    Sonhos

    A História que não Saiu

    Correspondência Literária

    PARTE II - O ASSEDIADOR E OUTRAS HISTÓRIAS

    O Assediador

    As Duas Irmãs

    A Mulher do Paciente

    Sincronização

    O Semeador de...

    As Ninfetas

    Região das Missões

    Notas

    Outras Obras do Autor

    Sobre o Autor

    Ao meu Pai,

    Francisco de Assis Garcia,

    o insubstituível.

    E à dona Dedé,

    ou Bernarda de Sousa Garcia,

    Mãe e heroína.

    Ao quarteto

    Kíria,

    Ivan,

    Kássia,

    Clara,

    que preenche minha

    existência com amor e orgulho.

    Também a Roseli Mansur,

    sempre leal na caminhada.

    Ao mestre e amigo Carlos Evandro Eulálio,

    pelas sugestões.

    PARTE I

    CRÔNICAS E

    REMINISCÊNCIAS

    O RELÓGIO DO COMANDANTE

    Voo do Rio de Janeiro para Teresina somente com escalas ou conexão, que podem ser em Brasília, Fortaleza ou São Paulo (pasmem!). Acabaram com o voo direto. Aquele que saía à meia-noite do aeroporto Tom Jobim e chegava à capital piauiense ainda no escuro, sob a brisa refrescante do rio Parnaíba.

    Eu preferia por Brasília. Visitava a livraria da UNB, onde sempre encontrava um livro interessante. E o quiosque localizado no térreo do aeroporto, que servia café com um saboroso pão de queijo feito na hora. Isso antes da reforma do aeroporto. Depois desta, tanto a livraria quanto o quiosque deixaram de existir. Agora, quem quiser pão de queijo vai ter que se contentar com algo seco e massudo, de farinha de trigo sem sabor de queijo.

    A imprevisão, que se pode prever, domina a maioria dos voos domésticos. Virou rotina e corre o risco de ser incorporado à cultura do sistema aéreo nacional. Atraso é um desses corriqueiros imprevistos.

    O voo estava marcado para sete da manhã. Cheguei ao Tom Jobim antes do clarear. Em matéria de viagem, sou que nem o mineiro: Grosso não perde o trem. Na hora estipulada, a chamada. Os passageiros, feito uma manada, entraram quietamente na aeronave e ocuparam seus assentos. Mas o avião só decolou hora e meia depois. Motivo: alteração no tráfego aéreo, informou o comandante.

    Por causa desse atraso, quando cheguei a Brasília o avião para Teresina já havia partido. Próximo voo? Só às 23h. Mas não se preocupassem os passageiros: a companhia os alojaria num hotel, com direito a alimentação. Levaram-nos numa Kombi para o Laguna Plaza Hotel, no Núcleo Bandeirantes, que, apesar do nome pomposo, nada tinha de luxuoso. Salvava-o a cordialidade dos funcionários da recepção. Éramos quatro: eu, dois jovens estudantes de Floriano e o carioca, representante da Petrobras. Esta patrocinava uma exposição de fotografias, a ser lançada às 19h daquele dia, no Museu Histórico do Piauí. Evidente que o evento aconteceu sem ele, que só chegaria ao amanhecer do dia seguinte, afônico, de tanto haver gritado no telefone, avisando que estava retido em Brasília. Falar pelo celular da Capital Federal para outro estado é algo angustiante. A ligação dificilmente se completa. Quando completa, a voz do interlocutor soa inaudível, confusa, picotada.

    Sem o que fazer, afora ler e dormir, aproveitei o resto do dia para percorrer o Núcleo Bandeirantes, que conheci quando Brasília completava cinco anos de existência. O Núcleo era mais um acampamento, ocupado por operários da construção civil. A maioria, de nordestinos. Esses homens, chamados, pejorativamente, de candangos, foram enfeitiçados pelo canto da estabilidade econômica. A propaganda era que na nova capital da República dinheiro brotava do chão. Alguns foram e voltaram doentes, de bolsos vazios. Outros, com os bolsos meio cheios, aplicaram o que conseguiram juntar em pequenos negócios na terra de origem. E houve os que ficaram e até constituíram famílias. Na parte central do Núcleo, as ruas eram enviesadas, desalinhadas, sem calçamento e infestadas de poeira avermelhada. Ali funcionava um movimentado e diversificado comércio. Instalado em lojas de madeira e em barracas de lonas, com os proprietários anunciando da porta as mercadorias através de alto-falantes. Um mafuá a céu aberto. Afastados desse miolo, viam-se os alojamentos e as casas residenciais de madeira, de dois ou três cômodos, construídas de forma desordenada.

    O Núcleo agora virou uma quase cidade. Mudou completamente. Desenvolveu-se. Adquiriu vida própria e tem uma pujante área comercial. Ainda se encontram, aqui e lá, algumas casas baixinhas, típicas daquelas do interior do Nordeste.

    Antes das 22h, a Kombi, contratada pela companhia, veio nos buscar. E o voo, que sairia às 23h, atrasou novamente – quase duas horas. Os passageiros, indignados, mas calados, torciam-se e retorciam-se naquelas poltronas estreitas, de encostos cavados e duros, que incomodam as costas e o pescoço. O comandante era outro. Nem se dignou de informar o motivo do atraso, apesar de ter avisado, quando entramos, que decolaria dentro de 15 minutos. Quinze minutos. Até poderia ter acontecido, se ele não tivesse também levado um tempão

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