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Sonhos de um Coração Gaudério
Sonhos de um Coração Gaudério
Sonhos de um Coração Gaudério
E-book101 páginas34 minutos

Sonhos de um Coração Gaudério

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Sobre este e-book

A poesia encanta com suas palavras, isso não é segredo para ninguém. No caso de "Sonhos de um Coração Gaudério" não é diferente, elas parecem dançar uma vaneira nas páginas do livro, com seus versos rimados e estrofes que dão o ritmo à dança. Este é um livro que traz toda esta beleza da poesia em sua forma mais tradicional, entrelaçando-a com histórias do cotidiano que trazem termos quase antipoéticos. A autora e professora aposentada, Élida Salete Costa, tem um encantamento especial pelos assuntos gauchescos e pelo lugar onde vive, o Rio Grande do Sul, deixando isso bastante claro em suas poesias como "Cavalo Mouro" ou "A Última Carreirada". Com o avançar do livro, vê-se a conexão entre a lida campeira e as relações da autora com amigos e família, inclusive em momentos de luto, mas sem deixar a esperança e o olhar alegre se perderem de vista. A última parte deste apanhado de poesias escritas ao longo de uma vida traz um pouco das dores, que apesar de incômodas não deixam de fazer parte da vida e servem como lembranças agridoces de tempos que não voltam mais. Assim sendo, "Sonhos de um Coração Gaudério" é um livro de poesias gaudérias escrito por uma mulher que vive intensamente as vivências do campo e os costumes do estado, sem deixar a beleza e a doçura das palavras de lado.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento17 de ago. de 2022
ISBN9786553550360
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    Sonhos de um Coração Gaudério - Élida Salete Costa

    PARTE 1 CONTOS DO RINCÃO

    Da cuia de chimarrão à guaiaca e à peleia, do Cavalo Mouro ao João-de-Barro.

    O dia a dia no rincão e o trote diário constroem essa primeira parte do livro através de alguns causos verdadeiros (e outros nem tanto assim) demonstram o amor desta prenda pela lida e pela cultura do Rio Grande do Sul.

    CAVALO MOURO

    Lá no rancho da família

    Se fazia quase tudo

    A peonada trabalhava

    Desde o piazito ao taludo

    Entre eles João Francisco

    Negro guapo e macanudo

    Completando a invernada

    Da Ponte da Luminata

    Tinha um cavalo mouro

    Joia rara, quase prata

    Fazendo da tropa um tesouro

    Que encontrava até as matas

    Um dia muito sestroso

    Chegou o João lá na sede

    Pedindo logo uma ajuda

    Pro piazito com febre

    Que choramingava no rancho

    E piorava bem de leve

    Logo o patrão de prontito

    Tirou da guaiaca alguns cobres

    E disse "se vá, João Francisco

    Bem depressa e não demore

    Que a doença é bicho ruim

    Que iguala o simples e o nobre"

    Pegando logo o buçal

    Foi ele para o potreiro

    Pegar aquele animal

    Que era manso, mas ligeiro

    Com algumas pedritas de sal

    Montou depressa o campeiro

    Montando logo de em pelo

    Naquele mouro esperto

    Que era manso, mas ligeiro

    Anca larga, frente aberta

    Cutucou com uma espora

    Deixando o pingo em alerta

    E lá se foi o negrito

    Como uma alma penada

    Pensando em seu piazito

    E na lonjura da estrada

    Nervoso até deu uns gritos

    Sem saber das carreiradas

    O que Francisco não sabia

    É que o aos domingos e feriados

    O mouro ali corria

    Para a alegria do povoado

    Ganhava e até perdia

    As apostas e as paradas

    E num trote bem parelho

    De repente João Francisco

    Viu que o mouro do arreio

    Ficava alerta e arisco

    Como ovelha desconfiada

    Querendo fugir do aprisco

    E o mouro que retoçava

    Parou mais que de repente

    Partindo em disparada

    Levando tudo em frente

    Reconhecendo a estrada

    Das pencas de ultimamente

    Chegando na reta final

    O macho já se acalmou

    Vendo de longe o portal

    Onde a cancha terminou

    Num galope, trote e até passo

    Calma João, o susto passou.

    Na volta da empreitada

    Chegou o João Francisco

    Com a cara assustada

    E um jeito muito arisco

    Disse ao patrão "me desculpe,

    Não monto mais neste bicho"

    O patrão já imaginando

    Qual era a reclamação

    Logo foi lhe dizendo

    "Calma, parceiro João

    O mouro só está treinando

    Para a grande competição

    Mas pensando aqui comigo

    E te achando tão sério

    Vou te dizer, meu amigo

    De um jeito calmo e gaudério

    Tu montarás este mouro

    Na Cancha do Desidério".

    O João suspirou bem fundo

    Nem falou, porém calado

    Pensando: "será que monto?

    Neste mouro endiabrado

    Que era manso, bom de arreio

    Mas, porém, meio assustado?"

    Finalmente ele aceitou

    O convite recebido

    "Vou treinar bem este

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