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Oficinas de Mediação: um olhar sobre a Deficiência Visual
Oficinas de Mediação: um olhar sobre a Deficiência Visual
Oficinas de Mediação: um olhar sobre a Deficiência Visual
E-book118 páginas1 hora

Oficinas de Mediação: um olhar sobre a Deficiência Visual

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Sobre este e-book

As Oficinas de Mediação são parte de um trabalho que vai muito além de empregar um recurso didático para o trabalho com pessoas com Deficiência Visual. Elas são um recurso para o trabalho com a rota imprescindível para o deficiente visual, a audição, pois é por meio dela que eles elaboram mapas mentais e se apropriam do universo à sua volta. Nesse sentido, o recurso das oficinas torna-se valioso quando aliado à literatura. Por meio da audição, do tato, do olfato e das trocas, as crianças se apropriam do conhecimento, usam o imaginário e desenvolvem a leitura e a escrita. Assim, o presente livro é um valioso recurso para professores e demais profissionais interessados na área da Deficiência Visual.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento4 de out. de 2023
ISBN9786527004660
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    Oficinas de Mediação - Ana Maria Pereira Dionísio

    As Transformações na Concepção de Infância Através dos Séculos

    Na história da humanidade nem sempre a criança ocupou um lugar de destaque na sociedade, muito pelo contrário, suas necessidades eram sempre supridas de acordo com as necessidades dos adultos. Até o século XVII, a criança era considerada como um adulto em miniatura, sendo que os cuidados especiais aconteciam até por volta dos 4 anos. A partir dessa idade as crianças poderiam participar de trabalhos no campo, venda de produtos nos mercados, enforcamentos públicos, além de serem vítimas de vários tipos de violência cometidas pelos adultos ( Rappaport et al, 1981).

    A partir do século XVII, passou-se a dar uma maior importância a educação da criança, com a contribuição fundamental de Iohannis Amos Comenius (1592-1670), que se opôs ao sistema medieval e defendeu o ensino de ‘’tudo para todos’’. Em seus escritos, pode-se perceber o respeito à inteligência e aos sentimentos das crianças, bem como a compreensão de que é na infância que se desenvolvem os potenciais.

    Considerando a teoria de Comenius e sua repercussão, bem como as transformações históricas que se sucederam nos séculos XVII, XVIII e XIX, a concepção da infância também se modificou. Nesse sentido, o Iluminismo abriu as portas da razão para que uma nova concepção de homem e mundo invadisse a sociedade. Em 1783, Immanuel Kant, responde por meio de um artigo intitulado Respondendo à pergunta: O que é iluminismo?, no Berlinische mensal de dezembro:

    O iluminismo representa a saída dos seres humanos de uma tutelagem que estes mesmos se impuseram a si. Tutelados são aqueles que se encontram incapazes de fazer uso da própria razão independentemente da direção de outrem. É-se culpado da própria tutelagem quando esta resulta não de uma deficiência do entendimento, mas da falta de resolução e coragem para se fazer uso do entendimento independentemente da direção de outrem. Sapere aude! Tem coragem para fazer uso da tua própria razão! - esse é o lema do iluminismo(Kant, 1783, p. 516)

    Esse uso da razão ao qual se refere Kant permite ao homem refletir sobre sua própria condição humana e a sociedade em que vive. A filosofia iluminista, que trouxe o lema liberdade, igualdade e fraternidade, foi ao encontro da Didática Magna de Commenius, na qual ele se refere a ensinar tudo a todos, incluindo as crianças, que devem ser educadas desde a primeira infância.

    Além de Commenius, outro pensador de destaque foi Jean-Jacques Rousseau (1712-1778). Apesar de não ter recebido uma educação formal e completa na escola, e tão pouco tenha frequentado uma universidade, ele tinha um conhecimento profundo na área da filosofia devido às leituras que fazia em livros de sua mãe e seu avô.

    Em seu livro Emílio ou Da Educação (1762), ele propôs a divisão dos períodos escolares em faixas etárias. Essas se iniciavam com crianças entre um e cinco anos, em seguida de cinco a doze anos, depois de doze a quinze anos e, por último, de quinze a vinte e um anos. Ele foi o primeiro a considerar a criança como um ser humano em formação e não como um adulto em miniatura, como até então era a visão da sociedade.

    Na concepção de Rousseau, a criança deveria ser educada respeitando e acolhendo a bondade que lhe era natural, com o intuito de protegê-la da corrupção existente na sociedade. O foco de sua metodologia era a ação do professor com o objetivo de preparar o aluno para ser um homem, aproveitando o seu desenvolvimento natural. Outro aspecto interessante e, também importante, de seu modelo de educação formal, era a orientação de não apressar o desenvolvimento intelectual da criança, permitindo, assim, que cada uma demonstrasse seu interesse por um determinado assunto e, a partir desse, o professor fizesse suas intervenções.

    Severo crítico da escola de seu tempo, Rousseau não concordava com a forma exagerada com que se trabalhava a memorização, pois para ele a educação envolvia a experiência pessoal da criança. Assim, ele propôs que ela começasse a aprender a usar os instrumentos do ofício de seu pai e por meio deles aprender a medir, contar, pesar e comparar. Acredita-se que a grande contribuição de Rousseau para a educação foi olhar a criança como um ser constituído de sentimentos interesses e desejos próprios.

    Seguindo os passos de Rousseau, Heinrich Pestalozzi (1746-1827), que era professor, pode divulgar ideias e desenvolver suas teorias baseadas no princípio de que todas as crianças deveriam ter acesso à educação, independentemente de sua classe social e/ou condições físicas de desenvolvimento. Para tanto, elaborou um método que era a base de sua prática, que consistia em primeiro apresentar o conhecimento de forma mais simples e prática e, em seguida, utilizava a observação através dos sentidos; por último, exercitava o conhecimento de forma gradual para poder fixá-lo.

    Para Pestalozzi, a criança se desenvolvia de dentro para fora, dessa forma, o professor deveria conhecer o nível de desenvolvimento em que seu aluno se encontrava para direcionar a educação de acordo com suas necessidades e características próprias. Isso significava que a educação deveria respeitar as leis da natureza.

    Com todas essas transformações, a partir do século XIX inicia-se o processo de sistematização da educação formal da criança, que culminou com o ensino graduado com a formação de classes por faixa etária. No entanto, apesar do avanço, a disciplina era exercida de forma agressiva, com violência e rigidez, tanto no ambiente familiar como no escolar (Rappaport; Fiori; Davis, 1981).

    Por outro lado, a grande mudança na visão sobre a criança ocorre mesmo no século XX , momento em que ela passa a frequentar as escolas das sociedades que surgiram em função da Revolução Industrial. Em razão desse fato as áreas da psicologia e da pedagogia iniciaram uma articulação para descrever o desenvolvimento das crianças, como elas aprendiam e quais os processos pedagógicos adequados a cada faixa etária. (Salvador, 1999).

    A partir da descrição do desenvolvimento, bem como a adequação dos processos pedagógicos, a criança passou a ser observada e estudada sob os aspectos psicológicos, físico, cognitivo, afetivo e social. Isso fez com que surgisse também uma nova visão de homem, pois é a infância que vai determinar, nesses inúmeros aspectos, como será o adulto, assim como que tipo de educação se deve proporcionar para um pleno desenvolvimento.

    Conceituando a Deficiência Visual

    No que respeita à deficiência visual, Amiraliam (1997) explica que do ponto de vista médico ou educacional, o cego não é aquele que vive nas trevas ou na escuridão total, porque é muito rara a ausência total da visão. A maioria das pessoas consideradas cegas, conseguem distinguir o claro do escuro, percebem vultos etc. Por outro lado,

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