Hora do trabalho pedagógico (htp): possibilidades formativas
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Sobre este e-book
A técnica do Grupo Focal permitiu emergir o perfil de uma profissão em busca de identidade. Ouvir os coordenadores favoreceu um recorte específico do dia a dia da atuação do coordenador pedagógico frente à formação docente em serviço, denominada Hora do Trabalho Pedagógico, além de traçar diretrizes para otimizar o potencial de cada profissional em sua função.
Desse modo, os capítulos abordam desde o espaço/tempo da Formação em Serviço na escola – seus limites e possibilidades – até a formação praticada efetivamente.
A partir das discussões apresentadas, a obra destina-se aos coordenadores pedagógicos, estudantes de Pedagogia e pesquisadores, que poderão ter um panorama completo do dia a dia nas instituições de ensino e planejar melhor suas estratégias para uma formação em serviço mais eficiente.
Obrigada!
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Hora do trabalho pedagógico (htp) - Lenarde Nascimento Dos Santos Mendes
COMITÊ CIENTÍFICO DA COLEÇÃO EDUCAÇÃO, TECNOLOGIAS E TRANSDISCIPLINARIDADE
Dedico esta pesquisa à escola pública, municipal e estadual, que me formando em serviço, contribuíram para estas reflexões.
AGRADECIMENTOS
Ao meu querido esposo, José Mauro, e à minha filha, Maria Luíza.
Em memória de meus pais, José Firmino e Aparecida.
Aos professores do Programa de Mestrado da UNISANTOS.
A Deus, porque Ele é onipotente, onisciente e onipresente.
Prefácio
É uma grande alegria apresentar e recomendar o trabalho de Lenarde Nascimento dos Santos Mendes, obra que já foi pesquisa, que já foi intensa como a vida e que agora se transforma, merecidamente, em livro.
Lenarde é a imagem daquela educadora/pedagoga/professora que está impregnada em nosso imaginário social. Profissional que é educadora e que se faz educadora a cada dia; sempre se transformando e sempre acreditando que a educação pode, sim, produzir grandes transformações no mundo.
Obstinada, dedicada e compromissada com a causa da educação, exerce diariamente a ética da rigorosidade, na perspectiva de Paulo Freire, vivendo com autenticidade a prática do ensinando-se/aprendendo-se, fazendo de sua prática uma experiência digna de se viver; uma experiência que é política, ideológica e por isso pedagógica; reafirmando a cada dia a convicção do mestre Freire, de que a boniteza da prática pedagógica deve achar-se de mãos dadas com a decência e com a seriedade.
Quando iniciou esse trabalho, desejava pesquisar as reuniões pedagógicas: como transformar tais reuniões em espaços de aprender e ensinar? Por que tais reuniões eram espaços tão áridos, tão sem comunicação, tão entristecidos?
A partir de tal preocupação, saiu à busca do sentido de pedagógico
; do sentido daquilo que poderia dar significado e vida às milhares de reuniões que ocorrem no espaço escolar.
Pesquisando vários autores, foi descobrindo que o pedagógico precisa ser entendido como a ação que produz o esclarecimento reflexivo e transformador da práxis docente. Assim, uma reunião pedagógica deveria ser uma atividade voltada essencialmente à organização, à compreensão e à transformação da práxis docente, para fins coletivamente organizados e eticamente justificáveis. Percebeu que isso nem sempre ocorria dessa forma. Mas Lenarde não desistiu e foi buscar caminhos!
Percebeu então que os coordenadores pedagógicos devem ser os mediadores da escola, aqueles que podem transformar uma reunião burocrática e sem sentido em uma reunião pedagogicamente erigida. Para isso seria necessário organizar novos espaços, novos tempos e inovadores processos que considerem:
• Que as práticas educativas e pedagógicas só poderão ser transformadas, a partir da compreensão dos pressupostos teóricos que as organizam e das condições dadas historicamente;
• Que a prática, como atividade sócio-histórica e intencional, precisa estar em constante processo de redirecionamento, com vistas a se assumir em sua responsabilidade social crítica (FRANCO, 2007).
Com esse olhar arguto e atencioso ela foi direcionando sua pesquisa para considerar a complexidade da formação docente e a urgência da Formação em Serviço; da formação no espaço-tempo da escola. Percebe claramente que a formação de professores tem se convertido em um campo bastante amplo de discussão. Reconhece que, a compreensão e dimensionamento perpassam vieses ideológicos, políticos, culturais e pedagógicos. O entendimento dessa formação requer questionamentos em torno da escola, do professor e sua formação inicial ou continuada, em serviço ou fora dele (MENDES, 2011).
Assim, ela foca seu olhar para o horário de trabalho pedagógico coletivo, conhecidos pela sigla HTPC, instituído nas escolas públicas estaduais pela portaria CENP nº 1 de 08 mai. 1996; hoje as escolas municipais de Santos passaram a denominar HTP, excluindo o C de coletivo, permitindo que parte desse horário seja exercido individualmente. Mas, para Lenarde apenas o horário pedagógico coletivo, fazia parte de suas preocupações investigativas.
Para conhecer e adentrar na complexidade do objeto de estudo Lenarde cercou-se de muitos cuidados: além de estudar exaustivamente pesquisas anteriores; documentos escolares; questionou, entrevistou e ouviu coletivamente, sob forma de grupo focal, os coordenadores pedagógicos das escolas municipais.
Analisando, refletindo, articulando e revendo os dados ela vai compreendendo que os HTPs são um espaço complexo e contraditório, mas essenciais e vitais para a formação continuada dos docentes. Esses espaços podem ser considerados como a alma da escola, desde que sejam tratados com a ética da rigorosidade e com a tessitura do compromisso coletivo.
Assim escreve a autora, reconhecendo que há muito a se conquistar ainda, no entanto, realça que este é um espaço que precisa funcionar bem, de forma a trazer apoio e vigor ao trabalho docente:
HTP é um espaço/tempo que não está pronto, vai sendo construído, transformado com e pelo coletivo que envolve a instituição escola. As possibilidades formativas vão sendo construídas e aprendidas à medida que a reflexão torna-se condição sine qua non de produção de conhecimento tão necessária ao ato de aprender/ensinar sobre o trabalho pedagógico (MENDES, 2011, p. 111).
A Pedagogia e o espaço pedagógico precisam ser retomados pelos professores, pelas equipes administrativas das escolas, de forma que a voz dos professores faça-se mais forte e autônoma! Acredito que só os professores, coletivamente engajados, podem mudar a situação triste em que se encontram as escolas públicas brasileiras. É nessa direção o esforço de Lenarde com a produção que ora apresentamos.
Assim, recomendamos a leitura e as reflexões decorrentes que este livro trará, não só aos coordenadores pedagógicos como a todos os professores comprometidos com a causa da educação pública no Brasil.
Maria Amélia Santoro Franco
Professora pós-doutora em Pedagogia