7 melhores contos de Afonso Arinos
De Afonso Arinos e August Nemo
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Sobre este e-book
Afonso Arinos de Melo Franco destacou-se como contista de feição regionalista, tendo publicado a antologia Pelo sertão e o romance, baseado na Guerra de Canudos, Os jagunços.
Os contos presentes nessa obra são:
Pedro Barqueiro;
A Cadeirinha;
Joaquim Mironga;
A velhinha;
A Iara;
A tapera da lua;
A fuga.
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O Autor
Afonso Arinos de Melo Franco (Paracatu, 1 de maio de 1868 – Barcelona, 19 de fevereiro de 1916) foi um jornalista, escritor e jurista brasileiro. Filho de Virgílio de Melo Franco e de Ana Leopoldina de Melo Franco; irmão do diplomata Afrânio de Melo Franco.
"Formado em direito (1889) em São Paulo, fixou-se depois em Ouro Preto, onde lecionou história do Brasil no Liceu Mineiro e fundou a Faculdade de Direito de Minas Gerais. Tornou-se um dos fundadores da Faculdade de Direito de Minas Gerais, passando a lecionar Direito Criminal. Em sua atuação como jornalista, teve vários trabalhos publicados na Revista do Brasil e na Revista Brasileira durante a década de 1890.
Na Academia Brasileira de Letras, foi o segundo ocupante da Cadeira 40, eleito em 31 de dezembro de 1901, na sucessão de Eduardo Prado e recebido em 18 de setembro de 1903 pelo Acadêmico Olavo Bilac. Em viagem à Europa, adoeceu no navio e veio a falecer em Barcelona em 19 de fevereiro de 1916.
Suas mais importantes publicações foram: Pelo sertão (1898), Os jagunços (1898) e a coletânea de artigos Notas do dia (1900). Postumamente ainda foram publicadas: O contratador de diamantes (1917), A unidade da pátria (1917), Lendas e tradições brasileiras (1917), O mestre de campo (1918) e os contos Histórias e paisagens (1921)."
Pedro Barqueiro
— Eu lhe conto — dizia-me o Flor, quase ao chegar à Cruz de Pedra. — Naquele tempo eu era franzinozinho, maneiro de corpo, ligeiro de braços e de pernas. Meu patrão era avalentoado, temido e tinha sempre em casa uns vinte capangas, rapaziada de ponta de dedo. Eu tinha uma meia-légua, trochada de aço, que era meu osso da correia.
E, consertando o corpo no lombilho, soltou as rédeas à mula ruana, que era boa estradeira. Inclinou-se para o lado, debruçando-se sobre a coxa, e apertou na unha polegar o fogo do cigarro, puxando uma baforada de fumo.
— Estávamos, um dia, divertindo-nos com os ponteados do Adão, à viola — disse ele. — Eu estava recostado sobre os pelegos do lombilho, estendidos no chão. A rapaziada toda em roda. Pouco tínhamos que fazer e passava-se o tempo assim.
Eis senão quando entra o patrão, com aqueles modos decididos, e, voltando-se para um moço que o acompanhava, disse: — Para o Pedro Barqueiro bastam estes meninos!
— apontando-me e ao Pascoal com o indicador; não preciso bulir nos meus peitos largos. — O Flor e o Pascoal dão-me conta do crioulo aqui, amarrado a sedenho
.
Para que mentir, patrãozinho? O coração me pulou cá dentro, e eu disse comigo — estou na unha! O Pascoal me olhou com o rabo dos olhos. Parece que o patrão queria experimentar. Éramos os mais novos dos camaradas, e nunca tínhamos servido senão no campo, juntando a tropa espalhada, pegando algum burro sumido. Eu tinha ouvido falar sempre no Pedro Barqueiro, que um dia aparecera na cidade sem se saber quem era, nem donde vinha. Cheguei uma vez a conhecê-lo e falamo-nos. Que boa peça, patrãozinho! Crioulo retinto, alto, troncudo, pouco falante e desempenado. Cada tronco de braço, que nem um pedaço de aroeira.
Estou com ele diante dos olhos, com aquela roupa azuleja, tingido no Barro Preto; atravessado à cinta um ferro comprido, afiado, alumiando sempre, maior que um facão e menorzinho do que uma espada. Esse negro