A Lenda Do Judeu Errante

De Adeilson Nogueira

Viu sua biografia certa vez num balcão de livraria, e descobriu que tinha mais de mil anos, que era imortal. Sorriu. Nunca pensara em sua idade, nem na morte... Sim! Digo a vocês que se encontram aqui algumas pessoas que não experimentarão a morte até que elas vejam o Filho do Homem vindo em seu Reino (Mateus 16:28). Ao vê-lo [a João, o apóstolo], Kêfa [Pedro] disse para Yeshua [nome na forma original de Jesus]: ―Senhor, e quanto a ele? Yeshua disse para ele [Pedro]: ―se eu quiser que ele permaneça até eu vir, importa a você? Você que me siga! Consequentemente, a palavra que se difundiu entre os irmãos foi que esse talmíd [discípulo] não morreria. Porém, Yeshua não disse que ele [João] morreria, mas simplesmente: ―se eu quiser que ele permaneça até eu vir, que importa a você? (João 21:21-23). Todo o povo respondeu: que o sangue dele [de Jesus] seja sobre nós e sobre nossos filhos! (Mateus 27:25)

• Idioma: Português
• Editora: Clube de Autores
• Data de lançamento: 2 de set. de 2020

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A LENDA DO JUDEU

ERRANTE

Adeilson Nogueira

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ÍNDICE

INTRODUÇÃO..............................................................................04

CARTAPHILUS..............................................................................05

VÁRIAS VERSÕES DE UMA MESMA HISTÓRIA..............................13

ORIGEM DA LENDA......................................................................20

IMORTAL......................................................................................31

PRIMEIRO IMPRESSO EM AUGSBURG, 1619................................34

OUTROS IMORTAIS......................................................................51

APARIÇÕES..................................................................................65

NA LITERATURA...........................................................................66

A MORTE DE AHASVERUS (CONTO)..............................................71

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INTRODUÇÃO

Viu sua biografia certa vez num balcão de livraria, e descobriu que tinha mais de mil anos, que era imortal. Sorriu. Nunca pensara em sua idade, nem na morte...

Sim! Digo a vocês que se encontram aqui algumas pessoas que não experimentarão a morte até que elas vejam o Filho do Homem vindo em seu Reino (Mateus 16:28).

Ao vê-lo [a João, o apóstolo], Kêfa [Pedro] disse para Yeshua

[nome na forma original de Jesus]: ―Senhor, e quanto a ele?

Yeshua disse para ele [Pedro]: ―se eu quiser que ele permaneça até eu vir, importa a você? Você que me siga!

Consequentemente, a palavra que se difundiu entre os irmãos foi que esse talmíd [discípulo] não morreria. Porém, Yeshua não disse que ele [João] morreria, mas simplesmente: ―se eu quiser que ele permaneça até eu vir, que importa a você? (João 21:21-23). Todo o povo respondeu: que o sangue dele [de Jesus] seja sobre nós e sobre nossos filhos! (Mateus 27:25)

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CARTAPHILUS

No ano de 1228, um bispo armênio visitou a Inglaterra; e o significado de sua conversa foi registrado na História Maior, iniciada por Roger de Wendover e concluído no ano de 1259 por Matthaeus Parisius. As entrevistas entre os monges e o armênio ocorreram em St. Albans, por Henri Spigurnelj, um intérprete francês, natural de Antioquia e servo do bispo; e se as respostas do prelado oriental foram corretamente interpretadas, sua tendência para o maravilhoso era suficientemente forte. Foi perguntado, por exemplo, se ele tinha visto a Arca de Noé, disse que ainda está preservada em uma montanha armênia, e ele respondeu Sim. Ele também foi questionado se sabia qualquer coisa sobre o famoso Joseph, tão discutido, disse ter sido preservado desde o tempo da crucificação de Cristo, como uma testemunha do evento. O intérprete disse que o personagem em questão jantou com seu mestre pouco antes de eles deixarem a 5

Armênia, e então contaram sua história. O nome do maravilhoso judeu era originalmente Cartaphilus, e ele era o porteiro de Pilatos no momento do julgamento de Cristo.

Quando homens jovens estavam levando Jesus para fora do salão do julgamento, este porteiro bateu no pescoço dele e disse: Vá, Jesus; vá mais rápido. Por que você demora? Jesus voltou-se e respondeu: Eu irei, mas tu deverás ficar esperando até que eu volte. (Citado em Mateus, XXVI. 24: O Filho do homem vai, conforme está escrito; mas ai daquele homem por quem o Filho do homem será traído! Teria sido bom para aquele homem se ele não tivesse nascido. Daí em diante Cartaphilus ficaria esperando.

Ele tinha trinta anos quando insultou Cristo, e sempre que ele atinge a idade de cem ele desmaia; em sua recuperação ele encontra a si mesmo tão jovem quanto quando sua condenação foi pronunciada.

(O que, novamente, lembra o Cronista de um texto, Ps. CIII. 5: Tua juventude é renovada como a da águia; e sem dúvida ele estava chegando perto de um mito para ao qual este item da história está relacionado, o da Fênix.) Foi ainda relatado que Cartaphilus tinha sido batizado por Ananias (que batizou Paulo) sob o nome de Joseph. Ele vive entre eminentes Cristãos na Armênia como um homem santo; referindo-se a eles e a outros que o visitaram, às vezes de grandes distâncias, muito concernente aos Apóstolos: ele nunca sorriu, mas às vezes chorou; recusou presentes, era frugal e falava pouco. Ele espera o perdão final, porque ele não sabia o que fazia. A Crônica acrescenta que esta história foi atestada por Richardus de Argentomio, que visitou o Oriente.

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O mesmo arcebispo é citado para a história contada no início da Crônica de Philippe de Mousket, nascido em 1220, e pelo Bispo de Tournai em 1682.

Quando os judeus estavam levando Jesus à execução, este homem (sem nome dado) disse: Esperem por mim: eu também vou ver o falso profeta ser pregado na cruz. Jesus voltou-se para ele e disse: Eles não vão esperar por ti, mas tu deverás esperar por mim. Este homem parece ter sido um judeu, enquanto Cartaphilus era um romano.

Estes são os primeiros registros escritos da lenda do Judeu Errante. Daquela época nenhum vestígio disso aparece até o ano 1547, quando um indivíduo parece ter aparecido em Hamburgo, fingindo ser o próprio Judeu Errante. A lenda e seu representante apareceram nos anais alemães simultaneamente.

O relato mais completo está em um trabalho publicado em 1613: Newe Zeitung von einem Juden von Jerusalém, Aliasuerus genannt, welcher die Creutzigung misers Herrn Jliesn Christi gesehen, und nock am leben isl, aus Dantzig an einem guten Freund geschrieben.

O nome anexado a esta narrativa é Herr Chrysostomus Dudulaus Westphalus, que Grasse acredita ser um pseudônimo. O autor, no entanto, incorpora declarações feitas em um trabalho anterior: Estranho Relato de um Judeu nascido em Jerusalém, chamado Assuero, que finge que estava presente na crucificação