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Jonathan Edwards E O Amor
Jonathan Edwards E O Amor
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E-book249 páginas4 horas

Jonathan Edwards E O Amor

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Sobre este e-book

Jonathan Edwards foi um dos principais instrumentos de Deus no grande avivamento havido nos EUA no século XVIII. Seus escritos sobre o avivamento são muito conhecidos, especialmente o seu “Tratado Sobre as Afeições Religiosas”. Não de menor importância, mas muito pouco conhecida é a sua exposição sobre o décimo terceiro capítulo de I Coríntios, que traduzimos e adaptamos, do original em inglês, em domínio público, para apresentá-la neste livro. Esta obra foi um verdadeiro refrigério para o meu espírito na ocasião em que estive debruçado sobre a mesma para traduzi-la, pois mais do que o fruto de um trabalho de tradução, ela significou para mim, um grande alimento para a minha alma faminta do amor de Deus, e que se encontrava então, peregrinando num deserto áspero que a estava sufocando.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento5 de fev. de 2016
Jonathan Edwards E O Amor

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    Jonathan Edwards E O Amor - Silvio Dutra

    Introdução

    Jonathan Edwards foi um dos principais instrumentos de Deus no grande avivamento havido nos EUA no século XVIII.

    Seus escritos sobre o avivamento são muito conhecidos, especialmente o seu Tratado Sobre as Afeições Religiosas.

    Não de menor importância, mas muito pouco conhecida é a sua exposição sobre o décimo terceiro capítulo de I Coríntios, que traduzimos e adaptamos, do original em inglês, em domínio público, para apresentá-la neste livro.

    Esta obra foi um verdadeiro refrigério para o meu espírito na ocasião em que estive debruçado sobre a mesma para traduzi-la, pois mais do que o fruto de um trabalho de tradução, ela significou para mim, um grande alimento para a minha alma faminta do amor de Deus, e que se encontrava então, peregrinando num deserto áspero que a estava sufocando. 

    O amor é a soma de todas as virtudes (I Cor 13)

    Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver amor, serei como o bronze que soa, ou como o címbalo que retine. Ainda que eu tenha o dom de profetizar e conheça todos os mistérios e toda a ciência; ainda que eu tenha tamanha fé ao ponto de transportar montes, se não tiver amor, nada serei. E ainda que eu distribua todos os meus bens entre os pobres, e ainda que entregue o meu próprio corpo para ser queimado, se não tiver amor, nada disso me aproveitará. (I Cor 13.1-3). 

    Nestas palavras nós observamos primeiro, que é dita a importância especial, da virtude que é essencial aos cristãos e que o apóstolo chama de amor. E este amor é citado abundante e  insistentemente no Novo Testamento por Cristo e seus apóstolos, muito mais do que qualquer outra virtude. 

    Então, a palavra amor, como usada no Novo Testamento, é de significado muito mais extenso do que como é geralmente usada na pregação. As pessoas costumam fazer um uso errado daquilo que compreendem por amor em sua conversação, pensam que é uma disposição para esperar e pensar o melhor de qualquer pessoa; e às vezes a palavra é usada como a disposição para dar aos pobres. Mas estas coisas são somente certos aspectos daquela grande virtude do amor. E cabe destacar que mesmo nos dois exemplos destacados anteriormente para uma compreensão limitada do significado da palavra, devem ser considerados determinados aspectos para que ambas atitudes sejam válidas e aceitas diante de Deus, conforme estaremos estudando mais adiante. A palavra significa corretamente a disposição ou afeto por meio dos quais uma pessoa é querida por outra; e o original ágape que é traduzido por caridade, em algumas versões, é melhor traduzido por amor, porque encerra uma significação muito mais completa para o termo, conforme abrange de fato muitas outras virtudes, conforme o apóstolo descreve neste capítulo, de maneira que o amor, no Novo Testamento, tem o significado de amor cristão, embora seja usado não somente em relação ao amor aos homens, mas também ao amor a Deus, como também ao próprio amor de Deus.

    Em I Cor 8.1 Paulo afirma que: O saber ensoberbece, mas o amor edifica.. Aqui a comparação é feita entre o conhecimento e o amor, e a preferência é dada ao amor, porque o conhecimento incha, mas o amor edifica. E o uso que  o apóstolo faz da palavra amor nesta passagem é o mesmo que ele faz no décimo terceiro capítulo; porque ele está aqui comparando as mesmas duas coisas que ele compara no início deste capítulo, a saber: amor e conhecimento. Embora...conheça todos os mistérios e toda a ciência...se não tiver amor nada serei..; e ainda havendo ciência, passará; (I Cor 13.8), isto é, o conhecimento desaparecerá. De forma que, por amor, nós devemos entender o amor cristão em toda a sua plena extensão, e que é operado por Deus em relação às suas criaturas.

    Em segundo lugar é mencionado que tudo é vão sem isto, as coisas mais excelentes que pertencem aos homens naturais; os privilégios e ações mais excelentes.

    Primeiro, os privilégios mais excelentes, como o dom de línguas, o dom de profecia e a compreensão de todos os mistérios; fé para remover montanhas, etc, e em segundo lugar as ações mais excelentes, como dar todos os bens para alimentar os pobres, e o corpo para ser queimado, etc. Maiores coisas que estas, nenhum homem natural já teve ou fez, e elas são o tipo de coisas nas quais os homens são sumamente propensos a colocarem a sua confiança; e ainda assim o apóstolo declara que se nós tivermos tudo isto, e não tivermos amor, nós nada somos. A doutrina ensinada, então, é: 

    QUE TODA A VIRTUDE QUE SE REFERE À SALVAÇÃO, E QUE DISTINGUE VERDADEIROS CRISTÃOS DE OUTROS, ESTÁ RESUMIDA NO AMOR CRISTÃO.

    E o apóstolo está mencionando tantas e tão elevadas coisas, e dizendo delas que nada são sem amor, e então podemos concluir que o amor é a vida e alma de toda a religião sem o qual todas as coisas que usam o nome de virtudes são vazias e vãs. 

    Falando desta doutrina, eu mostrarei primeiro a natureza deste amor divino, e em segundo lugar eu mostrarei a verdade da doutrina que se relaciona a isto.

    I. Quanto à natureza do amor verdadeiramente cristão, eu destacaria que:.

    1. Todo verdadeiro amor cristão é um e o mesmo. Pode ser variado em suas formas e expressões, ou  ser exercitado para Deus ou aos homens, mas é o mesmo princípio no coração que é o fundamento de todo exercício de um amor verdadeiramente cristão, e de tudo que possa ser seu objeto. O amor santo no coração do crente, não é como o amor de outros homens. O amor deles para objetos diferentes, pode ser de princípios e motivos diferentes, e com visões diferentes; mas um amor verdadeiramente cristão é diferente disto. E este amor cristão quanto aos objetos para os quais pode fluir, aparece pelas  seguintes coisas: 

    Primeiro, é tudo do mesmo Espírito que influencia o coração. É da respiração do mesmo Espírito que o verdadeiro amor cristão surge, tanto para  Deus, quanto em relação aos homens. O Espírito de Deus é um Espírito de amor, e quando entra na alma, o amor também entra com Ele. Deus é amor, e aquele que tem Deus habitando nele pelo seu Espírito, terá o amor também habitando nele. A natureza do Espírito santo é amor; e é a própria natureza dEle que comunica aos santos, de modo que o amor é derramado abundantemente em seus corações pelo fato do Espírito estar habitando neles. 

    Consequentemente, os santos são participantes da natureza divina, e o amor cristão é chamado de amor do Espírito (Rom 15.30); e amor no Espírito (Col 1.8), e as entranhas de amor e misericórdia parecem significar a mesma coisa com a comunhão do Espírito (Fp 2.1). É o mesmo Espírito, quem também infunde amor a Deus (Rom. 5. 5); e é por esta habitação do Espírito que a alma ama a Deus e aos homens (I Jo 3.23,24; 4.12,13). 

    Em segundo lugar, o amor cristão é forjado no coração pelo mesmo trabalho do Espírito. Não há dois trabalhos do Espírito de Deus: um para infundir um espírito de amor a Deus, e outro para infundir um espírito de amor aos homens; mas produzindo um, o Espírito produz também o outro. Daí se dizer que aquele que diz amar a Deus e não ama o seu próximo, é mentiroso. No trabalho de conversão, o Espírito Santo renova o coração dando-lhe um caráter divino (Ef. 4.23); e é assim um e o mesmo caráter divino forjado no coração do qual flui o amor tanto a Deus quanto aos homens. 

    Em terceiro lugar, quando Deus e os homens são amados com amor  verdadeiramente cristão, ambos são  amados pelos mesmos motivos. Quando Deus é amado corretamente, ele é amado pela sua excelência, pela beleza da sua natureza, especialmente da natureza da sua santidade; e é pelo mesmo motivo que os santos são amados por causa da santidade deles. Onde não há portanto santidade, não se verá a manifestação deste amor espiritual. Poderá se ver uma comunhão baseada na comunhão do amor dos homens, mas não a verdadeira comunhão que se baseia no amor de Deus, no amor cristão produzido pelo espírito e manifestado em corações tomados pela santidade. E o amor a Deus é o fundamento do amor cordial aos homens, e a qualquer um deles porque, na posse da natureza divina, e tendo a imagem espiritual dele, sendo santificados por causa desta relação, o amor se manifestará em nós ainda que seja em misericórdia por aqueles que não conhecem a Cristo. E o amor não é vário somente em relação aos seus objetos e modos de expressão, como também em seus graus, como veremos adiante.

    I. Para mostrar a verdade da doutrina 

    QUE TODA A VIRTUDE QUE SE REFERE À SALVAÇÃO, E QUE DISTINGUE VERDADEIROS CRISTÃOS DE OUTROS, ESTÁ RESUMIDA NO AMOR CRISTÃO,

    1. Nós podemos discutir isto à luz da natureza do amor. E quando analisamos a sua natureza propriamente dita, duas coisas aparecem:

    Primeiro, que o amor disporá a todo ato de respeito apropriado para com Deus e para com os homens. Isto é evidente, porque se um homem ama a Deus sinceramente, isto o disporá a ter todo o respeito apropriado para com ele; e para com os homens. O amor a Deus disporá um homem a honrá-lo, e adorá-lo, e a reconhecer de coração a Sua grandeza; glória e domínio. E assim disporá a todos os atos de obediência a Deus; porque o servo que ama o seu mestre, e o vassalo que ama o Seu soberano, ficará disposto à sujeição e obediência apropriadas. O amor disporá o crente para se comportar em relação a Deus, como um  filho em relação a seu pai; e nas dificuldades, recorrerá a ele para ser ajudado, e colocará toda sua confiança nele; da mesma maneira que é natural para nós, no caso de necessidade ou aflição, procurar alguém que  amamos para ter consolo e ajuda. Também, nos levará a dar crédito à palavra dele, e a colocar nossa confiança nele. Também nos disporá a louvar a Deus por suas misericórdias que nós recebemos dele, da mesma maneira que nós ficamos dispostos à gratidão por qualquer bondade que nós recebemos daqueles que amamos. O amor, ainda disporá os nossos corações à submissão à vontade de Deus. O verdadeiro afeto e amor a Deus disporá o coração para reconhecer o direito de Deus para governar, e que ele é merecedor de fazer isto, e assim nos disporá à submissão. O amor a Deus nos disporá a caminhar humildemente com ele (Mq 6.8), porque aquele que ama a Deus estará disposto a reconhecer a distância vasta que há entre Deus e ele.

    E assim uma consideração devida da natureza do amor irá mostrar e disporá os homens a todos os seus deveres para com o seu próximo. E se empenharão em todos os atos de justiça para promover o seu bem. O amor não pratica o mal contra o próximo. (Rom 13.10).  E o mesmo amor disporá a um comportamento verdadeiro, sem qualquer fraude, porque não disporá à fraude e deslealdade para com o próximo, porque o amor por eles não permitirá isto. Por isso, deixando a mentira, fale cada um a verdade com o seu próximo, porque somos membros uns dos outros. (Ef 4.25).

    O amor nos disporá a caminhar humildemente entre os homens; porque um real e verdadeiro amor nos inclinará a pensamentos elevados de outros, e a pensar melhor deles do que de nós mesmos. Disporá os homens a honrar um ao outro, de forma que pelo amor são cumpridos esses preceitos: I Pe 2.17: honrar todos os homens. Fp 2.3: Nada façais por partidarismo, ou vanglória, mas por humildade, considerando cada um os outros superiores a si mesmo.. O amor disporá à satisfação na esfera na qual Deus nos tem colocado, sem desejar qualquer coisa que nosso próximo possui, ou o invejando por causa de qualquer coisa boa que ele tenha. Disporá os homens à mansidão e à bondade na caminhada deles para com os seus vizinhos, e não tratá-los com paixão, violência ou exaltação de espírito, mas com moderação, tranquilidade e bondade. Conferirá e conterá tudo sem um espírito amargo; porque o amor não tem nenhuma amargura, mas é uma disposição e afeto suave e doce da alma. Prevenirá contenda e disputa, e disporá os homens à paz, e a perdoar o tratamento prejudicial recebido de outros; como é dito em Provérbios 10.12: O ódio excita contendas, mas o amor cobre todas as transgressões..

    O amor disporá os homens a todos os atos de misericórdia para com o seu próximo, quando eles estão debaixo de qualquer aflição ou calamidade, porque nós devemos estar dispostos a nos compadecermos daqueles que nós amamos naturalmente, quando eles estão aflitos. Disporá os homens a darem ao pobre, a carregarem os fardos uns dos outros, e a chorarem com aqueles que choram, como também a se alegrarem com aqueles que se alegram. Disporá os homens aos seus deveres para com os outros. Disporá a dar às pessoas toda a honra e sujeição que lhes seja devida. E disporá os que lideram a regerem as pessoas sobre as quais estão constituídos, com justiça, amor e fielmente, buscando o bem delas. Disporá as ovelhas a cumprirem seus deveres para com os seus ministros, orando por eles, submetendo-se às suas instruções sabendo que eles prestarão contas com Deus; e disporá os ministros a cumprirem fielmente seus deveres em relação ao rebanho sobre o qual foram constituídos como líderes pelo Espírito, para buscarem incessantemente o bem de suas ovelhas. O amor disporá a que seja harmoniosa e verdadeira a relação entre superiores e subordinados; e disporá os filhos a obedecerem e honrarem a seus pais, e os servos a serem obedientes a seus senhores, com singeleza de coração; e disporá os pais e os senhores a usarem de bondade para com seus filhos e servos, respectivamente.

    Assim o amor disporá a todos os deveres, tanto para com Deus quanto para com os homens. E se disporá assim a todos os deveres, então segue, que é a raiz, a fonte, a soma de todas as virtudes. É um princípio que, se é implantado no coração, somente ele é suficiente para produzir toda boa  prática; e toda disposição correta para com Deus e para com os homens, porque se resume no amor  e vem dele, como o fruto da árvore, ou o fluxo de água que vem da fonte. Daí de dizer que o cumprimento da lei é o amor. E que todos os mandamentos podem ser resumidos nisto: no amor a Deus e ao próximo.

    Segundo, a razão ensina que qualquer ação ou virtude sem amor, não é saudável e é hipócrita. Se não há nenhum amor na ação dos homens, então não há nenhum verdadeiro respeito a Deus ou aos homens na conduta deles; e nesse caso, então, certamente não há nenhuma sinceridade. A religião não é nada sem o respeito apropriado para com Deus. A mesma noção de religião se aplica às relações entre o gênero humano. Mas se não há nenhum verdadeiro respeito ou amor, então tudo aquilo que é chamado religião é mais um show para ser visto, e não há nenhuma real religião nisto, mas é irreal e vã. Assim, se a fé de um homem é de tal tipo que não há nenhum verdadeiro respeito a Deus, a razão ensina que deve ser em vão; porque se não há nenhum amor a Deus, a consequência será que não haverá nenhum verdadeiro respeito a Ele. Por isso se diz que o amor verdadeiro é sempre o resultado de uma verdadeira fé (I Tim 1.5). E que esta é a sua própria vida e alma, assim como um corpo está morto sem a sua alma; e é através do que se distingue uma fé viva de tudo o mais. Sem amor a Deus, não pode haver nenhuma verdadeira honra a ele. Um homem nunca honrará a quem ele não ama. De forma que toda honra ou adoração serão falsas sem o amor, e assim serão uma honra e adoração hipócritas. E assim a razão ensina, que não há nenhuma sinceridade na obediência que é executada sem amor; porque se não há nenhum amor, nada  do que for feito será espontâneo, antes será forçado, sem um verdadeiro desejo de fazer que proceda do coração. Assim, sem amor não pode haver qualquer submissão à vontade de Deus, e não pode haver nenhuma real e sincera confiança, e confiança nele. Aquele que não ama a Deus não confiará nele: ele nunca vai, com verdadeira aquiescência de alma, se lançar nas mãos de Deus, ou nos braços da sua misericórdia, com plena confiança de que Ele o receberá e cuidará da sua vida. 

    E assim, em qualquer ação boa que possa haver de um homem para com o seu próximo, a razão ensina que será tudo inaceitável e em vão, se ao mesmo tempo não houver nenhum respeito real no coração para com aquele próximo, se a conduta externa não for motivada pelo amor interior. E estas duas coisas caminham juntamente, o amor é de tal natureza que produzirá todas as virtudes, e dispõe a todos os deveres para com Deus e para com os homens, e sem ele não pode haver nenhuma virtude sincera, e nenhum dever que possa ser executado corretamente. Daí se ordenar na Palavra que todos os nossos atos sejam feitos com amor, isto é, o amor deve estar presente em nós, para acompanhar as nossas obras feitas em Deus, para que sejam aceitáveis, e para que não sejam em vão.

    Assim toda verdadeira virtude e graça cristãs podem ser resumidas no amor.

    2. A Bíblia nos ensina que o amor é  a soma de tudo aquilo que está contido na lei de Deus, e de todos os deveres requeridos na Sua Palavra.

    Primeiro, na Bíblia, a palavra lei, geralmente significa a própria Palavra de Deus, ou Velho Testamento, como em Jo 10.34. E às vezes é usada para se referir ao Pentateuco, como em Atos 24.14, onde é apresentada a distinção entre a lei (Pentateuco) e os profetas. E às vezes, a palavra lei, é usada para designar os dez mandamentos, como contendo a soma dos deveres do gênero humano. Assim, quando lei significa os dez mandamentos, como em Rom 13.8, aquele que ama tem cumprido a lei, pois é o amor que nos leva a cumprir tudo o que nos é exigido por Deus, tanto em relação a ele quanto ao próximo.  Agora, a menos que o amor fosse de fato  a soma do que a lei requer, a lei não poderia ser cumprida completamente; porque uma lei somente é cumprida através da obediência à soma total do que ela contém e ordena. Assim o mesmo apóstolo declara ainda em 1 Tim 1.5: Ora, o fim da presente admoestação visa o amor que procede de coração puro e de consciência boa e de fé sem hipocrisia.. E quando a palavra lei se refere a tudo o que está escrito na Palavra de Deus, a Bíblia ainda ensina que o amor é a soma de tudo o que é requerido pela lei, como Cristo afirma em Mt 22.40 que nos dois preceitos de amar a Deus e o próximo, se resume toda a lei e os profetas, isto é, toda a palavra escrita de Deus; porque o que foi chamado de lei e os profetas então, era uma referência a todos os escritos da Palavra de Deus, então existente. 

    Em segundo lugar, a Bíblia ensina a mesma coisa de cada mandamento  da lei em particular. O mandamento de amar a Deus de todo o coração, de toda a alma e de todo o entendimento, é declarado por Cristo em Mt 22.38, como a soma do primeiro e grande mandamento, e o mandamento de amar o próximo como a si mesmo é declarado como a soma do segundo grande mandamento, e Jesus conclui dizendo que destes dois mandamentos dependem toda a lei e os profetas (Mt 22.40). Como o cumprimento do segundo grande mandamento leva ao cumprimento pleno do primeiro, porque aquele que ama verdadeiramente o próximo estará em consequência amando verdadeiramente a Deus, então Paulo, em Rom 13.9 afirma que, em resumo, aquele que ama o próximo tem cumprido toda a lei. E em Gál 5.14 Paulo afirma a mesma coisa. E o mesmo parece ser declarado em Tiago 2.8, onde chama o amor ao próximo como a lei régia das Escrituras. Consequentemente o amor parece ser a soma de toda a virtude e dever que Deus requer de nós, e então deve ser indubitavelmente a coisa mais essencial, a soma de toda a virtude que é essencial e que distingue um real cristianismo. E aquilo que  é a soma de todo  dever, deve ser a soma de toda a real virtude. 

    3. A verdade da doutrina como revelada pela Bíblia aparece no que o apóstolo nos ensina em Gál 5.6 ao dizer que a fé atua pelo amor. Uma verdadeira fé cristã é a que produz boas obras, mas as boas obras que produz são

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