O Maior Mistério Já Revelado
De Silvio Dutra
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O Maior Mistério Já Revelado - Silvio Dutra
Introdução
Nenhum outro documento do Novo Testamento e mesmo de toda a Bíblia contém tantas revelações sobre o que seja a justificação pela graça, mediante a fé, do que a carta do apóstolo Paulo aos Romanos.
Certamente, foi se referindo a ela, entre outras Escrituras do apóstolo Paulo, que Pedro disse haver nelas pontos difíceis de serem entendidos, que eram distorcidos pelos indoutos e inconstantes, para a própria perdição deles.
São pontos difíceis de entender não por motivo de terem sido redigidos em linguagem de difícil compreensão, mas por haver neles verdades espirituais que dependem de iluminação e instrução do mesmo Espírito Santo que as inspirou, para serem devidamente interpretadas.
Muitos que têm ousado nadar nestas águas profundas têm se afogado, como sucedeu no passado àqueles indoutos e inconstantes aos quais se referiu o apóstolo Pedro no final de sua segunda epístola.
Mas, pela graça de Deus, temos alcançado, juntamente com outros mestres da Palavra, a interpretação autêntica relativa à graça justificadora e santificadora que foi ensinada diretamente por nosso Senhor Jesus Cristo ao apóstolo, quando Paulo recebeu dEle o Evangelho, conforme afirma na epístola aos Gálatas:
Porque não o recebi, nem aprendi de homem algum, mas pela revelação de Jesus Cristo.
(Gál 1.12).
Assim, nosso Senhor Jesus Cristo revelou o evangelho a Paulo, e este escreveu a revelação especialmente na epístola aos Romanos, que nos esforçaremos agora para apresentar de forma clara, concisa e direta, conforme sejamos ajudados pelo Espírito Santo.
O mistério oculto até a manifestação de Cristo
Nas epístolas aos Efésios e Colossenses, Paulo se refere ao mistério que esteve oculto em Deus, dos séculos e das gerações e que que foi manifestado com a inauguração da dispensação da graça ou do evangelho em e por nosso Senhor Jesus Cristo (Ef 3.8-12; Col 1.24-27).
A revelação deste mistério que estivera oculto em Deus se manifestaria especialmente nos gentios, os quais não eram abrangidos pela Antiga Aliança, firmada exclusivamente com a nação de Israel (Col 1.27). Assim, aqueles que não tinham antes esperança da glória de Deus, poderiam participar desta glória juntamente com o remanescente judeu.
Isto porque aprouve a Deus que toda a plenitude residisse em Cristo, de forma a reunir em um só rebanho ovelhas de todas as nações da Terra. E o meio de realização deste propósito divino é o evangelho que foi revelado por Cristo aos apóstolos para ser pregado e ensinado, para a conversão e santificação dos pecadores.
A agência escolhida por Deus para esta divulgação do evangelho é a Igreja, não propriamente a instituição assim chamada, mas o corpo formado por todos aqueles que foram efetivamente lavados e justificados por meio do Sangue de Jesus Cristo (Ef 3.10).
Se como integrantes da Igreja fomos comissionados para tão alta, sagrada e importante missão, então é nosso dever nos inteirarmos devidamente de qual seja de fato a mensagem do evangelho revelado aos apóstolos, e do qual dão testemunho as Escrituras, e a própria Lei e os Profetas.
Como dissemos anteriormente, esta explicação relativa ao que seja o evangelho foi escrita por Paulo, especialmente na carta aos Romanos, sobre a qual discorreremos deste ponto em diante.
Não há justos de si mesmos aos olhos de Deus
(Romanos 1)
No primeiro capítulo de Romanos o apóstolo destaca especialmente a condição de todas as pessoas diante de Deus. Ele quis enfatizar que a justiça do próprio homem é imperfeita e incompleta para poder satisfazer a exigência da santidade e justiça de Deus, que demanda absoluta perfeição moral e espiritual, sem qualquer pecado cometido ao longo do curso de toda a nossa existência, condição esta que, patentemente, ninguém possuiu ou possui neste mundo, senão apenas o próprio Senhor Jesus, e por isso pôde se apresentar como oferta de sacrifício em nosso lugar, para que morrendo a nossa morte, pudéssemos ter vida eterna juntamente com Ele diante de Deus, que é Deus de vivos e não de mortos.
Esta epístola tem sido chamada por muitos de o evangelho segundo Paulo.
Ele fez uso da palavra evangelho por quatro vezes somente neste primeiro capítulo, como se vê nos versículos 1, 9, 15 e 16, enfatizando que havia sido chamado para apóstolo, tendo sido separado de um modo especial por Deus, para ministrar o evangelho de Cristo.
Esta repetição da Palavra evangelho
logo no primeiro capítulo é muito importante para descobrirmos o propósito com o qual Paulo foi inspirado pelo Espírito Santo, a saber, o de ensinar aos cristãos de todos os tempos o que é o verdadeiro evangelho de Jesus Cristo, e a importância dele para o cumprimento do propósito eterno de Deus de gerar pelo evangelho, muitos filhos semelhantes a Jesus entre os pecadores.
O próprio apóstolo havia sido gerado pela palavra do evangelho e por isso declarou que servia a Deus em seu espírito, no evangelho de Seu Filho.
Que estava pronto para anunciar também o evangelho em Roma, porque não se envergonhava do evangelho, uma vez que é ele o poder de Deus para a salvação de todo o que crê.
A grande necessidade da humanidade, de um evangelho de Deus que a salve, repousa no fato de que Deus manifestou por várias vezes, especialmente no Velho Testamento, a Sua ira contra o pecado, para que soubéssemos que há uma grande condenação final pairando sobre as cabeças de todas as pessoas, e é somente pelo evangelho que é possível escapar desta condenação decorrente do pecado.
Então, é somente pela justiça do evangelho, que é segundo a fé, que a ira de Deus contra o pecado daqueles que se convertem a Ele pode ser afastada, pela satisfação da Sua justiça em relação à punição eterna que se exige em relação ao pecado, conforme o apóstolo vai expor amplamente nesta epístola.
Paulo diz que a justiça de Deus é revelada no evangelho de fé em fé, como está escrito: Mas o justo viverá da fé; porque esta justiça evangélica é a justiça de Deus; no sentido de que é a que Ele está aprovando e aceitando.
E a justiça que está sendo oferecida para a remissão dos pecados é a do próprio Cristo.
É portanto, somente por causa da fé em Jesus, que os pecadores são justificados, porque é o próprio Cristo que é a nossa Justiça, por estarmos unidos a Ele (I Cor 1.30).
Deus nos vê em Cristo e fica satisfeito, porque estamos nAquele que é justo e santo, e que foi justificado pelo Pai por ter carregado os nossos pecados em Sua morte, porque Ele não tinha qualquer pecado, de modo que isto foi comprovado, de que era Justo aos olhos de Deus em sua ressurreição e recepção na glória do céu em triunfo, depois de Sua ascensão.
Assim, é pelo conhecimento pessoal e real que temos deste que é perfeitamente Justo – Jesus – que somos justificados, conforme prometido desde os dias dos profetas do Velho Testamento (Isaías 53.11).
Ser salvos pelo conhecimento de Jesus, conforme consta na profecia de Isaías 53.11 era de fato algo revolucionário para a mentalidade daqueles que estavam sob o Antigo Pacto no Velho Testamento, porque lá se falava numa justiça que seria decorrente das obras dos crentes, e não pelo conhecimento espiritual e pessoal de Cristo, que é mediante a fé.
Esta coisa nova inerente à Nova Aliança instituída por Jesus em Seu sangue, para substituir a Antiga, consiste na boa nova (evangelho) que deve ser pregada a toda criatura debaixo do céu, conforme ordenança de Jesus, e assim o apóstolo disse que estava pronto para pregar o evangelho também em Roma, apesar de não ter sido o fundador da Igreja naquela cidade.
Não é por mérito de raça, de capacidade humana ou de qualquer outra qualificação ou capacitação que há salvação de pecadores, mas pela exclusiva graça que opera de fé em fé no evangelho, como Paulo afirma no verso 17.
A ação do pecado no mundo é evidente de várias maneiras, e o apóstolo enumera algumas a título de ilustração, até o versículo 32.
Todas as pessoas são, portanto, indesculpáveis perante o justo juízo de Deus que exige perfeita santidade de todos, sem exceção.
Ora, ainda que a nossa salvação seja efetuada exclusivamente segundo a misericórdia e graça de Deus, mediante o nosso arrependimento e fé, está claro, que é por estes pecados relacionados até o verso 32 que a ira de Deus permanece sobre aqueles que não se arrependem e não creem em Cristo. Disto se infere que na vida cristã, há uma absoluta necessidade para a nossa santificação para o uso por Deus; de um real abandono de todas as práticas pecaminosas ali relacionadas e todas as demais que se refiram à nossa velha natureza decaída – o que faremos recorrendo ao auxílio da graça e do poder de Deus, por meio da vigilância e da oração.
O pecado relativo a impureza sexual ou a qualquer outra, por exemplo, deve ser devidamente mortificado e abandonado. Enquanto os vícios nos dominarem não podemos ser instrumentos úteis e idôneos para o Senhor, porque se requer de nós uma posição firme contra todo e qualquer tipo de pecado, para cuja prática ou pensamento de atração estivermos naturalmente inclinados.
Sem esta atitude de vigilância e combate contra os pensamentos e práticas pecaminosas não poderemos ser ajudados na hora da tentação, porque Deus dará graça ao que se esforça para agradá-Lo, porque os Seus olhos repousam sobre os justos para abençoá-los, mas Ele é contra aqueles que praticam males.
Jesus morreu em nosso lugar para que não vivêssemos mais em pecado. Há nesses dias de apostasia da Igreja uma visão muito errada e concessiva quanto a isto, por se julgar que por se estar na graça não há mais necessidade de se preocupar com nossos pecados presentes ou futuros, porque Deus não estaria levando em conta estes pecados por termos sido perdoados por Cristo.
Todavia, não é este o ensino das Escrituras. É certo que toda a dívida de pecados foi paga para o que crê em Cristo, por nosso Senhor na cruz, tanto de pecados passados, presentes ou futuros, para efeito de nos livrar da condenação eterna, todavia, isto se refere à salvação, e não a um viver santo e vitorioso no presente, que demanda uma verdadeira santificação.
Além disso, não podemos ter certeza da segurança da nossa salvação, a