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Domingo
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E-book172 páginas2 horas

Domingo

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Sobre este e-book

... Houve um tempo em que a Igreja queria ser a senhora de tudo... Uma triste mãe, desejando ter seu filho caçula curado e, ao mesmo tempo, obter a graça de Deus para que sua madre fosse aberta para um novo nascimento, influenciou a trajetória das pessoas da família Gusmão. ... Só um milagre poderia mesmo abrir as portas de tal realização... Assim, na busca destas bênçãos, uma novena religiosa foi marcada. Nela acontece a visão que mudaria de vez a vida de todos. O anúncio de que um menino viria e traria luz ao mundo, pôs um ponto divisor na cristandade. ... Um novo santo. Era disso que a Igreja precisava... Desde quando era muito pequeno, Domingo Gusmão, o anunciado menino, foi então incentivado nos estudos religiosos, e desenvolveu conhecimento suficiente para pregar em público. Catequizando as pessoas que lhe deram ouvido, sua fama o conduz até o Papa, que lhe autoriza fundar a ordem dos pregadores. Com tal respaldo, Domingo Gusmão foca-se nos hereges do Languedoc, dissemina a obrigatoriedade da subserviência a Igreja, e difunde o seu novo amuleto: O Rosário. Depois de findada esta fase, tem início as condenações. O tribunal da inquisição, onde no qual Domingo Gusmão será o maior líder, fará muitas vítimas. Domingo, o pregador da inquisição revela a história deste que foi um dos maiores pregadores e santos que já existiu.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento26 de dez. de 2023
Domingo

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    Domingo - Marco Shaz

    DOMINGO

    O PREGADOR DA

    INQUISIÇÃO

    A Idade Média encantou e influenciou o mundo inteiro, através de inúmeras e maravilhosas histórias que já produziu.

    Algumas foram recheadas de ousadia, tentando nos levar a um mundo repleto de contos de fadas e imaginações.

    Entretanto, outras histórias foram reais e cheias de sofrimento, provocadas por personagens radicais – muitas vezes religiosos - trazidas até nós por meio de testemunhos, relatos e de documentos, que passaram de geração em geração, chegando aos dias de hoje.

    O autor.

    SINOPSE

    ... Houve um tempo em que a Igreja queria ser a senhora de tudo...

    Uma triste mãe, desejando ter seu filho caçula curado e, ao mesmo tempo, obter a graça de Deus para que sua madre fosse aberta para um novo nascimento, influenciou a trajetória das pessoas da família Gusmão.

    ... Só um milagre poderia mesmo abrir as portas de tal realização...

    Assim, na busca destas bençãos, uma novena religiosa foi marcada.

    Nela acontece a visão que mudaria de vez a vida de todos. O anúncio de que um menino viria e traria luz ao mundo, pôs um ponto divisor na cristandade.

    ... Um novo santo. Era disso que a Igreja precisava...

    Desde quando era muito pequeno, Domingo Gusmão, o anunciado menino, foi então incentivado nos estudos religiosos, e desenvolveu conhecimento suficiente para pregar em público.

    Catequizando as pessoas que lhe deram ouvido, sua fama o conduz até o Papa, que lhe autoriza fundar a ordem dos pregadores.

    Com tal respaldo, Domingo Gusmão foca-se nos hereges do Languedoc, dissemina a obrigatoriedade da subserviência a Igreja, e difunde o seu novo amuleto: O Rosário.

    Depois de findada esta fase, tem início as condenações. O tribunal da inquisição, onde no qual Domingo Gusmão será o maior líder, fará muitas vítimas.

    Domingo, o pregador da inquisição revela a história deste que foi um dos maiores pregadores e santos que já existiu.

    CAPÍTULO 1

    As Províncias de Castela e de Leon eram dois importantes Reinos Espanhóis, que conviviam de forma cordial com os Reinos vizinhos de mesma língua.

    Estes Reinos possuíam algumas interessantes qualidades: A de serem rodeados pelas grandes montanhas dos Pirineus; a produção de vinho; e de serem também passagem obrigatória para peregrinos, em busca do caminho de Santiago.

    - É um belo lugar para se viver. - Disse um viajante, ao observar a cidade de Caleruega.

    A caravana daqueles estrangeiros seguia seu rumo.

    - É verdade. Mas estamos buscando a santidade. Neste lugar, ao que me parece, nunca vai aparecer nenhum santo como o que nós estamos indo buscar. - Respondeu o outro.

    Eles seguiam para Santiago de Compostela, no vizinho Reino de Leon, (futura Galícia), atrás de milagres de São Thiago.

    Caleruega era um simples vilarejo, uma simples cidade de feudos, tipicamente habitada por poucos Nobres e muitos camponeses.

    Da estrada principal onde estes viajantes trafegavam, o que se via eram apenas os grandes e vastos campos de plantação.

      A colheita das uvas e a produção de vinho, era feita pelos pobres camponeses da região.

    Vinho este, generoso, sem aguardentação, vinho de guarda, encorpado, chamado por todos de vinho de pé, produzido após longo trabalho de pisa nos lagares.

    Era o ano de 1169, o mês Setembro...

    No primeiro dia da semana, ainda bem cedo, Félix acorda. Ao notar os primeiros raios de sol adentrando em seu quarto, ele pula rapidamente da cama.

    È um novo dia no Castelo Gundemaro.

    - Vamos! Vamos! Já está quase na hora da missa! - Disse ele, no corredor, em alta voz.

    Os meninos ainda estavam em seus quartos, mas nada responderam.

    Nesse ínterim, no piso inferior, a esposa de Félix dava ordens para que uma de suas serviçais subisse, e os apressasse.

    - Vamos, já é hora de irmos à Igreja. – Félix dizia, ao chegar no quarto, tentando tirá-los de seus profundos sonos.

    Naquele mesmo instante, Constância apareceu na porta.

    - O que foi? - Perguntou Félix, virando-se para ela.

    - Senhor, as crianças devem estar de pé e lavadas. Já está na hora. A patroa disse para que eu...

    - Sei, sei... Pode deixar. Eles já estão indo. Avise a mãe deles, que eles descerão em breve.

    - Crianças, vocês ouviram? Agora levantem-se!

    - Já estamos indo papai. - Disse Antônio Gusmão, ao abrir um dos olhos.

    Morando neste grande Castelo, Félix Gusmão vivia como um representante da Nobreza, com riqueza, luxo e muitos empregados a seu dispor.

    Tendo quarenta e poucos anos, ele aparentava ser bem mais jovem, o que permitia ser casado com uma mulher tão nova, sem chamar tanta atenção.

    Félix não se considerava um Senhor Feudal, pois preferia ser visto como um Duque ou Barão – título ainda mais elitizado.

    Possuidor de muitas terras ao redor de seu Castelo, ele concedia a alguns vassalos o cuidado e a vigilância dos campesinos, sobre a produção nas suas lavouras.

    Casado com Joana D’aza, Félix Gusmão tinha uma família pequena, com apenas dois filhos. O mais velho chamava-se Antônio e o menor atendia pelo nome de Manes Gusmão.

    Muito fervorosos em sua religião, em todos os primeiros dias da semana eles sempre iam a Igreja para rezar.

    Agora vou ver como minha querida esposa está. Creio que ela dormiu bem esta noite. Sinto saudades ... - Félix pensou, enquanto descia as escadas do Castelo em direção da cozinha.

    CAPÍTULO 2

    Filho de Dom Rui, Félix Gusmão confirmava os privilégios de Nobreza já antigos em sua linhagem. Possuindo o brasão real da família, seu pai havia sido o primeiro a ter o apelido Guzmán em seu nome.

    Seguindo este exemplo de distinção familiar, Félix figurava entre os mais ilustres moradores deste antigo vilarejo de língua Espanhola.

    Provindo, por varonia, dos Reis de Leão de Oviedo, esta família tinha em seus ancestrais antigos Reis, Rainhas, Condes e Condessas, de importância sem igual na localidade.

    O Castelo de Gundemaro, sua moradia, ainda firmemente de pé e conservado, havia sido fundado por um parente muito distante, chamado Dom Rodrigo Nunes, genro de Gundemaro Pinioliz, que emprestara o nome para usá-lo na imensa construção. Desde então este lugar ficara como solar de toda a família.

    - Onde estão os meninos? Se demorarem muito nós chegaremos atrasados! É melhor alguém ir lá em cima buscá-los à força. Cadê Constância? – Joana externava toda a sua preocupação.

    - Calma, eles estão descendo, eu já os chamei, fique tranquila, vai dar tempo... O Padre não inicia as reuniões sem nós.

    Joana D’aza tinha uma doce e suave feição. De rosto pálido e finos lábios, não se notava nela beleza chamativa.

    Com cabelos sempre lisos, até o meio das costas, e usando sempre longos e belos vestidos de finos tecidos, tinha na sua postura e elegância seus maiores dotes.

    Apesar de não contribuir com renda alguma, era ela a coluna da casa, seguindo a tradição das antigas esposas medievais, no apoio ao marido e no cuidado dos filhos.

    E mesmo com a resposta do marido, de que seus filhos já vinham, ela, olhando para todos os lados da casa, demonstrando muita tensão, disse novamente:

    - Onde Constância está? Eu pedi para que ela acordasse os meninos, e...

    Joana D’aza era muito devota. Normalmente não saia de casa em direção da Paróquia, sem antes rezar em um cômodo reservado, e nem de cuidar de todos, alimentando-os.

    - Estou aqui senhora! Eu estou aqui!... - Constância respondeu, assim que terminou de descer as escadarias, correndo. – Me desculpe! É que acabei tendo que ir no banheiro, e...

    - Constância, - Disse Joana, - eu já rezei, já ajudei na arrumação da mesa pro café, e até agora nada... Suba lá de novo e traga os meninos imediatamente, sim?

    - Mas, eu acabei de falar com...

    - Faça apenas o que eu lhe mando, entendeu?

    - Sim senhora.

    E ligeiramente foi.

    Félix então olhou fixamente nos olhos de sua esposa, e disse:

    - Você não precisava ter falado com ela desse jeito. Eu já acordei os meninos.

    - Ora, lá vem você com sermões novamente!

    Fez-se um ligeiro silêncio entre eles...

    - Querida, você está tão linda hoje, - Iniciou Félix, tentando se retratar das palavras que havia dito, - como eu sou um homem de sorte!

    Na verdade, ele tentava agradá-la, depois de ficarem dias sem trocarem uma única palavra. Eles estavam dormindo em quartos separados a um bom tempo.

    - Ora, eu estou do jeito que sempre fui. Deixe de brincadeira! É hora de irmos rezar na Paróquia.

    Aproximando-se mais, ele tentou tocá-la.

    - Félix não é hora disso, olhe em volta, não vê que as nossas empregadas estão nos olhando?

    E empurrou-o, de leve, afastando-o.

      Félix ficou então pensativo.

    Haviam as tradicionais empregadas de rotina do Castelo. Umas ajudavam nas preparações das refeições matinais e outras faziam a limpeza e arrumação de alguns cômodos.

    Muitas delas estavam por ali, num vai e vem constante, ajudando no que pudessem.

    Aquela refeição, de primeiro dia da semana, era algo sagrado para a família Gusmão.

    A grande mesa estava posta, e era farta. Joana não costumava fazer distinção entre nenhuma das empregadas, e por isso todas elas podiam comer junto com os seus patrões, quando fosse a hora.

    Mas porque os meninos demoravam tanto? Sem eles a refeição não tinha início.

    Félix não entendera a repulsa de sua mulher. Depois de ponderar sobre o desprezo dela, logo questionou:

    - E o que é que tem? Elas não sabem que eu sou seu marido? Aliás, nunca concordei muito com essa ideia de deixar os empregados comerem junto da gente. Tá vendo, sequer posso ter um momento de intimidade!

    E tentou nova aproximação.

    Joana esquivou-se outra vez, não permitindo que a mão dele encostasse na dela novamente, retrucando duramente:

    - Deixe disso, Félix! Não quero que pensem que somos um casal que não sabe manter o respeito. O Padre disse que nesta semana faríamos uma reza especial, e que para isto deveríamos nos manter puros.

    As empregadas da casa observavam aquela cena, de maneira discreta.

    - Mas o que há com você mulher? Até o Padre vai ficar no meio da gente agora? Ele não sabe das coisas, não tem mulher para cuidar.

    Não houve resposta.

    Por uns instantes eles ficaram totalmente quietos.

    Ouviu-se então barulho e vozes vindos da escada.

    São os meninos!

    CAPÍTULO 3

    - Bom dia mamãe, bom dia papai! Eu estou com fome! Você também está, né Manes?

    Manes, o filho caçula, respondeu, sendo ajudado a descer as escadas.

    - Os meninos estavam fazendo a maior bagunça na cama deles, Senhora. - Disse Constância, atônita e quase sem ar - Por isso demorei um pouco mais do que o convencional.

    - Obrigada, agora pode voltar aos seus afazeres. Deixe-os comigo.

      Depois Joana dirigiu-se aos meninos:

    - Vocês dois, agora desçam! Vamos, com cuidado, ouviu Antônio? Cuidado com o seu irmão! Isso, ajude ele. Segure-o firme. Isso!

    Assim que os meninos tomaram seus lugares à mesa, Joana apressou-os:

    - Comam rápido, que a nossa diligência já está pronta, nos esperando!

    A refeição era ampla. Tinha pães de centeio, ovos e até pedaços de frango.

    Geralmente comia-se muita carne entre os Nobres, no café da manhã.

    Tinha também o vinho de pêra, misturado com água e adoçado com cana-de-açúcar, para as crianças.

    Já Joana apenas adoçou seus lábios, com um copo de vinho envelhecido.

    Félix não se pôs à mesa junto deles. Mas mesmo assim ele pegou e um suculento pedaço de carne de veado, e depois saiu da cozinha, indo para fora do Castelo, pondo-se a esperar próximo da carruagem da família.

    CAPÍTULO 4

    A moradia da família Gusmão, o Castelo de Gundemaro, localizava-se na encosta de uma bela colina, cercado de uma grande muralha, que o circundava por completo.

    Um fosso profundo, seguindo os mesmos ângulos da fortificação, servia para delinear o curso das águas que desciam das montanhas, e que através

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