O Bruxo Do Cosme Velho
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O Bruxo Do Cosme Velho - Adeilson Nogueira
O BRUXO
DO COSME VELHO
Adeilson Nogueira
1
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2
ÍNDICE
INTRODUÇÃO......................................................................................04
POESIA................................................................................................06
PROSA.................................................................................................54
INFLUÊNCIAS......................................................................................77
VIDA E OBRA.......................................................................................79
3
INTRODUÇÃO
Ele não era do tipo que se dissolvia em êxtase antes de um pôr do sol maravilhoso ou se elevava ao empíreo nas asas da música; para tal autoabandono, ele era muito crítico, muito autoconsciente.
Nele, então, como poeta, não devemos buscar paixão. Em seus contos não devemos procurar ansiosamente por ação; em seus romances não devemos esperar aventura, intriga, clímax.
Machado de Assis é, até onde o homem pode ser, sui generis, uma lei literária em si mesmo. Suas melhores produções, que duram mais de trinta anos de atividade madura, revelam um espírito 4
eclético em que algo do repouso clássico equilibra seu pessimismo inato.
Foi escrito sobre ele que era um homem de meios tons, de meias palavras, de meias ideias, de meios sistemas...
. Tal estimativa, se expurgada de quaisquer insinuações depreciativas, é, no geral, justa; se Machado de Assis pareceu perder a verdadeira grandeza, foi por algo inerentemente equilibrado em sua constituição; ele nunca se deixou levar para longe, e, portanto, nunca se afastou de nós.
Com sua mistura peculiar de charme melancólico e doce amargura, ele era um espírito grande demais para ser aprisionado em um círculo estreito de interesses exclusivamente nacionais, daí o grito de alguns críticos de que ele não era um criador nacional.
Monumentos para pessoas como ele são monumentos para as aspirações mais elevadas de quem os cria, pois os grandes não precisam de estátuas.
5
POESIA
A poesia de Machado de Assis aparece em quatro coleções, todas as quais vão compor um livro de tamanho moderado. E, para dizer a verdade, seu valor é quase tão moderado quanto seu tamanho.
Os críticos o acharam, em seu verso, muito correto e um tanto frio; se eles apontaram que ele não tinha uma imaginação vívida, sofria de um vocabulário limitado, era de tonalidade indiferente e, portanto, deficiente em descrição, eles apenas falaram o que é evidente a partir da leitura das linhas.
Isso não quer dizer que um poema aqui e ali não tenha se tornado parte da memória nacional - como, por exemplo, o conhecido -
Circulo Vicioso e Mosca Azul - versos de um significado amplamente moralista e de pouca originalidade. Sua Crisálidas, a primeira coleção, data de 1864, já sua musa aparece como uma dama desejosa de tranquilidade (e esta aos vinte e cinco anos!), Enquanto no poema Erro ele faz a declaração reveladora:
"Amei-te um dia
Com esse amor passageiro
Que nasce na fantasia
E não chega ao coração;
Não foi amor, foi apenas
Uma ligeira impressão;
6
Um querer indiferente,
Em tua presença, vivo,
Morto, se estavas ausente,
E se ora me vês esquivo,
Se, como outrora, não vês
Meus incensos de poeta
Ir eu queimar a teus pés,
É que, — como obra de um dia,
Passou-me essa fantasia.
Para eu amar-te devias
Outra ser e não como eras.
Tuas frívolas quimeras,
Teu vão amor de ti mesma,
Essa pêndula gelada
Que chamavas coração,
Eram bem fracos liames
Para que a alma enamorada
Me conseguissem prender;
Foram baldados tentames,
Saiu contra ti o azar,
E embora pouca, perdeste
A glória de me arrastar
Ao teu carro… Vãs quimeras!
7
Para eu amar-te devias
Outra ser e não como eras…"
Aí você tem o tipo de amor que aparece em sua poesia; e aí você tem uma das razões pelas quais o homem é tanto mais bem-sucedido como um irônico psicológico em seus romances do que como um poeta.
No entanto, um estudo cuidadoso mostraria que às vezes essa tranquilidade, longe de ser sempre a ausência de tormento, é o resultado de forças neutralizantes; é como o disco giratório de matizes primárias que parece branco na rapidez de seu rodopio.